Produção de caprinos e ovinos terá recursos de R$ 426 mil para ações de inovação – 19/01/2021

Da esquerda p/ direita: Evaldo Cruz (superintendente da Sudene), Marco Bomfim (chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos) e Raimundo Gomes de Matos (diretor da Sudene), na assinatura do Termo de Execução

A produção de caprinos e ovinos no Semiárido brasileiro ganha novo incentivo a partir do convênio entre Embrapa e Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que garantirá R$ 426 mil em recursos para desenvolvimento de atividades na Bahia, Paraíba, Pernambuco e Piauí, fortalecendo a rede de inovação dos polos do programa Rota do Cordeiro (coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional). O Termo de Execução Descentralizada (TED) para a cooperação foi assinado por gestores das duas instituições na tarde desta terça-feira (19), na sede da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral (CE). 

Os recursos, financiados pela Sudene, serão utilizados para ações de melhoramento genético, sanidade animal, nutrição animal, segurança alimentar de rebanhos e capacitação de técnicos nos polos de atuação do programa, além da instalação de um núcleo avançado da Embrapa Caprinos e Ovinos no estado da Bahia. “É um prazer estabelecer esta parceria com a Embrapa para melhor fomentar pesquisa e desenvolvimento. Espero que seja a primeira de muitas”, afirmou o superintendente da Sudene, Evaldo Cruz Neto, que também levantou a possibilidade de, no futuro, lançar edital específico de financiamento para pesquisas relacionada às atividades de caprinocultura e ovinocultura.

As ações beneficiarão produtores rurais dos polos do Vale do Itaim (PI), Vale do Jacuípe (BA), Cariri Paraibano/Sertão Pernambucano, selecionados pelo estágio de organização que alcançaram a partir da infraestrutura de abate em funcionamento ou de coleta/processamento de leite caprino. Todos eles possuem também cooperativas de produtores estruturadas, que colaboram nos processos de inovação em outros projetos e programas com participação da Embrapa.

“Com o apoio da Sudene, teremos uma oportunidade de exercer um fomento qualificado, fazendo convergir políticas públicas para territórios onde caprinocultura e ovinocultura são atividades relevantes”, destacou  Marco Bomfim, chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos. Além da Rota do Cordeiro, os agricultores dos territórios selecionados também integram outros programas e políticas públicas, como o AgroNordeste (coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e o InovaSocial (parceria entre Embrapa e BNDES).

Em cada um dos polos, serão desenvolvidas ações voltadas para as realidades locais. No Vale do Itaim (PI), polo com comercialização regular de 200 animais vivos por semana e com história de associativismo consolidada e inclusão de jovens e mulheres nas atividades produtivas, será implementado um programa de melhoramento genético de animais de corte e uma unidade de apoio laboratorial para serviço de assessoria nutricional que, em parceria com o IFPI, ajudará também na capacitação de estudantes locais.

Em Jacuípe (BA), com tradição de ovinocultura de corte (abate de cerca de 300 animais por semana) e frigorífico administrado por cooperativa, serão implementados plano de controle de doenças dos rebanhos e um programa específico para controle de verminoses, para minimizar as perdas produtivas e colaborar com programas de melhoramento voltados para obtenção de animais padronizados para as características do mercado.

Já no polo do Cariri Paraibano/Sertão Pernambucano, onde está localizada a maior bacia leiteira caprina do país, com 14 laticínios que processam leite de cabra e mais de 1500 produtores que têm na caprinocultura seu meio principal de sustento, a atenção será para a segurança alimentar dos rebanhos, com uso dos recursos para implantar Unidade de Referencia Tecnológica em ILPF e testes de cardápio forrageiro – estratégia de combinação de plantas forrageiras adequadas à realidade local.

Os recursos da cooperação também servirão para capacitação de técnicos nos três polos e para estruturar um núcleo avançado da Embrapa Caprinos e Ovinos, que ficará sediado em Cruz das Almas (BA), na Embrapa Mandioca e Fruticultura. A instalação desse núcleo visa facilitar a presença da Embrapa em diversas ações nos polos da Rota do Cordeiro nos estados do Piauí, Pernambuco e Bahia, melhorando a prospecção e o atendimento às demandas desses territórios.

Além da assinatura do Termo, o superintendente da Sudene, acompanhado pelo diretor de Planejamento e Articulação de Políticas, Raimundo Gomes de Matos, e funcionários da instituição, visitou campos experimentais na Embrapa Caprinos e Ovinos. Lá, conheceram a área experimental do sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) Caatinga e acompanharam apresentações da equipe da Embrapa Caprinos e Ovinos sobre as soluções tecnológicas que serão utilizadas nos polos.

Rota do Cordeiro

A Rota do Cordeiro surgiu em 2012, a partir de cooperação entre Embrapa Caprinos e Ovinos e o então Ministério da Integração Nacional. O programa tem como objetivo profissionalizar as atividades de ovinocultura e caprinocultura no Semiárido, articulando produção, processamento e comercialização de produtos. A Rota do Cordeiro faz parte do programa Rotas de Integração Nacional, do Ministério do Desenvolvimento Regional, que atua com redes interligadas de arranjos produtivos locais (APLs) para promover inovação, diferenciação, competitividade e lucratividade de empreendimentos rurais. 

 
 Foto: Adilson Nóbrega

Adilson Nóbrega (MTB/CE 01269 JP)
Embrapa Caprinos e Ovinos

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Soja brasileira tem tecnologia para aumento de produção sem pressão por áreas de florestas – 14/01/2021

O desenvolvimento de tecnologias próprias permite ao Brasil, líder mundial na produção de soja, produzir o grão com sustentabilidade e sem pressionar as áreas de florestas, mesmo considerando os cenários de aumento de demanda do grão nos próximos anos. A análise apresentada em 2019 por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) continua válida e responde parte dos questionamentos internacionais sobre o sistema produtivo brasileiro. Com o título “O aumento da produção brasileira de soja representa uma ameaça para a floresta amazônica?”, o estudo analisa se as perspectivas de aumento de demanda global, poderiam causar maior pressão sobre a floresta amazônica, como tem sido sugerido no ambiente internacional. 

O Brasil, líder na produção mundial de soja, produziu na safra 2019/20, 125 milhões de toneladas com grão. A soja ocupa aproximadamente 37 milhões de hectares e o aumento da demanda global e consequentemente da produção de soja é um desafio para o Brasil, que vai requerer engajamento de toda a cadeia produtiva. “A Embrapa e parceiros têm uma agenda ampla de tecnologias e pesquisas que garantem o crescimento sustentável da produção de soja brasileira, a principal fonte de proteína para o mundo¨, destaca Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja. 

“A aplicação de alta tecnologia e práticas sustentáveis, como o plantio direto na agricultura brasileira, têm permitido o incremento da produção por unidade de área. A recuperação de áreas, como por exemplo, pastagens degradadas, também tem permitido o aumento de produção. Existe muito espaço ainda para o Brasil continuar ajudando a alimentar o planeta sem pressionar áreas de preservação ambiental. A preservação de florestas nativas também é estratégica para o agronegócio brasileiro no aspecto social, econômico e ambiental”, explica Nepomuceno.

De acordo com Décio Gazzoni, pesquisador da Embrapa Soja, e um dos autores do estudo, o Brasil tem sistematicamente projetado vários cenários internacionais de demanda do mercado de soja para as próximas décadas e desenvolvido estratégias para alcançar esses cenários de uma maneira sustentável. “O cultivo da soja no bioma Amazônico está absolutamente fora de qualquer cenário de expansão do volume de soja produzido no país, não apenas pelas questões ambientais e restrições legais, mas também por questões econômicas, de logística, técnicas e financeiras”, aponta Gazzoni.

Além de preservar a floresta como patrimônio nacional, o Brasil detém domínio tecnológico para dobrar a produção atual nas áreas que já cultivam soja ou recuperando áreas de pastagens degradadas. “Os incrementos da produção brasileira nos últimos anos estão diretamente associados às novas recomendações de manejo da cultura, ao potencial genético de cultivares e às novas perspectivas abertas pela combinação de áreas de pastagens degradadas em sistemas mais eficientes por meio da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF)”, explica. “O crescimento do volume de produção está muito mais baseado no incremento de produtividade do que no aumento da área plantada”, destaca.

O estudo conduzido pelos pesquisadores da Embrapa também comparou dados de desmatamento na região amazônica e a expansão da área usada para produção de soja no período de 2005 a 2018. De acordo com os autores do estudo, além do país possuir uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, a própria iniciativa privada estabeleceu rigorosos compromissos com a preservação do bioma amazônico. “A exploração dessas áreas para soja não são adequadas nem ambientalmente e nem economicamente”, explica Gazzoni.

O estudo exemplifica também como, nas últimas décadas, o Brasil incrementou sua produção agrícola.  Entre os exemplos apontados pelo crescimento sustentável da produção, estão as tecnologias que permitiram melhoria das pastagens pela inserção da agricultura na recuperação do solo, entre eles o iLPF, estimado em  11,5 M de ha em 2016. Outra inovação da agricultura tropical foi o processo de intensificação agrícola, ou seja, o uso de dois, às vezes três, ciclos de cultivo por ano, na mesma área (safra e safrinha), o que implica reduzir a área necessária para a mesma produção agrícola, também chamado de “efeito poupa-terra”.

O pesquisador Marco Nogueira, também autor do estudo, ressalta que o sistema de produção brasileiro está ancorado em tecnologias que são ambientalmente favoráveis. “Entre elas estão a fixação biológica do nitrogênio (que dispensa adubo nitrogenado e por isso diminui as emissões de gases de efeito estufa e a contaminação de lençóis freáticos com nitratos), o plantio direto (que conserva o solo, retém água e fixa carbono), técnicas de manejo integrado de pragas e doenças, que formam um conjunto de tecnologias que reduzem, inclusive, a emissão de carbono na atmosfera”, exemplifica. 

O estudo completo está disponível em português e em inglês no site da Embrapa Soja: www.embrapa.br/soja

Versão português: https://www.embrapa.br/soja/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1111915/o-aumento-da-producao-brasileira-de-soja-representa-uma-ameaca-para-a-floresta-amazonica

Versão inglês (English version): https://www.embrapa.br/soja/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1111175/does-the-brazilian-soybean-production-increase-pose-a-threat-on-the-amazon-rainforest

Texto: Carina Rufino e Lebna Landgraf

Lebna Landgraf (Mtb 2309 -PR)
Embrapa Soja

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Setor produtivo vê ‘ponte entre dois mundos’ em capacitações da Embrapa – 21/12/2020

Adilson Malagutti ( centro), durante uma atividade do Bifequali TT, programa que é base das capacitações

A gente consegue fazer essa ponte entre os dois mundos: o campo, a demanda, com uma instituição que traz a solução para esse campo. Isso tem muito valor, é fantástico!’ (Leonardo Bittencourt, Coopercitrus)

Cada vez mais, tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP) estão chegando ao setor produtivo, o que deve reverter em práticas e processos intensificados e sustentáveis de produção ao longo do tempo. Em 2020, a equipe de Transferência de Tecnologia deste centro de pesquisa organizou ao menos três grandes iniciativas de capacitação de técnicos por meio de contratos de cooperação técnica. Pesquisadores que atuam com gado de corte e com sistemas integrados de produção foram convidados a participar das ações, que ainda estão ocorrendo. Confira detalhes a seguir:

Coopercitrus 

O relacionamento com a Coopercitrus já se estabeleceu há alguns anos e as capacitações para a cooperativa têm ocorrido com mais frequência na Embrapa Pecuária Sudeste. A cooperativa investiu em uma fábrica de rações, vem montando um time para trabalhar com pecuária e, no meio de 2020, lançou o programa Mais Pasto. “Eles estão expandindo a atuação nessa área e sentiram falta de um conteúdo que mostrasse como organizar e planejar a pecuária nas propriedades de cooperados”, falou Adilson Malagutti, do SGTT (Setor de Gestão de Transferência de Tecnologia).

Ele coordena o programa Bifequali TT (Transferência de Tecnologia), que repassa tecnologias relacionadas à pecuária de corte aos técnicos. Esses, por sua vez, vão aplicá-las, depois, nas propriedades atendidas. Seis técnicos especializados em pecuária da cooperativa estão implantando Unidades Demonstrativas em Araxá (MG), Itajá (GO), Frutal (MG), Duartina (SP), Pirassununga (SP) e Álvares Florence (SP). “A gente tem acompanhado a implantação dessas unidades, monitorando a coleta de dados para planejar os sistemas de produção, conhecer as expectativas e os sonhos dos pecuaristas, enfim, aplicando a metodologia do Bifequali TT”, explicou.

Malagutti disse que a ideia é promover dias de campo nessas Unidades Demonstrativas entre o final de 2021 e início de 2022. Para os módulos em que serão abordados temas como reprodução, balanço hídrico, planejamento econômico e financeiro, entre outros, a Coopercitrus convidou também outros técnicos, inclusive que trabalham na revenda. Serão cerca de 30 participantes em cada módulo.

Para Leonardo Bittencourt, gerente de pastagem da Coopercitrus, a cooperativa investe muito em tecnologias e em serviços para atender seus cooperados. “A gente tem total convicção de que não adianta a gente ter a melhor tecnologia, o melhor portfólio de produtos se eles não forem utilizados no momento certo, na quantidade certa, do jeito certo, a solução certa para o problema certo. Para isso a gente precisa oferecer apoio ao cooperado.”

Segundo ele, nada melhor que uma parceria com a Embrapa para preparar a equipe que está sendo criada para prestar essa assistência. Além disso, ele afirma que o treinamento prático em algumas fazendas e os cases de sucesso que estão sendo construídos são um diferencial. “A gente consegue fazer essa ponte entre os dois mundos: o campo, a demanda, com uma instituição que traz a solução para esse campo. Isso tem muito valor, é fantástico!”

Cocamar

O analista Hélio Omote está conduzindo a capacitação em ILP e ILPF – sistemas que integram Lavoura-Pecuária-Floresta – de 30 técnicos da Cocamar (Cooperativa Agroindustrial) de Maringá (PR). O treinamento inclui manejo de pastagem e manejo animal e o objetivo é treinar os técnicos para ampliar a adoção desses sistemas.

‘Manter a equipe técnica atualizada

é fundamental para este sucesso’

(Emerson da Silva Nunes, Cocamar)

O curso, que seria presencial, teve início no dia 9 de abril. Em função da situação de isolamento social, está ocorrendo em formato virtual. São 15 meses de curso, sendo que os módulos teóricos terminaram em agosto e agora ocorre a modalidade de tutoria à distância. Os participantes são engenheiros agrônomos de unidades da Cocamar localizadas em regiões de solo arenoso nos Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Emerson da Silva Nunes, gerente técnico de ILPF na Cocamar, disse que essa parceria proporcionou um enorme ganho para a equipe técnica da cooperativa. “Especialistas em diversas áreas estão trazendo novidades e conhecimentos que irão fortalecer tanto os produtores que já estão no sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta quanto o fomento de novos produtores e expansão da área de ILPF em nossa região.”

Assim, disse ele, “temos a pesquisa juntamente com a extensão rural levada pelos técnicos da cooperativa com objetivos únicos de vermos o crescimento e a expansão do produtor rural, obtendo cada vez maior produtividade e rentabilidade.” De acordo com Emerson, esse conhecimento agregado fará com que os sistemas atendidos se tornem sustentáveis, recuperando pastagens degradas, potencializando a produção de grãos e produção animal e obtendo todos os benefícios que este sistema propicia. “Manter a equipe técnica atualizada é fundamental para este sucesso”, afirmou.

Mosaic Fertilizantes

De acordo com o analista Adilson Malagutti, a parceria da Mosaic Fertilizantes com a Embrapa em relação a pesquisas ocorre há algum tempo. Mas, recentemente, a empresa mostrou interesse em treinar sua equipe e convidados para o uso racional de fertilizantes em pastagens. A Mosaic Fertilizantes vem lançando produtos específicos para pastagens em 2020 e sinalizou a demanda. “Como o programa Bifequali TT já trabalhava com essas questões, a gente organizou a capacitação”, explicou Malagutti.

‘A parceria com a Embrapa auxilia 

o pecuarista a melhorar o rendimento

de seu rebanho e a performance de

sustentabilidade de sua propriedade’

(Antônio Meirelles, Mosaic Fertilizantes)

Pesquisadores foram chamados a compartilhar conteúdos sobre solo e nutrição de plantas, manejo de pastagens e sistemas de pastejo, respectivamente. Foram formadas duas turmas: a primeira participou da formação entre 26 e 29 de outubro e a segunda foi treinada de 30 de novembro a 14 de dezembro, em quatro encontros virtuais. Ao todo, são cerca de 50 participantes de vários pontos do Brasil.

O grande destaque desse treinamento, segundo Malagutti, tem sido a visão sistêmica da propriedade. “Os pesquisadores estão explicando que a decisão de quando usar adubo, quanto usar e qual usar depende do sistema de produção adotado, da dinâmica do rebanho, da propriedade como um todo. Não dá para ficar preso aos resultados da análise de solo”, avaliou.

“Além de desenvolver fertilizantes de alta qualidade, a Mosaic Fertilizantes também atua no campo, aconselhando o agricultor e o pecuarista sobre as práticas de manejo corretas e mais sustentáveis para uso desses produtos. A parceria com a Embrapa no Bifequali Transferência de Tecnologia reforça essas vocações da empresa, auxilia o pecuarista a melhorar o rendimento de seu rebanho e a performance de sustentabilidade de sua propriedade”, avalia Antônio Meirelles, diretor de Relações Governamentais e Sustentabilidade da Mosaic Fertilizantes.

 
 

Ana Maio (Mtb 21.928)
Embrapa Pecuária Sudeste

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Secretários da Agricultura de BA e SE conhecem pesquisas da Embrapa na região Sealba – 16/12/2020

Comitiva foi recebida pelo chefe da Unidade

A Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) recebeu na tarde de terça (15) os secretários de Estado da Agricultura da Bahia e Sergipe, respectivamente, Lucas Costa e André Bomfim. 

A comitiva foi recebida pelo chefe-geral Marcelo Fernandes, além dos chefes adjuntos – Ronaldo Resende, de Pesquisa e Desenvolvimento, Alexandre Nizio, de Transferência de Tecnologia, e Paulo Carvalho, de Administração.

Em visita de a Sergipe a convite de André Bomfim para conhecer projetos e discutir parcerias entre os estados, Lucas Costa conheceu as linhas de pesquisa da Unidade da Embrapa voltadas a sistemas de produção para a região Sealba, nova fronteira de alto potencial agrícola que engloba 171 municípios dos Tabuleiros Costeiros e Agreste de Sergipe, Alagoas e Bahia.

Marcelo Fernandes aproveitou a oportunidade para apresentar aos secretários e suas equipes a versão preliminar de uma nova plataforma de análise de cenários de cadeias produtivas com base em dados do IBGE. A base de dados analíticos aponta tendências de crescimento ou retração de culturas nos municípios ou regiões selecionadas num intervalo de seis anos – área plantada, área colhida, produção, produtividade, valor bruto, entre outros.

Clique aqui e veja as imagens.

Os pesquisadores Henrique Rangel e Edson Patto apresentaram pesquisas com sistemas de Integração Lavoura – Pecuária – Floresta (ILPF) com culturas como milho, soja, trigo, coco, a gramínea braquiária e a leguminosa gliricídia, mostrando resultados de ensaios de campo e Unidades de Referência Tecnológica (URTs) implantadas para apresentar as tecnologias aos produtores. Nos últimos anos, a Unidade da Embrapa sediada em Aracaju vem intensificando pesquisas e transferência de tecnologias com esses sistemas integrados adaptados às condições da região.

Costa aproveitou para enaltecer a contribuição técnica da Unidade da Embrapa na elaboração da nota técnica para pleitear a inclusão do coqueiro como componente arbóreo com retenção de carbono em sistemas de produção fomentando pelo plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), do Ministério da Agricultura. “A etapa técnica foi cumprida com a contribuição das pesquisas da Embrapa. Agora estamos na fase política, de convencimento dos parlamentares e gestores federais”, explicou.

O secretário baiano destacou necessidade de maior aproveitamento de seu estado das potencialidades da nova região do Sealba, especialmente no fortalecimento das culturas de grãos, já que essas áreas concentram grandes quantidades de granjas com alta demanda por milho e soja para alimentar os animais, além de trigo tropicalizado para atender à grande demanda regional.

Os gestores estaduais e da Embrapa selaram o compromisso de definir uma agenda de ações de transferência de tecnologia, com instalação de URTs de grãos e ILPF em propriedades de produtores parceiros na Bahia, como já vem sendo feito em alguns municípios de Sergipe e Alagoas. 

 
Foto: Saulo Coelho

Saulo Coelho (MTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros

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Pesquisas comprovam que árvores no campo reduzem doenças nas lavoura – 15/12/2020

O componente florestal reduz a sobrevivência de patógenos no solo e a intensidade de doenças foliares

  • Pesquisas realizadas pela Embrapa, UFPR e Iapar comprovam que a ILPF reduz doenças nas lavouras.

  • Graças às árvores, incidência e intensidade de doenças diminui tanto na folhas como nas raízes das plantas.

  • Com isso, produtor pode reduzir aplicação de químicos na lavoura, gerando menor impacto ambiental e reduzindo custos.

  • Estudo comprovou que essa mitigação é válida para a maioria das doenças.

  • Árvores também favorecem atividades microbianas benéficas ao solo.

Os sistemas integrados de produção agropecuária (SIPA), também conhecidos como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), contribuem com a redução de doenças de plantas nas lavouras de grãos, tanto nas raízes quanto na parte aérea das plantas. Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e conduzidas em um experimento de longa duração do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), concluíram que é possível, nas áreas manejadas com ILPF, reduzir a quantidade de agrotóxicos necessários para controle de doenças, pois o componente florestal é um fator importante na redução da sobrevivência de patógenos no solo, bem como reduz a intensidade de doenças foliares.

Os resultados desse estudo inédito foram publicados na edição de novembro de 2020 da revista internacional Agricultural Systems. Intitulado Plant diseases in afforested crop-livestock systems in Brazil, o artigo é assinado pelo engenheiro-agrônomo Alexandre Dinnys Roese, da Embrapa Agropecuária Oeste, em parceria com Erica Camila Zielinski e Louise Larissa May De Mio, ambas do Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Roese explica que o estudo foi direcionado tanto a doenças causadas por fungos que sobrevivem no solo quanto às foliares, cujos patógenos sobrevivem nos restos culturais e plantas voluntárias, podendo ser dispersos pelo ar, como é o caso das ferrugens. Os trabalhos de campo foram conduzidos em experimentos de longa duração no município de Ponta Grossa (PR), no período de 2013 a 2016. 

Entre os avanços proporcionados por essa pesquisa, se destacam as contribuições relacionadas ao comportamento de doenças do solo nas lavouras de soja e milho e de doenças foliares nas lavouras de soja, milho e aveia. 

A metodologia de pesquisa analisou três diferentes sistemas de produção: agrossilvipastoril (ASP), com rotação soja e milho no verão, pastejo bovino sobre aveia com azevém no inverno, todos situados entre fileiras de eucalipto com grevílea; sistema agropastoril (AP), com rotação soja e milho no verão e pastejo bovino sobre aveia mais azevém no inverno; e área-controle (CO), apenas com rotação soja e milho no verão e aveia mais azevém no inverno, porém sem pastejo animal. A área total do experimento ocupou 12 hectares.

Segundo Roese, há pouco estudo sobre o relacionamento entre o componente florestal e as doenças nas lavouras, e os cientistas queriam saber se a presença de árvores no sistema de produção influencia a ocorrência ou a severidade de doenças na lavoura, e como isso se daria. “Essa era uma suspeita baseada em observações empíricas a campo, de que nos locais com uso do sistema agrossilvipastoril, também conhecido como ILPF, ocorria redução de doenças. Por meio desse estudo, temos a certeza de que essa diminuição é verdadeira para a maioria das doenças. Esse aspecto foi comprovado cientificamente e agora compreendemos como isso ocorre”, comenta o cientista. 

Ele comemora os resultados, que reduzem tanto as doenças do solo quanto as doenças foliares, ressaltando que no estudo as doenças foram usadas como modelos biológicos. 

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Oeste, Walder Antonio Nunes, chama a atenção para o fato de que essa descoberta científica contribui com melhorias dos sistemas de produção agropecuária. “O uso da ILPF reduz a utilização de produtos químicos, resultado que está alinhado às diretrizes estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015,” lembra. 

Nunes destaca o compromisso da Embrapa, que vinculou sua atuação, direta ou indiretamente, a todos os 17 ODS. “Ao gerar conhecimentos e ativos tecnológicos para a sustentabilidade da agropecuária brasileira, a pesquisa nacional é aliada do Brasil e do planeta no alcance das metas da Agenda 2030,” declara. 

Essa pesquisa, especificamente, contribui com o ODS nº 12, que se propõe a assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis, por meio do alcance da Meta 4, que estabelece que até 2020, seja alcançado o manejo ambientalmente adequado dos químicos e de todos os resíduos, ao longo de todo o ciclo de vida desses produtos.

Microclima nas lavouras

Segundo Roese, as árvores proporcionam uma alteração no microclima, modificando inúmeros aspectos das lavouras, como: duração do molhamento foliar, temperatura, umidade do ar, velocidade do vento e incidência de luz. 

O agrônomo enfatiza que as doenças são muito dependentes de microclima, e como as árvores alteram o microclima, acabam influenciando drasticamente as doenças de plantas nas lavouras, o que justifica a relevância dessa pesquisa.

 “Os dados relacionados ao microclima foram monitorados no interior do dossel das plantas, em soja e em milho. Observamos que, com a presença das árvores, ocorre menor duração do molhamento foliar diário, menor intensidade luminosa, menor temperatura diurna, maior temperatura noturna, maior umidade do ar durante o dia e menor velocidade do vento”, relata Roese. Segundo ele, a menor duração do molhamento foliar ocorre em função da menor formação de orvalho, que, por sua vez, é influenciada pela menor redução da temperatura durante a noite, pois as copas das árvores formam uma barreira que reduz a perda de energia (temperatura) durante a noite.

Doenças de solo

Roese explica que as doenças de solo são causadas por microrganismos (fungos, bactérias e outros), habitantes naturais do solo, mas em desequilíbrio nesse ambiente. A microbiota presente no solo é responsável por equilibrar a presença desses agentes causadores das doenças.

A supressividade do solo aos patógenos é o nome dado à capacidade do solo de suprimir, total ou parcialmente, uma ou várias doenças, mesmo quando o agente causador da doença (patógeno) está presente no solo e todas as condições ambientais são favoráveis à doença. 

As doenças de solo avaliadas foram o tombamento de plantas de soja, causado pelo fungo Rhizoctonia, e o mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia. Em ambos os casos, o sistema agrossilvipastoril reduziu a incidência da doença ou a sobrevivência do patógeno. Esses resultados foram relacionados ainda com a maior atividade microbiana e maior presença de fungos benéficos no solo no sistema de produção que inclui árvores.

“A microbiota do solo é favorecida pela intensificação no sistema de produção, ou seja, o aumento do número de espécies cultivadas e a presença de animais. Assim, o componente florestal beneficia a microbiota, o que contribui diretamente com a redução das doenças, ” detalha o agrônomo. 

Parceiros

O trabalho foi realizado por equipes da Embrapa Agropecuária Oeste e Embrapa Florestas, UFPR e Iapar, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Doenças foliares

O estudo buscou ainda identificar os benefícios do sistema agrossilvipastoril na redução de doenças foliares de soja e milho e sua relação com a presença de árvores na lavoura. As doenças foliares são aquelas que ocorrem na parte aérea das lavouras e que podem ser causadas por fungos, bactérias e outros microrganismos que ficam na palhada ou que sobrevivem em plantas hospedeiras alternativas. Elas são normalmente disseminadas pelo vento e respingos de chuva.

Em geral, todas essas doenças são controladas por meio da pulverização de agrotóxicos específicos. Por isso, pesquisas como essa contribuem com a redução desse tipo de insumo, o que é benéfico para o meio ambiente, para a saúde do trabalhador e para a redução dos custos de produção das lavouras. 

Para a cultura da soja, o trabalho analisou ferrugem, míldio e oídio, bem como a dispersão de esporos de ferrugem e oídio no ar. Os resultados demonstram que a adoção do sistema de produção agrossilvipastoril proporcionou menor severidade de ferrugem e de míldio, apesar de aumentar a severidade de oídio.

Também foram avaliadas a mancha-branca, ferrugem, helmintosporiose e cercosporiose na cultura do milho. O sistema de produção agrossilvipastoril apresentou menor severidade de mancha-branca, de ferrugem e de cercosporiose. Quanto à helmintosporiose, não houve diferença na severidade e no número de lesões entre os sistemas de produção. 

Para Roese, os resultados comprovam que a arborização reduz a maior parte das doenças nas lavouras. “No entanto, culturas agrícolas sujeitas a oídio devem ter cuidado redobrado em sistemas de produção arborizados. Essa doença teve sua severidade aumentada, inclusive no cultivo de aveia durante o inverno,” declara. 

O especialista enfatiza que, apesar da relevância desses resultados, a maioria deles já eram esperados. “Quem defende sistemas agrosilvipastoris sempre menciona a redução de doenças de plantas como um de seus benefícios. No entanto, essa afirmação estava baseada nos conceitos do sistema, na sua maior proximidade com ambientes naturais e na expectativa de maior resiliência a estresses. Porém, ainda não havia resultados experimentais que comprovassem isso. E foi isso que fizemos,” conclui.

Cuidados na inserção de árvores no sistema de produção 

O professor do Departamento de Fitotecnia e Fitosanidade da UFPR Anibal de Moraes apresenta alguns cuidados em relação à inserção de árvores no sistema de produção integrada. Ele explica que planejamento é a palavra-chave do sucesso e acrescenta: “Não é uma decisão simples”. Anibal salienta que na etapa de implantação das árvores é preciso levar em consideração o tipo de implemento que será trabalhado na área.

Segundo ele, o produtor deve definir previamente os espaçamentos entre os renques de arborização, bem como a sua localização, priorizando o plantio em nível do terreno.  

“Sobre espaçamento entre os renques existem algumas possibilidades que variam em função do interesse no uso do componente florestal. Se o objetivo for cultivo de árvores, busca-se uma maior densidade. Porém, se for o bem-estar animal e a qualidade do produto objetivo principal, prioriza-se a pastagem e então esse espaçamento entre as árvores deverá ser maior”, explica o professor.

Ele também destaca alguns cuidados no momento da implantação do componente florestal em pastagens e explica que “é necessário definir algumas estratégias, tais como uso de cercas elétricas para a proteção das mudas de árvores plantadas até que elas atinjam um tamanho e possam suportar o impacto que o animal pode proporcionar quando for, por exemplo, se coçar ou fazer algum romaneio na árvore. Assim, é conveniente aguardar, em média, cerca de dois anos para que haja possibilidade de ingresso de animas nas áreas arborizadas”. 

Anibal sugere ainda que outra alternativa de implantação seria fazer a inserção de árvores junto a uma área de lavoura, mas isso requer um espaçamento entre renques bem maior, a fim de que após o terceiro ano dessas árvores, sua interferência seja mínima do rendimento da lavoura. 

Ele sugere que após esse período, o produtor permaneça com as árvores em associação preferencialmente com a pastagem, que deve ser adubada anualmente, ou seja, ter seu manejo mantido de forma adequada. 

Finalmente, o professor Anibal comenta sobre a etapa de retirada das árvores e explica que o custo de uma destoca é muito elevado. Ele sugere que é “interessante colocar as próximas árvores na mesma linha, mantendo o mesmo modelo de implantação inicial, o que evita o gasto com destoca e possibilita a manutenção do sistema integrado de produção de árvores com pastagens”.

Christiane Congro Comas (MTb 00825/9/SC)
Embrapa Agropecuária Oeste

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Pesquisadores escutam as vacas em método inédito validado para avaliação de conforto térmico – 15/12/2020

Gravadores digitais são fixados ao cabresto dos animais e mensuram de maneira precisa e não invasiva o comportamento dos bovinos em pastejo

  • Pesquisa desenvolve método inédito de bioacústica para medir a frequência respiratória (FR) de bovinos no pasto.

  • A técnica consiste em acoplar gravadores digitais no cabresto dos animais e avaliar a FR com a ajuda de um software gratuito.

  • A análise é precisa, não invasiva e independe de interferência humana.

  • O conforto térmico é fundamental para aumentar o desempenho produtivo de bovinos.

  • Pode auxiliar diretamente na avaliação de animais nos sistemas ILPF para definição de áreas de sombreamento e de manejo do rebanho.

  • O ineditismo da metodologia teve destaque internacional e ela foi considerada um dos dez melhores trabalhos do Workshop Temple Grandin de Bem-estar Animal.

As perdas de produtividade de animais expostos a altas temperaturas e umidade não são tão silenciosas quanto parecem. E foi literalmente escutando as vacas que uma pesquisa liderada pela Embrapa Rondônia utilizou a bioacústica, ou seja, os sons emitidos pelos animais, para medir a frequência respiratória (FR). A equipe de cientistas validou um método inédito de avaliação desse parâmetro de conforto térmico, que utiliza gravadores digitais fixados ao cabresto dos animais, para mensurar de maneira prática, precisa e não invasiva o comportamento dos bovinos em pastejo.

O trabalho, realizado em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Universidade Federal de Rondônia (Unir), conta com o auxílio de um software gratuito para as análises. Com isso, é possível obter dados acústicos por um período de até 48 horas e sem a interferência humana. A metodologia foi validada para rebanho leiteiro Girolando – cruzamento entre as raças Holandês e Gir – tanto para novilhas como para vacas em lactação.

Segundo o professor da UFPel Eduardo Schmitt, trata-se de uma metodologia que pode se tornar forte aliada em avaliações de sistemas como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sendo possível identificar o nível de conforto ao qual os animais estão submetidos. Ao escutar a respiração dos animais, é possível saber se estão gastando mais energia com os mecanismos de dissipação de calor e, posteriormente, correlacionar essas informações com o desempenho. “Numa visão prática, essa medida pode auxiliar em pesquisas que ajudem a definir, por exemplo, quantos metros quadrados de sombra devem ser ofertados para os animais produzirem mais, de que forma essa sombra deve estar disposta na pastagem, entre outros fatores”, afirma Schmitt.

O professor explica que quando os bovinos são expostos a altas temperaturas eles precisam acionar mecanismos para dissipação de calor, como aumento da circulação de sangue na pele, aumento do suor e da frequência respiratória. Tudo isso representa um custo energético para o animal, que acarreta diminuição de produtividade, aumento de susceptibilidade a doenças, podendo resultar também em interferências na fertilidade. “Para avaliar as perdas e se precisamos interferir para melhorar as condições ambientais dos animais, a avaliação da frequência respiratória das vacas pode dizer muita coisa”, complementa Schmitt.

 

 

Método traz inovação à medição do conforto animal

A frequência respiratória é usada há décadas como um indicador de estresse térmico nos animais, fator que influencia diretamente na produção e reprodução do rebanho.  Mas a dificuldade sempre foi manter o monitoramento ao longo de todo dia, já que pelo método tradicional (visual), isso é feito observando os animais com a contagem dos movimentos do flanco. A avaliação visual apresenta algumas limitações, tais como dificuldade de avaliações no período noturno ou em áreas extensas de pastagem com a presença de obstáculos (como árvores, por exemplo) para visualização. Existe ainda a possibilidade de haver interferência dos observadores durante o período de avaliação.

 

A bioacústica também já tem sido utilizada para a caracterização do comportamento de bovinos, como quantificação do tempo de pastejo, ruminação, descanso e de ingestão de água. Mas essa é a primeira vez que a metodologia é validada para medir a frequência respiratória. Segundo a pesquisadora da Embrapa Rondônia Ana Karina Salman, é uma ferramenta valiosa para os pesquisadores que estudam o efeito do estresse térmico em bovinos em situação de pastejo. “Validamos com sucesso um método novo e sem precedentes, em que a frequência respiratória é mensurada a partir de áudios dos animais captados por gravadores de MP3, muito prático e simples de usar. O método acústico pode substituir o convencional de contagem dos movimentos do flanco por observação visual”, afirma Salman. 

A pesquisadora explica que para avaliar o conforto térmico dos animais é preciso monitorar, simultaneamente, parâmetros ambientais, como temperatura e umidade relativa do ar, e parâmetros fisiológicos, como temperatura corporal e frequência respiratória. Segundo ela, há poucos estudos sobre as respostas fisiológicas de bovinos ao estresse térmico e com resultados pouco confiáveis, dada à dificuldade do acompanhamento visual contínuo ao longo do dia. Outros métodos foram desenvolvidos para medir automaticamente a frequência respiratória, mas eles se restringiram a animais em estábulos e com equipamentos que exigem a conexão com a internet, ou seja, não serviam para animais na pastagem ou em locais sem acesso à internet. 

Outro ponto interessante é que para a raça Girolando, responsável por aproximadamente 80% do leite produzido no Brasil, ainda não há definição científica da zona de termoneutralidade, ou seja, a faixa de temperatura ambiente na qual os bovinos se encontram em conforto térmico. Esse cenário demonstra a necessidade de mais estudos e dados para que pesquisadores, técnicos e produtores, a partir de indicadores mais precisos, possam realizar as tomadas de decisão na propriedade, sobre quais medidas adotar e como minimizar o estresse térmico no sistema de produção, tornando-o mais eficiente.  

Ineditismo do método ganha destaque internacional

O ineditismo dessa metodologia a colocou em destaque nacional e internacional. O trabalho foi publicado na revista Livestock Science em setembro de 2020 e ficou também entre os 10 melhores trabalhos do Workshop Temple Grandin de Bem-estar Animal, realizado em 2018, em São Paulo, que reuniu especialistas renomados no tema, pesquisadores, acadêmicos, produtores e a iniciativa privada. Os resultados obtidos com o uso da bioacústica para avaliação da frequência respiratória foram parte da dissertação da zootecnista Giovanna de Carvalho, defendida em julho de 2019 no Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – UNIR.

Como funciona a nova metodologia 

Para coleta de dados de áudio ou acústicos utilizados para medir a frequência respiratória são necessários: gravador MP3, cabrestos, tecido TNT, filme de PVC e fita de empacotamento. O item mais caro dessa lista é o gravador, que custa, em média, R$ 450,00 para compra direta, sem frete incluso.  A análise dos áudios é realizada com o auxílio do programa Audacity, um software livre (gratuito) que reproduz os áudios captados pelos gravadores. Esse programa gera oscilogramas dos áudios que são específicos de cada atividade exercida pelos animais, tornando possível identificar os tempos de início e fim de cada uma.  A Embrapa Rondônia disponibiliza, gratuitamente, um manual para coleta e análise de dados bioacústicos para caracterização de comportamento bovino em pastejo. 

Confira também um vídeo com o passo a passo do processo:

A análise dos dados de áudio (identificação e contagem dos sons respiratórios) é laboriosa e requer uma pessoa treinada. A zootecnista Giovanna de Carvalho, que realizou as análises das frequências respiratórias (FR) na pesquisa, explica que se utiliza a mesma técnica descrita no manual da bioacústica. A diferença é que para a FR, foi necessário maior aprofundamento, pois ela ocorre durante toda a avaliação, o animal estando ou não se alimentando, o que pode causar sobreposição dos sons. 

Assim, apenas a análise visual das ondas sonoras geradas pelo programa não é suficiente. “O fone de ouvido é essencial para a análise, assim como uma dose de paciência e não ter receio de refazer as análises ou pedir uma segunda opinião, já que pode haver dúvidas quanto aos sons ao longo do processo”, recomenda Giovanna.

Devido ao padrão característico dos sons respiratórios, deve ser possível, futuramente, desenvolver um algoritmo de inteligência artificial que permita automatizar essa etapa da metodologia. Além disso, esse método não é recomendado para um rebanho formado por animais de temperamento agressivo, pois eles podem danificar os gravadores, ou para estudos que requerem avaliação da FR por período superior a 48 horas, devido à vida útil da bateria dos gravadores.

Assista a vídeo que demonstra como fazer a análise dos áudios para a avaliação da frequência respiratória:

 

Foto: Rafael Rocha

Renata Silva (MTb 12361/MG)
Embrapa Rondônia

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)

Embrapa recebe apoio do Mapa para a realização da Abertura da Colheita do Arroz no Capão do Leão – 11/12/2020

As lavouras experimentais estão em fase plena de implantação e desenvolvimento na Estação de Terras Baixas

Está confirmada a realização da 31ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz entre os dias 9 e 11 de fevereiro de 2021, nas dependências da Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado. Segundo seus realizadores, Federarroz, Embrapa e Irga, esta edição do evento assumirá um formato híbrido – com participação presencial e virtual –  contará com recursos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para sua realização. 

Para Roberto Pedroso de Oliveira, chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, essa parceria com a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF), do Mapa, assegura a importância da realização do evento para o estado e para o País. “Nesta edição estão previstas a renovação  e ampliação do parque da Abertura da Colheita do Arroz, com novas áreas demonstrativas e um espaço institucional qualificado para  atendimento ao público durante os dias do evento”, disse coordenador técnico da ETB , André Andres. 

As lavouras experimentais estão em fase plena de implantação e desenvolvimento. São 9 hectares de áreas demonstrativas das tecnologias da pesquisa agropecuária, sendo 5,8 hectares de lavouras de arroz, soja e milho, além da  nova área de forrageiras, voltada ao trabalho de melhoramento de campo nativo, que será uma das grandes inovações desta edição. “Será possível apresentar aos produtores mais alternativas de uso das terras baixas, com o objetivo de proporcionar maior sustentabilidade/rentabilidade das unidades produtivas, incentivando o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP)”, explicou Jorge Schafhauser Jr, gestor do Núcleo Temático em ILPF

 

Programação da 31ª edição

A expectativa de Roberto Pedroso de Oliveira é que a Abertura da Colheita seja, mais uma vez, um espaço de fortalecimento da relação entre a Embrapa e o setor produtivo.  “Nosso foco está em mostrar os resultados das atividades de pesquisa em terras baixas, envolvendo a cultura do arroz, que é o ‘carro-chefe’ deste ambiente, e outras culturas como a soja, o milho, o sorgo, e a ILP”, confirmou.

Segundo Enilton Coutinho, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, um dos desafios da Embrapa é apresentar mensagens curtas e práticas para que o orizicultor leve uma contribuição eficiente para sua propriedade. Para alcançar este objetivo estão sendo organizadas participações de pesquisadores com demonstrações de seus trabalhos a campo.

O evento neste ano acontecerá em torno da temática Os Novos Rumos do Sistema de Produção.Nas Vitrines Tecnológicas da Embrapa estarão as cultivares de arroz irrigado oriundas do programa de melhoramento genético da Embrapa: BRS Pampa CL, BRS A705 e BRS Pampeira, sob manejos específicos para os sistemas de integração lavoura-pecuária em terras baixas. Todas essas cultivares visam atender o mercado de arroz do tipo longo e fino, associando alta produtividade e excelente qualidade industrial e culinária.

Também serão demonstradas a diversificação de culturas com a apresentação das tecnologias de sistematização do solo com declividade variada e sulco-camalhão, que viabilizam a drenagem superficial e a irrigação de cultivos de sequeiro em rotação ao arroz irrigado. Manejos diferenciados das culturas de soja, milho e sorgo estabelecidas em sistema sulco-camalhão mostrarão sua viabilidade para a diversificação da produção no ambiente de terras baixas.

A Empresa também está implantando uma vitrine de espécies forrageiras de cultivares BRS, anuais e perenes, para uso em sucessão ou sobressemeadura, em pastejo ou como forragem conservada, em sistemas integrados de lavoura e pecuária.

Serão organizadas duas sessões de palestras em dois momentos. Dentro da agenda estão elencados os seguintes assuntos:

09 de Fevereiro        

11h – “Tecnologia BioAS Embrapa:  Uma maneira simples e eficiente para avaliar a saúde do solo”, com a pesquisadora Ieda Mendes da Embrapa Cerrados e Maria Laura Turino Mattos

13h30 – “A importância da rotação, coberturas e ILP em Terras Baixas” – Giovani Theisen

14h30 – “Forrageiras Embrapa” – Andréa Mittelmann, Sergio Bender e Renato Fontaneli

15h30 – “Mitigação de Emissão de Gases de Efeito Estufa” – Walkyria Bueno Scivittaro

 

10 de Fevereiro

11h – “Manejo das plantas daninhas em Integração Lavoura e Pecuária” – André Andres

13h30 – “Métodos modernos de sistematização de solo para sistemas de produção em Terras Baixas” – José Maria Barbat Parfitt

14h30 – “Produção de arroz irrigado por sulco” – Joseph Massey – Pesquidador  do USDA/EUA

15h30 – “Manejo das cultivares de arroz da Embrapa” – Ariano Magalhães Junior e Paulo Fagundes 

16h30 – “Panorama e potencialidades da irrigação para soja e milho” – Germani Concenço

 

Participação do público interessado  

Em função da pandemia do COVID-19, os organizadores estão em contato permanente com o Governo do RS para estruturar o evento segundo todas as diretrizes de proteção ao público que se fará presente. “Nesta edição, não serão recebidas caravanas de produtores para visitação ao evento; haverá limitação do número de participações presenciais, a depender de definição por parte do Estado. Este número será divulgado mais próximo da Abertura da Colheita”, adiantou Andres. “Todavia, o evento será compartilhado de forma on-line, garantindo o alcance e a interação com o grande público”, afirmou Coutinho. 

A Abertura da Colheita terá a visitação preferencial de produtores rurais e suas equipes, além dos engenheiros agrônomos e técnicos das empresas ligadas à cadeia produtiva arrozeira, pesquisadores das principais instituições de pesquisa (Embrapa, IRGA e Epagri), além da presença de representantes das Universidades (UFPEL, UFRGS e UFSM). 

Haverá a estrutura de estandes expositores de empresas e instituições de diversos segmentos na área de realização do evento, a fim de demonstrar as atuais tecnologias disponíveis ao mercado. Um outro ponto que está sendo planejado pela comissão organizadora é um único local (e maior) para realização de palestras, em estrutura efêmera externa, proporcionando maior segurança do público participante. 

 Foto: Andrea Noronha

Cristiane Betemps (MTb 7418/RS)
Embrapa Clima Temperado

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Embrapa participa de debate internacional sobre o desafio da inovação e da sustentabilidade no agronegócio – 08/12/2020

Recrudescimento do protecionismo e obrigações regulatórias impactam inovação no agro

A Embrapa esteve representada pela Diretoria Executiva de Inovação e Tecnologia (DE-IT) em evento internacional que reuniu representantes da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e do European Risk Forum (ERF) para discutir o desafio da inovação e da sustentabilidade no agronegócio. O webinar foi promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), em parceria com a Basf nesta terça-feira, 8/12.

Na abertura, o representante do núcleo do Agro do Cebri, Luiz Fernando Furlan, lembrou a pujança do agronegócio brasileiro, destacando que mesmo durante a pandemia o setor registrou superávit na balança comercial. Por outro lado, Furlan focalizou o recrudescimento do protecionismo num cenário em que países como Rússia, Arábia Saudita e China investem em segurança alimentar e na não dependência de importações, bem como na criação de estoques regulatórios para evitar desabastecimento. Segundo alertou, o contexto torna relevantes fatores como rastreabilidade e bem-estar animal.

“Temos dois grandes desafios: o novo ciclo de inovações e a questão da sustentabilidade que, no Brasil, devem andar mais juntos ainda”, disse o mediador do debate Marcos Jank (Cebri e Insper) – também numa referência aos movimentos protecionistas de mercados internacionais. Jank igualmente destacou o histórico domínio do País em tecnologias tropicais, citando a revolução do processo de produção com a introdução das duas safras anuais, além do plantio direto, da Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e da agricultura de baixo carbono, remetendo à atuação da Embrapa.
  
Já diretora de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Adriana Regina Martin, reforçou o empenho da instituição em se manter no protagonismo do desenvolvimento de modelos competitivos da agricultura nacional por meio do investimento em parcerias com o setor privado e aproximação com startups. Agricultura digital e rastreabilidade, além do investimento em bioeconomia, segurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento territorial sustentável são prioridades da PD&I que constam do Plano de Desenvolvimento Estratégico da empresa, apresentadas pela gestora como aderentes à agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, os ODSs.

Martin destaca a importância de a Embrapa estar presente em fóruns internacionais, onde possa apresentar os avanços que a empresa tem gerado em pesquisa e inovação e esforços na conciliação dos três pilares da sustentabilidade, o social, o econômico e o ambiental.

Inovação e Precaução 

O membro do European Risk Forum (ERF), Paul Leonard, também fez referência à importância do atendimento aos ODSs. Convidado a falar sobre a importância do aprimoramento e modernização da regulação, levou a temática dos princípios da inovação e da precaução para o debate da sustentabilidade. O biólogo defendeu que os conceitos não são excludentes, mas complementares, quando se trata de aspectos inovadores, tecnológicos e sustentáveis. 

Leonard concorda que o modelo regulatório adotado no Brasil pela CTNBio, em que a liberação de transgênicos é analisada caso a caso, seja o mais adequado no contexto de estímulo à inovação, “a questão não é a tecnologia, mas a sua aplicação”. No entanto, reconheceu que ainda há desafios no que diz respeito à adoção de tal compreensão pela União Europeia, a despeito de esforços em contrário mantidos por organizações do setor produtivo, em especial, como apontou. 

Para a Superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, “o produtor impacta, não é apenas impactado pelas inovações”. A advogada argumentou que no contexto brasileiro é necessário observar tanto o segmento que já adota como também os pequenos e médios produtores que, para adotar novas tecnologias, precisam se livrar de obrigações regulatórias nacionais e internacionais – que às vezes se sobrepõem, impactando negativamente no preço final do produto junto ao consumidor, disse Dutra, defendendo uma regulação padronizada pelos Países. 

40 anos da Abipti

Também na terça-feira (8), a diretora executiva da DE-IT, Adriana Regina Martin, participou de um encontro virtual em comemoração aos 40 anos da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), que reúne mais de 140 instituições com a missão de representar e promover a participação das entidades de PD&I no estabelecimento e na execução de políticas voltadas para o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Adriana integra a diretoria da Abipti, empossada em agosto deste ano no cargo de vice-presidente da região Centro-Oeste. Em 2020, a diretoria concentrou esforços nas regiões Norte e Sul, com agenda nas demais regiões prevista para 2021. “Sinto grande satisfação em compor a diretoria de duas instituições tão relevantes como a Embrapa e a Abipti, que têm fortalecido o ecossistema de inovação nacional”, comentou a gestora.

 

Acesse aqui a íntegra do debate promovido pelo Cebri.

Foto: Valéria Cristina Costa

Valéria Cristina Costa (Mtb. 15533/SP)
Secretaria de Inovação e Negócios (SIN)

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Carolina Rodrigues Pereira (11055-MG)
Secretaria de Inovação e Negócios (SIN)

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Confira os eventos on-line sobre ILPF que foram realizados nos últimos dias

VI Simpósio de ILPF do Estado de SP – 19 e 20/11

O evento foi promovido pela Embrapa Pecuária Sudeste e discutiu as principais metodologias, inovações e soluções da integração lavoura-pecuária (ILP) e da integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) para o estado de São Paulo.

Painel Culturas em Sistemas ILPF – https://youtu.be/zcMC2fIkdu0

Painel Árvores no sistema integrado – https://youtu.be/rdZkNQoweSA

Painel O animal no sistema integrado – https://youtu.be/IXct4_1Duo8

Painel Sustentabilidade dos sistemas integrados – https://youtu.be/kFCfF9Mflt4

Live da série Amazônia em Foco: Intensificação da atividade pecuária. Link:  https://youtu.be/aRS2sLRkP7U

 

10º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária – 28/11 e 05/12

Realizado de maneira on-line pela primeira vez, o evento promovido pela Embrapa Agrossilvipastoril teve sua programação dividida em dois dias. No primeiro, o foco foram as estratégias em sistemas ILPF, com apresentações sobre os três componentes e também sobre sistemas agroflorestais. No segundo dia, o evento abordou consórcios forrageiros para segunda safra, seja em sistemas ILP ou para o plantio direto na palha. Além disso, a qualidade do solo foi discutida, com apresentações sobre o BiomaPhos e o BioAS.

 

Link do dia 28/11 – https://youtu.be/aHGG3gnTFj4 

Link do dia 05/12 – https://youtu.be/7WlryTF4E1g 

 

Cerca elétrica como ferramenta de manejo do pastejo em sistema de ILPF – 30/11

Palestra promovida pelo Grupo de Pesquisas em ILPF (GIntegra) do Maranhão, com participação da Embrapa Cocais.

https://youtu.be/kRzhHhPOW28 

 

– Live da série Amazônia em Foco: Intensificação da atividade pecuária – 03/12

Parte da série Amazônia em Foco, este evento debateu a intensificação da pecuária na região amazônica, abordando os métodos e tecnologias como a implantação de sistemas integrados, suplementação bovina, recuperação de áreas degradadas, manejo e arborização de pastagens.

https://youtu.be/aRS2sLRkP7U 

– Sistema Antecipe
Este evento apresentou o sistema Antecipe, um sistema inédito de produção de grãos, desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo (MG), que promete incrementar ainda mais a produção da soja e do milho safrinha. Trata-se de um método de cultivo intercalar que possibilita a redução dos riscos causados pelas incertezas do clima durante a segunda safra. Resultado de 13 anos de pesquisas, a tecnologia é composta por três pilares: um sistema inédito de produção de grãos, uma semeadora-adubadora exclusiva e um aplicativo para auxiliar o produtor a tomar as melhores decisões.

Na prática, o Sistema Antecipe começa com a semeadura mecanizada da cultura do milho nas entrelinhas da soja, quando a leguminosa está na fase de enchimento de grãos, a partir do estádio R5. Na hora da colheita, o milho é cortado junto com a soja, ficando apenas um pequeno caule de cada planta de milho. Só que, nesse momento, toda a lavoura de milho já está implantada, com raízes em pleno desenvolvimento e pronta para continuar crescendo.

https://youtu.be/XTJ0lHg3zts 

Pesquisa agropecuária usa blockchain para rastrear cadeia da cana-de-açúcar – 08/10/2020

Tecnologia blockchain está sendo aplicada na cadeia produtiva da cana-de-açúcar

 

  • Blockchain gera registro público, impedindo alterações e fraudes.

  • Por meio de código QR em produtos da usina, será possível saber informações sobre todas as etapas da produção.

  • Dados sobre origem do produto e dos insumos empregados, além de muitos outros, serão também acessíveis. 

  • Recurso poderá ser empregado na contabilização de créditos de descarbonização do programa nacional de biocombustíveis, o Renovabio.

  • Tecnologia envolverá monitoramento por satélite.

  • Imagens aéreas de canaviais permitirão diagnóstico rápido de doenças e pragas.

  • Sistema-piloto será testado pela cooperativa Coplacana.

A tecnologia de blockchain, usada largamente para registro de transações financeiras, está sendo aplicada em um projeto de pesquisa inovador, conduzido pela Embrapa em parceria com o setor que atua na cadeia produtiva da cana-de-açúcar. A ideia é gerar uma ferramenta que armazene, registre, organize e rastreie os processos e produtos agroindustriais dessa cadeia, garantindo maior confiabilidade e segurança das informações fornecidas ao consumidor sobre a origem das matérias-primas e insumos.

Por meio de cooperação técnica com a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), a Safe Trace e a Usina Granelli, a Embrapa iniciou pesquisas para a geração de ativos e soluções tecnológicas baseados em inteligência artificial, rastreabilidade e sensoriamento remoto. Os trabalhos em campo, liderados pela Embrapa Informática Agropecuária (SP), tiveram início este ano. Dois experimentos são conduzidos em conjunto com produtores de Piracicaba e Tambaú; outro é realizado em Charqueada, todos municípios no interior do estado de São Paulo.

“Há uma demanda recorrente na agricultura pela rastreabilidade dos produtos e processos”, conta Stanley Oliveira, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Informática Agropecuária. “Em geral, sistemas baseados em blockchain proporcionam uma forma segura e distribuída para fornecer informações no âmbito de uma cadeia produtiva agrícola, ou de quaisquer outros processos agroindustriais, permitindo rastrear informações como a origem do produto e de insumos, o uso de agrotóxicos na lavoura, entre outras, atendendo às exigências dos consumidores”, exemplifica.

O termo em inglês significa cadeia de blocos, ou seja, a tecnologia permite que as informações sejam registradas em uma sequência de blocos, funcionando como um registro público e impedindo alterações ou fraudes nos processos. “Entre as principais vantagens está a invariabilidade das informações para todos os elos, criando assim um caminho confiável de procedência que fortalece toda a cadeia produtiva”, explica o pesquisador da Embrapa Alexandre de Castro.

Com o desenvolvimento de um sistema de rastreabilidade usando blockchain, as embalagens dos produtos da usina parceira vão receber um selo “Tecnologia Embrapa” e um código QR. Assim, será possível disponibilizar todas as informações coletadas, desde a produção no campo até a chegada ao consumidor final, passando pela moagem da cana-de-açúcar, extração na usina, distribuição e comercialização desses produtos. As ações atendem ainda aos anseios da sociedade por produtos mais saudáveis, além da exigência do mercado internacional em saber como os alimentos são produzidos.

“A adoção de tecnologia blockchain pelos cooperados da Coplacana vai proporcionar um ganho efetivo de mercado, uma vez que os elos agrícola, industrial, certificador e distribuidor envolvidos na cadeia produtiva passarão a estabelecer uma relação de confiabilidade nos dados compartilhados”, afirma o pesquisador da Embrapa Fábio Cesar da Silva. “O consumidor também ganha mais transparência,  elegendo produtos com uma rastreabilidade confiável, além de maior segurança alimentar e ambiental”, complementa.

O acordo com a cooperativa inclui a geração de processos agropecuários, softwares, modelos, banco de dados e metodologia técnico-científica. Por meio da parceria, ainda será criada uma tecnologia baseada em sensoriamento remoto para organizar, processar e disponibilizar em nuvem imagens de satélite proximais, suborbitais e orbitais, aplicadas a análises de lavouras da cana-de-açúcar, que vão contribuir para apoiar o planejamento e o controle operacional da cultura, tanto na fazenda como em talhões.

Outra novidade é que imagens aéreas de canaviais serão usadas em uma solução tecnológica para detecção de doenças das plantas e pragas daninhas, deficiências nutricionais, estresse hídrico e estimativas de produção de biomassa. O diagnóstico vai permitir aos produtores a adoção de medidas de controle com mais rapidez e eficiência.

“É um novo modelo de trabalho com esses cooperados, que traz segurança e promove maior integração, já que estão participando das pesquisas e do desenvolvimento das soluções e contando com a expertise da Embrapa”, destaca Francisco Severino, gerente técnico corporativo da Coplacana. Com 71 anos de atuação no mercado, a cooperativa firmou o acordo com a Embrapa no fim de 2019. “É o primeiro investimento da história da Coplacana em pesquisa, a primeira parceria dessa natureza”, comemora.

Rastreabilidade no RenovaBio

A tecnologia blockchain também apresenta inúmeras vantagens com relação à segurança criptográfica de dados. Além de custodiar informações de interesse de consumidores da cadeia produtiva sucroalcooleira, nos modelos empresa para empresa (B2B, na sigla em inglês) e empresa para consumidor (B2C), o sistema  de rastreabilidade que será implantado na Usina Granelli vai armazenar dados primários de custódia da Política Nacional de Biocombustíveis, o programa RenovaBio.

A custódia das informações ao longo do fluxo de produção é considerada crucial para identificar gargalos econômicos e tecnológicos do setor, ajudando na assertividade das medidas corretivas e alavancagem na emissão de créditos de descarbonização (Cbios). Por isso, a equipe do projeto está trabalhando no desenho dos processos agroindustriais para rastrear os Cbios, além de fazer o levantamento de certificações de interesse estratégico do programa.

Uma solução tecnológica de blockchain que será desenvolvida pela Embrapa e pela Safe Trace poderá ser empregada em toda a cadeia produtiva, passando pela produção de matéria-prima, industrialização e comercialização dos Cbios. Essa tecnologia será capaz de registrar, armazenar, organizar, rastrear e disponibilizar informações coletadas ao longo da cadeia, desde a implantação no campo até as etapas finais de extração, tratamentos, fermentação e destilação para etanol nas unidades agroindustriais.

“A parceria realizada entre a Usina Granelli, a Embrapa e a SafeTrace será algo primordial e revolucionário no setor sucroenergético. Trabalhos de rastreamento sempre foram vistos na pecuária e no cultivo de grãos, contudo não havia histórico dessa tecnologia na cadeia produtiva da cana-de-açúcar, embora este seja o cultivo mais antigo de nosso País, remetendo à época do Brasil Colônia”, lembra Mariana Abdalla Granelli, diretora jurídica da Usina.

Para ela, as vantagens da cooperação serão sentidas tanto pelo agricultor e indústria, quanto pelo consumidor, uma vez que a qualidade do produto final será garantida pelo rastreamento feito pela SafeTrace e chancelada pela Embrapa, agregando valor na venda do açúcar mascavo. “O agricultor terá capacidade de avaliar as práticas de manejo de suas terras, possibilitando um controle mais assertivo dos tratos culturais e rendimentos de sua plantação. Já para a agroindústria, essa nova tecnologia permitirá maior comando e gerência sobre os processos industriais, tornando-os padronizados e mais precisos”, diz.  

Confiança e transparência em todo o processo

Blockchain é uma tecnologia de registro descentralizado, ou seja, um livro-razão distribuído que utiliza códigos de autenticação criptográfica como medida de segurança. Assim, são atribuídas assinaturas digitais às informações registradas, que garantem imutabilidade e transparência nas transações, substituindo processos manuais de verificação de autenticidade e criando um ambiente de confiança de dados compartilhados entre os participantes de cadeia.

O principal objetivo é trazer mais transparência e confiabilidade ao processo de compartilhamento de informações, beneficiando todos os interessados que atuam na cadeia. Sistemas de criptografia ainda permitem que os dados trafeguem na rede com mais rapidez e sejam acessados de forma absolutamente segura, garante Rodrigo Argüeso, presidente da Safe Trace. A empresa, em parceria com o CPQD, já emprega a tecnologia na produção de carne bovina, café, frutas, legumes e verduras.

Essa é uma tecnologia inovadora que está sendo trazida para um setor tradicional do agronegócio, cuja produção é geograficamente muito distribuída, do norte ao sul do País, de acordo com o presidente da Safe Trace. “Capturar essa informação e guardá-la de forma segura, para fácil recuperação daqueles que estão autorizados, é o nosso negócio; há um bom tempo estamos fazendo isso com blockchain”, afirma.

Embrapa Meio Ambiente (SP) e a Embrapa Informática Agropecuária também estão desenvolvendo outras soluções tecnológicas digitais para aprimorar o processo de certificação do RenovaBio. Pelo potencial impacto que a tecnologia de blockchain pode provocar no setor, algumas empresas já formalizaram interesse em que as pesquisas sejam estendidas às cadeias de etanol de milho e biodiesel de soja, por exemplo.

“É uma satisfação estarmos agora em uma cadeia tão importante como a da cana-de-açúcar, trabalhando em conjunto com a Embrapa. Esperamos que isso se estenda a outras cadeias produtivas. Em conjunto, temos muito a contribuir para a evolução e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro”, ressalta Argüeso. 

Tecnologias digitais transformam o campo

As tecnologias digitais estão transformando o cenário da agricultura brasileira. Inovações nas áreas de automação, robótica e inteligência artificial, aliadas a recursos de internet das coisas (IoT), computação em nuvem, infraestrutura computacional e conectividade no campo, podem ajudar a implementar soluções tecnológicas com potencial de provocar grande impacto nos sistemas produtivos, reduzindo custos, melhorando a eficiência, a qualidade e ainda aumentando a renda do produtor.

VII Plano Diretor da Embrapa (PDE) 2020-2030 aponta a oportunidade de nova transformação agrícola baseada em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Segundo o documento, os avanços na fronteira do conhecimento em intensificação sustentável – especialmente os sistemas integrados de lavoura, pecuária e floresta (ILPF), as tecnologias digitais, como drones, sensores, IoT, inteligência artificial e blockchain, a bioeconomia, a gestão de risco agrícola e a convergência tecnológica representam o alicerce da nova agricultura brasileira.

Essa agricultura “deverá gerar mais valor para as cadeias produtivas e para a sociedade, ao mesmo tempo em que assegurará a oferta de mais e melhores produtos, garantindo, assim, a segurança alimentar da sociedade brasileira e provendo a preservação da base dos recursos naturais. Além disso, contribuirá, cada vez mais, para o desenvolvimento regional e o bem-estar das populações rural e urbana”, enfatiza o PDE.

As inovações tecnológicas também estão entre as tendências identificadas pelo estudo “Segurança alimentar pós-covid-19: megatendências dos sistemas alimentares globais”, elaborado pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Embrapa. Os reflexos da adoção da agricultura digital e de precisão nos próximos 20-30 anos serão, principalmente, aumentos de produtividade, economias de escala e readequação do uso da mão de obra agrícola.

Foto: Magda Cruciol

 

Nadir Rodrigues (MTb 26.948/SP)
Embrapa Informática Agropecuária

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