Assista aos eventos sobre ILPF das últimas semanas – 13/04/2021

Perdeu algum evento on-line sobre ILPF de seu interesse? Confira o link dos eventos realizados no último mês e não perca as informações relevantes para você.

 

Série de webinar Mais Lucro/ha

Como aumentar a eficiência do manejo de pastagens no inverno

 

Silagem de inverno nota 10

 

 

III Encontro ABC Soja Sustentável

Manejo de palhada na entressafa

 

Lavoura e a inserção do componente animal: desafios e oportunidades

 

Integração com a pecuária na produção de soja (ILPF)

 

Seminário de Palestras Técnicas

Sistema Antecipe: semeadura intercalar mecanizada de milho antes da colheita da soja

 

ILPF: produção de leite de qualidade no mundo do futuro

Embrapa oferece cursos on-line sobre sistemas integrados de produção agropecuária – 07/04/2021

Estão abertas as inscrições para novas turmas dos cursos on-line oferecidos pela Embrapa por meio da plataforma E-campo. Entre as muitas opções, estão cursos sobre sistemas integrados de produção agropecuária e sobre técnicas específicas utilizada nesses sistemas produtivos.

Há opções de cursos com inscrições gratuitas e alguns pagos. A carga horária varia conforme o curso. Mais informações podem ser encontradas em https://www.embrapa.br/e-campo.

Confira alguns dos cursos disponíveis:

 

Introdução a sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta

https://www.embrapa.br/e-campo/introducao-a-sistemas-integrados-de-lavoura-pecuaria-floresta

 

Tecnologias para agricultura de baixo carbono

https://www.embrapa.br/e-campo/tecnologias-para-agricultura-de-baixo-carbono

 

Sistema de plantio direto

https://www.embrapa.br/e-campo/sistema-de-plantio-direto

 

Recuperação de pastagens degradadas

https://www.embrapa.br/e-campo/ecuperacao-de-pastagens-degradadas

 

Manejo do solo com foco em sistemas integrados de produção

https://www.embrapa.br/e-campo/manejo-do-solo-com-foco-em-sistemas-integrados-de-producao

 

Forrageiras para produção de leite a pasto

https://www.embrapa.br/e-campo/forrageiras-para-producao-de-leite-a-pasto

 

Implantação, manejo e recuperação de pastagens

https://www.embrapa.br/e-campo/implantacao-manejo-e-recuperacao-de-pastagens

Congresso internacional irá discutir sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta – 06/04/2020

Uma das principais estratégias brasileiras para aumentar a produção agropecuária de forma sustentável, os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) serão discutidos por cientistas, professores universitários e profissionais ligados ao setor agropecuário do mundo todo em um congresso que ocorrerá nos dias 4 e 5 de maio, em formato 100% digital.

O II Congresso Mundial sobre Sistemas ILPF (World Congress on Integrated Crop-Livestock-Forestry Systems) contará com sete painéis temáticos. Eles discutirão os sistemas de ILPF no mundo; desafios e oportunidades para os sistemas ILPF; as soluções e demandas na visão dos produtores e na visão das empresas do agronegócio; políticas públicas para fomento da ILPF; temas atuais em ILPF; e inovação em sistemas de ILPF.

Ao todo serão 30 palestras ministradas por cientistas renomados internacionalmente, como o ganhador do Prêmio Nobel da Paz e do Wolrd Food Prize, Rattan Lal, da Universidade do Estado de Ohio, pesquisadores da Embrapa e de outras instituições brasileiras e estrangeiras, representantes da FAO, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, produtores e dirigentes de empresas privadas.

O congresso também contará com uma sessão de apresentação de trabalhos científicos por meio de pôsteres digitais.

As inscrições estão abertas e podem ser feitas no site do evento, que é o https://www.wcclf2021.com.br/#modal. O valor é de R$ 150 para profissionais e R$ 75 para estudantes.

O Congresso é promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa, Rede ILPF, Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul.

 

ILPF

A ILPF é uma estratégia de produção que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais em uma mesma área, de maneira consorciada, rotacionada ou em sucessão, de modo que haja interação entre os componentes, gerando benefícios mútuos.

Estes sistemas integrados de produção agropecuária podem ser implantados combinando dois ou três componentes, conforme particularidades de cada propriedade rural. Também podem ser adotados em pequenas, médias e grandes propriedades, em todos os biomas brasileiros, com uso de diferentes culturas.

Entre os benefícios da ILPF estão o aumento da produção em uma mesma área, diversificação de fontes de renda, melhor aproveitamento dos insumos, melhoria dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo, melhoria do bem-estar animal e geração de emprego e renda no campo. Além disso, os sistemas ILPF reduzem a pressão pela abertura de novas áreas, recuperam áreas degradadas ou com baixa capacidade produtiva e mitigam as emissões de gases causadores de efeito estufa, aumentando o sequestro de carbono no solo e na biomassa.

Por todas essas características, os sistemas ILPF são um dos pilares do Plano para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), que reúne os compromissos assumidos pelo Brasil na COP 15 para redução das emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário. Estima-se que atualmente 17 milhões de hectares sejam cultivados com esses sistemas no Brasil.

Sistema ILP associa desempenho econômico e menor custo ambiental – 06/04/2020

 

Ao considerar aspectos ambientais da produção, pesquisa mostra que o sistema integrado causa menor impacto por unidade produzida. Na foto, gado de corte em pastagem em ILP

  • Estudo inédito comparou desempenho econômico e ambiental de três configurações produtivas: lavoura em sucessão soja-milho X pecuária extensiva X sistemas de integração lavoura-pecuária.

  • A lavoura se mostrou mais lucrativa, porém, com alto custo ambiental. Já a ILP, além de lucrativa, foi mais sustentável..

  • Os sistemas ILP tiveram balanço positivo na relação carbono-emergia, ou seja, sequestraram carbono. Já a lavoura e a pecuária extensiva tiveram balanço negativo, apresentando emissão de carbono.

  • Experimentos foram desenvolvidos em dois biomas: Cerrados e Amazônia.

  • Resultados mostraram que sistemas integrados são alternativa viável para uso em grande escala, possibilitando suprir a demanda pela produção de alimentos, com um menor impacto ambiental.

Pela primeira vez, uma pesquisa relacionou dados econômicos com indicadores ambientais em uma análise comparativa de sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), lavoura de soja seguida de milho e pecuária extensiva em localidades do Cerrado e da Amazônia. O trabalho desenvolvido por pesquisadores da Embrapa e de instituições parceiras mostrou que a sucessão agrícola é mais rentável do que a ILP e a pecuária, porém, com um custo ambiental maior. Com menor impacto ambiental, a ILP é lucrativa, o que torna essa alternativa mais sustentável para a produção de alimentos nos dois biomas.

Baseado em dados coletados em fazendas de Mato Grosso na safra 2017 e 2018, o trabalho reforça a noção de que com o preço elevado de commodities, os monocultivos agrícolas são mais rentáveis. Entretanto, ao considerar aspectos ambientais da produção, como o uso de recursos renováveis, não renováveis e de insumos externos, o sistema integrado se mostra mais interessante, devido ao menor impacto ambiental por unidade produzida. 

A comparação do custo ambiental de cada sistema de produção foi feita utilizando uma abordagem metodológica inovadora, baseada no conceito de emergia (veja quadro). Nessa metodologia, todos os insumos, sejam eles renováveis, como luz solar, chuva, vento e fixação biológica de nitrogênio, ou não renováveis, como a perda de solo, e insumos externos usados na produção, como combustíveis, eletricidade, sementes, fertilizantes, pesticidas e maquinário, são transformados em equivalentes de energia solar.

Da mesma forma, a produção final também é convertida nessa mesma unidade de medida, possibilitando então fazer a correlação da eficiência em termos de emergia e a comparação entre diferentes culturas. 

Indicadores econômicos e de sustentabilidade

De acordo com a pesquisa, a sucessão agrícola de soja e milho apresentou um lucro líquido de US$ 295 por hectare, contra US$ 235,69 do sistema ILP. Mas no indicador de sustentabilidade de emergia, a ILP obteve 0,67 contra 0,46 da lavoura, em uma escala em que quanto maior o número, mais sustentável é a atividade. 

A pecuária extensiva, por sua vez, como utiliza poucos insumos e grandes extensões de terra, obteve um índice superior, com 5,62. Porém a atividade obteve prejuízo financeiro de US$ 0,58 por hectare no período avaliado, e apresentou baixo desempenho na avaliação das emissões de carbono equivalente. 

De acordo com os resultados de carbono-emergia, o sistema integrado apresentou sequestro de 2,71 toneladas de CO2eq para cada joule produzido (unidade de medida da energia), enquanto o sistema agrícola emitiu 3,70 t CO2eq e a pecuária extensiva apresentou uma emissão de 7,98 t CO2eq para cada joule produzido.

Conforme a pesquisa, os indicadores de emergia mostraram que o custo social da sucessão soja/milho é maior do que os benefícios para a sociedade. O lucro da atividade está relacionado ao intenso uso de insumos externos, fator que reduz o nível de sustentabilidade do sistema a longo prazo. 

“Para manter altos índices produtivos, são necessários cada vez de mais insumos externos. Isso gera um círculo vicioso, no qual, embora se aumente a produtividade, o custo ambiental fica cada vez mais elevado”, explica o coordenador do estudo, Júlio César dos Reis, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril (MT).

Já no caso da pecuária extensiva, o baixo desempenho produtivo e a elevada emissão de gases de efeito estufa tornam o sistema mais insustentável. De acordo com o pesquisador da Embrapa Acre Judson Valentim, essa é uma atividade de baixa produtividade dos recursos naturais (solo, água e radiação solar), de mão de obra e capital, aspecto que interfere na eficiência. 

“No sistema de pecuária de corte tradicional a produtividade obtida é de seis arrobas de carne/hectare/ano. Quando essa mesma área é utilizada em sistemas de integração lavoura-pecuária, o produtor consegue obter uma safra de soja, uma safrinha de milho e ainda produzir boi safrinha. Isso resulta em maior eficiência no uso dos recursos naturais e do capital investido”, ressalta Valentim, ao frisar também o papel ambiental da atividade.

“Além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, por unidade de produto, contribui para diminuir a pressão por desmatamentos, ajudando a manter a floresta em pé. Esses ganhos indicam que os sistemas integrados são mais eficientes na conversão de recursos ambientais e econômicos em produtos finais”, conclui.

Apoio a políticas públicas

As avaliações mostraram que os sistemas ILP se mantiveram lucrativos, com grande redução nos impactos ambientais. Dessa forma, os autores do estudo consideram os sistemas integrados como uma alternativa viável para uso em grande escala, possibilitando suprir a demanda pela produção de alimentos, com um menor impacto ambiental. 

Para o coordenador da pesquisa, o resultado serve como base para o desenvolvimento de políticas públicas que incentivem a maior adoção de sistemas integrados.

“Para convencer as pessoas na perspectiva ambiental, é preciso valorar esse serviço. Do contrário, o produtor continuará usando a forma que dá mais lucro. É preciso criar outros mecanismos de financiamento e de compensação pelos serviços ambientais”, analisa Reis.

De acordo com os autores do estudo, políticas públicas como o Plano Agricultura de Baixo Carbono (ABC) ajudam, mas ainda estão aquém da meta estipulada em sua criação. A desburocratização, facilitação do crédito, disponibilidade e capacitação de assistência técnica são algumas das ações que contribuiriam para o aumento da adoção dos sistemas mais sustentáveis.

O que é emergia?

O termo emergia ou “energia incorporada” foi concebido pelo cientista Howard Odum no ano de 1963, a partir da observação da falta de compatibilidade entre a economia convencional e o ambiente. O conceito busca combinar elementos para avaliar produtos e serviços da economia em um valor comum aos produtos e serviços naturais, ou seja, o valor energético (ou ecológico) dos bens obtidos da natureza.

Assim, a emergia é definida como a energia útil necessária para os processos de criação de um novo produto ou serviço. De modo prático, é o método pelo qual é possível considerar como as várias formas de energia, ou seja, a luz solar, a água, os combustíveis fósseis ou os minerais como os fertilizantes, se expressam quando utilizadas nos processos que irão gerar um novo bem ou serviço.

O reconhecimento das diferenças qualitativas dessas capacidades energéticas é que melhor representa o cerne conceitual da metodologia emergética, e que pode ser empregada como análise contábil dos índices de sustentabilidade dos sistemas de produção agropecuária.

A metodologia 

Para realizar a contabilidade emergética e a avaliação de sustentabilidade das fazendas estudadas, os cientistas usaram uma plataforma metodológica composta por um conjunto de planilhas capaz de considerar informações sobre os fluxos de matéria e energia nos processos produtivos. Esses dados envolveram: as características produtivas e ambientais das propriedades rurais, os aspectos regionais do município e, de uma forma mais abrangente, as características produtivas do sistema agropecuário do País.

As informações das fazendas, processadas no estudo, foram obtidas em trabalhos de campo e de dados pré-existentes. Já as informações utilizadas no escopo amplo (município e País), foram obtidas em levantamentos censitários oficiais e de fontes secundárias.

Os pesquisadores organizaram sistematicamente a linguagem dos fluxos de energia associados aos processos de mudança que ocorrem quando da introdução de novas práticas ou intervenções nos estabelecimentos rurais, como tipo de manejo ou tecnologias agropecuárias inseridas nos sistemas.

Como os processos produtivos agropecuários e florestais envolvem fluxos financeiros e de estoques de materiais e energia bem específicos, os pesquisadores classificaram os balanços energéticos para determinar o estado de sustentabilidade das fazendas, com dados específicos para cada tipo de insumo, recurso e produto, com seus respectivos ”valores de unidade energética”. Esses dados foram então transportados para figuras que representaram diagramas de sistema e gráficos analíticos, com os quais se realiza a contabilidade energética e que possibilitaram a análise das assinaturas emergéticas e a avaliação detalhada dos índices de sustentabilidade dos sistemas estudados.

Como explicam os pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente Geraldo Stachetti, e da Embrapa Gado de Leite Inácio de Barros, pôde-se comparar, por exemplo, o papel da erosão do solo, que impõe grandes déficits energéticos, devido à relevância dos insumos e dos processos naturais que promovem a fertilidade. A expressão desse serviço ambiental é favorecida nos sistemas pecuária e ILP, menos sujeitos à erosão que as lavouras. Já a fixação biológica de nitrogênio se faz mais presente nas lavouras, e favorecem a ILP com efeito residual, mas não as pastagens. 

Esses exemplos explicam o porquê do maior custo energético, e do maior contraste entre os sistemas, estar representado pelos fertilizantes e corretivos do solo, empregados em maiores volumes nas lavouras, seguido da ILP e da pecuária. Assim, os custos energéticos (medidos como ”joules solares totais”) se mostraram maiores nas lavouras, 10% menores na ILP e 64% na pecuária. Por outro lado, recursos renováveis ofertados pela natureza conformam 25% da energia nas lavouras, frente a 31% na ILP e até 66% na pecuária. 

“Ao se integrarem os índices dos fluxos de energia dos diferentes sistemas, e contrastá-los com os resultados econômicos, demonstram-se claramente as vantagens ambientais do sistema ILP”, analisa Stachetti.

Avaliação econômica

O trabalho de avaliação econômica de sistemas integrados em Mato Grosso já vem sendo realizado por meio de uma parceria entre a Embrapa Agrossilvipastoril, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e a Rede ILPF

A equipe do projeto acompanha os custos de produção de fazendas que utilizam sistemas ILP ou ILPF. Para as comparações, são usados dados de fazendas de referência, ou fazendas modais, de cada região.

Em trabalhos anteriores, esse grupo já identificou o efeito poupa-terra dos sistemas ILPF e também como a diversificação desses sistemas reduz os riscos financeiros para o produtor

Gabriel Faria (MTb 15.624/MG)
Embrapa Agrossilvipastoril

Diva Gonçalves (MTb 0148/AC)

Embrapa Acre

Contatos para a imprensa

Marcos Vicente (MTb 19.027/MG)
Embrapa Meio Ambiente

Semana de Integração Tecnológica apresenta Cadeia Produtiva da Pecuária Mineira – 06/04/2021

A 13ª Semana de Integração Tecnológica (13ª SIT) Online será realizada de 3 a 7 de maio de 2021, em Sete Lagoas-MG, com o tema “Cadeia Produtiva da Pecuária Mineira: Desafios e Oportunidades”. Neste ano, o evento terá o formato totalmente virtual e poderá ser assistido de qualquer local, após inscrição no site específico.

“A SIT é um evento de transferência de tecnologia que procura integrar instituições, para promover o desenvolvimento regional e estadual. Há 14 anos, promove o diálogo e a troca de experiências entre agricultores, consultores, assistentes técnicos de empresas públicas, pesquisadores, estudantes, professores e representantes de empresas privadas”, diz o coordenador do evento, Marco Aurélio Noce, técnico do Setor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo.

“A iniciativa permite a integração dos diversos setores de interesse no segmento agropecuário, promovendo, além da disponibilização do conhecimento gerado pelas instituições, o debate e o planejamento de ações futuras visando contribuir para o desenvolvimento no meio rural”, ressalta o coordenador.

Com resultados surpreendentes, em sua última edição, a SIT 2019 reuniu 3.100 participantes. Já em 2020, o evento foi cancelado por causa da pandemia da covid-19. Agora, em 2021, na décima terceira edição, em função da necessidade de isolamento resultante do agravamento da pandemia, a programação da SIT será totalmente virtual.

“Serão quase 30 atividades de caráter técnico, dentre elas seminários, mesas redondas, cursos e dias de campo. O tema central do evento, considerando-se sua importância, tanto no cenário regional quanto nacional, será a cadeia produtiva da pecuária, com ênfase na produção de leite. Sob este enfoque, serão abordados assuntos que englobam toda a cadeia, desde questões técnicas do sistema de produção, passando pelo social, até alternativas de agregação de valor e de comercialização do produto final”, relata Noce.

A cerimônia de abertura da 13ª SIT acontecerá no dia 3 de maio, às 18h. Em seguida, haverá duas palestras: “Indicadores técnicos e econômicos da pecuária leiteira em Minas Gerais”, a ser proferida por Christiano Nascif, superintendente do Senar/Minas; e “Novas oportunidades de agregar valor ao leite”, por Paulo do Carmo Martins, Chefe-Geral da Embrapa Gado de Leite.

Lives – 13ª SIT

Confira alguns temas dos seminários e simpósios da 13ª SIT Online:

– Estratégia para o desenvolvimento da cadeia produtiva do leite na região Central de Minas Gerais

– O Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta: Panorama, perspectivas e experiências

– Pecuária leiteira: Cooperação e inovação no meio rural

–  SiTec – Silagem, inovação e tecnologia

 

Para consultar a programação completa das lives e dos cursos online e realizar a inscrição, acesse o site: http://www.sit2021.com.br/

Realização

Em sua 13ª edição, a SIT tem como principais parceiros a Embrapa, a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) – Campus Sete Lagoas, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado Minas Gerais (Emater-MG), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg /Senar-MG e a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped). Conta ainda com o apoio e a parceria de instituições privadas, incluindo-se a KWS Sementes, empresa atuante no setor de produção de sementes.

Pesquisadores de outras Unidades da Embrapa, de instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento também colaboram. Nesta edição da SIT, além da Embrapa Milho e Sorgo, já estão confirmadas as participações da Embrapa Gado de Leite (MG), Embrapa Pecuária Sul (RS) e Embrapa Solos (RJ).


Serviço

13ª Semana de Integração Tecnológica
Local: Embrapa Milho e Sorgo, Epamig, em Sete Lagoas-MG
E-mail:  sit@embrapa.br
Inscrições: http://www.sit2021.com.br/

 

Sandra Brito (MTb 06230/MG)
Embrapa Milho e Sorgo

Contatos para a imprensa

Webinar discute análise geoespacial da dinâmica agrícola do Cerrado – 05/04/2021

Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no Cerrado

Os principais resultados obtidos pelas análises geoespaciais da dinâmica agrícola do Cerrado serão apresentados durante um webinar que ocorre nesta quarta-feira (7), às 9 horas, durante o Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR Interim 2021). O simpósio, composto por cinco webinars e cinco minicursos na área de sensoriamento remoto e geoinformática, é realizado de 5 a 16 de abril, em formato on-line. A programação completa e as inscrições estão disponíveis no site do SBSR.

O aumento da demanda nacional e internacional por alimentos tem impulsionado a agricultura brasileira, especialmente no Cerrado. Esse bioma abrange cerca de 24% do território nacional e possui importância estratégica para a segurança alimentar e manutenção da biodiversidade. No webinar Análises Geoespaciais da Dinâmica Agrícola no Cerrado, coordenado pelos pesquisadores Édson Bolfe, da Embrapa Informática Agropecuária, e Edson Sano, da Embrapa Cerrados, serão mostrados alguns dos principais resultados do livro Dinâmica Agrícola no Cerrado, produzido pela Embrapa em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Para discutir a contribuição das análises geoespaciais no Cerrado, haverá palestra do pesquisador Douglas C. Morton, chefe do Laboratório de Ciências Biosféricas, da Nasa (National Aeronautics and Space Administration), que atua em pesquisas sobre dinâmica agrícola e florestal no Brasil. Também será palestrante o professor Laerte Guimarães Ferreira, pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), que desenvolve pesquisas em mapeamentos de uso e cobertura da terra no Cerrado.

Embora os métodos de análise e modelagem tenham evoluído nos últimos anos, ainda existem importantes desafios na integração de dados multisensores, multifontes e multiescalares para melhorar a compreensão dos processos de conversão, expansão e retração, diversificação e intensificação agrícola, segundo os coordenadores do webinar. Novos métodos analíticos vêm surgindo rapidamente devido ao grande volume de dados de sensoriamento remoto gerado em diferentes resoluções espaciais, espectrais e temporais e às plataformas de processamento desses dados nas nuvens.

Além disso, a melhoria na capacidade de integrar dados socioeconômicos, ambientais e biofísicos em plataformas baseadas em sistemas de informação geográfica (SIG) propicia o aperfeiçoamento das análises geoespaciais. Com isso, essas análises têm sido relevantes para apoiar os tomadores de decisão dos setores público e privado na implementação de programas de desenvolvimento rural sustentável.

De acordo com a comissão organizadora, o SBSR Interim 2021 tem como objetivo oferecer um conteúdo técnico-científico de alto nível, usando uma interface on-line rápida e efetiva. É voltado a pesquisadores, professores, profissionais do setor público e privado, estudantes do Brasil e de outros países, empresas do setor de aplicações e desenvolvimento tecnológico das diversas áreas, incluindo recursos minerais, agronegócio, meio ambiente e recursos hídricos, além de autoridades governamentais e tomadores de decisão dos setores envolvidos.

 

Foto: Fabiano Bastos

Nadir Rodrigues (MTb 26.948/SP)
Embrapa Informática Agropecuária

Contatos para a imprensa

Telefone: (19) 3211-5747 – (19) 99204-6401

Webinar vai orientar o manejo das pastagens de inverno – 30/03/2021

Responsável pela biblioteca explica como acessar, na prática.

Biblioteca Geoespacial, sob a responsabilidade da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP),  armazena dados referentes a projetos da Embrapa que apresentam mapas como resultado. Nela são disponibilizados dados para consulta (mapas e textos em pdf) e dados que podem ser editados e utilizados em projetos: shapes, tabelas e textos de dados geoespaciais gerados pela equipe da Unidade.

Um desses dados é o documento com a tabela dos dados socioeconômicos dos municípios brasileiros, que foi utilizada na priorização de áreas para ações de transferência de tecnologia em ILPF dos municípios brasileiros, realizada em 2017.

O analista da Embrapa Meio Ambiente e responsável pela Biblioteca, Sandro Pereira, dá um exemplo de como obter acesso aos dados com relação a esse trabalho sobre priorização em ILPF, mostrando como obter as informações sócio-econômicas detalhadas dos municípios do Brasil compiladas no trabalho.

“A vantagem da Biblioteca é que permite a busca por projeto”, diz Sandro. Conforme o analista, basta você procurar por esse nome no menu “Consulta por atributos”, por exemplo. Assim, ao pesquisar pelo termo “socio-econômicos” e clicar em “Consultar acervo” o usuário terá acesso ao documento “DADOS SOCIO-ECONÔMICOS PARA PRIORIZAÇÃO DE ÁREAS PARA AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA EM ILPF DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS EM 2017 (SHP)”, que foi gerado para a escala 250.000 no ano de 2016 e possui arquivo para download.

Entretanto, se quiser consultar o que existe disponível do Projeto ILPF, é preciso acessar o menu “Consulta por projetos” e selecionar o projeto “ILPF – ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA TT”, obtendo, assim, acesso a tudo que foi gerado no projeto, para o qual existem dados da escala local (1:250.000) até a escala de mesorregião.

Os resultados tabulares apresentam os resultados que são uniformes para todo o território do município. “Os resultados geográficos (shp) apresentam informações que têm variação dentro da área do município. E, para saber o seu comportamento geral, é necessário generalizar para a área do município. Da mesma forma que fizemos para obter a prioridade municipal e a prioridade da microrregião”, explica Sandro.

Todos os documentos disponibilizados possuem um arquivo de metadados com conteúdo que permite sua citação em referências, a explicação de como o dado foi gerado, suas possibilidades de uso, a descrição do conteúdo de cada coluna (atributo) do shape ou da planilha.

Além disso, a equipe mantém-se à disposição para resolver as dúvidas em relação a qualquer dado disponível no portal. O analista gostaria de lembrar que há outra ferramenta disponível: o Geoinfo, com acesso a dados geoespaciais onde existe uma visualização prévia do dado que deseja baixar. 

 

Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa

Telefone: 19-99262-6751

Prorrogado o prazo para submissão de trabalhos para congresso de ILPF – 30/04/2021

Pesquisadores e estudantes interessados em submeter trabalhos científicos para o II Congresso Mundial sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (World Congress on Integrated Crop-Livestock-Forestry Systems) ganharam mais alguns dias. A comissão organizadora do evento prorrogou o prazo de submissão até o dia 9 de abril. O Congresso será totalmente on-line, nos dias 4 e 5 de maio.

Para submeter um resumo, o interessado deve fazer previamente a inscrição no congresso, pelo site www.wcclf2021.com.br/. Na mesma página é possível consultar as regras de submissão dos resumos.

As inscrições custam R$ 150 para profissionais e R$ 75 para estudantes. Os inscritos receberão login e senha de acesso à plataforma digital, por onde será possível acessar todo o conteúdo do evento, como palestras, mesas redondas, espaço de expositores e sessões de pôsteres.

Temas dos trabalhos

Os trabalhos que forem aceitos pela comissão científica do Congresso serão apresentados por meio de sessão de pôster digital. Eles poderão ser enquadrados em dez áreas: Mudança climática, resiliência e adaptação; Emissões de gases de efeito estufa e sequestro de carbono; Sistemas integrados e avaliações de sustentabilidade; Impacto dos sistemas integrados na eficiência do uso de nutrientes e água; Transferência de tecnologia para sistemas integrados; Microclima, paisagem e biodiversidade; Técnicas agrícolas, agricultura de precisão, IoT e inovação; Aspectos econômicos e sociais e agricultura familiar; Rastreabilidade, certificação e conceitos emergentes; e Políticas públicas, interações nas cadeias de suprimentos e comércio internacional.

Programação

O II Congresso Mundial sobre Sistemas ILPF (World Congress on Integrated Crop-Livestock-Forestry Systems) contará com sete painéis temáticos. Eles discutirão os sistemas de ILPF no mundo; desafios e oportunidades para os sistemas ILPF; as soluções e demandas na visão dos produtores e na visão das empresas do agronegócio; políticas públicas para fomento da ILPF; temas atuais em ILPF; e inovação em sistemas de ILPF.

Ao todo serão 30 palestras ministradas por cientistas renomados internacionalmente, como o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Rattan Lal, da Universidade do Estado de Ohio, pesquisadores da Embrapa e de outras instituições brasileiras e estrangeiras, representantes da FAO, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, produtores e dirigentes de empresas privadas.

O Congresso é promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa, Rede ILPF, Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de Mato Grosso do Sul.

 

ILPF Conecta

Paralelamente ao congresso será realizada a chamada ILPF Conecta, um desafio que visa atrair propostas de negócios de empresas jovens de base tecnológica, as startups do Agro, mais conhecidas como Agtechs. A chamada visa a seleção de tecnologias inovadoras para a adoção em sistemas ILPF.

As inscrições podem ser feitas até o dia 9 de abril. Mais informações em http://www.wcclf2021.com.br/conecta.

 

Prêmio Rede ILPF de Jornalismo

Estão abertas até o dia 15 de maio as inscrições para o Prêmio Rede ILPF de Jornalismo. O concurso tem cinco categorias, sendo elas: reportagem escrita, reportagem em áudio, reportagem em vídeo, reportagem em veículo estrangeiro e reportagem de profissionais das instituições associadas à Rede ILPF.

O edital completo e o link para inscrições podem ser acessados no site www.ilpf.com.br, no menu Publicações/Editais.

Para concorrer, o trabalho jornalístico deve se enquadrar na temática “Com a ILPF, produzir e preservar é possível”. Podem ser inscritos trabalhos veiculados no período de 1º de agosto de 2019 a 15 de maio de 2021. O resultado do Prêmio Rede ILPF de Jornalismo será anunciado nos dias 9 ou 10 de junho, em evento on-line promovido pela Rede ILPF.

 

Gabriel Faria (mtb 15.624 MG)
Embrapa Agrossilvipastoril

Tecnologias poupa terra garantem mais produtividade e sustentabilidade à produção agrícola – 24/04/2021

A programação do terceiro dia do AgriTrop 21 abordou o desafio da transformação dos sistemas agroalimentares 

Sistemas integrados, plantio direto e fixação biológica de nitrogênio e fósforo são exemplos concretos que comprovam o bom desempenho dessas técnicas no Brasil  

As tecnologias denominadas poupa-terra estão entre os principais destaques da agricultura tropical brasileira pela capacidade de aumentar a produção de alimentos em áreas já utilizadas para cultivo, evitando desmatamento de florestas e áreas de matas nativas. Exemplos concretos dessas tecnologias que já ocupam milhões de hectares em todo o Território Nacional, movimentando bilhões de reais, foram o tema da palestra de abertura do terceiro dia de realização da Semana Internacional de Agricultura Tropical (AgriTrop 21), proferida pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Guy de Capdeville. O evento, promovido pela Embrapa e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) reúne mais de 1.000 inscritos entre os dias 22 e 26 de março e está sendo transmitido nas plataformas digitais das duas instituições. Mais informações estão disponíveis na página do AgriTrop.

Uma das principais vantagens das tecnologias poupa terra, na visão de Capdeville, é que atendem a produtores de todos os portes: pequeno, médio e grande. “Trata-se de modelos extremamente democráticos e que têm alcançado resultados impressionantes em todos os biomas brasileiros”, complementou. Em breve, a Embrapa vai lançar uma publicação sobre essas tecnologias.

O diretor apresentou exemplos de tecnologias poupa terra já consolidadas no Brasil e que podem ser expandidas para outras regiões da faixa tropical do globo. Entre elas, destaca-se os sistemas ILPF, que integram lavoura, pecuária e floresta em uma mesma área. Esses modelos integrados podem utilizar cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de modo que haja benefício mútuo para todas as atividades. Em 2015, ocupavam uma área de aproximadamente 11 milhões de hectares no Brasil. Em 2021, esse número saltou para 17 milhões.

Os sistemas ILPF aliam produtividade e benefícios ambientais, especialmente para a mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE). “São modelos de produção que se adaptam com facilidade a todas as regiões brasileiras e têm sido bastante importantes para o aumento de renda e geração de empregos na região Nordeste do País, a partir do consórcio de macaúba com outras culturas”, explicou.

As tecnologias poupa-terra têm tido impacto significativo na exportação de frutas. Dados de 2018 apontam que a produção mundial de frutas é de cerca de 930 milhões de toneladas em pouco mais de 80 milhões de hectares. A contribuição brasileira é de 42,4 milhões de toneladas, ou seja, 4, 6% do total em uma área 2,5 milhões de hectares. Para cada hectare cultivado com frutas, dois empregos são criados, totalizando cinco milhões. As principais tecnologias sustentáveis utilizadas na produção de frutas são: produção integrada, gestão da cobertura do solo, manejo de água e nutrientes, controle de pragas e doenças e gestão pós-colheita.

Segundo Capdeville, a estimativa do efeito poupa terra na produção de frutas para exportação, de acordo com dados do IBGE, aponta para um aumento de produtividade de 64% entre a década de 1990 e 2018. “O que mais salta aos olhos é a área poupada em 2018, que foi superior a 900 mil hectares”, enfatiza. O cultivo de 11 fruteiras – laranja, banana, melancia, manga, limão, uva, maçã, melão, tangerina, abacaxi e mamão – corresponde a aproximadamente 38% da área cultivada no Brasil, que é de cerca de 2,5 milhões de hectares.

O diretor ressaltou também o impacto das tecnologias poupa-terra na produção de soja. Na safra de 2019/20, foram produzidos 251 milhões de toneladas de grãos em uma área de 65,8 milhões de hectares. A contribuição da soja para esse montante foi de 120,9 milhões de toneladas em 36,9 milhões de hectares, o que representa uma produtividade de aproximadamente 3 kg/hectare. A soja responde por 3,6% dos empregos gerados pelo agro no Brasil.

“Se nos reportarmos a década de 1970, sem a tecnologia existente hoje para produção de soja no Brasil, para manter esses índices de produtividade, seria necessário expandir a área em 195%. Com a ciência e as tecnologias poupa-terra conseguimos preservar uma área de 71 milhões de hectares”, complementou Capdeville.

O mesmo se deu com o algodão. Entre os anos de 1976 e 2019, a produção cresceu de 1,2 milhão para 4,3 milhões, enquanto a área foi reduzida de 4 milhões de hectares para 1,7 milhão. Esse resultado é fruto de várias tecnologias, entre as quais se destacam: cultivares melhoradas geneticamente, plantio direto, que abrange técnicas sustentáveis de manejo do solo, e o cultivo do algodão em sistemas ILPF, entre outras.

No geral, o uso de tecnologias poupa terra na agricultura nas últimas quatro décadas levou a um salto de produtividade de 280 Kg/ha para 2.600 Kg/ha, preservando 13,3 milhões de hectares.

“Esses números mostram claramente que sem tecnologia não há sustentabilidade. E para levar a ciência ao campo, contamos com o apoio dos produtores brasileiros, que são altamente receptivos aos avanços tecnológicos”, concluiu o diretor da Embrapa.

Digitalização é sinônimo de democracia no campo

O professor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Paulo Leme, endossou a afirmação de Capdeville A aplicação de tecnologias agrícolas, sociais e digitais é fundamental na construção de mercados sustentáveis no Brasil. A agricultura 4.0 veio para revolucionar e democratizar a agricultura, acredita Leme.

Prova disso é o café, cuja produção quadruplicou nas últimas cinco décadas, de forma sustentável, com redução de área plantada. No início do Século XX, os cafeicultores produziam cerca de sete sacas por hectare. Hoje, esse número saltou para 30 e até, 60, em casos de produtores mais tecnificados.

Além da sustentabilidade, o diferencial no caso do café é a qualidade. “A cafeicultura familiar no Brasil é um exemplo para o mundo”, ressaltou o professor, lembrando que isso se deve à alta produtividade (tecnologia), rentabilidade (associativismo e cooperativismo) e diferenciação (cafés especiais e certificação). Ele citou o projeto “Ufla pelo comércio justo”, que certificou 18.500 famílias produtoras de café e laranja

“A cafeicultura tem garantido à agricultura familiar qualidade de vida no campo e, acima de tudo, dignidade. As tecnologias sociais e mercadológicas perpetuam o trabalho das famílias e atraem jovens para o campo”, ponderou.

Agenda global para a pecuária sustentável

O representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) Eduardo Arce falou sobre a Agenda Global para Pecuária Sustentável (GASL), criada pela instituição para atender a demandas de governos mundiais nos anos 2000, por mais sustentabilidade na produção de gado de corte e leite.

Apesar de ser uma atividade de extrema importância socioeconômica para os países e para a alimentação mundial, a pecuária é frequentemente associada a danos ambientais, como por exemplo, o aumento de 14% na emissão de gases de efeito estufa (GEE), além do potencial de desmatamento, entre outros.

A GASL é uma agenda aberta e envolve 177 parceiros públicos e privados para fomentar a sustentabilidade na pecuária. Desses, 26 são da América Latina, incluindo a Embrapa e o IICA. Segundo Arce, o papel dela é atuar como catalisadora dos parceiros na conversão dos sistemas de produção para modelos mais sustentáveis, como os que usam ILPF, em parceria com a Embrapa.

Ele lembrou a importância da Cúpula dos Sistemas Alimentares, a ser realizada em setembro em Nova York, que faz parte dos objetivos do AgriTrop. Os resultados da GASL serão apresentados no evento mundial.

Intensificação da agricultura e irrigação

O engenheiro agrônomo Durval Dourado, professor da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) apresentou dados sobre a capacidade de intensificação (para uso na agricultura) e expansão (para uso da pecuária) da irrigação no Brasil, com base em dados em estudo elaborado pela área de políticas públicas da Esalq feito com informações de vazão de recursos hídricos superficiais da Agência Nacional de Águas. 

De acordo com o levantamento, o Brasil tem potencial para expandir a área irrigada em 15,5 milhões de hectares (ha), sendo 8 milhões para a agricultura e 7,5 milhões de ha para pecuária.

Atualmente, o Brasil possui 5,3 milhões de ha de área irrigada. Se utilizada toda a área identificada no estudo, o país passaria para 20,3 m ha. Conforme explica o professor, considerando que em áreas irrigadas é possível obter duas safras, os 20 milhões há seriam equivalente s 40 milhões há. O cálculo não inclui a área de cana-de-açúcar fertirrigada (2,9milhões há)

“O Brasil tem potencial para atender a demanda mundial com expansão e intensificação da agricultura irrigada associada com outras estratégias. Em 2016, tínhamos 7 bilhões de pessoas no mundo e o Brasil era responsável por produzir alimentos para cerca de 1,2 bilhão de pessoas, mas a FAO nos passou a incumbência de produzir 40% da demanda que vai haver de produção de alimentos devido ao aumento da população para 9,8 bilhões de pessoas em 2050”, disse.

“Se nós pegarmos 40% de 2,8 bilhões, isso significa 1,12 bilhões. Se somarmos 1,2 bilhão com 1,12 bilhão, o que vamos produzir a mais, vamos ter que ser responsável para atender a demanda de 2,32 bilhões de pessoas. Uma das estratégias para isso vai ser a agricultura irrigada”, explicou.

No total, o Brasil possui 851 milhões de hectares, dos quais 66% com vegetação natural, 22% sendo usada para pastagem, 9% com agricultura, apenas 1% com silvicultura e 2% com outros usos urbanos e infraestruturas. “A ideia é e aumentar a área agrícola irrigada e expandir o uso pela pecuária sem desmatar um único hectare”, disse.

Ele explica que foram consideradas áreas com aptidão agrícola, havendo disponibilidade de água superficial, mão de obra especializada, infraestrutura, energia, (transporte e navegação), capacidade de armazenamento e conectividade.  

Normalmente, o Brasil adiciona aos sistemas produtivos algo em torno de 250 mil ha por ano, mas a capacidade instalada da indústria chega 500 mil ha por ano. Se nós fizermos a conta, teríamos algo como 31 anos para atingir esse 15,5 milhões de hectares”, disse.

Pandemia abre caminho para produção de frutas orgânicas

A pandemia tem sido uma oportunidade para os produtores de frutas orgânicas, disse Alberto Vilarinos, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que falou sobre Fruticultura Orgânica: sustentabilidade de valor. “As pessoas estão mais interessadas em alimentos mais saudáveis que reforcem o sistema imunológico e também em produções mais sustentáveis”, disse. “Então, as frutas orgânicas tem tudo a ver com o alimento do futuro.

Segundo ele, mesmo com a pandemia, o Brasil, que é o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás da China e da Índia, aumentou em 6% as exportações de frutas, em geral, no ano passado, mas ele vê aumento no interesse por frutas orgânicas.

Ele contou que a Embrapa já validou sistemas produtivos orgânicos para banana para abacaxi, manga, maracujá e para e as spondías no Nordeste (umbu, cajazeiras, entre outras) e tem desenvolvido bananas e abacaxis orgânicos resistentes a doenças e formigas.

Segundo Vilarinhos, a produção e o consumo de orgânicos no mundo tem aumentado devido a expansão da demanda na Europa, nos Estados Unidos e na China. Desde o ano 2000, a média mundial de crescimento anual de produtos orgânicos no varejo tem sido de 11% , um indicador que expressa o dinamismo, principalmente quando comparadas às vendas de produtos convencionais.

“Nos próximos anos, a demanda internacional deve continuar crescendo, pois as pessoas associam os orgânicos a saúde, segurança alimentar e a um menor impacto ambiental da produção”, disse. Do ano 2000 até 2019, o aumento mundial de terras cultivadas com orgânicos foi de 381%, um salto de 14,98 milhões de ha para 72,28 milhões de ha. De acordo com o especialista, embora impactante, o número representa ainda 1,4% quando se compara à área destinada à agropecuária no mundo.A maior área de orgânico está na Oceania, especialmente na Austrália, com 35,88%, seguida da Europa com 16,52%.

O Brasil destina 1,28% à produção de orgânicos, atrás da Ásia, Estados Unidos, África e o resto da América Latina. Ásia e África, porém, são os que mais empregam mão de obra na produção de orgânicos. Em termos de produtividade, a Europa e a Ásia têm as maiores rentabilidade para orgânicos no varejo.

“O maior desafio está relacionado a custos, pois os processos de certificação são caros e não padronizados. Além disso, as cadeias são maiores, portanto, há mais gastos com energia e as conversões de produção convencional em orgânicos são lentas, o que mantém esse mercado, embora em expansão, em um nicho acessível em mercados mais elitistas”, ponderou.

Ele explicou que no Brasil o crescimento do mercado de orgânicos é mais lento devido a questões como custo da terra, logística, transporte e insumos. Além disso, pesquisas, e assistência técnica estão voltados majoritariamente para a agricultura convencional, que é o carro chefe da economia brasileira atualmente

Outro desafio é a falta de dados oficiais que dificulta o planejamento estratégico, mas em 2020 o Brasil registrou um aumento de 30% na produção de orgânicos, segundo a Associação para a Produção de Orgânicos (Organis) e gerou US$ 1 bilhão.

“O Brasil possui um processo de certificação participativa e políticas de compra de alimentos da agricultura familiar, o programa de alimentação escolar que são alvos de interesse de outros países, o que valoriza a produção local.

Sistemas alimentares

Em sua fala sobre sistemas alimentares em diferentes escalas, o holandês Walter de Boef, da Universidade e Centro de Pesquisa Wageningen, explicou porque embora a Holanda seja mais de 200 vezes menor do que o Brasil, os dois países estão entre os principais exportadores da agropecuária. Juntos, os dois países respondem por 15% das exportações do mundo. O Brasil é o líder nas exportações de soja e oleaginosas e a Holanda, de flores e lácteos.

“Nós desenvolvemos uma estrutura de sistemas alimentares, que só pode avançar quando há um vínculo muito forte com os “drivers”, ou seja, os fatores socioeconômicos e ambientais, que movimentam e impulsionam o sistema. Para nós, essa abordagem é muito importante porque combina metas objetivas com uma estrutura. Estamos trabalhando com perspectivas futuras agrícolas na Holanda e em vários países da África”, contou. 

Segundo ele, a Holanda, assim como o Basil de Alysson Paolinelli, também contou com visionários como o ex-ministro da agricultura Sicco Mansholt que, no pós-segunda Guerra Mundial, foi responsável por aplicar uma forte política de autonomia de produção de grãos, quando todos os países da Europa enfrentavam fome, e também colaborou com a Política Agrícola Comum (PAC).

“A intensificação do uso de conhecimento na Holanda começou há 100, no início do século 20, quando a base agrícola da Holanda ficou frágil e caíram as exportações. Isso aconteceu na época da fundação da nossa universidade e é importante destacar que já nesta época havia uma política pública de especialização. Na minha família, meu avô foi o primeiro a trabalhar com horticultura e o país começou, pouco a pouco, com a produção de flores, agora somos quase 50% da produção de flores do mundo”, contou. 

Para Boef, este ano, temos quatro eventos internacionais para discutir como será o perfil da agricultura no futuro e será uma oportunidade para a reflexão sobre as responsabilidades dos atuais líderes sobre como avançar para o futuro. Ele explicou que atualmente a Holanda coloca foco não apenas na segurança alimentar, mas também na alimentação e nutrição, e leva a sério as medidas de adaptação às mudanças climáticas, tema incorporado na vida política do país.  “Estamos buscando formas de combinar floresta e vida animal. Na última semana, tivemos eleições nacionais e um dos temas em discussão foi o impacto de reduzir emissões de CO2 e de nitrogênio na agricultura e no setor pecuário. Outro elemento importante o “Green Deal”, a política pública europeia que, entre outras coisas, estabelece cadeias de valor mais curtas.

Tecnologias poupa terra garantem mais produtividade e sustentabilidade à produção agrícola – 24/04/2021

A programação do terceiro dia do AgriTrop 21 abordou o desafio da transformação dos sistemas agroalimentares 

Sistemas integrados, plantio direto e fixação biológica de nitrogênio e fósforo são exemplos concretos que comprovam o bom desempenho dessas técnicas no Brasil  

As tecnologias denominadas poupa-terra estão entre os principais destaques da agricultura tropical brasileira pela capacidade de aumentar a produção de alimentos em áreas já utilizadas para cultivo, evitando desmatamento de florestas e áreas de matas nativas. Exemplos concretos dessas tecnologias que já ocupam milhões de hectares em todo o Território Nacional, movimentando bilhões de reais, foram o tema da palestra de abertura do terceiro dia de realização da Semana Internacional de Agricultura Tropical (AgriTrop 21), proferida pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Guy de Capdeville. O evento, promovido pela Embrapa e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) reúne mais de 1.000 inscritos entre os dias 22 e 26 de março e está sendo transmitido nas plataformas digitais das duas instituições. Mais informações estão disponíveis na página do AgriTrop.

Uma das principais vantagens das tecnologias poupa terra, na visão de Capdeville, é que atendem a produtores de todos os portes: pequeno, médio e grande. “Trata-se de modelos extremamente democráticos e que têm alcançado resultados impressionantes em todos os biomas brasileiros”, complementou. Em breve, a Embrapa vai lançar uma publicação sobre essas tecnologias.

O diretor apresentou exemplos de tecnologias poupa terra já consolidadas no Brasil e que podem ser expandidas para outras regiões da faixa tropical do globo. Entre elas, destaca-se os sistemas ILPF, que integram lavoura, pecuária e floresta em uma mesma área. Esses modelos integrados podem utilizar cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de modo que haja benefício mútuo para todas as atividades. Em 2015, ocupavam uma área de aproximadamente 11 milhões de hectares no Brasil. Em 2021, esse número saltou para 17 milhões.

Os sistemas ILPF aliam produtividade e benefícios ambientais, especialmente para a mitigação da emissão de gases de efeito estufa (GEE). “São modelos de produção que se adaptam com facilidade a todas as regiões brasileiras e têm sido bastante importantes para o aumento de renda e geração de empregos na região Nordeste do País, a partir do consórcio de macaúba com outras culturas”, explicou.

As tecnologias poupa-terra têm tido impacto significativo na exportação de frutas. Dados de 2018 apontam que a produção mundial de frutas é de cerca de 930 milhões de toneladas em pouco mais de 80 milhões de hectares. A contribuição brasileira é de 42,4 milhões de toneladas, ou seja, 4, 6% do total em uma área 2,5 milhões de hectares. Para cada hectare cultivado com frutas, dois empregos são criados, totalizando cinco milhões. As principais tecnologias sustentáveis utilizadas na produção de frutas são: produção integrada, gestão da cobertura do solo, manejo de água e nutrientes, controle de pragas e doenças e gestão pós-colheita.

Segundo Capdeville, a estimativa do efeito poupa terra na produção de frutas para exportação, de acordo com dados do IBGE, aponta para um aumento de produtividade de 64% entre a década de 1990 e 2018. “O que mais salta aos olhos é a área poupada em 2018, que foi superior a 900 mil hectares”, enfatiza. O cultivo de 11 fruteiras – laranja, banana, melancia, manga, limão, uva, maçã, melão, tangerina, abacaxi e mamão – corresponde a aproximadamente 38% da área cultivada no Brasil, que é de cerca de 2,5 milhões de hectares.

O diretor ressaltou também o impacto das tecnologias poupa-terra na produção de soja. Na safra de 2019/20, foram produzidos 251 milhões de toneladas de grãos em uma área de 65,8 milhões de hectares. A contribuição da soja para esse montante foi de 120,9 milhões de toneladas em 36,9 milhões de hectares, o que representa uma produtividade de aproximadamente 3 kg/hectare. A soja responde por 3,6% dos empregos gerados pelo agro no Brasil.

“Se nos reportarmos a década de 1970, sem a tecnologia existente hoje para produção de soja no Brasil, para manter esses índices de produtividade, seria necessário expandir a área em 195%. Com a ciência e as tecnologias poupa-terra conseguimos preservar uma área de 71 milhões de hectares”, complementou Capdeville.

O mesmo se deu com o algodão. Entre os anos de 1976 e 2019, a produção cresceu de 1,2 milhão para 4,3 milhões, enquanto a área foi reduzida de 4 milhões de hectares para 1,7 milhão. Esse resultado é fruto de várias tecnologias, entre as quais se destacam: cultivares melhoradas geneticamente, plantio direto, que abrange técnicas sustentáveis de manejo do solo, e o cultivo do algodão em sistemas ILPF, entre outras.

No geral, o uso de tecnologias poupa terra na agricultura nas últimas quatro décadas levou a um salto de produtividade de 280 Kg/ha para 2.600 Kg/ha, preservando 13,3 milhões de hectares.

“Esses números mostram claramente que sem tecnologia não há sustentabilidade. E para levar a ciência ao campo, contamos com o apoio dos produtores brasileiros, que são altamente receptivos aos avanços tecnológicos”, concluiu o diretor da Embrapa.

Digitalização é sinônimo de democracia no campo

O professor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Paulo Leme, endossou a afirmação de Capdeville A aplicação de tecnologias agrícolas, sociais e digitais é fundamental na construção de mercados sustentáveis no Brasil. A agricultura 4.0 veio para revolucionar e democratizar a agricultura, acredita Leme.

Prova disso é o café, cuja produção quadruplicou nas últimas cinco décadas, de forma sustentável, com redução de área plantada. No início do Século XX, os cafeicultores produziam cerca de sete sacas por hectare. Hoje, esse número saltou para 30 e até, 60, em casos de produtores mais tecnificados.

Além da sustentabilidade, o diferencial no caso do café é a qualidade. “A cafeicultura familiar no Brasil é um exemplo para o mundo”, ressaltou o professor, lembrando que isso se deve à alta produtividade (tecnologia), rentabilidade (associativismo e cooperativismo) e diferenciação (cafés especiais e certificação). Ele citou o projeto “Ufla pelo comércio justo”, que certificou 18.500 famílias produtoras de café e laranja

“A cafeicultura tem garantido à agricultura familiar qualidade de vida no campo e, acima de tudo, dignidade. As tecnologias sociais e mercadológicas perpetuam o trabalho das famílias e atraem jovens para o campo”, ponderou.

Agenda global para a pecuária sustentável

O representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) Eduardo Arce falou sobre a Agenda Global para Pecuária Sustentável (GASL), criada pela instituição para atender a demandas de governos mundiais nos anos 2000, por mais sustentabilidade na produção de gado de corte e leite.

Apesar de ser uma atividade de extrema importância socioeconômica para os países e para a alimentação mundial, a pecuária é frequentemente associada a danos ambientais, como por exemplo, o aumento de 14% na emissão de gases de efeito estufa (GEE), além do potencial de desmatamento, entre outros.

A GASL é uma agenda aberta e envolve 177 parceiros públicos e privados para fomentar a sustentabilidade na pecuária. Desses, 26 são da América Latina, incluindo a Embrapa e o IICA. Segundo Arce, o papel dela é atuar como catalisadora dos parceiros na conversão dos sistemas de produção para modelos mais sustentáveis, como os que usam ILPF, em parceria com a Embrapa.

Ele lembrou a importância da Cúpula dos Sistemas Alimentares, a ser realizada em setembro em Nova York, que faz parte dos objetivos do AgriTrop. Os resultados da GASL serão apresentados no evento mundial.

Intensificação da agricultura e irrigação

O engenheiro agrônomo Durval Dourado, professor da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) apresentou dados sobre a capacidade de intensificação (para uso na agricultura) e expansão (para uso da pecuária) da irrigação no Brasil, com base em dados em estudo elaborado pela área de políticas públicas da Esalq feito com informações de vazão de recursos hídricos superficiais da Agência Nacional de Águas. 

De acordo com o levantamento, o Brasil tem potencial para expandir a área irrigada em 15,5 milhões de hectares (ha), sendo 8 milhões para a agricultura e 7,5 milhões de ha para pecuária.

Atualmente, o Brasil possui 5,3 milhões de ha de área irrigada. Se utilizada toda a área identificada no estudo, o país passaria para 20,3 m ha. Conforme explica o professor, considerando que em áreas irrigadas é possível obter duas safras, os 20 milhões há seriam equivalente s 40 milhões há. O cálculo não inclui a área de cana-de-açúcar fertirrigada (2,9milhões há)

“O Brasil tem potencial para atender a demanda mundial com expansão e intensificação da agricultura irrigada associada com outras estratégias. Em 2016, tínhamos 7 bilhões de pessoas no mundo e o Brasil era responsável por produzir alimentos para cerca de 1,2 bilhão de pessoas, mas a FAO nos passou a incumbência de produzir 40% da demanda que vai haver de produção de alimentos devido ao aumento da população para 9,8 bilhões de pessoas em 2050”, disse.

“Se nós pegarmos 40% de 2,8 bilhões, isso significa 1,12 bilhões. Se somarmos 1,2 bilhão com 1,12 bilhão, o que vamos produzir a mais, vamos ter que ser responsável para atender a demanda de 2,32 bilhões de pessoas. Uma das estratégias para isso vai ser a agricultura irrigada”, explicou.

No total, o Brasil possui 851 milhões de hectares, dos quais 66% com vegetação natural, 22% sendo usada para pastagem, 9% com agricultura, apenas 1% com silvicultura e 2% com outros usos urbanos e infraestruturas. “A ideia é e aumentar a área agrícola irrigada e expandir o uso pela pecuária sem desmatar um único hectare”, disse.

Ele explica que foram consideradas áreas com aptidão agrícola, havendo disponibilidade de água superficial, mão de obra especializada, infraestrutura, energia, (transporte e navegação), capacidade de armazenamento e conectividade.  

Normalmente, o Brasil adiciona aos sistemas produtivos algo em torno de 250 mil ha por ano, mas a capacidade instalada da indústria chega 500 mil ha por ano. Se nós fizermos a conta, teríamos algo como 31 anos para atingir esse 15,5 milhões de hectares”, disse.

Pandemia abre caminho para produção de frutas orgânicas

A pandemia tem sido uma oportunidade para os produtores de frutas orgânicas, disse Alberto Vilarinos, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que falou sobre Fruticultura Orgânica: sustentabilidade de valor. “As pessoas estão mais interessadas em alimentos mais saudáveis que reforcem o sistema imunológico e também em produções mais sustentáveis”, disse. “Então, as frutas orgânicas tem tudo a ver com o alimento do futuro.

Segundo ele, mesmo com a pandemia, o Brasil, que é o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás da China e da Índia, aumentou em 6% as exportações de frutas, em geral, no ano passado, mas ele vê aumento no interesse por frutas orgânicas.

Ele contou que a Embrapa já validou sistemas produtivos orgânicos para banana para abacaxi, manga, maracujá e para e as spondías no Nordeste (umbu, cajazeiras, entre outras) e tem desenvolvido bananas e abacaxis orgânicos resistentes a doenças e formigas.

Segundo Vilarinhos, a produção e o consumo de orgânicos no mundo tem aumentado devido a expansão da demanda na Europa, nos Estados Unidos e na China. Desde o ano 2000, a média mundial de crescimento anual de produtos orgânicos no varejo tem sido de 11% , um indicador que expressa o dinamismo, principalmente quando comparadas às vendas de produtos convencionais.

“Nos próximos anos, a demanda internacional deve continuar crescendo, pois as pessoas associam os orgânicos a saúde, segurança alimentar e a um menor impacto ambiental da produção”, disse. Do ano 2000 até 2019, o aumento mundial de terras cultivadas com orgânicos foi de 381%, um salto de 14,98 milhões de ha para 72,28 milhões de ha. De acordo com o especialista, embora impactante, o número representa ainda 1,4% quando se compara à área destinada à agropecuária no mundo.A maior área de orgânico está na Oceania, especialmente na Austrália, com 35,88%, seguida da Europa com 16,52%.

O Brasil destina 1,28% à produção de orgânicos, atrás da Ásia, Estados Unidos, África e o resto da América Latina. Ásia e África, porém, são os que mais empregam mão de obra na produção de orgânicos. Em termos de produtividade, a Europa e a Ásia têm as maiores rentabilidade para orgânicos no varejo.

“O maior desafio está relacionado a custos, pois os processos de certificação são caros e não padronizados. Além disso, as cadeias são maiores, portanto, há mais gastos com energia e as conversões de produção convencional em orgânicos são lentas, o que mantém esse mercado, embora em expansão, em um nicho acessível em mercados mais elitistas”, ponderou.

Ele explicou que no Brasil o crescimento do mercado de orgânicos é mais lento devido a questões como custo da terra, logística, transporte e insumos. Além disso, pesquisas, e assistência técnica estão voltados majoritariamente para a agricultura convencional, que é o carro chefe da economia brasileira atualmente

Outro desafio é a falta de dados oficiais que dificulta o planejamento estratégico, mas em 2020 o Brasil registrou um aumento de 30% na produção de orgânicos, segundo a Associação para a Produção de Orgânicos (Organis) e gerou US$ 1 bilhão.

“O Brasil possui um processo de certificação participativa e políticas de compra de alimentos da agricultura familiar, o programa de alimentação escolar que são alvos de interesse de outros países, o que valoriza a produção local.

Sistemas alimentares

Em sua fala sobre sistemas alimentares em diferentes escalas, o holandês Walter de Boef, da Universidade e Centro de Pesquisa Wageningen, explicou porque embora a Holanda seja mais de 200 vezes menor do que o Brasil, os dois países estão entre os principais exportadores da agropecuária. Juntos, os dois países respondem por 15% das exportações do mundo. O Brasil é o líder nas exportações de soja e oleaginosas e a Holanda, de flores e lácteos.

“Nós desenvolvemos uma estrutura de sistemas alimentares, que só pode avançar quando há um vínculo muito forte com os “drivers”, ou seja, os fatores socioeconômicos e ambientais, que movimentam e impulsionam o sistema. Para nós, essa abordagem é muito importante porque combina metas objetivas com uma estrutura. Estamos trabalhando com perspectivas futuras agrícolas na Holanda e em vários países da África”, contou. 

Segundo ele, a Holanda, assim como o Basil de Alysson Paolinelli, também contou com visionários como o ex-ministro da agricultura Sicco Mansholt que, no pós-segunda Guerra Mundial, foi responsável por aplicar uma forte política de autonomia de produção de grãos, quando todos os países da Europa enfrentavam fome, e também colaborou com a Política Agrícola Comum (PAC).

“A intensificação do uso de conhecimento na Holanda começou há 100, no início do século 20, quando a base agrícola da Holanda ficou frágil e caíram as exportações. Isso aconteceu na época da fundação da nossa universidade e é importante destacar que já nesta época havia uma política pública de especialização. Na minha família, meu avô foi o primeiro a trabalhar com horticultura e o país começou, pouco a pouco, com a produção de flores, agora somos quase 50% da produção de flores do mundo”, contou. 

Para Boef, este ano, temos quatro eventos internacionais para discutir como será o perfil da agricultura no futuro e será uma oportunidade para a reflexão sobre as responsabilidades dos atuais líderes sobre como avançar para o futuro. Ele explicou que atualmente a Holanda coloca foco não apenas na segurança alimentar, mas também na alimentação e nutrição, e leva a sério as medidas de adaptação às mudanças climáticas, tema incorporado na vida política do país.  “Estamos buscando formas de combinar floresta e vida animal. Na última semana, tivemos eleições nacionais e um dos temas em discussão foi o impacto de reduzir emissões de CO2 e de nitrogênio na agricultura e no setor pecuário. Outro elemento importante o “Green Deal”, a política pública europeia que, entre outras coisas, estabelece cadeias de valor mais curtas.