Fazenda Pontal – Nova Guarita (MT)

Bioma Amazônia

Com uso da integração lavoura-pecuária, manejo de pastagens e estação de monta invertida, fazenda criou um sistema de produção eficiente e com pecuária de ciclo curto.

Quando o produtor José Peres adquiriu a fazenda Pontal, em Nova Guarita (MT), em 1994, a pecuária extensiva era a única atividade viável, apesar da dupla aptidão da área. Aumentar o rebanho e a produtividade eram metas difíceis de alcançar. 

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A situação começou a mudar no início dos anos 2000, quando o produtor e seu filho José Leandro Olivi Peres começaram a usar a agricultura para reduzir custos da reforma de pastagens degradadas ou em degradação. Primeiro foi usado o arroz, depois o sistema Santa Fé, que consorcia milho com braquiária. Após 2005 a soja substituiu o arroz. Mais recentemente, as perdas causadas por porcos do mato e catetos inviabilizaram a cultura do milho e somente a soja continuou sendo cultivada na safra.  

Gráfico, Gráfico de barras, Gráfico de cascata

Descrição gerada automaticamente

Fonte: Bruno Pedreira

Os bons pastos formados após a lavoura fizeram com que a integração lavoura-pecuária se tornasse uma estratégia chave na fazenda. Atualmente, da área aberta na propriedade, 50% são ocupados na safra por lavoura de soja. Após a colheita do grão, o capim já é semeado e toda a área passa a ser ocupada pela pecuária no período seco. 

Os pastos de melhor qualidade após a lavoura possibilitam aumento do rebanho e viabilizaram a tecnificação gradual da fazenda.

“Nós percebemos que quanto mais tecnologia a gente introduzia na propriedade, desde maquinário, mão de obra e insumos, a gente conseguia aumentar a produção. Consegui fazer com que tivesse um crescimento através da tecnologia. A gente colocou quase que uma propriedade em cima de outra”, afirma José Leandro Olivi Peres.

Com problemas com a síndrome da morte da braquiária, o produtor se aproximou da Embrapa e iniciou uma parceria que trouxe ainda mais benefícios para a fazenda. Consequentemente, beneficiou também outros produtores, já que a propriedade se tornou uma Unidade de Referência Tecnológica. No local foram validadas tecnologias e desenvolvido um sistema de produção, chamado de Sistema Pontal.

Sistema Pontal

Para resolver o problema da morte do braquiarão, começaram a ser usadas cultivares mais novas da Embrapa, como a BRS Paiguás, BRS Piatã e BRS Xaraés. O manejo dessas forrageiras, somado ao uso da integração lavoura-pecuária resolveram o gargalo da falta de forrageiras no período seco do ano. A boa oferta de alimento ao longo de todos os meses permitiu adotar o terceiro pilar do Sistema Pontal, a estação de monta invertida.

Com essa estratégia, a inseminação artificial das novilhas deixou de ser feita de outubro a dezembro e passou a ocorrer entre julho e setembro. Com isso, os bezerros passam a nascer entre março e julho e são desmamados no período chuvoso.

“Você tem uma pecuária mais rápida, uma pecuária de ciclo curto. Você vai fazer IATF [inseminação artificial em tempo fixo] e não pega um curral com barro. Pega o curral seco, com uma sanidade mais interessante de se trabalhar. O bezerro nasce e com quatro-cinco meses já pega a chuva. E ele vai ser abatido no próprio ano da desmama”, explica o produtor rural.

Gráfico

Descrição gerada automaticamente com confiança média

Fonte: Bruno Pedreira

Atualmente a fazenda Pontal trabalha com ciclo semi-completo. Os bezerros machos desmamados que atingem determinado peso são encaminhados para a recria na propriedade, ficam nas pastagens de ILP até junho e são terminados em confinamento. Os machos desmamados abaixo do peso definido pela propriedade são comercializados. As fêmeas nelore são inseminadas com 14 meses e com 22 meses já estão com bezerro ao pé. Já as novilhas angus vão para abate com 16 a 17 meses e têm a carne destinada ao mercado gourmet. 

Na recria, de janeiro a março, os animais recebem suplementação de 0,1% do peso vivo (PV), o que resulta em ganhos aproximados de 600g/dia. A partir de abril, são suplementados com 0,3% PV, em pastos permanentes ou pós-lavoura, garantindo ganhos de cerca de 850 g/dia. 

Ao atingirem 420 kg na fase de recria, os animais são levados ao confinamento, onde recebem 1,8% do PV em concentrado e 16 a 17 kg de silagem. Esta dieta proporciona um rápido desenvolvimento aos animais, que são abatidos ao atingirem 510 kg para fêmeas e 550 kg para os machos, aos 16 e 18 meses de idade em média, respectivamente. 

O rendimento de carcaça alcançado tem sido em torno de 59% para machos nelore e F1 angus, e 55% para fêmeas F1. O desempenho por área está em torno de a 15,8 arrobas por hectare ao ano, em que nove arrobas são produzidas nos 120 dias de pastejo nos pastos pós-lavoura.

“Estamos trabalhando com quase 3 UA/ha, uma taxa de prenhez de quase 82% no fechamento geral de todas as categorias, desde precoce primípara, primípara normal e multípara”, celebra José Leandro.

Mais recentemente, o produtor lançou, ainda em pequena escala, a própria marca de carne gourmet para comercializar uma parcela das novilhas precoces da raça angus. 

“Começamos a tentar entender o mercado e passamos a fazer ultrassom na carcaça nas fêmeas angus. Tiramos as 20% melhores, com marmoreio acima de 5 e ratio acima de 47 para fazer a nossa marca. Não é nada grandioso, é uma coisa artesanal. Mas é um grão de areia em que a gente vem buscando um mercado diferente”, explica o produtor.

Parcerias

A agricultura é feita em formato de parceria, na qual o parceiro entra com os insumos químicos, sementes e com a tecnificação. Já a mão-de-obra para semeadura, pulverizações e colheita são de responsabilidade da fazenda Pontal. 

Além dessa parceria, a propriedade tem um grande diferencial na integração de pessoas. Consultores, fornecedores de insumos e prestadores de serviços especializados são envolvidos no processo produtivo e acompanham de perto, buscando obter os melhores resultados. Ao mesmo tempo, a fazenda serve como vitrine para todos eles.

“O grande negócio é esse: primeiro aumento de produtividade; segundo a melhoria de mão de obra, porque você tecnifica sua mão-de-obra tanto agrícola quanto pecuária; e depois a quantidade de parceiros que compram a ideia. A parceria vem para se trabalhar, para aumentar a produção. Então você consegue adquirir tecnologia de pessoas, de empresas e de insumos. Temos pessoas que entendem do processo para que consigam conduzir da melhor forma possível os insumos que a gente adquire”, explica José Leandro.

URT

Por meio de um projeto em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril, a Universidade Federal de Mato Grosso e com apoio de uma rede de parceiros comerciais e técnicos da Fazenda Pontal, a propriedade se tornou uma Unidade de Referência Tecnológica (URT).

As atividades previstas eram para validar o uso de diferentes consórcios forrageiros para a segunda safra. As combinações usadas foram o Sistema Gravataí, que consorcia braquiária com feijão-caupi; braquiária com nabo forrageiro; braquiária com Crotalária ochroleuca; braquiária com trigo mourisco; e um consórcio sêxtuplo com braquiária, nabo forrageiro, trigo mourisco, níger, Crotalária ochroleuca e feijão guandu-anão. Todos eles foram comparados com a pastagem solteira, com a mesma cultivar de braquiária, a BRS Piatã.

Entre os resultados já obtidos, destacam-se a melhoria do teor proteico daqueles consórcios com uso de leguminosas, a boa formação de matéria seca de todos eles e o efeito mitigador de plantas daninhas, sobretudo do consórcio sêxtuplo. Uma infestação de capim camalote na área da pesquisa chegou a ocupar 68% da área com pastagem solteira e menos de 7% na área do consórcio. 

Esses resultados e todos os fundamentos do Sistema Pontal vem sendo apresentados para o setor produtivo em uma série de eventos. O dia de campo da integração lavoura-pecuária JP Agropecuária, realizado em conjunto com Embrapa e Senar-MT já teve seis edições. Quatro delas presenciais, com participação de produtores de diferentes regiões de Mato Grosso. Outras duas edições foram on-line, em 2020, no auge da pandemia de covid-19, e possibilitaram mostrar o sistema produtivo para um público que não teria condições de visitar a propriedade.

As edições on-line e as palestras dos dias de campo presenciais estão disponíveis no Canal da Embrapa no Youtube, na playlist ILPF.

Gabriel Faria (MTB 15.624 MG)

Embrapa Agrossilvipastoril

agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br

Colaboração: Bruno Pedreira 

Fazenda Esperança – Santa Carmem (MT) – Agosto 2022

Quando comprou o primeiro talhão em 1987 do que hoje se tornou a Fazenda Esperança, em Santa Carmem (MT), Invaldo Weiss tinha em mente trabalhar apenas com pecuária de corte extensiva. Foi assim até 1995, quando passou a arrendar parte da propriedade para agricultores. Vendo que a atividade era lucrativa para os arrendatários, decidiu ele mesmo fazer a agricultura a partir de 2001. Começou com o plantio de milho e 20 hectares de soja.

Ao longo do tempo, na medida em que o produtor ganhava experiência e confiança, o espaço com lavoura foi crescendo. No entanto, agricultura e pecuária caminhavam de forma isolada na propriedade. A mudança começou a ocorrer quando Invaldo conheceu a integração lavoura-pecuária e a integração lavoura-pecuária-floresta em visitas à Embrapa Agrossilvipastoril e participando de eventos. Desde então vem adotando gradativamente as tecnologias e modificando todo o sistema da fazenda.

Invaldo Weiss Produtor Rural

Na safra 2021/2022, a propriedade cultivou 2.680 ha de lavoura de soja. Dessa área, 2.000 ha foram cultivados com milho na segunda safra, 180 hectares receberam plantas de cobertura e 500 hectares viraram pastagem, sendo 56 hectares em ILPF e o restante em ILP. Outros 800 hectares da fazenda contam com pastagem, sendo parte da área anteriormente rotacionada com a lavoura. A Fazenda Esperança conta também com 8 hectares de reflorestamento de eucalipto e cerca de 2.500 ha de vegetação nativa.

De acordo com o produtor, a adoção dos sistemas integrados possibilitou mudar a dinâmica do sistema de cria, sobretudo com a inversão da estação de monta.

“Na pecuária convencional, eu teria de fazer a estação de monta nas chuvas, com nascimentos em outubro e novembro. Aí o bezerro está no pé da vaca no início das chuvas. Dá muita requeima, pois a [braquiária] Brizanta esqueta com sol quente e o bezerro está com a pele sensível. Então perdia muito bezerro. Aí comecei a mudar a data da inseminação. Inverter a estação”, explica.

Outra motivação para inversão da estação é o mercado e a disponibilidade de boi gordo em um momento diferente daquele em que há maior oferta.

“Eu não tinha mais como terminar boi a pasto antes de iniciar a seca. Entregava um ano depois, no final da chuva, que é o momento de pior preço. Para fugir dessa situação, mudei a estação, comecei a adubar os pastos, jogar calcário… Consegui uma matriz numa situação melhor. Na estação tradicional a vaca estará com bezerro grande na entrada da seca e ele ainda estará amamentando. Aí ela fica couro e osso. Hoje, se olhar as vacas que desmamamos, não estão gordas, mas estão de 500 kg para cima. Dificilmente tenho vacas em desmama com menos de 500 kg”, argumenta o produtor.

Atualmente a fazenda conta também com um confinamento onde é feita a terminação dos animais. O local é sombreado com árvores para garantir melhor conforto térmico para o gado, que começa a ir para o abate com 16 a 18 meses, no caso dos novilhos precoces.

“Antes de usar a integração, estação de monta invertida e terminação em confinamento, o gado ia para abate com 36 meses. O primeiro lote não saía com menos de 30 meses. Hoje são, no máximo, 24 a 26 meses”.

Na fazenda Esperança a pecuária é feita em ciclo completo, com a maior parte das matrizes da raça nelore. Parte delas é inseminada com sêmen da raça asturiana. O uso da raça espanhola é fruto de um acordo com frigorífico local e a rede de supermercados Carrefour. O primeiro lote da raça foi abatido em agosto de 2022, com a previsão de pagamento de bônus de 5% nos machos e 3% nas fêmeas.

As vacas ficam todas nos pastos de integração lavoura-pecuária, que são os únicos com forragem de qualidade no período seco do ano, de junho a setembro. O uso da ILP possibilitou o fornecimento de capim de qualidade na seca. Os bezerros nascem de maio a julho, período com menor mortalidade e maior facilidade de manejo. Ao mesmo tempo, os bezerros passam o período seco mamando e ganhando peso. São desmamados no período chuvoso e, no próximo período seco já são encaminhados para o confinamento.

A preocupação com o bem-estar animal também se reflete em outros pontos da fazenda. Um curral anti-stress foi construído nos últimos anos. Isso possibilita uma maior tranquilidade no manejo do rebanho e evita lesões.

Todos os pastos possuem bebedouros com água encanada, ofertando-se assina água limpa e de qualidade e evitando-se o acesso dos animais aos cursos d’água.

Nos 56 hectares de ILPF da fazenda foi utilizado o eucalipto como espécie arbórea. A madeira se destina ao uso na própria fazenda, tanto no secador de grãos, quanto na retirada de lascas para as cercas.

O plantio ocorreu em renques de linhas triplas, com distância de 90 metros entre eles. O dimensionamento visou permitir três passadas do maquinário fazenda entre as árvores. Parte das árvores já vem sendo colhidas. Em alguns renques foram retiradas duas linhas e em outros uma linha.

A última inovação da fazenda, visando aumentar a sustentabilidade e também reduzir custos de produção foi a instalação de uma usina fotovoltaica para fornecer energia para toda a propriedade.

Gabriel Faria (MTB 15.624 MG)

Embrapa Agrossilvipastoril

agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br

Fazenda Don Aro | Machadinho D’Oeste – RO Janeiro/2018

Don Aro tem certificação de Boas Práticas Agropecuárias renovada pela Embrapa e avança nos resultados

O pecuarista de Rondônia, Giocondo Vale, vem apostando no sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) para renovar a pastagem, recuperar o solo e, consequentemente, melhorar a produtividade e a lucratividade da fazenda. A adoção de um sistema sustentável de produção, segundo ele, é caminho sem volta e tem servido de modelo para outros produtores do estado e também do Brasil. “Para enriquecer o solo e produzir uma boa pastagem, nós pecuaristas precisamos da agricultura, que ajuda a diluir os custos e aumentar nossos ganhos futuros. Somos prova de que é possível ter uma empresa agropecuária e atuar de forma sustentável, sendo ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo”, argumenta o produtor.

Sua fazenda, a Don Aro, localizada no município de Machadinho D’Oeste (RO), possui 1.680 hectares que se dividem da seguinte forma: 945 em produção, sendo 645 em uso para a pecuária  e 300 para o sistema de ILP. O restante, 270 hectares, são de mata nativa, reposição florestal plantada (76 ha) e as Áreas de Preservação Permanente (APPs) recuperadas. Conta com 1.200 animais na propriedade, onde se produz parte de animais cruzados entre as raças Aberdeen Angus e Nelore, permitindo maior precocidade reprodutiva e de abate, com carne de melhor qualidade e maciez.

Já são sete anos de investimentos em sistema de produção integrado em sua propriedade. Agora, com a pastagem renovada, o gado passou a consumir menor quantidade de suplementos minerais e proteicos e os ganhos também ocorreram na taxa de prenhez, desmama e engorda. Segundo ele, na estação 2016/2017 obteve um índice de prenhez de 95%, com auxílio da Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF). As fêmeas estão sendo desmamadas com 8,35 arrobas e machos com 9,25, na média, aos 09 meses de idade. Das novilhas, 75% são emprenhadas entre 12 e 17 meses e os machos estão sendo abatidos com 20 arrobas aos 24 meses – a média dos pecuaristas da região é de 13 a 14 arrobas neste mesmo período. “Estes bons resultados têm permitido considerável aumento de ganhos, com expressiva melhora dos lucros. Saímos de meia unidade animal por área, há cinco anos, para três agora”, conta Giocondo Vale, que pretende chegar aos 2 mil animais na área produtiva da fazenda. O médico veterinário responsável pela propriedade, Hassan Oliveira Kassab afirma que os investimentos em genética, nutrição e protocolos sanitários respondem positivamente quando as pastagens são melhoradas, somando para os bons resultados obtidos.

O foco da fazenda Don Aro é a pecuária. Desta maneira, a integração Lavoura-Pecuária (ILP) adotada na propriedade é temporal, ou seja, uma área é utilizada por alguns anos integrando lavoura e pecuária e, na sequência, se estabelece somente pastagem com gado por mais alguns anos. “Assim, aproveitamos a consolidação dos solos feita pela agricultura, oferecendo uma pastagem de alta qualidade com custos diluídos. Num segundo momento, a partir de 2021, será plantado, após colheita da soja, o milho na safrinha, objetivando a produção de grãos para a terminação de bois no sistema grãos inteiros”, explica Giocondo Vale. Quanto ao componente florestal, a fazenda optou pelo plantio em blocos, que estão inseridos nas áreas de grãos ou de pecuária.

O caso da Fazenda Don Aro está servindo de modelo para Rondônia e Amazônia. As vantagens da ILPF em âmbito nacional são comprovadas por análises de viabilidade técnica, econômica, social e, principalmente, ambiental. Sua aplicação nos diferentes biomas e possibilidades de combinações entre agricultura, pecuária e floresta, sejam elas integrações agropastoris (lavoura e pecuária), silviagrícolas (floresta e lavoura), silvipastoris (pecuária e floresta), ou agrossilvipastoris (lavoura, pecuária e floresta), oferecem tanto ao produtor quanto ao sistema grande versatilidade e possibilitam que componentes culturais, econômicos e ambientais sejam considerados para a perfeita adequação à realidade da região.

Segundo o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia Frederico Botelho, o sistema de integração lavoura-pecuária é o modelo mais adotado no estado, tanto pelo pecuarista como pelo agricultor. “Os pecuaristas buscam com a ILP amortizar os custos de recuperação de suas pastagens com a produção de grãos, aumentar a capacidade produtiva de suas pastagens e produzir pastagens de melhor qualidade. Já os agricultores buscam na ILP os benefícios que estes sistemas proporcionam para a fertilidade do solo (química, física e biológica), potencializa o uso do sistema de plantio direto na palha, e incrementa os índices de produtividade da propriedade”, explica. Além disso, ele complementa que, uma das grandes vantagens deste sistema para Rondônia, estado tipicamente pecuário – aproximadamente 13 milhões de cabeças, é a disponibilidade de forragens em quantidade e qualidade em um período em que em sua maioria as pastagens estão secas.

Certificação de Boas Práticas Agropecuárias da fazenda é renovada
As práticas incorporadas por Giocondo há anos encontraram no Programa de Boas Práticas Agropecuárias – Bovinos de Corte (BPA), coordenado pela Embrapa, orientações para que ele pudesse ajustar e melhorar as atividades realizadas em sua propriedade, tornando o sistema de produção mais sustentável, competitivo e rentável. A Fazenda Don Aro foi a primeira propriedade de Rondônia a receber o atestado de adequação pelo BPA, no ano de 2014, e ele foi renovado agora, em 2017. Foi ainda a segunda da região Norte a receber a classificação ouro, por atender a 100% dos itens obrigatórios e 90% dos altamente recomendáveis pelo Programa.

A adoção da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e suas variáveis não é obrigatória no BPA, mas é um item altamente recomendável dentro do programa. Sabendo disso, Giocondo Vale adotou o sistema e não se arrepende. “Num primeiro momento a produção em sistema integrado e a busca pela sustentabilidade em um empreendimento rural eram desconhecidas por grande parte da nossa região. Hoje percebemos as vantagens de uma produção integrada e sustentável”, reforça o pecuarista.

Para Giocondo Vale, a certificação do BPA abriu portas. “Consegui abertura para financiamento junto ao Banco da Amazônia, preços diferenciados em compra de sal e venda do rebanho e uma segurança junto à sociedade de que atuo de maneira sustentável”, declara.

Propriedade modelo em sustentabilidade na Amazônia
O município de Machadinho d’Oeste estava entre os 43 municípios da Amazônia que mais desmatavam na região e fez parte das ações do programa Arco Verde Terra Legal, do governo federal, que realizou ações para reduzir o desmatamento e promover o desenvolvimento sustentável da região, em uma parceria com Embrapa e outras instituições. Na contramão do desmatamento, Vale trabalha há 25 anos com a pecuária em 1.680 hectares de terras, sem a utilização de fogo e com práticas sustentáveis. A propriedade encontrasse adequada com as questões ambientais, preservando e mantendo coberta por vegetação nativa, reposições florestais em blocos e Áreas de Preservação Permanente (APPs) com o Cadastro Ambiental Rural (CAR) já efetuado no órgão responsável.

A Fazenda Don Aro também é a primeira em Rondônia na aplicação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), bem como do Plano ‘Lixo Zero’. Além da tríplice lavagem de agrotóxicos, é realizada a coleta seletiva com o devido destino de cada grupo, de acordo com a legislação. Ele também recuperou todas as APPs, com plantio de mudas de espécies nativas, e ainda tem o plantio de 11 mil pés de castanheiras-do-brasil, o maior plantio individual realizado por pessoa física no Brasil.

Segundo Vale, ser sustentável hoje em dia é mais do que um discurso apenas, tornou-se uma questão de necessidade até para que existam recursos para as gerações futuras. Para isso, é preciso mudar comportamentos e garantir a continuidade dos recursos.  “Conhecimento só para mim é inútil. Ele deve ser compartilhado, multiplicado aos quatro cantos. Acredito que não adianta meu negócio ir bem, o mundo deve ir no mesmo sentido. Nós vivenciamos a sustentabilidade no nosso dia-a-dia e aplicamos em todas as atividades da propriedade.”, argumenta Giocondo.

Tratados como parceiros de negócios, Giocondo conta que este ano, oito trabalhadores fixos, todos devidamente registrados, deverá receber até o 16º salário, pois têm participação nos lucros. “Eles colaboram produzindo e eu, como empresário, dou retorno a eles com uma série de benefícios. Somos como uma engrenagem, todos os dentes são necessários para que funcione e isso é reafirmado semanalmente à equipe”, explica.

Fazenda de RO ganha premiação nacional em sustentabilidade
A Don Aro ficou em segundo lugar no prêmio Fazenda Sustentável 2017, da Globo Rural. Foram 47 propriedades rurais de todo o Brasil inscritas. Na primeira etapa foram selecionados 13 finalistas e, destes, o três mais bem colocados. O concurso teve como principal critério o uso múltiplo da terra, a partir das boas práticas agropecuárias e eficiência no uso de recursos. As propriedade são avaliadas com base em critérios em que constam boas práticas agropecuárias e sociais, além da viabilidade econômica do negócio. A premiação aconteceu dia 5/12, em São Paulo (SP) e o proprietário da Don Aro, Giocondo Vale foi receber o prêmio, juntamente com sua família.

Conheça mais sobre a Fazenda Don Aro

https://don-aro.com/

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Fazenda Santa Maria | Rio Crespo – RO – Abril/2018

 Com ILP, fazenda Santa Maria quadruplica a produtividade da pecuária

Os irmãos José Carlos Pignaton e Saulo Pignaton estão promovendo uma verdadeira revolução produtiva em Rondônia com a adoção da Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O sistema está implantado na Fazenda Santa Maria, em Rio Crespo, a 198 km de Porto Velho. São 4.500 hectares em que 2 mil hectares são agricultáveis, apenas 800 estão ocupados por pastagens, mas com isso se produz 68,5% mais carne do que em 2015. Quando implantaram a ILP, a lotação era de 1,33 UA (unidade animal) e a produção de 6,91 arrobas por hectare (@/ha). Em 2016, esses índices subiram e devem chegar a 3,67 UA e 28,5@/ha em 2020.

Os irmãos foram do Espírito Santo para Rondônia em 1998 para trabalharem com madeira e adquiriram a fazenda em 2002 com foco na pecuária, cria, recria e engorda. E foi depois de um surto de cigarrinha, em 2013, que eles começaram a repensar a forma de lidar com a pecuária, inserindo a agricultura na área. “Há quatro anos nós plantamos soja e há dois nós confinamos o rebanho, dando prioridade à engorda”, diz Saulo, complementando que também tem gado a pasto, num sistema de semiconfinamento que segue depois para o confinamento.  Na área em que cultiva a soja, faz uma safrinha com a Brachiaria Ruziziensis, utilizada como cobertura de solo e fonte de alimento para animais na entre safra.

O produtor destaca que o preparo do solo para o plantio da soja e a compra de máquinas de alto custo são desafiadores para a implementação da ILP, mas são investimentos que, segundo ele, valem a pena. “A pecuária para ser lucrativa precisa de investimentos”, destaca Saulo Pignaton.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, Frederico Botelho, a integração Lavoura-Pecuária em Rondônia se ajusta bem à realidade do estado, que tem na pecuária uma de suas principais atividades. A ILP em Rondônia vem se expandindo em áreas de pastagens degradadas, tornando essas áreas cada vez mais produtivas e eficientes. No estado, Botelho destaca dois tipos principais de integração: a realizada por pecuaristas que recuperaram suas pastagens com o cultivo das lavouras; e os agricultores que estão vindo de outras regiões para ocupar áreas de pastagens degradadas, com foco na agricultura, e que na entre safra, incorporam a pecuária em seus sistemas, incrementando os ganhos com o uso de áreas que estariam ociosas.

 

Conheça mais sobre a ILPF da Fazenda Santa Maria

 

 

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Fazenda Esperança | Rio Branco – AC – Maio/2018

Integração de culturas transformou área improdutiva em fonte de renda para agricultores

Com 140 hectares de pastagens, a propriedade do casal Francineide da Paiva Silva e Arildo de Souza Monteiro, no projeto de assentamento Moreno Maia, em Rio Branco (AC), tinha uma área que estava prestes a ser abandonada.

“Essa era a única parte que deu problema, o solo era muito seco. Tudo que a gente plantava aqui não dava certo e estávamos pensando até em isolar o local quando propuseram instalar esse sistema de Integração Lavoura-Pecuária- Floresta (ILPF). Deu tão certo que depois da colheita do milho eu resolvi voltar a criar galinhas, porque tinha alimento em abundância para essa criação que eu gosto tanto”, conta Francineide, mais conhecida como dona Boneca.

A história começou quando o casal participou de um curso sobre ILPF na Embrapa e percebeu que poderia reformar aquela parcela da pastagem. Depois disso, eles cederam dois hectares para uma unidade de demonstrativa, instalada em novembro de 2013, pela equipe da Embrapa Acre. Em quatro anos, a família produziu, nas entrelinhas das árvores, milho, feijão, mandioca, melancia, abóbora e em 2017 instalou um cultivo de maracujá.

A produtividade surpreendeu a todos: o milho obteve uma média de 4 toneladas por hectare, já o feijão chegou a produzir aproximadamente 1000 quilos por hectare, enquanto a média do Acre é de 550 quilos por hectare. A mandioca ficou em torno de 28 toneladas por hectare.

“Foi uma produção excelente para a região, com culturas típicas da agricultura familiar, em que só o preparo do solo foi mecanizado”, conta o pesquisador da Embrapa Acre, Tadário Kamel, que coordenou a ação. 

“No primeiro ano quase que não conseguimos colher todo o milho, porque era colheita manual e produziu demais. No segundo ano nós tivemos que contratar pessoal para ajudar”, afirma dona Boneca.

Passo a passo

Para instalação do sistema ILPF, o primeiro passo foi verificar se a área tinha aptidão agrícola, com relevo plano, característica importante para o cultivo de grãos na região.  

“Depois vieram as etapas típicas de um projeto agrícola. Fizemos a coleta de amostras de solo, as análises para cálculo de calagem a adubação e partir daí o preparo do solo. O plantio do milho foi realizado junto com as árvores desde o primeiro ano. Na sequência, vieram os tratos culturais para as árvores: poda, adubação e controle de formigas e o manejo da lavoura”, comenta Kamel.

Segundo Kamel, o plantio das árvores concomitante à cultura agrícola tem o objetivo de aumentar a taxa de sobrevivência das árvores.

“O efeito residual da adubação do cultivo agrícola melhora o desempenho do crescimento das árvores, tanto em altura quanto em diâmetro. Os espaçamentos mais utilizados são de 18 a 30 metros na entrelinha das árvores e na linha de 3 a 5 metros entre plantas. Nessa Unidade Demonstrativa, foi utilizado o espaçamento de 20 metros entre as árvores, com linhas simples, recomendadas para arborização de pastagens e para que se tenha uma maior distribuição da sombra”.

Árvores Nativas

Além do tradicional eucalipto, o sistema adotado na área da dona Boneca conta com duas espécies florestais nativas da região amazônica: o  bordão-de-velho (Samanea tubulosa) e o mulateiro (Calicophyllum spruceanum). A escolha dessas duas espécies se baseou em resultados de pesquisas anteriores, realizadas em sistemas silvipastoris, que combinaram árvores, pastagens e gado na região de Rio Branco (AC).

O bordão-de-velho é uma leguminosa, de ocorrência espontânea, com alta capacidade de fixar nitrogênio, característica que ajuda a melhorar a fertilidade do solo e o valor nutritivo da pastagem. Segundo Kamel, nas áreas a pleno sol, o teor de proteína bruta na forragem foi de 8,5%, enquanto à sombra da copa do bordão-de-velho esse índice subiu para 11,45%. Já o crescimento da pastagem sob a copa da árvore aumentou em 25% em relação ao pasto a pleno sol.

A escolha do mulateiro está mais relacionada aos benefícios proporcionados pelas características da árvore e pelo valor comercial da madeira. Essa espécie nativa de grande porte e crescimento rápido possui copa de formato oval e densidade rala, permitindo ao mesmo tempo luz e sombreamento moderados, condições que influenciam positivamente a qualidade da forragem.
 

Resultados

“Tinha muita gente dizendo que não iria dar certo, que seria melhor nem cultivar nada em uma área como essa. Mas tem dado lucros e ainda têm as árvores lindas que estão crescendo. A gente já viu muitos cultivos bonitos aqui dentro e eu nem imaginaria que conseguiria reformar a pastagem tão rápido. Cada dia eu aprendo mais e quero ver de novo o capim crescer para eu colocar minhas vacas de leite aqui nessa área”, conta dona Boneca.

Para o pesquisador Tadário Kamel, o empreendedorismo do Arildo e da dona Boneca chamou a atenção.

“O aspecto que mais me deixou satisfeito, além do caráter técnico, foi a capacidade do casal de empreender. Eles  acreditaram na tecnologia ILPF e incorporaram os conceitos dos sistemas integrados. Os produtores rurais tem gerado renda, usando a própria mão-de-obra na manutenção de culturas típicas da agricultura familiar, importantes na região norte”, comemora.

 

Caso de sucesso: uso de ILPF na Agricultura Familiar

 

 

 

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Fazenda Platina | Santa Carmem – MT Novembro/2015

Fazenda Platina apostou na integração lavoura-pecuária como forma de reformar as pastagens. Hoje produz soja na safra e boi na safrinha e contabiliza vantagens.

Com pastagens se degradando, o pecuarista Valdemar Antoniolli sentiu a necessidade de tomar uma atitude para melhorar sua produtividade e garantir o lucro na Fazenda Platina, em Santa Carmem (MT). Sem condições de bancar o replantio da forrageira, ele viu na agricultura uma forma de reduzir os custos com a recuperação dos pastos. Foi aí que entrou no que ele considera um caminho sem volta: a integração lavoura-pecuária (ILP).

“Hoje não faríamos mais pecuária sem agricultura e nem agricultura sem pecuária”, afirma Antoniolli. 

O processo de transição começou há oito anos, aos poucos. Ele buscou auxílio de um consultor técnico e inicialmente destocou 380 ha da fazenda. Corrigiu a acidez do solo e plantou arroz. Após dois anos de lavoura, voltou ao capim. A partir daí passou a plantar soja na safra e milho consorciado com braquiária na safrinha. Após a colheita do milho ficava com a pastagem para o gado.

 Aos poucos, com o lucro da agricultura, Valdemar Antoniolli foi expandindo a área de integração lavoura-pecuária e modernizando o maquinário da fazenda. Hoje todos os 2.400 ha que são de áreas produtivas na propriedade rural já estão em integração. Além disso, ele já consegue fazer todas as atividades da fazenda com recursos próprios, sem necessidade de financiamento bancário.

Sistema produtivo

De acordo com o produtor, a estratégia produtiva da fazenda é de no período da chuva ter 40% da propriedade com lavoura, enquanto 60% se mantém na pecuária. Na seca, os animais entram em 100% dos talhões. Além disso, é feita uma rotação de forma que um pasto fica no máximo quatro anos com forrageira antes de retornar à agricultura.

Hoje, no entanto, a Fazenda Platina não faz mais safrinha de milho. A pastagem é semeada logo após a colheita da soja, ganhando mais tempo para a pecuária.

“Nossa safrinha é carne, é proteína. Com a safrinha de milho, além de deixarmos de usar os pastos de braquiária já no mês de abril, não compensa porque muitos vizinhos plantam milho. Fica fácil para a gente comprar e, pelo pouco milho que usamos, não é economicamente viável”, explica Valdemar Antoniolli.

Atualmente a Fazenda Platina faz cria, recria e engorda. Está terminando de montar uma estrutura para também fazer o acabamento dos animais.

Benefícios

Desde que começou a fazer a integração lavoura-pecuária, a Fazenda Platina passou de um rebanho de 1.700 cabeças para 4.500 cabeças. Isso mesmo com a utilização em lavoura de parte da área antes destinada à pecuária. O tempo médio de abate dos animais também foi reduzido em quase um ano.

Na agricultura, a soja teve um aumento de produtividade de 5 a 7 sacas. Além disso, outros benefícios foram notados, como maior acúmulo de matéria orgânica no solo, ciclagem de nutrientes, melhor cobertura do solo, manutenção da umidade do solo reduzindo o estresse das plantas em ve

ranicos, menor incidência de plantas daninhas, além da diversificação da renda.

“O grande negócio da integração é que você tem faturamento mensal o ano inteiro. O que acontece é que um lavoureiro não gosta de gado e o pecuarista não gosta de lavoura. É difícil de aceitar essa integração. Mas eu diria que todos que são produtores, deveriam, de uma maneira ou outra, se encaixar, para o bem deles. Porque todo mundo gosta de resultado econômico”, aconselha Antoniolli.

Árvore

O próximo passo da Fazenda Platina é dar acesso á sombra aos animais, gerando maior conforto térmico. Para isso, serão plantadas árvores paralelas às cercas da propriedade. 

Sobre a utilização das árvores dentro dos sistemas de integração, formando um sistema agrossilvipastoril, o produtor ainda tem ressalvas. Ele que também é empresário do setor madeireiro acredita que, no momento, o mercado para a madeira de reflorestamento ainda é incerto. De acordo com a percepção dele, devido à distância de mercados consumidores, atualmente somente a teca seria economicamente viável. Outras madeiras, afirma, seriam apenas para suprir a demanda da própria fazenda, com mourões e secador de grãos.

“Nossa safrinha é carne, é proteína. Hoje não faríamos mais pecuária sem agricultura e nem agricultura sem pecuária.”

Valdemar Antoniolli.
Agropecuarista e madeireiro. Proprietário da Fazenda Platina Santa Carmem – MT”

Fazenda Bacaeri | Alta Floresta – MT – Julho/2015

Buscando madeira de qualidade e melhor retorno por hectare, Fazenda Bacaeri aposta no sistema silvipastoril

Localizada no município de Alta Floresta, no norte de Mato Grosso, a fazenda Bacaeri trabalha há cerca de 30 anos com a silvicultura de teca. Na década de 1990, buscando diversificar a produção, o proprietário, Antônio Passos, também passou a criar gado de corte. Alguns anos depois, ele percebeu que poderia aproveitar melhor a área da fazenda juntando na mesma área as duas atividades. Foi assim que começou a testar o sistema silvipastoril.

Como na época havia pouca informação sobre a integração entre pecuária e floresta, ele começou a fazer testes com diferentes espaçamentos. Hoje, trabalha com linhas simples de teca, com distância de 20m, 17m ou 15m entre elas.

Nos espaçamentos maiores, a distância entre as árvores nas linhas é menor, o que faz com que a população média de toda a área integrada seja de 200 árvores por hectare. Os espaçamentos utilizados no plantio em ILPF são 20mx2,5m, 20mx3m, 17mx3m, 17mx3,5m e 15mx4m.

“A gente percebeu o potencial de crescimento da teca nesse tipo de solo da fazenda e nesse clima. A gente tinha notícias da parte comercial, do preço final de venda dessa madeira e da escassez que já estava tendo no fim da década de 1990 de madeira nativa”, conta Antônio Passos, que montou uma serraria na fazenda para processar a madeira.

Atualmente quem cuida da fazenda é o filho do proprietário, Fernando Passos. De acordo com ele a Bacaeri conta com 1.200 hectares de teca em plantio exclusivo e 600 hectares em sistema silvipastoril. A cada ano a área em integração é ampliada de 50 a 100 hectares.

“Estamos ampliando anualmente. Não tem uma meta já estabelecida, até porque ainda não sabemos quais as áreas da fazenda não são aptas para esse sistema. Ainda tem muita discussão. Mas acredito que chegaremos em torno de 5.000 hectares quando terminar o plantio”, prevê Fernando.

Se a previsão se confirmar, 75% da área hoje ocupada pela pecuária na fazenda Bacaeri contará com sistema silvipastoril.

Fernando explica que a decisão de integrar a silvicultura com a pecuária partiu da tentativa de minimizar o tempo em que a terra fica sem gerar lucro. Enquanto o manejo da teca só é feito com 15 a 25 anos, a pecuária poderia gerar receita já a partir de três ou quatro anos.

Além do retorno financeiro mais imediato e da diversificação de receitas, Fernando Passos vê outras vantagens no sistema silvipastoril. De acordo com ele, a meta da fazenda é chegar a um modelo de espaçamento entre as árvores e entre as linhas que não necessite de desbaste durante todo o ciclo. Assim será possível reduzir despesas e o trabalho com árvores sem potencial de uso em serraria.

“Como você tem menos árvores por hectare, você consegue ter um trabalho de mais qualidade. No sistema tradicional muitas vezes você tem de fazer intervenções em árvores sem potencial”, afirma.

Na criação de gado de corte Fernando afirma não ter percebido diferenças em relação à área com pecuária exclusiva. Ambos os sistemas funcionam com a média é de 2 UA (unidade animal) por hectare. Entretanto, é perceptível a preferência dos animais pela sobra em um local em que a temperatura média durante o dia ultrapassa os 30o C. Na pastagem também não foi observada diferença de produtividade em decorrência da presença das árvores.

Fernando explica que nas novas áreas de ILPF é feito um trabalho agressivo de poda para estimular o crescimento vertical das árvores. Os animais de desmama entram de 6 a 18 meses após o plantio.

 “O determinante que observamos é que é seguro soltar os animais quando as árvores estão com 3 metros de altura”, explica Fernando.

A expectativa da fazenda é que os primeiros cortes da teca em áreas de sistema silvipastoril sejam feitos a partir de 2.020, quando os talhões mais antigos completarem 12 anos.

Desde 2010 a fazenda Bacaeri passou a ser uma das Unidades de Referência Tecnológica e Econômica acompanhadas pela Embrapa em Mato Grossso. O local é utilizado em atividades de transferência de tecnologia, como visitas técnicas e dias de campo, e também é um campo de coleta de dados para pesquisas sobre viabilidade econômica de sistemas ILPF.

Confira abaixo uma palestra de Fernando Passos sobre o mercado da teca em Mato Grosso

 

Veja mais informações sobre a fazenda Bacaeri (a partir dos 9 min de vídeo)

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Fazenda Dona Isabina | Santa Carmem – MT Novembro/2016

Fazenda Dona Isabina foi a primeira URT de ILPF em Mato Grosso

A diversificação da produção, gerando maior segurança, foi o que motivou o produtor Agenor Pelissa a aceitar o convite da Embrapa e instalar, em 2005, na Fazenda Dona Isabina, em Santa Carmem (MT), uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) de integração lavoura-pecuária.  Foi o primeiro contato dele com a tecnologia que viria a adotar em grande escala anos depois.

Agricultor e pecuarista, Pelissa produzia em áreas separadas soja, arroz (grão e semente) e bovinos de corte. Desta forma, a ILP foi configurada de modo a integrar as três atividades, atendendo as necessidades da fazenda.

Para isso, uma área de 100 ha foi dividida em cinco talhões de 20 ha. O sistema de rotação e sucessão de culturas foi assim configurado:

Etapa Safra Safrinha
1 Soja precoce Milheto + B. ruziziensis
2 Arroz B. ruziziensis
3 Soja precoce Milho + braquiária
4 Braquiária Braquiária
5 Braquiária Braquiária

 

“Na época das chuvas os bois ficam numa área restrita, chamada de área pulmão, e na seca, quando temos menor disponibilidade de forragens, nós temos a área de lavoura e o boi vai para a roça onde acaba comendo restos da palhada de milho, restos de milheto e a Braquiária ruziziensis que foi implantada nessas áreas. São experiências que deram certo”, avalia.Cada talhão começou o projeto em uma das etapas, de modo a manter na safra sempre dois módulos com soja, um com arroz e dois com pastagem, garantindo a rotação e sucessão em todos eles.

Todo o desenvolvimento da ILP na Fazenda Dona Isabina foi acompanhado por outros produtores, profissionais e estudantes da região, que puderam participar de dias de campo e visitas técnica à fazenda.

Resultados econômicos

Um acompanhamento econômico feito por um projeto realizado pela Embrapa Agrossilvipastoril, Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária e Rede de Fomento ILPF na integração lavoura-pecuária da Fazenda Dona Isabina entre 2005 a 2012 demonstrou que o sistema integrado teve resultados econômicos melhores naquele período do que o modelo produtivo mais comum na região, com o cultivo de soja na safra e milho na safrinha.

Para cada R$ 1 investido pelo proprietário no sistema integrado, o lucro foi de R$ 0,53. Já a fazenda modal da região, com agricultura exclusiva, neste mesmo período teve um prejuízo de R$ 0,31. O lucro anual de cada hectare na ILPF foi de R$ 230, muito superior ao prejuízo anual médio de R$ 116 da sucessão soja e milho.

 

Indicadores Fazenda Modal Fazenda Dona Isabina
VPLA* -R$ 115,97 ha-1 R$ 230,21 ha-1
ROIA -5,09% 6,24%
Índice de Lucratividade R$ 0,69 R$ 1,53
*Valor por hectare/ano

A vantagem da ILP se deu em um cenário de preços baixos das commodities agrícolas nos anos de 2005 e 2006 e de aumento dos custos de produção. Dessa forma, a presença da pecuária no sistema ajudou a equilibrar as contas, demonstrando a vantagem da diversificação.

“Com esse sistema o produtor passou a ter quatro fontes de renda na mesma área. Mais opções de renda transmitem a ele maior segurança. Dificilmente vai ter todas essas commodities com preços baixos”, analisa o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Flávio Wruck, que acompanhou desde o início o trabalho de integração na fazenda.

Expansão

Satisfeito com os resultados obtidos com a integração lavoura-pecuária na Fazenda Dona Isabina, Agenor Pelissa expandiu a estratégia para outra fazenda que possui, passando a adotá-la em escala ainda maior.

“Pela experiência, deu para perceber a viabilidade do projeto e a gente acabou estendendo isso para uma outra propriedade, numa área bem maior”, afirma.

Na Fazenda Dona Isabina, em uma área de 10 ha, Pelissa também passou a testar uma configuração de integração com o componente florestal. Para isso plantou quatro clones de eucalipto (H13, GG100, I 144 1277) em configuração de linhas simples e de linhas triplas. O objetivo é utilizar a madeira para produzir mourões para as cercas da propriedade e vender parte da madeira grossa para serraria.

A distância entre renques foi de 24 metros, definida em função do tamanho da barra do pulverizador usada na propriedade (21m) acrescida de 1,5 m de sobra em cada lado para possibilitar o manejo da área.

Após dois anos de lavoura de soja, arroz, feijão, feijão-caupi e milho consorciado com braquiária entre os renques, foram inseridos na pastagem bovinos de corte e ovinos.

“Com esse sistema, além de melhorar a questão do bem-estar do gado, depois de sete a oito anos teremos a madeira para ser explorada. Unindo isso, pensando na parte ambiental, financeira e na estrutura que a fazenda já tem, achamos viável e acredito que esse seja o caminho para uma produção mais sustentável”, afirma Agenor Pelissa.

Texto: Gabriel Faria (mtb 15.624/MG JP) 
Embrapa Agrossilvipastoril 
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br 
Telefone: 66 3211-4227

 

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Fazenda Gamada | Nova Canaã do Norte – MT Julho/2015

Desde 2009, a Fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte (MT) aposta na ILPF. Sistema ajudou a recuperar pastagem e já fornece madeira para as cercas e para secador de grãos.

A busca pela diversificação da produção foi um dos fatores que levou os produtores Mário e Daniel Wolf a apostarem na integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte (MT). Em 2009 eles aceitaram o convite de pesquisadores da Embrapa, Unemat e UFMT para implantar uma Unidade de Referência Tecnológica de ILPF em uma área de 100 hectares.

“A fazenda sempre buscou novas tecnologias. Como era um experimento novo, a gente acreditou nesse projeto e hoje a realidade está nos mostrando que a ILPF é uma boa opção dentro da propriedade”, afirma Mário Wolf.

No local onde antes era praticada a pecuária extensiva em um pasto em estágio de degradação química, foram plantadas quatro espécies florestais (eucalipto, teca, pinho-cuiabano e pau-de-balsa) em configurações de linhas simples, duplas ou triplas. Entre os renques foram plantados arroz, soja/feijão, soja/milho consorciado com braquiária durante três anos agrícolas. A partir de então, com a colheita do milho, o capim ficou na área e os animais entraram no sistema.

Com a fertilidade do solo reestabelecida e com pastagem renovada, a pecuária passou a ter resultados superiores aos obtidos anteriormente.

“Depois da implantação do projeto a gente dobrou a capacidade de suporte da pastagem. Antes era de 1 a 1,5 unidade animal (ua) por hectare e hoje é de 3 a 3,5 ua/ha, dependendo do módulo em que trabalhamos”, afirma Daniel Wolf.

A taxa de lotação na ILPF da fazenda é ajustada de acordo com a incidência solar nos piquetes, uma vez que algumas espécies florestais geram maior sombra e consequentemente, inibem o crescimento da pastagem.

Além da maior capacidade de suporte, o sistema integrado também tem proporcionado maior ganho de peso diário aos animais.

“Os animais dentro do sistema tiveram um ganho médio de 700 gramas/dia considerando os períodos de seca e chuva. Antes, numa pastagem normal, o ganho era de aproximadamente 400 gramas. Houve um incremente de 300 gramas por dia”, contabiliza Daniel Wolf.

O uso do componente florestal na ILPF buscou atender à demanda da própria fazenda por lenha e mourões tratados. Além disso, parte da madeira poderia ser direcionada para serraria, gerando renda para os produtores. O primeiro desbaste ocorreu cinco anos após o plantio das árvores.

“Nós já utilizamos o primeiro desbaste de eucalipto para lenha do secador de grãos e também para mourões da cerca. Tiramos mais de cinco mil lascas para cerca. A teca, nós usamos no primeiro desbaste para mourões, mas no segundo desbaste já destinaremos para serraria em virtude do valor agregado que a madeira tem”, relata Mário Wolf.

Entretanto, como pioneira, a Fazenda Gamada também teve experiências frustradas. Uma delas foi com a configuração com pau-de-balsa. Devido ao rápido e intenso crescimento, as árvores sombrearam toda a pastagem, inviabilizando o crescimento da planta forrageira. O resultado mostrou a necessidade de ajustes no espaçamento e na densidade de árvores quando essa espécie for utilizada.

Referência regional

 Pelo pioneirismo e pelos resultados que vem colhendo, a fazenda Gamada tornou-se uma referência na região norte de Mato Grosso e um exemplo de que é possível produzir de maneira diversificada e com sustentabilidade no bioma Amazônia.

Para divulgar a ILPF, possibilitar a troca de experiências e transferir o conhecimento adquirido sobre a tecnologia, todos os anos a fazenda Gamada sedia dias de campo e recebe comitivas nacionais e estrangeiras em visitas técnicas.

Veja mais sobre a história da fazenda Famada no vídeo abaixo

 

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Estância Vanda | Paranaíta – MT – Julho/2018

Necessidade de sombra leva produtor de leite a usar a ILPF em Mato Grosso

Quando se mudou do Paraná para o município de Paranaíta, no norte de Mato Grosso, em 2010, o produtor de leite Nivaldo Michetti teve de encarar entre muitos desafios, as altas temperaturas da Amazônia. E foi justamente a necessidade de oferecer sombra e conforto térmico para seu gado de sangue europeu que o levou a usar a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) na Estância Vanda.

A propriedade tem 100 hectares, sendo que 35 hectares são de reserva. Da área produtiva, 24 hectares já estão em ILPF e são usados para a produção leiteira. A área restante é formada por pastos destinados à pecuária de corte, que em breve também serão arborizados.

Conhecido no meio leiteiro em todo o país como um entusiasta da pecuária de leite e motivador da agricultura familiar, Nivaldo Michetti deixou uma vida relativamente confortável na propriedade que conduzia no Paraná para encaram um desafio em Mato Grosso. Queria mostrar que era possível produzir leite em pequenas propriedades com lucro e sem necessidade de grandes investimentos, desde que usando a terra com os preceitos corretos das ciências agrárias. Além disso, queria transmitir um pouco do conhecimento adquirido em 35 anos de atividade para produtores de outra região do país.

Para cumprir seu objetivo, buscou uma área degrada. Queria mostrar que era possível transformar a terra em qualquer condição. Sete anos após a chegada à área, a Estância Vanda faz brilharem os olhos de quem a visita. Quem viu a “terra de cemitério” adquirida por sr. Nivaldo, como ele mesmo ouviu dizerem na época, e passa hoje pela Estância, se impressiona com a transformação.

Após a correção do solo e adubação, os pastos foram reformados. Como o capim Marandu acabou não resistindo aos solos encharcados e sucumbindo com a síndrome da morte do brizantão, hoje os piquetes demonstram uma variedade de capins, entre cultivares de Panicum, Braquiárias e Cynodon.

A formação dos pastos foi feita em uma rotação com a agricultura, principalmente com lavouras de milho, usadas para produção de silagem para o gado.

Acostumado a trabalhar com rebanho formado pelo cruzamento de gado Jersey com Holandês no Paraná, optou-se por manter o plantel de sangue europeu. A opção se deu tanto pelas características produtivas quanto pela docilidade do rebanho, condição demandada pela sra. Vanda, esposa de Nivaldo e responsável pela ordenha.

“Nosso rebanho tem se comportado bem. Tirei jovens animais de minha propriedade no Paraná e trouxe para cá há sete anos. Não posso dizer que é o melhor gado para se trabalhar na região, mas eu me dei bem. O grande tabu, o grande risco, que é o carrapato a gente tem conseguido contornar bem”, afirma Nivaldo Michetti.

Conforto térmico

Para manter a produtividade do rebanho europeu com temperaturas sempre acima de 30°C era necessário ter sombra. A primeira opção foi usar sombrites, porém o vento, a chuva e o próprio sol mostraram que essa não era a melhor estratégia. A opção então foi por plantar árvores.

A partir de 2014 começou a plantar mudas de eucalipto e mogno africano em linhas simples com espaçamento de 35 metros entre elas. No entre-renque conduziu lavoura de milho na fase inicial das árvores e depois isolou-as com uma cerca de um fio eletrificado.

“Usamos 35 metros considerando que estamos no bioma Amazônico, onde as árvores crescem muito rapidamente. Então pensamos que se fizéssemos num espaçamento menor, talvez tivéssemos excesso de sombra”, explica.

Incialmente foi plantando as árvores nos piquetes em que havia necessidade de reformar a pastagem. Adubava a área, fazia a semeadura direta do milho e simultaneamente plantava as árvores.

“Muitas vezes até não tinha necessidade de reformar aquela pastagem. Mas como a gente via a importância da sombra e queria tê-la em todo sistema, nós adiantávamos o processo. Hoje não, nós reformamos a pastagem na necessidade de se reformar e fazer a adubação”, diz o produtor.

A sombra das árvores resolveu o problema da ambiência, gerando conforto térmico para o gado. Porém, além disso, outros benefícios foram notados pelo produtor.

“Muito cedo percebi a oportunidade de usar madeira. Estamos numa região de pecuária extensiva. Temos milhões de quilômetros de cerca que vão ter que ser reformadas ou hoje ou daqui a 20 anos. Onde que vamos dispor de madeira se não plantarmos. Aquilo que era uma necessidade de sombra no passado passou a mostrar uma oportunidade maior”, analista o produtor que ainda destacas benefícios para o próprio sistema.

“O que a gente percebe é que as pastagens entre as árvores se comportam melhor. As lavouras são protegidas do vento.A árvore tem uma capacidade maravilhosa de reciclar os nutriente que as outras plantas já perderam pela lixiviação. A árvore consegue buscar lá nas profundezas e trazer para a superfície em forma de galhos e folhas que amanhã vão cair. Fiquei muito curioso, pois aquilo que era uma necessidade exclusiva de sombra, hoje se mostra como uma oportunidade muito maior do que sombra”, afirma Nivaldo Michetti.

Produção

De acordo com o produtor, o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta facilitou o manejo do gado e possibilitou melhores resultados. Antes as vacas precisavam caminhar para chegar à sombra em áreas de mata ciliar e para voltar a pastejar.

“Como temos sombra a vontade, de certa qualidade e perto, a gente se beneficiou muito disso e os animais se beneficiaram de mais”, afirma.

Com as vacas tendo acesso à sombra, e com alimento em abundância, a produção de leite da fazenda tem agradado o produtor.

 

“Temos uma média durante as águas entre 17 e 18 litros e na seca entre 20 e 21. Nós conseguimos uma ótima persistência em lactação, que é o que a gente mais busca. Tanto que com um rebanho pequeno, nós temos uma produção que considero boa. Temos conseguido manter em torno de 75% das vacas em lactação, o que considero um bom desempenho. Um dos grandes problemas da região é não se conseguir ter mais de 50% das vacas em lactação”, afirma Nivaldo Michetti.

Referência

Assim como era no Paraná, com pouco tempo no norte de Mato Grosso, sr. Nivaldo já se tornou uma referência na região. Porém, para surpresa dela, os pecuaristas de corte são aqueles que mais lhe procuram para aprender um pouco com a experiência exitosa na Estância Vanda.

“Eu digo para procurar informação. O que a gente precisa para se desenvolver é muito básico. Primeiro uma abertura completa para a informação. Um dos grandes problemas que eu creio é a gente se julgar capaz, a gente se julgar conhecedor. O mundo passa por uma transformação a todo momento. A gente tem que acompanhar. Existe hoje informação muito além do que eu preciso aqui. Agora, tem que ser humilde o suficiente para saber que precisa buscar informação” avalia.

 

ILPF na pecuária de leite – Entrevista Nivaldo Michetti (Estância Vanda)

 

 

 

 

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