Fazenda Gravataí Agro | Itiquira – MT – Julho/2018

Trabalhando com base em informação e tecnologia, Gravataí Agro vira exemplo para produtores da região

Todos os anos centenas de pessoas, na maior parte produtores e profissionais ligados ao setor agropecuário da região sul de Mato Grosso, participam de um dia de campo na Gravataí Agro, no município de Itiquira (MT). O que leva todos eles anualmente ao mesmo local é conhecer um pouco mais do sistema produtivo adotado pela fazenda e identificar como aproveitar a experiência em suas propriedades ou naquelas em que assistem.

Desde 2011, quando Caetano Polato comprou a área na fronteira do Cerrado com o Pantanal, montou uma equipe técnica qualificada e investiu em sistemas produtivos mais eficientes. Encontrou na integração lavoura-pecuária a melhor das estratégias.

“Estamos buscando cada vez mais verticalizar a nossa produção, então a integração permite isso, pois ela favorece tanto a pecuária quanto a agricultura”, afirma o agrônomo da fazenda Bento Ferreira.

Com 10.600 hectares de área total, a propriedade tem 3.300 ha com pastagens permanentes e 4.060 ha destinados à lavoura.  Na safra, a soja é o carro chefe da parte agrícola, ocupando toda a área. Após a colheita da oleaginosa, cerca de 3.000 ha são usados na integração lavoura-pecuária. Em parte desta área é feita a semeadura imediata da pastagem, em outra parte o milho é cultivado em consórcio com braquiária.  

Com esse sistema, em maio, quando termina o período chuvoso, o gado formado principalmente por fêmeas nelore e aberdeen-angus é retirado das pastagens permanentes e levado para as áreas de integração. Assim, preserva-se a forrageira usada no período chuvoso e fornece-se alimento de qualidade para o gado durante seca.

“Estamos ganhando nesse período de até cinco arrobas por hectare. Ganhamos na parte da pecuária, pois temos pastagem de qualidade na hora que acaba o capim na área de pastagem permanente, e a agricultura também ganha muito com isso. Com o pastejo do gado a braquiária tem maior crescimento de raiz. Além disso, tem ainda no sistema o rola bosta, que vai incorporar a matéria orgânica no solo”, explica o gerente de pecuária da fazenda, Alexandre Barazetti.

Sistema Gravataí

Buscando sempre inovações que possibilitem a melhoria da produtividade e a sustentabilidade da atividade agropecuária, a fazenda Gravataí fez uma parceria com Embrapa e UFMT – campus Rondonópolis para o desenvolvimento de pesquisas com consórcios forrageiros. O trabalho iniciado em 2015 resultou no lançamento em 2018 do Sistema Gravataí

Trata-se de um consórcio de feijão-caupi com braquiária visando o pastejo em segunda safra. Os resultados mostraram que o sistema ajuda a aumentar a matéria orgânica no solo, melhora a qualidade da forrageira, aumenta o ganho de peso dos animais e proporciona elevação na produtividade de soja.

No grão, a diferença ficou em torno de 20 sacas por hectare a mais no acumulado de três safras, quando comparado a uma área sem a utilização do Sistema Gravataí. Já na pecuária, o uso da tecnologia resultou em até 100 gramas a mais de ganho de peso por dia.

Batizado com o nome da fazenda como forma de homenageá-la pela abertura dada à pesquisa, o Sistema Gravataí já vem sendo usado por vizinhos que conheceram a tecnologia e deve ocupar cada vez uma área maior na própria Gravataí Agro.

 

Confira abaixo uma palestra de Fernando Passos sobre o mercado da teca em Mato Grosso

 

ILPF

Além das pesquisas com consórcios, a parceria com a Embrapa rendeu a criação de uma Unidade de Referência Tecnológica e Econômica de ILPF na Gravataí Agro. Em dezembro de 2014, em uma área de 90 hectares, anteriormente com pastagem, foram plantados renques triplos de eucalipto. Com espaçamento de 3m entre as linhas e 2,5 entre as plantas, foram utilizadas nas laterais o clone I144 e na linha do meio o H13. O espaçamento entre os renques foi definido de modo a se ter duas passadas da barra de pulverização, ficando em 51 metros.

A irregularidade da chuva na área usada com a integração, localizada na borda da chapada que faz divisa com o Pantanal frustrou as duas safras de soja, que tiveram baixas produtividades. Em dezembro de 2016, com as árvores com diâmetro à altura do peito (DAP) de 10cm, foi semeada a braquiária Piatã e os gado entrou no sistema.

Os 90 ha foram divididos em quatro piquetes e tem sido feito o pastejo rotacionado, com média de 3 ua/ha. De acordo com as mensurações da fazenda, quando comparada com resultados de pastos sem árvores, a ILPF tem proporcionado um ganho superior em até 100g diárias por animal.

“Vimos que esse bem estar animal estava convertendo em ganho de carne. Isso nos encorajou a aumentar o sistema. Em dez 2017 implantamos mais um talhão”, relata Bento Ferreira.

A nova área, entretanto, contou com algumas alterações a partir da experiência inicial. Como está localizada ao lado da primeira área, optou-se por não fazer agricultura. Ajudou na decisão o fato da pastagem na área estar em boas condições.

A boa qualidade da pastagem também resultou em mudança no layout da área. Para remover menor área de forrageira, optou-se pelo plantio das mudas em renques quádruplos, com espaçamento entre linhas e entre plantas de 3m e distância entre renques de 100m.

 

Pecuária

A Gravataí Agro trabalha com recria e engorda de fêmeas nelore e aberdeen-angus. Inicialmente a opção por fêmeas foi devido ao menor custo para compra no momento de início da atividade. Porém, as vantagens no manejo, o menor consumo de alimentos e o giro mais rápido acabaram se mostrando uma boa estratégia. O pagamento de prêmio por frigoríficos tem corroborado com essa opção.

“Estamos tendo algumas vantagens na hora de vender. O frigorífico está nos bonificando pela qualidade da carne que nós temos. Estou tendo hoje na fêmea o preço que seria pago pelo macho. Um diferencial de preço em relação ao que o mercado paga a uma vaca de idade avançada, por ser uma novilha precoce”, explica Bento.

As novilhas chegam à fazenda com oito meses de idade. Um ano depois já são enviadas para o abate com cerca de 16 arrobas. A recria é feita nas áreas de pasto permanente durante o período chuvoso e nas áreas de ILP na seca.

Quando atingem aproximadamente 360 kg, no caso das nelores, e de 300 a 360 kg as aberdeen-angus, são formados lotes que são enviados a um dos dez módulos de semi-confinamento da fazenda. Cada um com aproximadamente 100 ha e 60 metros lineares de cocho.

“A estratégia de nutrição é ajustada conforme a disponibilidade e qualidade de capim no período. Nosso objetivo é ter um melhor aproveitamento do capim e proporcionar um bom desempenho de carcaça para esses animais, que ainda estão crescendo”, explica a zootecnista da Gravataí Agro Laziele Vilela.

 

Conheça mais sobre a fazenda 

 

Gabriel Faria (mtb 15.624 MG JP) 
Embrapa Agrossilvipastoril 
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br 
Telefone: 66 3211-4227

 

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[zt_testimonial autoPlay=”yes” numSlides=”1″ paging=”yes” controls=”yes”][zt_testimonial_item bgColor=”#f6f6f6″ textColor=”#747474″ name=”Alexandre Barazatti” company=”Gerente de pecuária da Gravataí Agro” borderRadius=”4″]”Para a integração lavoura-pecuária dar certo é preciso que a agricultura esteja totalmente envolvida com a pecuária e a pecuária totalmente envolvida na agricultura. Só da certo o sistema desse jeito, quando os dois ganham. Os dois têm de ser beneficiados.”[/zt_testimonial_item][/zt_testimonial]

 

Fazenda São Paulo | Brasnorte – MT Fevereiro/2018

Fazenda em Mato Grosso utiliza melhor os recursos e garante diversificação nas fontes de renda

A necessidade de melhorar o manejo do solo, reduzir problemas com nematoides, fazer a rotação de culturas e evitar o desperdício de resíduos do armazém abriram os olhos do agricultor Vitório Herklotz para mudar o sistema produtivo na Fazenda São Paulo, localizada no município de Brasnorte, região oeste de Mato Grosso. A partir daí, passou a trabalhar com a integração lavoura-pecuária (ILP) e pecuária-floresta (IPF), mudando a perspectiva da atividade e diversificando as fontes de renda.

Na fazenda com cerca de 1.500 hectares de área produtiva, pelo menos 400 ha são usados constantemente com a ILP, outros 50 ha fazem parte de uma experiência com IPF. Nas áreas de lavoura, que compõem a maior parte do restante da propriedade, o milho plantado em segunda safra, após a soja, sempre vai consorciado com a braquiária Piatã, de modo a formar palhada para o plantio direto. Em caso de necessidade, essa palhada é logo convertida em pasto com uso de cercas elétricas. A única exceção são as lavouras de milho pipoca, que, pelas características da planta, não são consorciadas com o capim.

“A integração lavoura-pecuária surgiu pela necessidade da própria lavoura. Pela necessidade de diversificação e da sustentabilidade que a gente espera na agricultura. Por meio da pecuária me parece que o processo fica mais sustentável”, explica Vitório Herklotz.

Com a pecuária, a fazenda aproveita os resíduos do armazém de soja e da colheita do milho. A rotação com a pastagem reduz a incidência de nematoides como os de cisto e de galha e aumenta a quantidade de matéria orgânica. Outro benefício é a melhoria da atividade microbiana, elevando a fertilidade do solo e possibilitando o controle natural de pragas e doenças.

Vitório exemplifica o enriquecimento da microbiota do solo com um talhão que há três anos está com pastagem.

“Já está fechando o terceiro ano sem nenhum “cida”. Nem herbicida, nem fungicida, nem inseticida. Então nós damos um tempo para esse solo. Agora entrou a fertilização. Toda a matéria orgânica está sendo reciclada ali pela pecuária, o gado vai comendo, via urinando, vai defecando ali, vai ajeitando. Os micro-organismos têm bastante palha, isso sim é uma garantia de quando eu voltar a plantar soja vou ter resultado”, exemplifica.

A certeza do resultado vem da produtividade obtida com a soja após a pecuária. De acordo com o proprietário, as áreas em ILP chegam a produzir de 10 a 15 sacas a mais por hectare do que aquelas sem a integração. Para a pecuária, os ganhos também são vistos em maior taxa de lotação, maior taxa de prenhez nas vacas e ganho de peso dos animais.

De acordo com Vitório, a fazenda não trabalha com um período fixo de rotação entre a lavoura e a pecuária. A decisão é feita anualmente, de maneira estratégica, de acordo com as características do mercado. Um talhão de capim, por exemplo, que deveria ter voltado à agricultura há dois anos acabou sendo adubado novamente e continuou com a pecuária, que naquele momento tinha resultados mais interessantes do que a soja.

O produtor ressalta que na Fazenda São Paulo não se espera o pasto degradar para retornar à agricultura.

“A lavoura tem que voltar antes do pasto degradar. Você tem que ter palha sobrando lá no pasto para você ter o nível de matéria orgânica maior do que quando entrou a pastagem e não menor. O adubo que eu estou jogando no pasto hoje eu, no mínimo, estou produzindo comida. Na pior das hipóteses, vai sobrar alguma coisa para a lavoura lá para frente”, afirma Vitório Herklotz.

Atualmente a pecuária da fazenda São Paulo é feita no ciclo completo, com foco na cria com a inseminação artificial de angus em vacas nelore. Nas áreas de ILP, a taxa de lotação no período chuvoso chega a 7 u.a. por hectare e varia de 2 a 4 u.a. no período chuvoso. Os animais de corte ficam num semiconfinamento com suplementação de 1 a 1,5% do peso vivo.

 

 Mudança na perspectiva

A adoção da integração lavoura-pecuária trouxe nova perspectiva para o negócio da fazenda São Paulo. Além dos benefícios produtivos, a maior segurança financeira foi um ponto importante para o produtor.

“Financeiramente o que está mudando hoje? Nós estamos separando as cestas. Se aquela derrubar, aí não vai quebrar todos os ovos. Você tem uma lavoura hoje a ser colhida que padece de risco por causa da chuva. Eu nunca vi gado apodrecer na chuva ainda! Outra coisa, o que será do amanhã? É a pecuária ou é a agricultura? Eu acho que são os dois juntos. Acho que os dois juntos se somam, eles se potencializam”, afirma o produtor.

Vitório ainda destaca que a ILP é hoje a melhor alternativa para quem tem áreas arenosas.

“A gente já viu pelo o que está acontecendo com alguns produtores que se você tem áreas arenosas e você não entra com a pecuária, você está fadado ao fracasso. Pode até surgir tecnologia para as áreas de solos mais frágeis, mas hoje a tecnologia que existe para você conviver com esses solos de areia tem que passar pela pecuária”, alerta.

Integração pecuária-floresta

A busca pela diversificação e por uma alternativa de renda futura também levou o sr. Vitório a apostar na inclusão de árvores no sistema produtivo. Procurou por pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT), e no fim de 2014 montou uma área de IPF em 50 ha da propriedade. O local é uma das Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTE) acompanhadas pela Embrapa. É usado tanto para coleta de dados técnicos e econômicos, para a validação de tecnologia, quanto para transferência de conhecimentos por meio de cursos, dias de campo e visitas técnicas.

O espaço onde foi instalada a URTE era antes um plantio de acácia mangium em espaçamento 4×4 visando a produção de madeira para serraria. A experiência não saiu como planejado e as árvores acabaram sendo cortadas para uso como lenha no secador da fazenda.

Como a área estava com os tocos, o planejamento do sistema IPF foi feito segundo o alinhamento do plantio anterior, com os renques em distâncias múltiplas de quatro metros.

Para esse projeto foram usadas três clones de eucalipto (VM 01, I144 e H13) em linhas duplas ou simples, dois clones de teca (A1 e A3) em linhas duplas ou simples, e mogno (Khaya ivorensisKhaya anthoteca e Khaya senegalensis) em linha simples. Além das linhas de árvores plantadas em sentido leste-oeste, a área foi cercada por uma linha dupla de eucalipto como forma de proteção contra o forte vento que sopra no local.

O espaçamento entre renques varia de 8 a 20 metros, sendo que no menor espaçamento, usado apenas com o eucalipto, o objetivo é suprimir um renque a cada dois, para uso como biomassa, dobrando a distância entre os renques que ficarem, sendo esses destinados à serraria.

No primeiro ano, enquanto as árvores cresciam, a área não foi utilizada para a pecuária. No segundo ano, os tocos da acácia que estavam no entre-renques foram retirados e plantou-se o pasto com um consórcio de Mombaça com Piatã e Estililosantes Campo Grande.

De acordo com Vitório, a opção por não fazer agricultura enquanto as árvores cresciam foi em função de proteger a floresta.

“Com o uso muito intenso de herbicidas na agricultura para fazer plantio na palha, fica difícil fazer isso sem prejudicar a floresta”, explica se referindo à possibilidade de deriva do herbicida.

 Atualmente a área de IPF é pastejada por novilhas. Antes chegou-se a usar bezerros em engorda, porém a observação de certa predação nas árvores motivou a mudança no perfil do gado. A predação, inclusive, é uma grande preocupação do produtor, uma vez que pode prejudicar o crescimento da árvore, inviabilizar seu uso para serraria ou mesmo levar à morte.

“A maior dificuldade em algumas espécies é a predação da casca. Aí você tem que entender por que o gado está fazendo isso, ou selecionar as espécies que são menos suscetíveis. A teca vai indo muito bem. O eucalipto tem certa suscetibilidade e os mognos estão sendo os mais prejudicados. Mas a gente vê que a faixa etária do gado tem muito a ver com isso, a mineralização nem se fala, e o manejo do gado também”, observa o produtor.

Outro ponto que ele aponta é a necessidade de mão-de-obra para o manejo de poda, desrama e desbaste. A condução errada ou a falta do exercício de algumas dessas tarefas pode comprometer o resultado final do sistema produtivo.

Apesar das dificuldades e da complexidade do sistema, Vitório se mostra satisfeito com o sistema produtivo e confiante no resultados futuros. Para ele, a sustentabilidade que o sistema proporciona valem o esforço e o investimento.

“Com a pecuária e a floresta, você coloca o boi na sombra e coloca o boi para ajudar as árvores. Então essa associação, além de produtiva, ela me parece muito bela”, define o produtor.

 

Conheça mais sobre a integração na Fazenda São Paulo

Gabriel Faria
Jornalista (mtb 15.624 MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br

 

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Fazenda Certeza | Querência – MT – Setembro/2017

A aquisição de novas terras e o investimento em ILF com seringueira, são ganhos obtidos com a integração na Fazenda Certeza

Foi pensando na diversificação da produção e na maior geração de renda da Fazenda Certeza, localizada no município de Querência (MT), que o produtor Neuri Winck aceitou o desafio do pesquisador da Embrapa Flávio Wruck de implantar o sistema de integração lavoura-pecuária.

Na safra 2007/2008 uma área de 110 ha foi divida em cinco parcelas para dar início a um sistema de ILP em uma das primeiras Unidades de Referência Tecnológica de ILPF no estado.

Desde o início o objetivo era destinar sempre três parcelas, ou 60% da área, à agricultura e o restante à pecuária em cada ano. A rotação seria feita de forma com que cada parcela recebesse lavoura durante três anos e pastagem em outros dois anos.

Na agricultura a rotação contou com o plantio de soja e arroz na safra e na safrinha consórcios girassol com ruziziensis, milheto com ruziensis ou de milho com braquiárias ruziziensis ou Piatã. A braquiária Piatã era usada no terceiro ano de agricultura das parcelas, ficando como forrageira para o gado nos dois anos seguintes. Ao fim do segundo ano, o capim era dessecado e reiniciava-se o ciclo.

Na pecuária, Neuri conseguiu aumentar o número de unidades animal por hectare em um sistema de recria com a terminação em confinamento. Os grãos e a silagem colhidas na área da ILP  eram usados na nutrição dos animais.

“Hoje estamos muito felizes com os resultados em relação a estruturação do solo, sistema físico, químico do solo. A estruturação que esse sistema propicia é muito positiva e é o que se está mostrando com muito mais vantagem em relação ao processos normais de monocultura, soja e milho”, avalia Neuri Wink.

A diversificação dos produtos e das fontes de renda da fazenda também são benefícios enumerados pelo produtor.

“É bem gratificante em todos os sentidos, por que operacionaliza a mão-de-obra. Ele te dá uma diversificação de renda pra fazenda, não dependendo só de soja ou só de milho ou só do milho safrinha. Você tem a produção de proteína carne, e também faz com que você otimiza o que você produz na fazenda, no caso milho safrinha ou a própria silagem. Enfim, eu acho que é recomendado de todos os sentidos de forma positiva”, ressalta.

Pausa na ILP

Para aproveitar uma oportunidade de negócio e adquirir uma propriedade vizinha Neuri, optou pela venda de todo o gado. O dinheiro levantado custeou o investimento nas novas terras, o preparo da área para o plantio e a aquisição de maquinário. Com isso, deixou momentaneamente de fazer a integração lavoura-pecuária. Porém, já faz planos para retomar o sistema integrado em até dois anos.

“Com certeza quando nós retornarmos nós vamos fazer com mais força, com mais ênfase em ralação ao que nós vínhamos fazendo antes. Dá pra tranquilamente reservar uns 30% da área para a ILP”, projeta Neuri Wink.

Referência na região

Como uma Unidade de Referência Tecnológica, a Fazenda Certeza tinha não só o papel de ser pioneira e testar um sistema produtivo como o de transferir a tecnologia para outros produtores da região. Por cerca de seis anos as porteiras foram abertas para dias de campos, realizados duas vezes ao ano, para mostrar aos agricultores da região o comportamento e os resultados da ILP tanto na safra quanto no período de seca.

Com isso, a Fazenda Certeza serviu de exemplo para grandes, médios e pequenos produtores da região. Muitos hoje adotam a integração lavoura-pecuária após terem acompanhado a experiência de sr. Neuri.

“Foi muito gratificante e está sendo muito mais gratificante agora, porque a gente tem conhecimentos de vizinhos, de pessoas na região, de grupos grandes e também alguns médios e pequenos produtores realizando um bom trabalho nesse sentido e fazendo disso uma boa renda nas suas propriedades”, afirma.

Integração lavoura-floresta

No ano de 2009, já trabalhando com os sistemas integrados, Neuri viu a oportunidade de realizar um sonho antigo, que era cultivar seringueira. Motivado pelos altos preços alcançados pelo látex historicamente, decidiu plantar a árvore em uma área inicial de 10 hectares.

Para minimizar os custos de implantação, planejou a área de forma a conseguir fazer agricultura entre as linhas de árvores enquanto elas cresciam.

Espaçou as linhas em oito metros, de modo a permitir uma passagem da plantadeira de 14 linhas. Adaptou um pulverizador para essa distância, de modo a fazer uma passada por corredor, permitindo o manejo de pragas, doenças e de plantas daninhas.

Ao ver que a colheitadeira só colheria 12 linhas, Neuri optou por colocar semente somente nas 12 linhas centrais e manter somente o adubo nas linhas externas, deixando o nutriente para uso das árvores.

“Desta forma que nós fizemos ficou prático, ficou fácil de manter limpo e nós ainda recuperamos 60% do nosso custo de implantação das seringueiras com o rendimento da produção e com o lucro da produção de soja nas entre linhas da seringa nos primeiros quatro anos”, explica Neuri, que deixou de plantar a soja na área no quarto ano, quando a sombra passou a inviabilizar a produção.

Hoje as seringueiras já poderiam estar sendo sangradas. Porém, diante da queda acentuada no preço do látex, Neuri preferiu não iniciar a produção e aguarda um melhor cenário.

Para ele, a seringueira além de ser uma nova fonte de renda, será uma forma de gerar mais empregos na propriedade.

“Quero crer que a amanhã ou depois ela já vai ser um bom negócio, daí a gente já vai estar apto para usufruir desse novo momento. Eu penso que dessa forma eu estou contribuindo dando oportunidade pra mais pessoas terem um ganho razoavelmente bom”, afirma o produtor que também quer servir de exemplo para outros agricultores que possam se interessar pela seringueira.

“Com o passar do tempo, espero que mais gente se desperte e copie essa forma. Se for um produtor com a estrutura de agricultura, fica até mais fácil por que os primeiro quatro anos pode até cultivar ao meio desse processo e recuperar pelo menos 60% do investimento necessário”, afirma Neuri Wink.

 

Texto e fotos:

Gabriel Faria (mtb 15.624 MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br
66 3211-4227

Colaboração: Vanessa Kienen

 

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Fazenda Roncador | Querência – MT Setembro/2017

Integração lavoura-pecuária resolveu o problema da falta de alimento para o gado na seca e trouxe ganhos para a agricultura

Com 152 mil hectares de área total e um rebanho de 50 mil cabeças, a Fazenda Roncador é uma referência para região do Vale do Xingu não só pelos seus números superlativos. Localizada no município de Querência (MT) a propriedade sempre buscou intensificar a produção, baseando suas atividades em uso de tecnologia e acompanhamento de resultados.  Foi essa busca por melhores indicadores que levou à adoção da integração lavoura-pecuária, estratégia de produção que hoje já ocupa 8 mil hectares na fazenda.

Desde 1978 a pecuária em ciclo completo vem sendo a principal atividade da fazenda. A busca por melhorias nos resultados passou pela seleção genética do rebanho, uso da inseminação artificial, manejo e rotação de pastagens e implantação de sistemas de terminação em confinamento e semi-confinamento. Os ganhos foram crescentes, mas ainda não eram satisfatórios.

“No período das águas você conseguia ter duas ua [unidade animal] por hectare e até mais, eventualmente. Mas ficava limitado pela seca, quando você tinha que baixar para 0,7 a 0,5 ua, dependendo da condição do solo. Então, inviabilizava você ter uma pecuária com resultados mais expressivos”, relata o diretor Administrativo e Agropecuário do Grupo Roncador, Pelerson Penido Dalla Vecchia.

Foi então que, no intuito de melhorar a fertilidade de algumas áreas e diversificar a produção, em 2008 a fazenda começou a cultivar soja. A cultura era novidade na região que ainda hoje é carente de estrutura de escoamento e armazenagem. Porém, a sazonalidade da agricultura, mesmo considerando uma segunda safra de sorgo ou milheto, deixava os proprietários inquietos.

“A gente que vem da pecuária, nunca entendeu muito bem essa condição da terra ficar parada durante a seca. Então a gente fazia o que todo mundo fazia, mas a gente tinha o sorgo. Na época da seca a gente soltava o gado e media os indicadores de ganho de peso, media como isso melhorava o nosso sistema”, conta Pelerson.

Os bons resultados obtidos com o pastejo nas áreas de sorgo levaram à adoção de outra estratégia, com a sobressemeadura do capim de avião, quando a soja encontra-se em estádio R7.  Após a colheita da soja, a forrageira se desenvolve por mais um a dois meses e então os animais, principalmente vacas e bezerros, são soltos na área.  

Hoje, além da sobressemeadura, a integração lavoura-pecuária também ocorre em outras áreas onde após a soja é plantado milho consorciado com braquiária. Esse milho é colhido como silagem para o confinamento e o capim usado para comportar o rebanho.

No fim de setembro, com o início das chuvas, o gado é retirado das áreas de integração para formação de palhada e a soja é semeada em plantio direto, reiniciando o ciclo.

Resultados

O uso da integração lavoura-pecuária trouxe não só avanços em termos de produtividade, como também gerou maior equilíbrio dentro da propriedade.

“Melhorou o resultado da agricultura, em função da palhada que o capim deixa. Dando mais estabilidade tanto no resultado como na questão de temperatura e umidade do solo. E pra pecuária levantou o patamar de resultado. A seca ficou fácil pra pecuária depois da integração”, afirma Dalla Vecchia.

De acordo com Pelerson, a comparação da agricultura nas áreas de ILP com as áreas de cultivo exclusivo incentiva ainda mais a adoção do sistema integrado.

Para a pecuária, com a solução do problema da falta de alimento para o gado na seca, outras etapas da criação passaram a ser a preocupação.

“O problema da pecuária sempre foi a seca. Mas com a ILP ele passou a ser a transição, quando começa a chover e você tem que tirar o gado para poder fazer palhada para a soja. Tem que respeitar esse tempo para conseguir bom resultado na agricultura.”

O gado retirado das áreas de integração vai para as pastagens perenes com braquiárias. Porém, as chuvas iniciais ainda não são suficientes para rebrota do capim. Uma solução encontrada para minimizar o problema nessa transição foi a produção de feno durante o período chuvoso, quando há forragem em abundância. Esse feno é disponibilizado aos animais que saíram da ILP até que os pastos com panicum e braquiárias se recuperem, dando início ao pastejo rotacionado nos piquetes durante o verão.

Aprimorando a cada ano

 Hoje a ILP já foi incorporada à estratégia da fazenda e a cada ano não só o sistema é aperfeiçoado, como todo o operacional. A forma de montar as cercas elétricas da ILP, a disponibilização de corredores para circulação de máquinas e de rebanho e a gestão de pessoas são itens que sofreram ajustes ao longo do tempo.

Pelerson chega inclusive a criar uma nova sigla para o sistema. Para ele, hoje é importante se falar em ILPP, integração lavoura-pecuária e pessoas.

“Se não tiver pessoas no final, não dá certo. Porque tem a porteira aberta, tem o gado que entra na soja, tem o gado que mistura porque o operador deixou a porteira aberta… Se você não tiver uma equalização de principio de todo mundo acreditar no que está fazendo, percebendo que é o todo que vai dar o melhor resultado para as atividades, fica difícil fazer a ILP. É muito difícil você conseguir mudar uma cultura de um cara, de um agricultor ou de um pecuarista. Pra você fazer esse encontro, essa intersecção precisa estar com um modelo muito bem desenhado, tem que sentar à mesa e conversar”, ressalta o diretor do Grupo Roncador.

“Quando existe essa conscientização e todos dão o braço, aí você tem a otimização da mão-de-obra, otimização dos equipamentos. Fora todos os benefícios técnicos das atividades, você tem os benefícios econômicos, das pessoas transitando entre as áreas e se ajudando. Você tem um número muito menor de safrista, porque você passa as pessoas da pecuária para a agricultura no momento do plantio. Da mesma forma quando acaba a colheita as pessoas da agricultura vão para pecuária pra fazer uma roçada uma pulverização, arrumar o confinamento para receber o gado. A hora em que tudo se integra fica muito positivo em todos os aspectos”, complementa Pelerson Dalla Vecchia.

Conheça mais sobre a Fazenda Roncador

www.gruporoncador.com.br

 

 Gestão de pessoas na ILP – Pelerson Dalla Vecchia

Benefícios da soja na pecuária e do gado na agricultura na Fazenda Roncador – Guilherme Alves da Silva e Diego Hartmann

Texto e fotos:

Gabriel Faria (mtb 15.624 MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br
66 3211-4227

Colaboração: Vanessa Kienen

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[zt_testimonial autoPlay=”yes” numSlides=”1″ paging=”yes” controls=”yes”][zt_testimonial_item bgColor=”#f6f6f6″ textColor=”#747474″ name=”Pelerson Penido Dalla Vecchia” company=”Diretor Administrativo e Agropecuário Grupo Roncador” borderRadius=”4″]”O problema da pecuária sempre foi à seca. Mas com a ILP ele passou a ser a transição, quando começa a chover e você tem que tirar o gado para poder fazer palhada para a soja. Tem que respeitar esse tempo para conseguir bom resultado na agricultura.”[/zt_testimonial_item][/zt_testimonial]

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Fazenda Brasil | Barra do Garças – MT – Junho/2017

ILP começou como uma alternativa para reduzir custos em reforma de pastos, hoje a técnica está presente até mesmo na visão de negócio da Fazenda Brasil

Desde que foi adquirida, em 2007, a Fazenda Brasil, localizada no município de Barra do Garças (MT), apostou na integração lavoura-pecuária como estratégia para recuperar pastagens em áreas com baixa fertilidade. A iniciativa deu tão certo que o sistema produtivo foi incorporado na visão de negócio do Grupo Agropecuária Fazenda Brasil. Em várias instalações da propriedade, empregados e visitantes leem em banners e cartazes os seguintes dizeres:

“Visão: ser referência na integração Agricultura-Pecuária por meio de inovações e das melhores práticas e tecnologias disponíveis, com ênfase em governança e sustentabilidade”.

Com o passar do tempo, a propriedade, localizada aos pés da serra do Roncador, tem atingido o seu objetivo e, como um exemplo de êxito na adoção da ILP, está contribuindo para a disseminação de informações para toda a região do Vale do Araguaia. Visitas técnicas recebidas frequentemente e dias de campo realizados no local contribuem para isso.

Estratégia de integração

Dez anos após o início dos trabalhos a fazenda já faz ILP em cerca de 3 mil hectares, o que representa três quartos da área produtiva. O sistema adotado desseca a pastagem, retira as cercas para facilitar as manobras do maquinário, corrige o solo e faz o plantio direto de soja. Quando as chuvas favorecem, é feito na sequência o plantio de milheto ou Bracharia ruziziensis como forma de cobertura. Nos anos em que há semeadura da ruziziensis, animais de recria chegam a ganhar até três arrobas em três meses nesse pasto safrinha antes dele ser dessecado novamente para o plantio de soja.

Após três anos seguidos com lavoura, é feita a sobressemeadura da soja com Brachiaria brizantha cv. Marandu, as cercas são recolocadas e a pecuária retorna a área por mais cinco anos.

“Depois dessa recuperação a gente não deixa mais que a pastagem se degrade. A gente continua fazendo o investimento em manter a fertilidade do solo mesmo nas pastagem pós soja. Isso para que, quando a soja retorne daqui a quatro ou cinco anos, ela não retorne mais em uma área degradada e sim em uma área onde só precisa fazer a manutenção de fertilidade”, explica o gerente geral da agricultura do Grupo, Handerson Paulo da Cruz.

Com esse sistema, os ganhos obtidos com a venda dos grãos amortizam os custos com a recuperação das pastagens. Além disso, Handerson ainda destaca as melhorias obtidas na produtividade tanto da agricultura quanto da pecuária.

“Existe tanto a melhoria ao longo dos anos da produtividade da agricultura quanto a evolução na recuperação na fertilidade dos talhões. Quando a gente volta com atividade pecuária a gente consegue uma lotação maior, por um período maior, e com melhor produtividade de arrobas por hectare”, afirma Handerson.

Outro aspecto que ele destaca é o melhor uso de áreas onde o clima não favorece o cultivo do milho safrinha.

“Áreas que normalmente seriam cultivadas com milheto pós soja, acabam recebendo Brachiaria ruziziensis e, consequente, a produção do componente pecuario. Além de proporcionar a melhoria fisica, quimica e biologica do solo para o próximo cultivo agrícola”, destaca Handerson.

Matéria orgânica

Outro benefício da ILP que é claramente percebido por quem anda pela Fazenda Brasil é o aumento da matéria orgânica no solo. Basta pegar um punhado de terra em uma lavoura para perceber a riqueza de restos da braquiária. Em uma região onde o período chuvoso é curto, essa condição ajuda a proteger o solo, evita a compactação e mantém a umidade por mais tempo.

Como a Fazenda Brasil trabalha com ciclo completo de pecuária e tem um confinamento com capacidade para 8.500 animais, há também uma grande disponibilidade de esterco. Para melhor utilizar o recurso, ele é espalhado nos talhões, complementando a fertilidade do solo. De acordo com Handerson, isso reduz os gastos com fertilizantes químicos e já garantiu a condução de lavoura sem uso de outro tipo de adubo, colhendo as mesmas médias do restante da propriedade.

Componente arbóreo

Após a experiência bem sucedida com a integração lavoura-pecuária, a Fazenda Brasil aceitou um convite da Embrapa e montou em uma área de 110 hectares uma Unidade de Referência Tecnológica agregando o componente arbóreo. O sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) foi montado em parcelas com distância de 23 metros entre os renques, possibilitando uma passagem da barra do pulverizador usado na propriedade (21 m), mais um metro de folga em cada lado.

Como espécie florestal foram testados materiais seminais e clones de eucalipto em linhas simples, duplas e triplas, teca, nim, acácia, cultivos mistos de eucalipto com acácia e eucalipto com teca, e espécies nativas como mogno, baru, pequi, jatobá e guaritá.

Durante os quatro primeiros anos, a área entre renques foi cultivada como soja na safra e milheto ou ruziziensis na safrinha. No quarto ano foi feita a sobressemeadura do capim marandu e animais de corte passaram a pastejar no local, aproveitando o conforto térmico proporcionado pela sombra das árvores.

Devido ao crescimento lento, as espécies nativas destacaram-se negativamente. O mogno, por exemplo, teve elevada taxa de mortalidade, enquanto o guaritá teve alto índice de bifurcação. Entretanto, apenar da entra dos animais na área com as árvores ainda com porte baixo, não foram identificados problemas de quebra causados pelo gado.

Nos demais tratamentos, aquele com clones de eucalipto em linha simples, em renques de 23 metros obtiveram os melhores resultados na relação à sobrevivência, crescimento e volume de madeira produzido por área ocupada no sistema.

Dificuldade com mercado

A escolha dos materiais de eucalipto e da acácia tinha como principal objetivo produzir lenha para uso no secador de grãos da fazenda. Porém, por uma série de motivos, o cenário da fazenda mudou e a lenha deixou de ser interessante para a propriedade no momento. Com isso, as árvores continuam de pé e atualmente a busca é por novos mercados e a utilização da madeira tratada na própria propriedade na forma de estacas para cerca.

“A lenha está com preço baixo e a fazenda está com excesso de lenha proveniente de outras áreas”, explica o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Hélio Tonini, responsável pelo acompanhamento da URT.

Parte das árvores será direcionada para o uso em serraria, agregando valor. Outras poderão ser usadas para atender à demanda da fazenda por mourões e lascas para cerca. Porém, a inexistência de estrutura para tratar a madeira na região tem sido uma dificuldade.

“Projetar no futuro esse ganho da espécie florestal é desafiador. Hoje, por exemplo, nossas árvores estão em idade de corte e o mercado, principalmente de eucalipto, que é a principal variedade exótica que tem aqui, está em baixa. Na época a gente visou espécies florestais tanto pra lenha quanto para serraria, quanto para postes e para cerca. A gente ainda tem desafios quanto a encaixar isso no mercado ou usar dentro da própria fazenda”, pondera Handerson.

Handerson também lembra que dificuldades iniciais no manejo da área prejudicaram o componente florestal, com a ocorrência de deriva de herbicidas, por exemplo.

“Ao longo dos quatro anos do cultivo de soja junto com as espécies florestais, nós fomos gerando informações e aprendendo, tanto as coisas boas quanto os erros que a gente cometeu ou que a própria integração proporcionou aqui na URT. Nós fomos aprendendo e corrigindo, definindo quais seriam as melhores técnicas, a melhor espécie o melhor arranjo pra se implantar em áreas comerciais aqui da fazenda”, conta o gerente.

Apesar dos percalços, ele considera a experiência positiva. Tanto que chegou a expandir a área com ILPF na propriedade, adotando como modelo renques de linhas simples de eucalipto plantadas sobre curvas de nível.

Outra conclusão da experiência foi sobre o benefício do sombreamento para o bem-estar animal, principalmente de gado mestiço. Atualmente mudas de diferentes espécies vem sendo plantadas em beiras de cercas e nas áreas de lazer dos piquetes.

Segurança econômica

Além dos benefícios de ganhos de produção, melhoria da fertilidade do solo e redução de custos com fertilizantes, a ILPF também trouxe maior segurança para a Fazenda Brasil. Uma pesquisa realizada em parceria pela Embrapa, Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e Rede de Fomento ILPF, levando em consideração a configuração de ILPF com linhas triplas de eucalipto H13, mostrou que no período de 2010 a 2017 o sistema ILPF na fazenda Brasil apresentou maior capacidade de geração de receita, com valor presente líquido (VPL) de R$ 370,60 por hectare, enquanto o sistema mais comum na região, com a sucessão soja/milho gerou R$ 113,80.

O índice de lucratividade da ILPF também foi maior, com retorno de R$ 0,89 para cada R$ 1 investido, contra R$ 0,35 de retorno para a agricultura.

“Embora mais complexos e exigentes em termos de planejamento, a ILPF se mostra uma estratégia economicamente viável para a promoção de uma agropecuária de elevada produtividade com respeito ao meio ambiente”, analisa o pesquisador da Embrapa Júlio César dos Reis.

Os números foram calculados em 2015 com base na produtividade real da fazenda e com algumas extrapolações com projeções de preços de mercado. Mesmo que a desvalorização da madeira nos últimos anos tenha reduzido o potencial de lucro, a diversificação do sistema ainda garante maior equilíbrio nas receitas da propriedade, gerando segurança para o produtor.

Saiba mais sobre a avaliação econômica aqui

Gabriel Faria (mtb 15.624 MG JP)
Embrapa Agrossilvipastoril
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br
66 3211-4227

Colaboração: Vanessa Kienen

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Fazenda Barbosa | Brejo – MA – Junho/2017

Integração de forrageiras com a lavoura aumentou o teor de matéria orgânica na propriedade maranhense

 

 

O produtor Vítor Barbosa migrou da região centro-sul para a região Nordeste atraído pelo menor custo da terra. No entanto, ao mudar de local, ele encontrou condições de solo e clima totalmente diferentes daquelas nas quais estava acostumado a produzir. Com essa constatação, o seu conceito sobre produção e sustentabilidade teve que ser revisto, sob pena de inviabilizar a atividade agrícola.

A partir da segunda safra de soja, foi observada uma redução na produtividade, mesmo com a utilização de técnicas recomendadas, tais como calagem e adubação. Ele constatou, após realizar análises de solo, que a produtividade estava baixando em decorrência da diminuição da matéria orgânica no solo e procurava uma variedade de pasto que atendesse a essa necessidade. O produtor procurou a Embrapa e foi incentivado a implantar o ILP em sua propriedade.

“Descobri a ILPF no final de 2009. A gente já tinha sentido a necessidade de melhorar os níveis de matéria orgânica no solo, pois já tínhamos verificado que esse era o fator limitante para nossa produção. Participamos de um evento da Embrapa aqui na região e pedi uma indicação de uma variedade de capim que fornecesse uma quantidade de palhada, de matéria orgânica, melhor que o milheto, utilizado até então. Uns dias depois a equipe da Embrapa voltou nos apresentou o ILPF. Iniciamos, então, e de lá para cá só tivemos resultados positivos”, comenta Barbosa.

A parceria teve início no ano de 2010, em uma área com 10 hectares. Em 2011, após constatar que o sistema poderia render bons frutos na região, houve uma efetivação do sistema ILP na Fazenda Barbosa. Nesse ano, foi implantada a ILP em mais 48 hectares em rotação com a soja, seguido do uso da pastagem com bovinos na entressafra. Nos anos seguintes, a área foi ampliada para 55 hectares, em 2012, e para 80 hectares, em 2013. Para o produtor, o uso da tecnologia representou a viabilização da agricultura no clima tropical. 

“A ILP se apresentou como uma alternativa para melhorar nossa produção”, ressalta.

Na propriedade, a maior parte da produção é de soja, mas nas aberturas de área planta-se arroz e nos anos sucessivos, é plantada soja sobre soja até que a terra apresente sinais de exaustão.

“Nesse momento, fazemos uma rotação com milho e braquiária que dá uma renovada significativa no solo. Quando medimos, constatamos um incremento de produtividade de 12 sacas por hectare onde fizemos a rotação. Assim que tiramos o milho, colocamos os animais para pastar e temos obtido excelentes resultados”, explica. 

Unidade de Referência Tecnológica em ILPF – Fazenda Barbosa – Brejo – MA

Eugênia Ribeiro (MTb 1091/PI) 
Embrapa Meio-Norte 
meio-norte.imprensa@embrapa.br 
Telefone: 86 – 3198-0641

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Agropecuária Santa Luzia | São Raimundo das Mangabeiras – MA – Maio/2017

Agropecuária Santa Luzia começou com uma experiência de 10 ha e hoje adota integração lavoura-pecuária em quase 6 mil ha

 

 

Na Agropecuária Santa Luzia, em São Raimundo das Mangabeiras, Maranhão, a produtividade, na década de 90 era, em média, de 40 a 42 sacas de soja, e de 90 a 100 sacas de milho por hectare. Com a implantação do ILPF, há 11 anos, as médias aumentaram para cerca de 60 sacas de soja e 160 sacas de milho por hectare.

A fazenda se tornou, após dez safras, referência em ILP e ILPF na região, adotando uma estratégia de produção com um plano de rotação e de ocupação intensiva dos seus 5.950 ha. Assim, no período das chuvas, realiza a 1ª safra com soja e milho+forrageiras, ficando o restante da área com pastagem permanente, eucalipto, acácia mangium e a Área de Preservação Permanente (APP). Após a colheita da soja, faz a safrinha com milho+forrageiras na área da primeira janela de plantio; sorgo granífero e feijão comum ou feijão-caupi na área da segunda janela de plantio e milheto e Braquiária ruziziensis em sobressemeadura da soja da última janela de plantio, completando o uso da área na entressafra com terminação de bois na pastagem oriunda do consórcio, além do eucalipto, acácia mangium e a Área de Proteção Permanente (APP).

“Ao longo dos anos observou-se um incremento de 130% da produção, considerando-se a 1ª safra e safrinha, em comparação com o que era produzido antes de ser validado e utilizado o ILP na fazenda, sem contar os rendimentos do componente florestal”, explica o pesquisador da Embrapa Marcos Teixeira, coordenador do projeto de transferência de tecnologia em ILPF na região do Matopiba.

Segundo o proprietário da Agropecuária Santa Luzia, Oswaldo Massao, a realidade da propriedade foi completamente alterada após a inserção da Integração Lavoura Pecuária Floresta. Ele relata que de quando iniciou o negócio, na década de 90, até o ano de 2004, quando aderiu à ILPF, era tudo bem diferente.

“A Integração Lavoura Pecuária foi o divisor de águas. O incremento na produção foi fantástico. Nós buscamos algo novo para melhorar a nossa produtividade. Começamos com dois hectares e hoje estamos com ILPF na fazenda inteira, nos 6 mil hectares.  Hoje praticamente fazemos três safras, uma de soja, uma de milho, milho safrinha com braquiárias e bovinos. Em um ano temos um aproveitamento de 100% ou mais do solo”, destaca.

Massao ressalta que o incremento na produtividade e redimento também aumentou bastante, principalmente na pecuária, que antes era de subsistência e hoje dispõe de pecuária de cria, recria e de corte.

“A ILPF é uma tecnologia que deve ser usada em todo o cerrado. Quem não usa está perdendo, pois o incremento na produção de grãos e carne é muito grande. Para se ter uma ideia, na década de 90 o solo ficava exposto às intempéries. A gente plantava a soja e colhia e o solo ficava exposto e surgiam muitas ervas daninhas e pragas, hoje isso não acontece mais, pois aproveitamos toda a área, contribuindo para a melhoria nas condições do meio ambiente, pois com a palhada, evitamos a erosão causada pelas chuvas e aumentou muito o teor de matéria orgânica no solo, que passou de um percentual de 1,6 para  3,8 de matéria orgânica”, acrescenta.

 

Conheça mais sobre a Agropecuária Santa Luzia

 

Eugênia Ribeiro (MTb 1091/PI) 
Embrapa Meio-Norte 
meio-norte.imprensa@embrapa.br 
Telefone: 86 – 3198-0641

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