Fazenda Primavera

Fazenda Primavera é exemplo de caso de sucesso de sistema IPF na Bahia.

Walter Falcão Carvalho, é proprietário da Fazenda Primavera, em Teixeira de Freitas, na Bahia. Ele implantou o sistema Integração Pecuária Floresta (IPF), em 2016, considera um sucesso e já faz planos futuros.

Walter foi um dos pecuaristas que recebeu a visita dos técnicos da Rede ILPF e pesquisadores da Embrapa, durante a passagem da Caravana ILPF, pelos estados do Espírito Santo e Bahia, entre os dias 4 e 8 de abril.

A caravana ILPF tem entre as diversas atividades, visitas técnicas e científicas, com o objetivo de conhecer áreas de ILPF e levantar dados para futuros diagnósticos regionais.

A equipe da Caravana ILPF, composta por técnicos da Rede ILPF e cinco pesquisadores da Embrapa, além de vários representantes de empresas do segmento do agronegócio, desembarcou na fazenda Primavera para conhecer a propriedade.

A área foi adquirida pelo pai do senhor Walter em 1976 e já em 1977 a família começou a implantação do sistema Voisin de pecuária em rotacionado, vocação da fazenda, apesar de eles terem investido simultaneamente em silvicultura por 19 anos.

“Em 2014 foram colhidos 12 hectares de eucaliptos, deixando cerca de 20% das árvores e em 2016 começamos deixar as árvores e o capim,” explica Walter.

De acordo com o pecuarista, ele começou a testar o sistema Lavoura Pecuária Floresta (IPF), por conta própria para avaliar os resultados. Dos 750 hectares de área total, 250 deles foram destinados ao sistema IPF. 

“Desenvolvi uma área de piquetes pra baças de leite nessa área e já desde o início observamos o conforto das vacas, além de constatar que tanto a gramínea, quanto o eucalipto iam muito bem e aí resolvemos continuar investindo,” garante ele.

Walter pretende destinar a madeira para serraria, segundo ele o valor agregado é melhor do que para celulose. E a ideia é avançar ainda mais, futuramente pretende inserir a lavoura com o cultivo do milho.

“O sistema adotado pela Fazenda Primavera impressiona pela originalidade e protagonismo do seu design e condução. Os resultados apresentados impressionam e evidenciam que o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, nas suas mais variadas formas, é extremamente flexível e pode ser modelado facilmente segundo as características físicas locais, bem como com as necessidades e objetivos da fazenda promovendo aumento de eficiência e diversificação de renda, além de serviços ambientais,” acrescenta o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcelo Muller, um dos pesquisadores que fez parte da Caravana ILPF.

“Aumentar a produtividade em uma mesma área é muito bom, além de melhorar visivelmente o bem-estar dos animais. Eu gostei muto dos resultados e recomendo para quem pretende implantar,” finaliza o produtor.

Caravana ILPF

A caravana ILPF é uma expedição técnica e científica, realizada pela Rede ILPF e Embrapa, que vai percorrer 10 estados brasileiros entre 2022 e 2023 para difundir a ILPF no país. Fazem parte das atividades visitas técnicas e institucionais, dias de campo, mesas redondas e reuniões com diversos segmentos do agronegócio para levar informações e avançar em áreas de sistemas implantados no país.

ILPF

A ILPF é uma tecnologia de produção agropecuária com grande potencial de mitigação de emissões de gases de efeito estufa e sequestro de carbono pelo solo e biomassa, além de uma série de outros benefícios socioambientais e econômicos. A implementação dos sistemas ILPF variam de acordo com as características de cada região.

Metas

Segundo estimativas da Rede ILPF para a safra 2020/2021, a área ocupada com os sistemas ILPF no Brasil corresponde a 17,4 milhões de hectares. A Rede ILPF tem o propósito de ampliar essa área para 35 milhões de hectares até 2030, além de diversificar os sistemas de produção e aumentar a representatividade do componente florestal nesses sistemas. Dessa forma, a ILPF irá contribuir para o alcance das metas apresentadas pelo Brasil em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) ao Acordo de Paris durante a COP-21 e reforçadas pelo Programa ABC+ do MAPA e os compromissos assumidos na COP-26.

Sobre a REDE ILPF

A Associação Rede ILPF é formada e cofinanciada pelas empresas Bradesco, Cocamar, John Deere, Soesp, Syngenta e pela Embrapa e tem como propósito contribuir para o aumento da produtividade de forma sustentável no campo.

Fazenda Triqueda | Coronel Pacheco – MG – Junho/2020

Árvore ajuda a complementar renda da pecuária na Zona da Mata Mineira

Quando assumiu junto à sua mãe a fazenda Triqueda, em Coronel Pacheco (MG), no início dos anos 2.000, o administrador Leonardo Resende encontrou um cenário típico da região: pastagens pouco produtivas, com baixo uso de tecnologia e gerando baixa receita por hectare. A topografia montanhosa era um complicador para o manejo.

Terceira geração na família a na atividade rural, Leonardo sentiu a necessidade de aumentar a renda com a fazenda de pecuária de corte. Buscou auxílio na Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora (MG), que naquele momento iniciava trabalhos com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

“Dividimos a fazenda em quatro etapas de implementação de silvipastoril, para não ter que descartar o gado todo, nem ter que colocar cerca elétrica. A gente reduziu o rebanho e veio fazendo ¼ da fazenda por ano. Retiramos o gado e demos um tempo para o pasto dar uma ‘revitalizada’”, explica Leonardo.

A fazenda Triqueda tem 380 ha, sendo 100 ha de sistema silvipastoril e 100 ha de silvicultura, com diferentes materiais de eucalipto. O restante da propriedade é de reserva legal e área de preservação permanente.

Componente arbóreo

Devido ao relevo íngreme, todo o plantio foi feito manualmente, em nível. Nas áreas de integração, a organização se deu em renques de linhas duplas (3m x 2m) ou de linhas simples (3m de espaçamento). A distância entre renques foi de 15 metros em todas as áreas.

Para a implantação do sistema, Leonardo contou com apoio de pesquisadores da Embrapa. A assistência técnica oferecida pela siderúrgica ArcelorMittal, com quem fez parceria na área de eucalipto puro, contribuiu para o manejo das árvores e entendimento do mercado de madeira. Além disso, o produtor sempre buscou informações em instituições de pesquisa e universidades, como a Universidade Federal de Viçosa, por exemplo.

Desde o início, as projeções de rentabilidade eram promissoras. Porém, a crise no setor siderúrgico em Minas Gerais, após a quebra dos bancos americanos em 2008, fez com que os preços da lenha e da madeira fina despencassem na região, situação que perdura até os dias de hoje. Com isso, não só a previsão de receitas caiu, como a condução do sistema teve de ser alterada.

De acordo com Leonardo, os primeiros desbastes da área de silvicultura foram feitos ainda em um bom momento da siderurgia e a venda da madeira foi suficiente para pagar todo o investimento naquela área. Assim, as árvores que ficaram serão lucro. Já no sistema silvipastoril, a venda da madeira do desbaste foi suficiente apenas para pagar os custos daquelas árvores que foram retiradas. Além de uso como lenha, a madeira foi vendida em toretes (15<30 cm de diâmetro) para produção de embalagens, como paletes e caixas.

“Nós chegamos a vender toras com 42 cm de diâmetro (objetivo inicial do projeto), porém como a parte mais fina da árvore (<30 cm de diâmetro) esta desvalorizada em Minas Gerais, tivemos que aumentar o objetivo para 50 cm de diâmetro. Com isso vamos precisar de mais 3 ou 4 anos para que o retorno financeiro projetado no plantio seja alcançado”, explica Leonardo.

O manejo das árvores por mais tempo do que o planejado, além de atrasar a receita, aumenta a competitividade entre as plantas.

“Indo para um diâmetro de 40 cm, já começo a notar que 3 m entre plantas é um pouco justo. Eu tenderia a mexer nesse espaço entre plantas para diâmetros superiores. Essa madeira que a gente chama de maior valor agregado”, relata o produtor, que também observa maior vantagem nos renques de linhas simples em relação à linha dupla.

Leonardo ressalta, entretanto, que a definição de espaçamento e de croqui depende do objetivo de uso da árvore e do plano de comercialização.

Mesmo com as adversidades no mercado de eucalipto, as projeções de receita da fazenda ainda são superiores à média da região e à média da pecuária brasileira. De acordo com Leonardo, pesquisa realizada em seu mestrado, mostrou que a estimativa de renda por hectare é de R$ 1.100 por ano, mais do que o triplo da média nacional, que é de R$ 350 anuais (CEPEA BR); se aproximando da rentabilidade do milho e da soja (estrelas da agricultura brasileira).

“O Sistema Silvipastoril destinado a produção de árvores para serraria é uma ótima solução para a pecuária em áreas montanhosas, como a minha região. Pois, além de ser mais sustentável, aumenta a rentabilidade (R$/ha/ano) através de um investimento de baixo risco sobre o capital investido”, afirma Leonardo Resende. [GRF1] 

Pecuária de corte e benefícios ambientais

Além de gerar adição de renda, o sistema silvipastoril trouxe ganhos para a pecuária. As cerca de 100 a 120 cabeças da raça Brangus pastejam durante todo dia na sombra. No verão, isso ajuda a reduzir a temperatura. No inverno as árvores protegem do vento. Além disso, a menor evapotranspiração, mantém a umidade por mais tempo no solo, beneficiando as pastagens.

Os benefícios também são notados na melhor ciclagem de nutrientes, na dinâmica de água, preservação do solo e no aumento da diversidade biológica tanto na micro, quanto na macrofauna.

Esses temas foram alvo de estudos de Leonardo, que, apesar da formação de administrador, fez mestrado e doutorado em Conservação Ambiental e Desenvolvimento sustentável.

Um dos estudos levantou a pegada de carbono do sistema. Usando a metodologia de mensurar apenas o carbono fixado pelas raízes das árvores e comparando com a emissão de metano pelo gado, Leonardo afirma que 27 mil toneladas de carbono foram mitigadas na fazenda Triqueda ao longo de 14 anos.

Pecuária Neutra

O trabalho desenvolvido na Triqueda fez Leonardo Resende a se aproximar de outros produtores com iniciativas sustentáveis. Dali nasceu a selo Pecuária Neutra, que visa certificar fazendas conforme a pegada de carbono. De acordo com o produtor, a ideia inicial foi de ser um complemento à certificação RainForest que leva em conta aspectos sociais, ambientais e econômicos, mas não a questão do carbono.

A iniciativa hoje funciona como uma startup, oferecendo assistência técnica a propriedades que queriam se juntar ao grupo. Além do selo, o grupo trabalha com a pecuária regenerativa. Esta é uma metodologia de manejo de pastagens criada pelo ecologista Allan Savory, baseado em que muito dos impactos ambientais que se atribuem a pecuária a pasto estão mais relacionados a forma que o manejo é realizado do que a criação desses animais propriamente dita. A pecuária regenerativa parte da premissa que os herbívoros sempre existiram e que ocupam um importante papel no equilíbrio dos ecossistemas, que consiste em fazer a poda das pastagens aumentado a vitalidade de todo o sistema. Desde 2019 a fazenda Triqueda é um “Savory Hub”, um dos 30 centros de pesquisa e de transferência de conhecimento relacionados à pecuária regenerativa no mundo.

Todo o trabalho desenvolvido na fazenda fez com que a propriedade fosse listada em 2020 pela instituição internacional FoodTank – The think than for food entre as 28 propriedades de iniciativa mais sustentáveis do mundo.

 

Saiba mais sobre as tecnologias adotadas:

– Fazenda Triqueda

– Projeto Peuária Neutra e Regenerativa

– Silvopastoral management of beef cattle production for neutralizing the environmental impact of enteric methane emission

 

Crédito das fotos: Leonardo Resende 

Texto: Gabriel Faria (mtb 15.624/MG JP) 
Embrapa Agrossilvipastoril 
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br 
Telefone: 66 3211-4227

 

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Chácara das Gabirobas | Coronel Xavier Chaves – MG – Outubro/2017

Dedicação do produtor impulsionada por uma boa assistência técnica resultam em uma fazenda modelo no uso da ILPF na pecuária leiteira

 

 

Situada a dois quilômetros da cidade de Coronel Xavier Chaves, na mesorregião dos Campos das Vertentes, Centro Sul de Minas Gerais, a Chácara das Gabirobas é uma propriedade transformada pela correta aplicação dos preceitos da tecnologia de integração entre lavoura, pecuária e floresta. Em menos de 10 anos uma propriedade improdutiva, infestada de pragas e com solo degradado se tornou uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) em Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) em parceria com a Emater-MG, a Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG) e a prefeitura municipal.

A pequena fazenda pertence ao casal Vanderlei dos Reis Souza e Maura Juliana da Silva Souza. A pecuária leiteira é a atividade principal da propriedade. Além do casal, o pai de Vanderlei, João Ferreira de Souza, e as filhas Joyce e Maysa, de 17 e 15 anos respectivamente, ajudam nas tarefas da propriedade. As meninas com apuração e controle de dados. Hoje a Chácara das Gabirobas tem produção média anual de 238 litros de leite por dia, com um rebanho de 17 vacas, sendo 14 em lactação. Entre – janeiro de 2017 e outubro de 2017 cada litro de leite produzido teve um custo R$ 0,75 e foi vendido na média por R$1,05, com resultado positivo R$ 0,30 por litro considerando o Custo Operacional Efetivo. Até a três anos, o produtor tinha o rebanho três vezes maior, com o triplo da produção, mas realizou o replanejamento da atividade, visando maior disponibilidade de tempo para passar com a família, como viagens,  lazer e descanso.  O resultado, tanto antes como depois, é acima da média nacional. Outras atividades que contribuem para o aumento da renda da chácara incluem produção de madeira (eucalipto) e de queijo artesanal.

Mas nem sempre foi assim. Quando adquiriu a propriedade dos avós, em 2005, os 28 hectares da chácara eram um grande pasto degradado, totalmente improdutivo, infestado de formigas e cupins e sem qualquer benfeitoria. Onde hoje é a confortável casa da família, existia apenas um barranco. Foi quando Vanderlei procurou o escritório da Emater-MG em Coronel Xavier Chaves e tudo começou a mudar. A partir de 2008, a parceria com a Embrapa ajudou a transformar ainda mais o cenário da propriedade. A relação de confiança entre o representante da extensão rural, o produtor e os atores da pesquisa agropecuária foi o elemento fundamental para a transformação do sítio. A prefeitura municipal é consciente da importância da atividade leiteira para a região e também contribuiu.

Com apoio técnico da Emater-MG, a propriedade de Vanderlei foi incluída no programa Minas Sem Fome/Lavouras Comunitárias. Com a ajuda do financiamento do programa começaram as mudanças que transformariam a pequena e improdutiva chácara em um exemplo de propriedade familiar produtiva em menos de uma década. E tudo começou com o cultivo de feijão em sociedade com um produtor vizinho, o que ajudou a corrigir a acidez do solo.  O técnico da Emater que hoje acompanha a Chácara das Gabirobas, Leonardo Henrique Ferreira Calsavara, lembra que havia na propriedade um hectare de eucalipto, plantado pelo avô, mas sem qualquer técnica e desordenado. Vanderlei pensou eliminar completamente, mas o extensionista da Emater à época sugeriu que ele cortasse apenas algumas linhas centrais da espécie e deixasse outras. Por exemplo, a cada nove linhas cortadas, uma ficava. E assim foi se formando um pasto sombreado.

A partir de 2006, o leite entra em cena. A sociedade com o vizinho é desfeita por diferença de interesses, a amizade, no entanto, foi mantida e fortalecida. O período inicial da pecuária de leite na chácara foi difícil e repleto de desafios. E aí entram elementos fundamentais para que a relação entre produtor e extensão rural ganhe fluência e funcione na prática: a confiança e a perseverança. Calsavara recorda que Vanderlei procurava a Emater sempre que precisava ou queria fazer alguma intervenção na propriedade.

“Durante todo o processo, sempre dávamos feedback a ele, que por sua vez, nos passava dados e informações da produção. Isso aumentou sua confiança, a relação foi se estreitando”, relata.

O técnico da Emater ressalta a visão do produtor durante o processo inicial. 

“Ele enxergou o negócio. Viu na pecuária de leite com inovações tecnológicas e apoio a oportunidade de continuar no campo, aumentar a produção e rentabilidade, viver daquilo, ao invés de desistir de tudo e ser mais um a buscar o caminho da cidade e disputar uma vaga como empregado no concorrido e difícil mercado de trabalho”.

ILPF entra em cena

A partir de 2008, quando evidenciou-se que a melhor solução para a Chácara dos Gabirobas seria adotar um sistema de integração, a Embrapa Gado de Leite entrou em cena. A Emater-MG, por intermédio de Leonardo Calsavara, recorreu aos pesquisadores da Embrapa Gado de Leite para a implantação de um sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Desde então, vários pesquisadores contribuíram com seus trabalhos, estudos, sugestões e acompanhamento em perfeita harmonia com o produtor e o técnico.

“O grande segredo do sucesso do trabalho realizado na Chácara das Gabirobas foi o casamento da extensão com a pesquisa, somado ao interesse do produtor. Nesta propriedade estão envolvidos diversos níveis organizacionais: associações de produtores, apoio municipal, estadual e federal com crédito, programas e pesquisa, cada um atuando dentro da sua competência e o produtor gerenciando tudo,” atesta o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Sérgio Rustichelli Teixeira, que acompanha a parte de gerenciamento da propriedade desde 2012.

A Chácara das Gabirobas possui hoje seis hectares de reserva legal, um hectare para atividade silvipastoril (monocultivo), 14 hectares de ILPF, seis hectares para pastagens Brachiaria brizantha c.v. Marandu e 1,7 hecatres com benfeitorias. O rebanho é formado com gado mestiço 7/8 em sistema a base de pasto. Para alimentação na época seca é produzida silagem de milho com pastagem adubada. Há fornecimento de concentrados para todas as categorias do rebanho, de acordo com produção e necessidades, principalmente para vacas em lactação, vacas pré-parto e bezerros(as) em cria e recria. Os insumos são comprados na Itambé via associação de produtores. O transporte dos alimentos do vendedor até a propriedade é feito pelo fornecedor. Na chácara são usados dois veículos, um uno e um trator, este adquirido com crédito rural.

Em 2011 foram construídas instalações de ordenha com ampla discussão de projeto envolvendo práticas de manejo na propriedade e financiamento externo. O sistema de ordenha é mecânico com quatro conjuntos, com fosso e espinha de peixe, sem bezerro. A partir de maio de 2013 foi iniciada coleta de dados financeiros e técnicos de toda a propriedade utilizando planilha Excel, trabalho que é executado pelas filhas, Joyce e Maysa . Estes dados têm por objetivo auxiliar a administração da propriedade e servir de base para divulgação de seus resultados, para cursos, palestras e artigos sobre gerenciamento de propriedades leiteiras .

Começo difícil

Quem circula pelas áreas de produção da Chácara dos Gabirobas ou analisa seus impressionantes dados zootécnicos para uma propriedade de base familiar não imagina as dificuldades enfrentadas para se chegar ao nível alcançado nos dias de hoje. Calsavara é direto ao afirmar que os primeiros meses de implantação da pecuária leiteira foram muito complicados. Vanderlei estava deixando a produção de feijão que já lhe trazia algum rendimento, mas para inserir a atividade leiteira seriam necessários alguns investimentos iniciais e muita paciência e, ainda por cima, ele teria que dispor de alguns bens.

“Os investimentos para começar a produção demoram um pouco a trazer retorno, é um momento delicado, quando o produtor pode desistir de tudo, descartar o projeto”, pondera.

Quando se decidiu que a implantação de um sistema de integração seria o melhor caminho para desenvolver a propriedade foram necessárias generosas doses de paciência e dedicação. O extensionista recorda que seria o primeiro sistema em toda a região, existia desconfiança se daria certo. Calsavara adverte que a desconfiança natural do início e o baixo retorno podem levar a negligenciar algumas práticas importantes para o futuro do projeto, como a capina, por exemplo, o que pode comprometer o desenvolvimento se não for feito de forma adequada. O controle de formigas deve ser levado muito a sério e a adubação idem.

“Se tudo não for feito conforme orientado o resultado pode ser prejudicado, se transformar num ciclo vicioso e por tudo a perder”.

Rustichelli reforça a importância do contato direto entre os envolvidos, produtor, extensionista e pesquisadores. As orientações de cada procedimento ou etapa devem ser precisas e a cobrança não pode ser caracterizada como um obstáculo.

“Cobrar gera estresse entre as partes, por isso o relacionamento com o produtor deve primar pela confiança, para não intimidar cobranças e questionamentos, pois se no estágio inicial tudo não for feito corretamente, o futuro do projeto fica seriamente comprometido”, ensina o pesquisador.

Planejamento

Todas essas importantes medidas para a implantação de um sistema ILPF  dependem de planejamento, pois todo esse trabalho incide em mão de obra.

“Afinal, como controlar cada item, mais a ordenha, a reprodução e a sanidade do rebanho, os afazeres pessoais, o dia-a-dia da fazenda?”, questiona Rustichelli. E é o produtor quem dá a receita.

“Não há outro jeito, o negócio é acordar às quatro horas da manhã e ficar na lida até o sol se por”, simplifica Vanderlei.

Na Chácara dos Gabirobas só Vanderlei e o seu pai, João Ferreira, é que trabalham na área produtiva. Dona Maura cuida de outras tarefas do sítio e da casa e as meninas, além de estudarem, são responsáveis pelas anotações dos dados da propriedade. Na época do aumento do fornecimento de volumosos ou nos finais de semana quando o serviço aperta, Vanderlei contrata um ajudante da região, que trabalha em outras fazendas e conhece bem o trabalho.

A importância de seguir o planejamento estabelecido evita equívocos comprometedores, conforme exemplifica o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Alexandre Brighenti, que também participou do projeto de implantação de ILPF na chácara.

No primeiro ano, com todas as dificuldades citadas, Vanderlei trabalhou quatro hectares. No segundo, ele queria passar para 10, mas não seria possível.

“Afinal não havia mão de obra suficiente para cuidar de um espaço tão grande. Ele também teria que inviabilizar temporariamente mais 10 hectares na propriedade, dificultando a locação do seu rebanho e a produção de forragem para alimentar o gado. No total, ele teria que imobilizar 50% de sua propriedade, seria prejuízo na certa e o grande risco de desistir de tudo”.

Brighenti complementa que o processo tem que ser gradual, pois é preciso dividir a propriedade para implantar.

“O eucalipto tem que chegar a um determinado estágio para se colocar o gado no local”, exemplifica.

 Calsavara enfatiza que o sucesso da Chácara dos Gabirobas desmistifica a questão de que a pecuária de leite não dá retorno.

“Como se consegue isso? Só com muita dedicação e seriedade de cada parte e utilizando a tecnologia MM, mão na massa”, brinca Calsavara.

Da parte da extensão, Calsavara aponta o desejo do bem comum, o foco na família do produtor.

“Para todos crescerem juntos, a relação deve ser de total confiança, a conversa direta olho no olho, a criação do vínculo. Querer bem é uma das razões principais para o sucesso do empreendimento, não adianta focar só em rentabilidade e em produção se a família não vai bem. É o pensamento que se espera do profissional da extensão rural”.

Vanderlei faz questão de reconhecer o apoio de todos que recebeu durante cada etapa do processo, desde a reestruturação da propriedade até a implantação dos projetos.

“Aceitar esse desafio de fazer a pequena chácara funcionar e ser produtiva foi a grande decisão da minha vida. Trabalho no que é meu, consigo sustentar minha família com dignidade e estou muito satisfeito. Todos os sacrifícios valeram muito. Hoje as meninas estão recebendo boa educação e já pensam em fazer cursos em que podem aplicar os conhecimentos em nosso negócio, como Veterinária e Agronomia. Isso significa que todo o trabalho feito aqui terá continuidade e ainda vai melhorar por muitos anos”, declarou com sorriso no rosto.

 

 

Marcos La Falce
marcos.lafalce@embrapa.br
Embrapa Gado de Leite

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Sítio Ah Pashto | Rio de Janeiro – RJ – Agosto/2018

Sistema silvipastoril possibilita produção de leite, água de coco e lenha ao lado do mercado consumidor no Rio de Janeiro

 

A poucos metros da praia, cercado por condomínios residenciais no bairro do Recreio dos Bandeirantes, o pequeno sítio da família de Filippo Leta destoa completamente da paisagem urbana do Rio de Janeiro. Se não bastasse o fato inusitado de se manter mesmo com a valorização imobiliária da região, os 13 hectares são trabalhados de uma maneira intensificada e agroecológica, tendo a integração lavoura-pecuária-floresta como o grande alicerce.

Adquirido pelo avô quando migrou da Itália para o Brasil, o sítio já foi usado para a produção de hortaliças, de suínos, cabras, vacas, coco, entre outras culturas, sempre com a ideia do aproveitamento dos resíduos, do espaço e da integração entre as atividades.

Com a perda do avô, o jovem Filippo assumiu a condução do sítio que frequentava desde criança. O primeiro passo foi aprender sobre o fornecimento de alimento para o gado num sistema de produção baseado no pasto. Foi buscar no Zimbábue, na África, os ensinamentos que precisava. Aprendeu a metodologia de pastejo rotacionado preconizada pelo Instituto Savory, criado pelo ecologista Allan Savory.

“Usamos uma planilha e fazemos um planejamento do pastoreio dos animais, do movimento dos animais na terra. Um plano para época da seca e outro para a época das águas, respeitando sempre o tempo de descanso das plantas e a velocidade de crescimento delas, de acordo com a época do ano”, explica Filippo Leta.

Dessa forma, as 17 vacas Jersey que possui pastejam ao longo do ano por 25 piquetes, em uma área total de 8,3 hectares. Com base em mensuração diária da produção de matéria seca, o pastejo é feito em faixas delimitadas com cerca elétrica móvel dentro de cada piquete.  Com isso, os animais encontram sempre pastagem abundante, fazem um super pastejo e são levados para outra área. Dessa forma, só retornam à área pastejada semanas depois, dando tempo suficiente para recuperação da forrageira.

Filippo explica que a estratégia é uma mímica do que ocorre na natureza com os grandes rebanhos de herbívoros das savanas e pradarias. 

Entre as plantas forrageiras utilizadas no sítio estão a braquiária do brejo, o braquiarão e tifton. Além da pastagem, as vacas recebem 4 kg de concentrado à base de cevada por dia.

Em muitos dos piquetes os coqueiros plantados pelo avô garantem conforto térmico aos animais. Nos demais o próprio Filippo vem plantando linhas simples de eucalipto, acácia mangium, ingá, guapuruvu e, em alguns deles, novos coqueiros.  Além de gerar sombra e refresco para o gado no calor praiano do Rio de Janeiro, as árvores fornecem coco,  cuja água é envasada no próprio sítio e lenha, vendida em sacos pequenos no mercado local.

Porcos e cabras

O sítio tem como uma de suas principais atividades a produção de leite de cabra. Atualmente o rebanho conta com 70 cabras da raça Saanen. Os animais ficam em um capril também sombreado pelos coqueiros.

Com metade das cabras em lactação, a produção média diária é de 75 litros. Esta produção é transformada em queijo em um pequeno laticínio montado no sítio.

Outra fonte de renda é a venda de leitões caipiras. Mas os porcos não se limitam ao chiqueiro. As matrizes são usadas na ILPF como instrumentos para preparo de terra em piquetes que precisam ser recuperados.

“O porco entra como uma ferramenta de recuperação de pasto. Quando queremos replantar a forrageira, entramos com o porco funcionando realmente como um arado. Fazemos piquetes móveis com cerca elétrica, mantendo-os bem adensados. Eles vão fuçando, arando a terra, preparando, para depois entrarmos com a grade e plantarmos o pasto”, explica que já se prepara para também usar as galinhas poedeiras nesse processo.

Diversificação da produção

Buscando obter o melhor resultado em sua área, o produtor tem como uma de suas estratégias a diversificação da produção. Além disso, tem procurado agregar valor quando possível e trabalhar da melhor forma para aproveitar todos os recursos.

Uma das iniciativas foi criar a marca Ah Pashto para a água de coco e derivados de leite. A água de coco é envasada em uma agroindústria montada no sítio e vendida em uma rede de supermercados do Rio de Janeiro. Para aproveitar melhor a capacidade instalada, hoje além da produção própria, a fábrica compra coco de outros fornecedores.

O leite de vaca, após ser pasteurizado, é envasado no laticínio e vendido para consumo interno dos funcionários de uma rede de supermercados. Já o queijo feito com leite de cabra é vendido no comércio local, assim como os ovos, que são vendidos a granel.

A lenha de eucalipto que também é vendida pela família vem de outra propriedade no estado do Rio. Mas em breve também poderá ser obtida das árvores da ILPF.

Produção agroecológica e carbono neutro

Desde que assumiu a condução e operacionalização do sítio, Filippo deixou de utilizar qualquer tipo de agrotóxico na propriedade. De acordo com ele, o objetivo é o de encontrar soluções biológicas que tornem o sistema equilibrado e mais preparado para as adversidades.

“É claro que tivemos uma queda na produtividade logo nos primeiros anos, mas depois veio recuperando. Estamos tentando criar um sistema resiliente, com bastante matéria orgânica, para que as plantas sejam fortes o suficiente para poder conviver com essas pragas e sejam controladas biologicamente dentro do sistema”, afirma.

Dentre as estratégias para a maior resiliência do sistema, o aumento de matéria orgânica no solo é um dos pilares do trabalho. Além disso, a propriedade está ingressando no Projeto Pecuária Neutra, que visa mitigar as emissões de gases causadores de efeito estufa oriundos da fermentação entérica dos animais por meio da fixação de carbono pelas raízes das árvores usadas na ILPF.

Integração de pessoas

Atualmente o sítio conduzido por Filippo conta com 15 funcionários atuando tanto no campo quando nas agroindústrias. Todos eles jovens e cada um responsável por uma atividade no sistema produtivo.

“Precisa só de disposição e vontade. Eles estão dando conta do recado e estão mostrando que têm um trabalho digno e que a pecuária pode ser a solução. Não é só vilã. Faz parte de um sistema integrado de pessoas”, afirma o produtor.

Para ele o maior desafio em um sistema produtivo como o que tem adotado está nas pessoas.

“O maior desafio é mudar a cabeça, a consciência das pessoas de que esse é um sistema que pode funcionar e que a gente tem que ter a coragem de fazer. E também a capacitação das pessoas, para que elas entendam e olhem mais para o solo para poder aplicar esse tipo de manejo. O maior desafio não é a técnica ou o projeto em si, é trazer as pessoas para dentro do projeto”, avalia.

Nesse sentido, o produtor espera cada vez poder envolver mais pessoas, de modo a possibilitar maior aprendizagem sobre os sistemas integrados. Para isso, planeja formas de receber um maior número de visitas à sua propriedade.

“Não queremos ser demonstração de nada. Queremos ser uma área de aprendizagem, proporcionando a troca de experiências. E também incluir os jovens e crianças para que valorizem a agricultura e pecuária”, afirma.

 

Reportagem e fotos:

Gabriel Faria (mtb 15.624 MG JP) 
Embrapa Agrosilvipastoril 
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br 
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[zt_testimonial autoPlay=”yes” numSlides=”1″ paging=”yes” controls=”yes”][zt_testimonial_item bgColor=”#f6f6f6″ textColor=”#747474″ name=”Filippo Leta” company=”Proprietário do sítio Ah Pashto” borderRadius=”4″]”Estamos tentando criar um sistema resiliente, com bastante matéria orgânica, para que as plantas sejam fortes o suficiente para poder conviver com essas pragas e sejam controladas biologicamente dentro do sistema”[/zt_testimonial_item][/zt_testimonial]

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Fazenda Califórnia | Altonia – PR – Novembro/2016

Para o produtor Armando Gasparetto, que já reformou 100% da propriedade por meio da integração, a prática é solução para a pecuária

 

 

Localizada na região de Altonia-PR, a Fazenda Califórnia é mais uma propriedade que progride de forma significativa com a implantação da Prática de Integração Lavoura-Pecuária (ILP).

Para o coordenador de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) da Cocamar, Renato Watanabe, a maior vantagem dessa prática é a possibilidade de reforma das pastagens custeada pela soja.

“Essa operação, ao contrario da reforma tradicional, não revolve o solo, mas mantém cobertura durante todo o processo. Isso diminui muito a chance de ocorrer erosão na área. Desta forma, além de potencializar a produção pecuária existe uma valorização da propriedade”, explica Renato.

Procurado pelo técnico agrícola Eleandro Zanolli, que lá em 2008 começava um projeto particular com objetivo de testar a prática de ILP, o cooperado da Cocamar, Armando Gasparetto aceitou a proposta de mudanças na forma da produção rural, com perspectivas de melhoras. Desde aquele momento, tem tido grande progresso, tanto na produção agrícola quanto na pecuária.

“Foi a primeira propriedade que procurei. Esse cooperado é muito aberto para opiniões e quando mostrei a ele como era o projeto, tive aceitação imediata”, conta Zanolli, técnico agrícola responsável pela propriedade.

O cooperado conta que, depois de muitas conversas, decidiu arriscar e colocar em prática a integração. “Antes eu lidava só com a pecuária, mas o pasto não aguentava muitos animais. Ele [técnico responsável] me convenceu e eu decidi começar.”

Apesar do receio de início, Armando Gasparetto elogia os resultados da prática de ILP e não enxerga um futuro sem a integração lavoura-pecuária.

“Antigamente, quando falavam de reformar o pasto, já ficava preocupado. Hoje, acredito que sem a integração é impossível trabalhar. Essa prática foi a solução pra mim, indico e aconselho a todos que conheço”, declara o pecuarista.

O técnico responsável, Eleandro Zanolli explica que no primeiro ano de teste as melhoras começaram a aparecer, mas não tão intensas como agora. Para que os resultados chegassem aos índices atuais, foram necessárias algumas mudanças.

“Começamos plantando soja no verão e milho no inverno, os dois juntamente com a cultura de braquiária. Não tivemos muito sucesso no começo, devido ao clima e a altitude”, explica Zanolli.

Depois desse um ano de teste, o cultivo continuou apenas com a soja, capim e a criação de gado. O principal objetivo da mudança era o ganho de peso dos animais, resultando no maior número de abates ao ano. “Antes, os animais ganhavam peso no verão e perdiam no inverno. O produtor passava até dois anos sem realizar o abate”, conta o técnico agrícola.

A prática de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) possibilita a melhora do solo e do pasto, resultando no ganho de peso do gado em todas as estações do ano, já que mesmo no inverno o campo se mantém em bom estado.

Além de todas essas vantagens, o coordenador de ILPF da Cocamar, Renato Watanabe acredita que mesmo estando em um país de proporções continentais, a pressão pela preservação de áreas de mata por porte do mercado internacional é cada vez maior. 

“A ILPF permite intensificar a produção, e pode consolidar  nosso país como o principal produtor mundial de alimentos preservando nossas florestas.”

Dentre os resultados positivos, obtidos na Fazenda Califórnia, Armando Gasparetto presencia o ganho de peso diário do gado de 1,240 Kg, numa região onde a média diária é cerca de 250 g. O cooperado da Cocamar, que passava até dois anos sem abater animais, já fez três cortes só nesse ano e acredita em mais um até o fim de 2016. A meta para daqui a dois anos, é alcançar a média de um abate a cada 60 dias.

Ao longo dos 252 alqueires todo o solo já passou pela prática da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e 100% do terreno foi recuperado. As expectativas do técnico agrícola responsável, Eleandro Zanolli, são ainda maiores.

“O pecuarista precisa quebrar esse paradigma de que a soja vai prejudicar o gado. Um condiciona o outro, um depende do outro. Acredito que essa prática tem a tendência de aumentar cada vez mais.”

Lucros

Para a implantação da prática de integração é necessário investimento do produtor, seja com a correção do solo ou custo operacional com maquinário, entre outras necessidades. Entretanto, todo esse capital é revertido logo após o primeiro ano de integração.

Zanolli explica que após todos esses anos de trabalho na Fazenda Califórnia, atualmente toda a soja colhida é estocada em depósitos na Cocamar e vendida ao longo do tempo.

“Os ganhos com a soja mantém todos os gastos da propriedade, incluindo medicamentos e cultivo do solo. Já os resultados com o abate do gado são livres para o produtor.”

Mesmo com pouca experiência com a soja, no início da reforma, Armando Gasparetto enxerga a integração como solução para a realidade que vive.

“No começo fiquei muito receoso por aqui ser muito quente e pelo solo arenito. Com todo esse tempo de trabalho enxergo, hoje, que a solução do arenito é a integração. A agricultura e a pecuária precisam se integrar”, finaliza.

Mesmo sendo uma prática com mais complexidade para ser gerido, já que muitos processos acontecem ao mesmo tempo dentro da propriedade, o sucesso pode ser alcançado por meio de planejamento e contando com apoio competente e eficaz.

“A intensidade de operações que a agricultura exige também assusta os pecuaristas no inicio, porém rapidamente estas operações entram na rotina da fazenda e o agricultor. A Cocamar vem apoiando a parceria entre lavoreiros e pecuaristas, onde a soja fica por conta de agricultores profissionais que devolvem a pastagem reformada para o pecuarista desenvolver uma pecuária altamente produtiva”, finaliza Watanabe.

 

 

Amanda Gomes
Comunicação Organizacional – Cocamar

Comunicação Organizacional – CocamarAmanda Gomes
Comunicação Organizacional – Cocamar

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Fazendas HP e Flamboyant | Umuarama – PR Junho/2015

O agricultor Gerson Bortoli, do município de Umuarama, situado no noroeste do Paraná, descobriu que o plantio da mandioca pode melhorar o pasto e que a inserção do milho no sistema agrícola pode aumentar a produtividade da soja.

  

O agricultor Gerson Bortoli, do município de Umuarama, situado no noroeste do Paraná, descobriu que o plantio da mandioca pode melhorar o pasto e que a inserção do milho no sistema agrícola pode aumentar a produtividade da soja. Com o discurso de planejamento a longo prazo, o empresário, que trabalha com Integração Lavoura-Pecuária (ILP) há oito anos, acompanha as mudanças do mercado e aproveita as oportunidades que surgem. “Nessa fazenda fiz um manejo diferente no milho com a braquiária (capim) que fará diminuir de 8 a 10 sacas (60 kg) de milho por hectare, mas que vai me proporcionar um ganho de 10 a 15 sacas (60kg)  a mais de soja na mesma área, chegando a uma produtividade de 60 sacas por hectare”, argumenta Gerson, sabendo que o mercado para a soja encontra-se muito mais rentável. “Ainda consigo aproveitar o pasto para alimentar o gado antes de plantar a soja em setembro”, continua seu raciocínio ao saber que a arroba do boi também esta em alta no mercado.

Proprietário de duas fazendas nesta região (HP e Flamboyant) conhecida como arenito, local com baixo teor de argila no solo, Bortoli vem utilizando o plantio de mandioca como estratégia para recuperar 148 hectares de pastagem. “Tripliquei o número de bois por hectare após recuperar as pastagens com a mandioca”, afirma. Os números alcançados pelo agricultor são cinco vezes maior que a média nacional. Hoje ele consegue trabalhar, sem perder a produção do pasto, com 5 unidade/animais por hectare.

Como a mandioca pode influenciar no ganho de peso do gado e o milho aumentar a produtividade da soja?

A palavra integração responde a estas duas questões. A região do arenito, noroeste do Paraná, onde o produtor Gerson Bortoli trabalha, apresenta baixos teores de argila – inferiores a 10% – altos teores de areia e níveis muito baixos de fósforo, potássio, cálcio, magnésio, matéria orgânica e também uma alta suscetibilidade à erosão. A média da lotação das pastagens na região é de 1,2 unidade/animais por hectare. Na fazenda HP, localizada no município de Perobam (PR), produtor Bortoli consegue trabalhar com 5 unidade/animais por hectare.

“Ao plantar a mandioca nesses 148 hectares, o produtor integrou a lavoura a uma pastagem degradada, e fez com que aumentasse a disponibilidade de nutrientes e diminuísse o risco de erosão do solo”, afirma o pesquisador da Embrapa, Julio Franchini. Esta integração fez com que a produção de pastagem após a colheita da mandioca aumentasse sua capacidade de alimentar o gado. Hoje o ganho de peso por animal na fazenda HP é de 800 a 1000 gramas  de peso vivo por animal/dia, o dobro do resultado obtido antes da recuperação de pastagem com a mandioca.

A recuperação da pastagem degradada com a mandioca foi complementada com uma boa condução a partir de adubação e inserção de nutrientes, porém em menor quantidade se comparada antes da integração. “Custa muito menos manter do que recuperar”, ressalta Gerson.

Além da questão da argila e outros nutrientes, a região apresenta altas temperaturas, o que aumenta o consumo de água pelas plantas. Em algumas medições em áreas sem cobertura das plantas, foram constatadas temperaturas de até 65 graus no solo. “O déficit hídrico é o principal fator que diminui a produtividade, principalmente associado com altas temperaturas nas fases de florescimento e enchimento dos grãos na soja”, explica  Franchini. Ao plantar o capim junto com o milho, o produtor proporciona a cobertura do solo, diminuição da temperatura do local, evita a erosão, incorpora nutrientes e aumenta a produtividade da soja. “Podemos estimar que as pastagens em sistema integrado na região aportam, em média, 400 kg de carbono por hectare na forma de matéria orgânica no solo e aumentam a conservação da água, além de reduzir a temperatura na superfície”, acrescenta o pesquisador.

A produtividade da soja no Paraná na safra 2013/2014 foi de 2.950kg (49 sacas) por hectare. Nesta mesma safra, Gerson Bortoli produziu 3.420 kg (57 sacas) por hectare na Fazenda Flamboyant, localizada no município de Umuarama (PR).  Para a safra 2014/2015, o produtor projeta aumentar ainda mais sua produtividade. “O tempo colaborou, acertamos na variedade, foi uma bela produção e com as técnicas implantadas temos obtido bastante êxito”, finaliza.

Vídeo – História de Sucesso ILPF – Fazenda Flamboyant

Vídeo História de Sucesso ILPF – Fazenda HP

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Sítio Nelson Guerreiro | Brotas – SP – Agosto/2018

Sítio diversifica fonte de renda com implantação de ILPF

  

Da monocultura para a diversificação. Até 2011, o sítio Nelson Guerreiro, localizado em Brotas, interior de São Paulo, tinha como única fonte de renda a laranja. Com a crise da citricultura, iniciada em 2005, os proprietários começaram a enfrentar problemas.   

Maria Fernanda Guerreiro e Luiz Fernando da Silva sentiram necessidade de diversificar as atividades do sítio para evitar mais prejuízos.

Com apoio da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), em 2011, os produtores adotaram o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em 45,9 hectares da área da fazenda.

Além de uma alternativa sustentável, o novo modelo produtivo implantado no sítio conciliou diversas atividades econômicas que envolveram agricultura, floresta e pecuária em uma mesma área.

Enquanto as árvores cresciam, foi cultivado milho e pastagem. Segundo Maria Fernanda, o retono dos animais variou de acordo com a área integrada.

“Em algumas os animais entraram após um ano do plantio dos eucaliptos, outras um pouco mais tarde. Ainda, tivemos áreas em que os animais não deixaram de entrar”, explicou.

Na propriedade, que antes era basicamente plantação de laranja, hoje predomina a diversificação. São plantados grãos, cana, eucalipto, pasto e citrus. Todos os produtos são beneficiados na própria fazenda e comercializados diretamente pelos pecuaristas.

São produzidos e vendidos fubá, lenha, carne e laranja.

“Conseguimos agregar valor à produção e comercializar nossas mercadorias sem atravessadores”, conta Luiz Fernando.

Conheça mais sobre esta experiência no vídeo abaixo:

ILPF no Sítio Nelson Guerreiro

Gisele Rosso (MTB 3089/PR) 
Embrapa Pecuária Sudeste 
 
Telefone: (16) 3411 5625

 

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