Sementes Cometa | Chiapetta – RS – Novembro/2020

Desde a fundação na década de 60, a propriedade da família Kudiess trabalha de forma integrada com lavoura de grãos e pecuária em Chiapetta, no Rio Grande do Sul. Nos anos 2000, os irmãos Manfred e Ruben Kudiess passaram a atuar no mercado de sementes, como primeiros multiplicadores do trigo de duplo propósito, com cultivares desenvolvidas pela Embrapa destinadas ao pastejo dos animais com posterior colheita de grãos. O uso da tecnologia exigiu a profissionalização para trabalhar com sistemas integrados, com a atualização constante dos conhecimentos diante da necessidade de validar o produto para os clientes da Sementes Cometa.

Após quase 20 anos trabalhando com integração lavoura-pecuária (ILP), o produtor Ruben Kudiess decidiu apostar também no componente florestal e, em 2019, destinou 54 hectares para integrar lavoura de grãos com engorda de bovinos e produção de madeira. O sistema ILPF corresponde a 5% da propriedade e conta com 18 renques de árvores, cada renque com três fileiras de eucaliptos, totalizando 600 árvores por hectare. No primeiro ano, a integração iniciou no verão, com milho para grãos e engorda dos animais com pastagem perene de Aruana (espécie de Panicum maximum). No inverno, o produtor investiu em pastagem de trigo duplo propósito e trevo vesiculoso em sobressemeadura no Aruana.

“A ideia é utilizar a área com ILPF principalmente no verão, trazendo os animais para a pastagem com conforto térmico das árvores e liberando as outras áreas para a lavoura de soja. No inverno, vamos aproveitar a integração para produzir pasto, ajudando também a reduzir o vazio forrageiro nos meses de primavera e outono. É um planejamento que movimenta toda a propriedade”, conta Ruben Kudiess.

No total dos 54 hectares com ILPF, 14% da área foi destinada às árvores, cobrindo cerca de 8 ha. A aposta do produtor no eucalipto se deve ao maior conhecimento sobre o manejo da espécie e ao crescimento rápido da árvore. A partir do quinto ano, deverá começar o raleio com a extração de lenha, que deverá suprir parte do secador de grãos, com excedente para comercialização. O potencial de produção de lenha foi estimado em 80 m³/ha/ano, mas como a lenha representa menor valor agregado, grande parte das árvores serão manejadas visando qualidade na produção da madeira. “O principal desafio no componente florestal é o manejo, de forma a equilibrar a penetração da luz para o desenvolvimento das pastagens”, conta Kudiess, lembrando que o trabalho de raleio deve se intensificar entre o quarto e o quinto ano.

Entre as vantagens do sistema ILPF, Ruben Kudiess faz questão de destacar o bem estar-animal: “O gado gosta de SPA: Sombra, Pasto e Água. Em função do conforto térmico, estimo o aumento no ganho de peso dos animais entre 15 a 20%, melhorando também a conversão alimentar”.

O microclima criado pelas árvores favorece tanto o solo quanto os animais, protegendo das geadas no inverno e do sol no verão. “Com as árvores atuando como quebra-vento e sombra, a umidade do solo também deve melhorar, o que pode representar um aumento de até 60% no crescimento das pastagens, especialmente em anos de estiagem”, estima o produtor. Segundo ele, o benefício também pode ser observado no inverno, quando as árvores podem reduzir o impacto das geadas, garantindo a oferta de pastagens por mais tempo.

Conheça o trabalho de ILPF no vídeo com o produtor Ruben Kudiess:

 

Interação no aprendizado

O trabalho do produtor é acompanhado por uma equipe da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS). A base de conhecimentos é a Rede ILPF, que reúne profissionais das mais diversas especialidades com o objetivo de acelerar a adoção das tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta por produtores rurais visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira. “Cada propriedade tem particularidades de solo, clima, perfil de produção que exigem a adaptação dos conhecimentos sobre sistemas integrados. A participação ativa e até a ousadia do produtor são decisivos nesse processo de adoção do ILPF, já que não existe receita pronta, é experimentar e ajustar o que temos disponível para cada região de forma a atender as necessidades do produtor”, explica o pesquisador Renato Fontaneli.

Para o engenheiro agrônomo da Emater/RS, Ilvandro Barreto de Melo, as dificuldades do produtor em trabalhar com sistemas integrados também representam oportunidades de aumentar a renda: “Tiramos as árvores para a entrada das lavouras no RS na década de 1950, mas não abandonamos o gado. Agora precisamos recolocar as árvores, tanto por demanda legal quanto pela consciência dos benefícios do componente florestal para o sistema. Mas trabalhar de forma integrada aumenta os desafios no manejo. Não basta entender só de lavoura, ou só de árvores ou só de pastagens. É preciso ver a propriedade no todo, um sistema produtivo mais complexo, mas também com maior possibilidade de ganhos e maior estabilidade financeira, já que não depende de apenas um fator de produção”.

Impactos no solo

Uma das atividades de acompanhamento da pesquisa na área com ILPF na propriedade da família Kudiess busca avaliar possíveis alterações na qualidade do solo ao longo dos anos.

Definido como marco zero na implantação do sistema ILPF, em julho de 2020, foi realizada a amostragem em 12 trincheiras abertas no solo para coletas estratificadas de 5 em 5 cm até 40 cm de profundidade. As análises apontaram um solo já com boa qualidade, presumidamente em função da integração da lavoura com pecuária que já era realizada nesta área. “Observamos nas amostras bons índices para nutrientes importantes como potássio, cálcio, magnésio e fósforo”, conta o analista de transferência de tecnologias Marcelo Klein. As coletas deverão ser realizadas novamente no período de cinco anos para avaliar os atributos de fertilidade que sofreram alterações na área: “Acreditamos que os ácidos orgânicos gerados pelo esterco e pela urina dos animais serão capazes de neutralizar o alumínio tóxico do solo, aumentando a saturação de bases e dispensando correções com calagem. Vamos tentar confirmar esta hipótese com este experimento de ILPF nas condições de clima e solo do noroeste do Rio Grande do Sul”.

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Fazenda Librelotto | Boa Vista das Missões – RS – Julho/2016

Experiência do produtor Ivonei Librelotto com lavoura-pecuária tornou propriedade em Boa Vista das Missões, RS, referência em sistemas de produção de grãos e engorda de bovinos de corte no sul do país. A Fazenda Librelotto virou um modelo de produção com sustentabilidade ambiental, econômica e social.

 

O produtor Ivonei Librelotto é reconhecido entre os agropecuaristas do Rio Grande do Sul como referência na otimização do sistema de produção que integra lavoura (grãos de inverno e verão) com pecuária (forragens e gado de corte). Os resultados na produção agropecuária vêm do bom planejamento forrageiro, com oferta de alimento para o gado durante o ano todo.

A aproximação com a pesquisa aconteceu há mais de oito anos, quando pesquisadores da Embrapa Trigo aceitaram o convite para visitar a Fazenda Librelotto e conhecer os trabalhos desenvolvidos em ILP. O encontro motivou uma série de mudanças na propriedade, inclusive com cedência de áreas da propriedade para a condução de experimentos pela pesquisa, transformando o pecuarista também em produtor de sementes.

Hoje, os resultados alcançados pela ILP são apresentados uma vez por ano, durante um Dia de Campo que acontece desde 2007 e reúne cerca de 900 pessoas. Entre os números da propriedade que chamam a atenção estão o aumento da produtividade de grãos em 4 vezes e a produção de carne que aumentou em 8 vezes a partir de mudanças na dinâmica da propriedade, como o planejamento forrageiro e o investimento em genética.

 

 

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[zt_testimonial autoPlay=”yes” numSlides=”1″ paging=”yes” controls=”yes”][zt_testimonial_item bgColor=”#f6f6f6″ textColor=”#747474″ name=”Ivonei Librelotto” company=”A Fazenda Librelotto passou de pai para filho com foco na engorda de bovinos de corte. A inserção de grãos sempre esteve limitada à produção de soja no verão e forragens de inverno como aveia e azevém. Com os primeiros resultados de pesquisa, há cerca de seis anos a família passou a investir na rotação gramínea-leguminosa, incluindo o trigo e o milho no sistema de produção. Boa Vista das Missões – RS” borderRadius=”4″]”O sucesso em ILP depende tanto da escolha das cultivares, do manejo de plantas e animais, quanto da experiência do produtor. Conhecer e experimentar novas tecnologias é o caminho mais seguro para crescer”[/zt_testimonial_item][/zt_testimonial]

Marau – RS – Maio/2016

Com ILP, propriedade leiteira tem produtividade média duas vezes maior do que a média da região

 

A família Tessaro vive na comunidade de São Caetano, município de Marau, no Rio Grande do Sul. A mão-de-obra na produção de leite conta com o casal – Marcos e Juscélia – e o filho Higor, de 8 anos. São produzidos, em média, de 18 a 20 mil litros de leite por mês, entregues à cooperativa que atua no ramo. O plantel conta com cerca de 50 animais, sendo 29 vacas em lactação.

A propriedade abriga pastagens de sorgo e tifton no verão, e aveia no inverno. O sistema é igual à maioria das pequenas propriedades gaúchas, mas a diferença está na oferta regular de forragem para os animais. A rotação nos piquetes permite sobra de pastagens, com rebrote do sorgo junto com o crescimento da aveia, uma oferta de volume e qualidade para os animais que passam dia e noite sobre o pasto. Após cada ordenha, no total de duas por dia, os animais recebem suplementação de silagem de milho e feno, além do concentrado de ração. O resultado é a média de 23 litros de leite por vaca/dia, muito acima da média da região que está em 11 litros/dia.

“O equilíbrio na alimentação dos animais é fundamental, mas o investimento em leite a pasto garante o melhor retorno financeiro. Hoje nosso custo de produção representa 50% do preço pago pelo litro do leite”, afirma a produtora rural Juscélia Tessaro.

Antes e depois

O solo sempre coberto, principalmente no inverno, garantiu a recuperação da área de pastagens, que limita a propriedade a um relevo inclinado com tendência a escoar água da chuva causando erosão no terreno. Outras estratégias foram construção de terraços e semeadura em contorno.

O solo recuperado também ganha sementes certificadas ou salvas pelo produtor, além do investimento em adubação a cada pastejo. A irrigação de parte das pastagens também eliminou o risco de escassez de forragens no verão e ampliou a produção de milho para silagem.

Confira mais informações sobre a propriedade no programa Dia de Campo na TV

Texto:
Joseani Antunes (MTb 9396/RS) 
Embrapa Trigo
trigo.imprensa@embrapa.br
(54) 3316-5860 

 

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Fazenda Santa Cândida | Santa Vitória do Palmar – RS – Julho/2015

Fazenda adota ILPF e gera renda de maneira sustentável em área de preservação ambiental no Rio Grande do Sul

 

Fazenda Santa Cândida conta com 600 hectares, base para o cultivo de arroz irrigado e a engorda de gado. Está localizada em Santa Vitória do Palmar (RS), no entorno da Estação Ecológica do Taim, principal ecossistema de banhado do país, situada numa estreita faixa de terra entre o oceano Atlântico e a Lagoa Mirim, na região ao sul do Rio Grande do Sul.

 As ações do projeto ILPF iniciaram em 2012, com o objetivo de melhorar o manejo da propriedade, localizada na zona de amortecimento do Taim, sobre um solo frágil e com forte apelo ambiental.

“As tecnologias empregadas visam qualificar o solo, incorporando matéria orgânica e favorecendo a ciclagem de nutrientes com uso eficiente dos recursos naturais”, conta o pesquisador Jamir da Silva, da Embrapa Clima Temperado.

Dentro da proposta construída em conjunto com entidades ambientais, produtor e pesquisa, as áreas de arroz foram trocadas pelas pastagens. A rotação acontece da seguinte forma: dois anos de arroz, seguidos de quatro anos de pastagens ou pousio. O resultado para o produtor foi o melhor aproveitamento das pastagens de inverno com a regeneração natural na ressemeadura e o vigor do campo nativo nas áreas recuperadas.

“O melhor retorno é a eficiência no sistema de produção. Com o ILPF conseguimos provar que é possível produzir mais com sustentabilidade”, avalia o produtor Cláudio Roberto da Silva.

Condução da ILPF

Há três anos, a lavoura de arroz foi drenada para a implantação de pastagens, com a recuperação do solo através de calcário e adubação de base, além de leve gradagem. A seleção de espécies forrageiras privilegiou alternativas com boa capacidade de rebrote, como azevém, trevo branco e cornichão, que reduzem os gastos com sementes e garantem oferta de pasto. A estratégia permitiu antecipar o período de pastejo em mais de 60 dias.

O produtor trabalha o ciclo completo da pecuária, com cria, recria e terminação. Mas o que chamou mais a atenção foi o desempenho dos terneiros, onde as pastagens fizeram acelerar o ciclo dos animais.

“Hoje vendemos animais com 18 a 24 meses, enquanto antes saiam apenas com 24 a 36 meses. É um ganho significativo de eficiência no sistema”, avalia o produtor Cláudio Roberto da Silva.

Na Unidade Demonstrativa acompanhada pela Embrapa, o ganho de peso vivo chegou a 777 Kg/ha (quilos por hectare), enquanto a testemunha não manejada o retorno foi de 145 kg/ha.

“Estou orgulhoso em dizer que hoje a minha propriedade é economicamente mais rentável e focada na preservação ambiental”, afirma o produtor.

Dia de Campo no Taim aborda manejo de pastagens na integração Lavoura-pecuária | Programa Terra Sul

 

 

Joseani M. Antunes (MTb 9396/RS) 
Embrapa Trigo 
trigo.imprensa@embrapa.br 
Telefone: +55 (54) 3316-5860

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