Brasil tem 28 milhões de hectares de pastagens degradadas com potencial para expansão agrícola

Processos de conversão devem ocorrer com técnicas e práticas que favorecem a sustentabilidade, como sistemas de integração lavoura pecuária-floresta – Foto: Gabriel Faria

Estudo realizado pela Embrapa, publicado neste mês na revista internacional Land, indica a existência de aproximadamente 28 milhões de hectares de pastagens plantadas no Brasil com níveis de manipulação intermediários e severos que apresentam potencial para a implantação de culturas agrícolas. De acordo com o artigo, se considerar apenas o cultivo de grãos, esse montante representaria um aumento de cerca de 35% da área total plantada em relação à safra 2022/2023.

A representa um esforço para integração de diferentes bases de dados públicos e pode contribuir, com análises planejadas e deficiências, para orientar a tomada de decisão de setores das cadeias produtivas agrícolas e a elaboração de políticas para desenvolvimento sustentável, como o Plano de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (ABC+) e o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas, do Ministério da Agricultura e Pecuária.

De acordo com dados do Atlas das Pastagens, publicado pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) da Universidade Federal de Goiás (UFG), uma das bases de dados utilizadas, as pastagens brasileiras cobrem aproximadamente 177 milhões de hectares, dos quais aproximadamente 40% apresentam médio vigor vegetativo e sinais de manipulação, enquanto 20% apresentam baixo vigor vegetativo, entendida como manipulação severa. São áreas que apresentam uma redução na capacidade de suporte à produção e na produtividade.

O trabalho conduzido pela Embrapa fez o cruzamento dessas informações a respeito da qualidade das pastagens com dados sobre a potencialidade agrícola natural das terras, produzida pelo IBGE. Foram considerados dois níveis de manipulação das pastagens, diversos e divertidos, e duas classes de potencialidade agrícola, boa e muito boa.

Como resultado, foram mapeados aproximadamente 10,5 milhões de hectares de pastagens com condição severa de manipulação e 17,5 milhões de hectares com condição dinâmica que apresentam potencial bom ou muito bom para a conversão para agricultura. Entre os estados que tiveram as maiores áreas, dentro destes parâmetros, estão o Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

Nesta análise do potencial de expansão agrícola foram restauradas áreas consideradas especiais, como terras indígenas, unidades de conservação, assentamentos rurais e comunidades quilombolas, e também aquelas áreas indicadas pelo Ministério do Meio Ambiente como de alta prioridade para conservação da biodiversidade. “Buscamos mapear as possibilidades de expansão agrícola a partir de análises geoespaciais relacionadas a áreas que minimizam a pressão sobre os recursos naturais e sejam implantadas sob bases sustentáveis”, explica um dos autores do artigo, o pesquisador da Embrapa Agricultura Digital Édson Bolfe . O trabalho também contemplou dados sobre o acesso à infraestrutura rural e sobre o clima, com informações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) .

Os autores ressaltam que os processos de substituição da pastagem degradada por culturas agrícolas devem ocorrer em consonância com a legislação ambiental e a partir da aplicação de técnicas e práticas que favorecem a produtividade e a sustentabilidade, como por exemplo o plantio direto, sistemas de integração laboral-pecuária- floresta e agroflorestas. “A metodologia e as bases de informações geradas também podem orientar projetos para a própria recuperação e melhoria do vigor das pastagens já utilizadas para a pecuária”, destaca Edson Sano , pesquisador da Embrapa Cerrados que também assina o artigo.

O estudo “Potencial de expansão agrícola em pastagens degradadas no Brasil com base em bancos de dados geoespaciais” foi realizado por equipe multidisciplinar das Unidades Embrapa Agricultura Digital , Embrapa Cerrados e Embrapa Meio Ambiente , e recebeu o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal. Os resultados disponíveis no Redape – Repositório de Dados de Pesquisa da Embrapa e podem ser utilizados em análises para estados e municípios. Assinam o artigo Édson Bolfe , Daniel Victoria , Edson Sano , Gustavo Bayma , Silvia Massruhá e Aryeverton de Oliveira .

Infraestrutura e risco climático

Além de identificar e quantificar o potencial de conversão das pastagens para a agricultura, o estudo integra dados da infraestrutura rural já existente, como a presença de armazéns e o acesso a rodovias estaduais e federais num raio de 20 a 100 km. As análises mostram, por exemplo, que cerca de 54% das áreas de pastagem encontram-se a uma distância de até 20 km de armazéns e 89% delas de até 20 km de rodovias. “São informações adicionais que indicam as condições de infraestrutura fáceis para dar suporte à possível expansão agrícola e podem ajudar, por exemplo, priorizar ações e direcionar investimentos por parte de agentes públicos e privados”, avalia Édson Bolfe.

O estudo da Embrapa também recentemente as informações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) , que tem escala municipal e utiliza parâmetros de clima, solo e ciclos de cultivares para indicar qual cultura plantar, onde e quando. Adotado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária para orientar as políticas de crédito e segurança rural, o Zarc permite identificar as janelas de plantio em que há menor chance de frustração de safra devido a eventos climáticos adversos, cobrindo mais de 40 culturas agrícolas.

O artigo selecionou como exemplo três municípios: Guia Lopes da Laguna (MS), São Miguel Arcanjo (SP) e Ingaí (MG). Neles, o Zarc possibilitou identificar possibilidades de substituição da pastagem degradada por culturas anuais como feijão, arroz, sorgo, girassol, algodão, milho, soja, aveia, trigo, sistema integrado com milho e pasto, além de algumas culturas perenes. Os três municípios fazem parte do projeto Semear Digital, financiado pela Fapesp, que visa o desenvolvimento de ações para promover a agricultura digital entre pequenos e médios produtores rurais.

Segundo Bolfe, há espaço para evoluir na análise do potencial de expansão agrícola a partir das bases já organizadas, integrando bancos de dados regionais, validações de campo e informações sociais e de previsões econômicas e financeiras. “Em termos metodológicos, também é possível seguir aprimorando o mapeamento da qualidade das pastagens, integrando imagens de diferentes satélites e considerando as características das pastagens e sua capacidade de suporte, que varia em cada região do País”.

***Redação Portal Sou Agro

(Com Graziella Galinari (MTb 3863/PR)
Embrapa Agricultura Digital Embrapa)

SustentAgro promove eventos técnico-científicos para incentivar a sustentabilidade na cadeia da soja, em Goiás.

O Programa SustentAgro, em parceria com o IF Goiano Campus Iporá e o Sindicato Rural de Iporá, anunciam:


EVENTOS TÉCNICOS-CIENTÍFICOS PARA O FORTALECIMENTO E INCENTIVO DA ADOÇÃO DE SISTEMAS DE ILPF NA CADEIA SUSTENTÁVEL DA SOJA EM IPORÁ-GO E REGIÃO.


A Rede ILPF, com o apoio do Land Innovation Fund, promove o programa SustentAgro, um programa de inovação e incentivo à adoção de sistemas de Integração Lavoura-PecuáriaFloresta (ILPF) na cadeia sustentável de produção da soja.

O objetivo é fomentar a ILPF como estratégia de sustentabilidade rural, integrando diversos sistemas de produção na mesma área para aumento da produtividade, sustentabilidade e rentabilidade na cadeia sustentável da soja.


Este programa oferece incentivos técnicos e financeiros, acompanhados de capacitação especializada para seus diferentes públicos e convida todos os interessados para participação deste evento técnico-científico, visando o fortalecimento e incentivo na adoção do sistema ILPF na cadeia sustentável da soja.


O evento acontecerá na URT (Unidade de Referência Tecnológica) do Campus do Instituto Federal Goiano, Campus Iporá. E contará com a participação de professores do próprio Instituto Federal Goiano, assim como profissionais da Embrapa.


Dentre os temas relacionados a produção de forragens e grãos no sistema ILPF, serão abordados outros temas também muito importantes como a produção de carne sustentável, CCN (Carne Carbono Neutro) e sequestro de carbono no solo.


A Fazenda Escola do Instituto Federal Goiano – Campus Iporá, desempenha um papel central como um hub de ensino, pesquisa e extensão, onde são conduzidas diversas pesquisas, dentre elas a pesquisa voltada para integração de sistemas de produção agropecuária.


No sistema ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) do Campus de Iporá são realizadas pesquisas onde optou-se pela introdução de quatro componentes florestais: duas espécies nativas (Angico e Baru) e duas exóticas (Eucaliptos). Neste projeto, o espaçamento entre renques simples é de 10 metros.


Nos primeiros quatro anos do projeto de ILPF do Campus Iporá, esses componentes florestais foram estrategicamente distribuídos em dois sistemas de cultivo distintos. Um adotou o consórcio de milho com capim para a produção de silagem e pastejo na entressafra, enquanto o outro optou pela soja sobressemeada com capim para pastejo na entressafra.


Essa abordagem incorporou duas culturas, uma gramínea (milho) e uma leguminosa (soja).
Enquanto o capim foi plantado durante a safra juntamente com o milho em um sistema no outro foi semeado somente após a colheita da soja. Essa variação estratégica possibilitou a produção de biomassas distintas, refletindo em resultados diversos devido às condições agrícolas e outros fatores.


Para os anos cinco e seis de cultivo, a escolha foi pelo girassol, consorciado com pasto desde o início da safra para a produção de silagem e pastejo durante a entressafra. Já no sétimo ano, está planejado o cultivo de feijão na safra e cucurbitáceas na entressafra (safrinha).


Conhecida como UEPE do Campus de Iporá, esta unidade é parte integrante do macroprojeto do IF Goiano e do projeto institucional de ILPF. A UEPE não se restringe ao campus, estendendose por uma rede de unidades nos campi do IF Goiano em todo o estado de Goiás, incluindo


Morrinhos, Rio Verde, Hidrolândia e Iporá, além de unidades externas localizadas em propriedades privadas. O IF Goiano colabora ativamente nessas instalações, conduzindo pesquisas, orientando estágios de cursos técnicos e de graduação, projetos de iniciação científica, mestrados e teses de doutorado. A instituição também oferece especializações na área de produção integrada, como a Pós-Graduação em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária.


Confira abaixo a programação detalhada dos eventos:


Diálogo Produtivo – 06/02/2024
Dia de Campo – 07/02/2024


Eventos Gratuitos – Vagas Limitadas!
Os interessados em participar destes eventos podem se inscrever por este link:

Para obter mais informações sobre o Projeto SustentAgro e a Rede ILPF, acesse o site oficial do projeto em https://redeilpf.org.br/land-innovation-fund/


Estes eventos são uma oportunidade única para agricultores, acadêmicos e profissionais do setor se atualizarem sobre agropecuária sustentável, iniciando ou aperfeiçoando seus conhecimentos sobre os temas.


Venha descobrir as inovações que estão moldando o futuro da produção de alimentos em Goiás. Contamos com a sua participação!

Participe do Concurso de Jornalismo 2024! As inscrições ficarão abertas entre 1 de fevereiro e 3 de março.

Estamos na quarta edição do Concurso de Jornalismo da Rede ILPF. Este ano o tema será “Sistemas ILPF: solução sustentável para a recuperação de áreas com baixa produtividade”.

O prêmio de terá cinco categorias: reportagens escritas, em áudio, vídeo, além de uma específica para veículos estrangeiros e uma outra para profissionais das instituições associadas à Rede ILPF.

Sobre ILPF

A integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma estratégia de produção que integra diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades. E oferece diversos benefícios sociais, ambientais e econômicos.

As diferentes combinações dos sistemas integrados de produção representam, atualmente, cerca de 17,4 milhões de hectares cultivados no Brasil. Da safra 2015/2016 até a safra 2020/2021 houve um aumento estimado de 52% nas áreas de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).

Entre as diversas vantagens da técnica, estão os benefícios para a recuperação dos pastos. Segundo a Embrapa dos 190 milhões de hectares de área de pastagem do Brasil, cerca 90 de milhões de hectares apresentam algum tipo de degradação.

A ILPF busca otimizar o uso da terra, elevando os patamares de produtividade, diversificando a produção e gerando produtos de qualidade. Com isso reduz a pressão sobre a abertura de novas áreas e mitiga gases de efeito estufa.

Edital e inscrições:

Poderão ser inscritas reportagens veiculadas a partir de março de 2023 e que não tenham sido inscritas nas edições anteriores.

Veja o edital completo no nosso site e participe.

Rede ILPF participará do painel sobre segurança alimentar e agricultura de baixo carbono durante a COP28, em Dubai.

A Rede ILPF estará presente na 28ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas (COP-28), que este ano será realizada nos Emirados Árabes, entre 30 de novembro e 12
de dezembro.

A Conferência reúne todos os países-membros da ONU para debater estratégias para conter o aquecimento
global – cujo máximo aceitável, de acordo com o Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), é de 1,5º C até 2050, em relação às temperaturas registradas na era pré-industrial. A proposta é
discutir os desafios impostos pelas mudanças do clima, e neste contexto o setor agropecuário tem papel
relevante neste momento de transição.

Participação Rede ILPF
A participação da Associação Rede ILPF será durante o painel promovido pela Apex e mediado pela
Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), no dia 10 de dezembro entre às 15h e 16h15 no Pavilhão
Brasil.

Com o tema “A Nova Agricultura de baixo Carbono: Recuperação de pastagens degradadas e aumento de
produtividade”, a Rede ILPF e Associadas irão discutir estratégias colaborativas para a recuperação de áreas
degradadas e a promoção de práticas agrícolas sustentáveis.


Serão apresentados exemplos bem-sucedidos de ILPF e programas que envolvem parcerias entre diferentes
setores, como empresas, organizações da sociedade civil, governos e comunidades locais, além de da
importância de instrumentos financeiros para alavancar as boas práticas no Agro.
Participarão do debate: Silvia Massruhá – Presidente da Embrapa; Isabel Ferreira – Diretora
Executiva da Rede ILPF; Grazielle Parenti -VP of Business Sustainability LATAM Syngenta; – a
mediação será de Giuliano Alves, representando a Abag.


Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)


Na pecuária, o Brasil tem 159 milhões de hectares de pastos, que produzem carne e leite, sem necessidade
de ampliação de espaço para aumentar a produção.
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), tecnologia agropecuária desenvolvida pela Embrapa é uma
das alternativas. A ILPF mitiga a emissão de gases de efeito estufa, impede abertura de novas áreas, promove
maios conforto animal, aumenta a produtividade e diversifica a lavoura.
Atualmente 66% do território nacional está coberto com vegetação nativa. Além disso, as áreas plantadas ou
destinadas à pecuária podem ser otimizadas, ganhando produtividade, por meio de técnicas como plantio
direto, uso de bioinsumos e fixação biológica de nitrogênio, por exemplo.
O país tem cerca de 17,4 milhões de hectares com sistemas de Integração. A Rede ILPF tem a meta de elevar
este número para 35 milhões de hectares até 2030.

Dados:
De acordo com Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig),
atualmente o Brasil tem 159 Mi ha de área de pastagens, 90 Mi há em algum estágio de
degradação. A vegetação nativa ocupa 66% do território brasileiro; 30% destinam-se a produção
agropecuária; 224 milhões de cabeça de gado em 2021 segundo o IBGE.
Produtores Rurais preservam e são ambientalmente responsáveis pela vegetação nativa.
A vegetação nativa das propriedades rurais representa 33,2% do território brasileiro; 282,85
milhões de hectares preservados estão dentro das fazendas.

Com menos emissões, sistema integrado de produção agrícola avança em todo o País.

Técnicas sustentáveis melhoram a qualidade do solo, ampliam diversidade da área e aumentam a produtividade

Enquanto o mundo se assombra com os eventos climáticos extremos que pautam os debates da COP-28, a 28.ª Conferência de Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), em Dubai, nos Emirados Árabes, o Brasil vai fazendo sua lição de casa. Cada vez mais agropecuaristas brasileiros estão adotando sistemas de produção integrados com lavouras, gado e árvores.

Além de recuperar áreas degradadas, a integração permite que grãos, carne e leite sejam produzidos com menos emissões de gases de efeito estufa, ou seja, com uma pegada de carbono menor, o que é bom para o clima. É a agropecuária sustentável não só do portão para dentro, mas também de baixo para cima. Os vários modelos de sistemas integrados melhoram a qualidade do solo, ampliam a diversidade da área, aumentam a produtividade das lavouras, das pastagens e dos animais e, de quebra, produzem maior conforto térmico, preservando a saúde do gado e o ambiente.

“Os sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta representam um dos grande trunfos para melhorar o desempenho da agropecuária nacional pelo ponto de vista econômico e ambiental”, afirma o pesquisador Bruno Alves, da Embrapa Agrobiologia e coordenador da Câmara Temática de Carbono, um dos braços da Rede Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

A Rede ILPF foi formada em 2012 por um grupo de empresas capitaneadas pela Embrapa para acelerar a adoção das tecnologias de sistemas integrados pelos produtores. “A possibilidade de melhorar a fertilidade do solo com a combinação lavoura-pastagem faz com que a produtividade aumente. Em consequência, o material vegetal que retirou carbono da atmosfera se acumula no solo como matéria orgânica. É o que se conhece por sequestro de carbono”, explicou Alves.

Fazenda Esperança, do produtor Invaldo Weis e localizada em Sinop-MT, adota o sistema integrado de produção conhecido pela sigla ILPF lavoura, pecuária e floresta. Ele tem produção de soja, gado e plantação de eucalipto Foto: FABIO VINICIUS PLETKA / ESTADÃO

Baixa pegada de carbono logo será condição básica para garantir exportações para a Europa e outros países, segundo ele. “Esses efeitos de redução de emissões de gases são ainda mais fortes em sistemas que incluem árvores, as quais, ao produzir sombra, permitem maior conforto para os animais em dias de sol intenso. Esses benefícios são percebidos pelos agricultores que, aos poucos, vão adotando essa forma de produzir”, disse. A Rede catalisa o processo por meio de treinamentos, dias de campo e apoio às Caravanas ILPF realizadas pela Embrapa em todas as regiões do País.

A conversão da agropecuária tradicional para a sustentável avança a passos largos. A meta estipulada pelo Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+) em 2009 era aumentar em 4 milhões de hectares a área com ILPF em todo o País em 2020. De 5,51 milhões de hectares em 2010, o sistema avançou para 11,47 milhões de hectares em 2015, superando a meta em quase 50%. Dali para 2021, houve outro salto ainda maior para 17,5 milhões de hectares, segundo dados da Rede.

Caminho longo

A ratificação do Acordo de Paris sobre as mudanças do clima pelo governo brasileiro, em 2016, adicionou à meta do plano mais 5 milhões de hectares com sistema ILPF. Assim, o País deve alcançar 35 milhões de hectares sob esse manejo até 2030. Ao chegar a esse patamar, com estas e outras práticas sustentáveis na agropecuária, o Brasil pode evitar a emissão de 1 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera na próxima década, segundo estimativa da Embrapa.

Há, ainda, um longo caminho a percorrer. Conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária, o Brasil tem cerca de 350 milhões de hectares ocupados pela agropecuária. Se a meta para 2030 for cumprida, até lá, apenas 10% dessa imensidão de pastos e lavouras estarão com algum sistema integrado. Hoje, 83% da área manejada utilizam a integração apenas de lavoura e pecuária, enquanto 9% são de lavoura-pecuária-floresta, 7% de pecuária-floresta e 1% de lavoura-floresta.

Conforme a Rede, os Estados mais avançados em áreas com sistemas integrados são Mato Grosso do Sul (3,1 milhões de hectares), Mato Grosso (2,9 milhões), Rio Grande do Sul (2,2 milhões), Goiás e Distrito Federal (1,4 milhão) e São Paulo (1,3 milhão).

Nos principais mercados mundiais, o “boi de capim” do Brasil vem substituindo a “carne de ração” dos países onde o sistema de confinamento predomina. O problema é a baixa produtividade das pastagens brasileiras: estima-se que 90 milhões de hectares sejam de pastos degradados. É uma situação que vem de muitas décadas atrás, segundo o presidente do Conselho de Administração da Cocamar, Luiz Lourenço, que é também um dos fundadores da Rede ILPF. “No Paraná, o solo era muito bom, era uma região de floresta que depois passou para o algodão, o café e a pastagem. Era tanto pasto e tão alto que encobria o gado.”

O problema é que o criador da época não se preocupava com a correção de solo e, ano após ano, a terra foi se exaurindo. “Foi um desastre completo, (o solo) empobreceu ao ponto de não produzir mais nada. Lá pelos anos de 1992 e 1993 tivemos um monte de invasões de terras no Paraná e muitos produtores plantaram soja de qualquer jeito nessas áreas só para se livrar das invasões”, lembra. Foi quando Lourenço, à frente da Cocamar, começou a trabalhar o sistema de integração lavoura-pecuária.

Ele lembra que, na época, a Embrapa também tinha essa preocupação e fazia trabalhos parecidos em Minas Gerais e Goiás. “Aí fizemos a Rede, que hoje reúne um monte de gente graúda para ajudar a disseminar a técnica para o Brasil inteiro. E continuamos fazendo isso na Cocamar. A ordem é ajudar o produtor a fazer essa virada”, disse Lourenço.

Matéria Estadão

Por José Maria Tomazela

 

Embrapa Pecuária Sudeste página criada dedicada aos sistemas ILPF para facilitar o acesso de detalhes ao conteúdo

A Embrapa Pecuária Sudeste disponibilizou uma página com todas as informações do centro de pesquisa sobre sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). No ambiente virtual, os usuários encontrarão artigos científicos, agenda de eventos, vídeos, notícias e outros materiais digitais para técnicos e produtores.

A estratégia reuniu todas as informações da Embrapa Pecuária Sudeste sobre o assunto em um só lugar. A página deve facilitar o acesso das pessoas que buscam orientações, recomendações técnicas e resultados de pesquisas relacionadas a sistemas integrados. “A ideia foi ter um espaço para agrupar todo o conteúdo produzido pela equipe de pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste que atua com esse tema. Assim, as pessoas interessadas nesse assunto podem acessar de maneira fácil todo esse repositório sobre ILPF”, destacou o pesquisador José Ricardo Pezzopane.

As informações irão contribuir para a divulgação dessa tecnologia mais sustentável de produção agropecuária e, dessa forma, ampliar a adoção de sistemas integrados no país. A ILPF deve chegar a 35 milhões de hectares até 2030 no Brasil, com grande potencial para combater as mudanças climáticas que afetam o planeta.

A Embrapa estuda os modelos integrados como forma de produção de carne e leite de forma sustentável, sem necessidade de mais área, com bem-estar animal, conservação do meio ambiente, diversificação de atividades agropecuárias e redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE).

Acesse a página aqui .

Gisele Rosso (MTE 3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste

perguntas da imprensa
pecuaria-sudeste.imprensa@embrapa.br
Número de telefone: (16) 3411-5625

Projeto SustentAgro começa as atividades em Goiás com dia de campo em Assentamento Rural.

O dia de campo no Assentamento Rural Carlos Marigella, em Itaberaí – GO, inaugurou as atividades do Projeto SustentAgro. Pesquisadores da Embrapa, Unidades  Florestas, Soja e Arroz e Feijão, vão trabalhar junto ao Projeto e participaram do evento.

Representantes das famílias cadastradas no Projeto e agricultores do Assentamento, estavam no dia de campo, que foi uma das diversas atividades previstas pelo SustentAgro que tem o objetivo impulsionar sustentabilidade e aumento da produtividade na região.

No assentamento a produção de milho, arroz, hortaliças e leite é vendida na cidade e distribuída para dois programas da rede municipal.

O evento começou com as falas dos parceiros do SustentAgro, para que os agricultores conhecessem todos os envolvidos no trabalho e entendessem as etapas do Projeto.

Na área onde o projeto será implantado os agricultores familiares receberam informações, tiraram dúvidas e presenciaram uma coleta para análise de solo, com a pesquisadora Beata Madari.

“Temos uma expectativa muito grande de aumentar nossa produção, esse projeto é tudo que a gente precisava e chegou na hora certa,” acrescentou Neto, trabalhador rural do assentamento.

Para a pesquisadora da Roselene Chaves, chefe adjunta do centro de pesquisa da Embrapa arroz e feijão, ações como essas além de fortalecer a agricultura familiar e facilitam o acesso da ciência e informação para núcleos menores.

Nilo Sander, coordenador do SustentAgro e especialista técnico da Rede ILPF, falou sobre o cronograma de execução das etapas na área do Assentamento e a importância do financiamento do Land Innovation Fund e apoio do Governo e parcerias para o desenvolvimento do Projeto.

No encerramento do dia de campo os trabalhadores rurais fizeram um plantio simbólico de mudas nativas do Cerrado.

Representantes da Coordenadoria de Desenvolvimento Agrário e da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás também estavam presentes.

SustentAgro

O Projeto é executado pela Rede ILPF com financiamento do Land Innovation Fund (LIF), e será desenvolvido em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, durante os próximos 18 meses, com o objetivo levar sustentabilidade para a cadeia produtiva da soja.

Rede ILPF e Associadas participam do XII Congresso Internacional de sistemas silvipastoris no Uruguai

Representantes da Rede ILPF, Embrapa e Suzano estão no Uruguai participando do XII Congresso Internacional de Sistemas.

O evento que tem como tema principal ‘Rumo a diversificação sustentável’, teve palestras técnicas, apresentação de trabalhos científicos e visitas à campo.

O evento visa gerar um espaço para um intercâmbio de conhecimentos envolvendo os principais avanços desses sistemas produtivos, nas áreas econômico-produtiva, ambiental e social, com a presença das principais referências e pesquisadores internacionais.

O público-alvo é o setor acadêmico nacional e internacional ligado aos sistemas silvipastoris, estudantes de graduação e pós-graduação das áreas que compõem o tema e produtores e empresas que compõem a cadeia do setor agrícola e florestal.

O congresso também busca criar um fórum de debate que permita avançar em uma agenda de pesquisa e social que promova a melhoria das condições de vida dos produtores.

A Câmara de Carbono da Rede ILPF apresentou um trabalho científico intitulado ‘Avaliação da captura de carbono através de sistemas silvipastoris projetados para diferentes usos’ e encontramos valores altos de captura de carbono acima do solo (biomassa das árvores).

O resumo do congresso foi selecionado para publicação na edição especial da revista científica Agroforestry Systems e será mais uma contribuição da Rede ILPF e de sua Câmara de Carbono para a pesquisa de sistemas mais sustentáveis.

Dia de campo ILPF: Projeto SustentAgro começa as atividades em Goiás.

O Projeto SustentAgro e a Rede ILPF com o apoio da Cooperativa Agropecuária dos Produtores Rurais de Itaboraí COAPRI e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás (SEAPA/GO), farão o dia Dia de Campo dedicado à Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

O evento marcará o lançamento do Projeto SustentAgro, executado pela Rede ILPF, com o apoio do Land Innovation Fund (LIF). O Projeto será executado durante três anos nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e vai promover a sustentabilidade na cadeia produtiva da soja.

Programação:

Data: 07/11/2023
Horário: Das 8h30 às 14hLocal: Sede da Associação do Projeto de Assentamento Carlos Mariguela, em Itaberaí – GO

O Dia de Campo é uma iniciativa pioneira no estado de Goiás, cujo objetivo é promover a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como uma estratégia crucial para a sustentabilidade rural na cadeia produtiva da soja. Esta abordagem integrada visa aprimorar a eficiência produtiva, conservar recursos naturais e fortalecer o setor agrícola.

O evento oferecerá oportunidades para os participantes conhecerem de perto as práticas sustentáveis da ILPF e interagirem com especialistas e produtores que estão na vanguarda dessa abordagem. Os participantes terão acesso a informações valiosas, demonstrações práticas e a oportunidade de explorar como a ILPF pode ser aplicada em suas próprias operações.

Inscrições gratuitas:

As inscrições para o Dia de Campo já estão abertas e podem ser feitas aqui

Para obter mais informações sobre o Projeto SustentAgro e a Rede ILPF, acesse o site oficial do projeto em https://redeilpf.org.br/land-innovation-fund/

Esta é uma oportunidade única para se envolver com a agricultura sustentável e descobrir as inovações que estão moldando o futuro da produção de alimentos em Goiás. Esperamos contar com a sua participação neste evento enriquecedor.

Novo aplicativo permite fazer tour em realidade virtual por fazenda com ILPF

Um aplicativo de realidade virtual possibilita ao usuário fazer um tour, com o uso de um óculos, por fazendas que utilizam sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.

O aplicativo foi idealizado pelo jornalista da Embrapa Milho e Sorgo José Heitor Vasconcellos e desenvolvido em conjunto com o também jornalista da Embrapa Agrossilvipastoril, Gabriel Faria. Ambos atuam no projeto “Rede de comunicação estratégica e melhoria da divulgação de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF)”, financiado pela Associação Rede ILPF e na coordenação de comunicação do Portfólio ILPF.

A nova ferramenta teve sua pré-estreia em agosto, durante a Expoforest, maior feira do setor florestal da América Latina, na região de Ribeirão Preto, e já está sendo usada em vários eventos.

Tour virtual

Neste novo aplicativo, o usuário faz um tour virtual, em 360°, por duas fazendas. A bordo de um trator ele percorre lavoura e pastagem de uma fazenda com sistemas convencionais de cultivo e depois passa pela fazenda Novo Mundo, onde é feita a integração lavoura-pecuária (ILP) e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Em ambas as propriedades o percurso passa por dentro de trincheiras, onde é possível ver o comportamento das raízes, da infiltração de água e também a atividade microbiológica do solo. Esta última característica é vista por meio de imagens reais, captadas em microscópio.  A locução pode ser ouvida em português ou inglês. Versões em outros idiomas, como o espanhol, deverão ser desenvolvidas em breve.

“É uma experiência muito interessante, pois assim o público pode entender como funcionam sistemas de Integração, mesmo não estando numa fazenda com ILPF, acrescenta Felipe Martini”, gerente executivo da Rede ILPF.

Esta ferramenta é mais uma evolução dos trabalhos de comunicação da Embrapa, desenvolvidos para melhor divulgar e explicar os sistemas ILPF.

Anteriormente foram criadas duas versões em realidade aumentada, uma mais simples, com um cubo que pode ser visualizado pelo Instagram, e uma maquete virtual de ILPF.  Ambas podem ser acessadas aqui .

A partir da maquete em realidade aumentada foi feita uma versão para ser vista com óculos de realidade virtual em uma estrutura grande em forma de labirinto que era montada em eventos, como feiras, congressos e dias de campo.

De acordo com José Heitor Vasconcellos, o novo aplicativo, além de ser mais imersivo, tem a vantagem de ser mais
prático, não demandando uma infraestrutura cara e espaço para uso. Basta ter óculos da Meta com o aplicativo
instalado e uma cadeira.

Rede ILPF

A Associação Rede ILPF é uma parceria público privada formada pela Embrapa, Bradesco, Cocamar, John Deere, Minerva Foods, Soesp, Suzano, Timac Agro e Syngenta. Tem como objetivo acelerar a adoção de sistemas ILPF no país, por meio de financiamento de projetos de pesquisa para a Embrapa, transferência de tecnologia, capacitações, eventos, comunicação e execução de projetos de ILPF em diversas regiões produtoras do Brasil.

Fonte:
Embrapa Agrossilvipastoril
agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br