Caravana ILPF: Com arrendamento para lavoura, pecuarista recupera pastos no Vale do Araguaia

O pecuarista Carlos de Negri chegou à região de Canarana, no Vale do Araguaia em Mato Grosso, em 1989 para se dedicar à produção de gado de corte. Com o tempo a atividade extensiva exauriu seus pastos. Para reformar, seu Bariri, como é mais conhecido, viu que o
custo era muito elevado e o retorno demorado. Como não tinha maquinário para agricultura e nem o conhecimento técnico necessário, encontrou a solução por meio do arrendamento para lavoura de soja.

Naquela época a soja não era tão valorizada e o combinado que fez com o arrendatário era de que ele forneceria o calcário no primeiro ano e que receberia uma saca por hectare. Nos anos seguintes o pagamento cresceria gradualmente até chegar aos cinco e depois oito sacos.
“A agricultura veio para ajudar na reforma de pasto, pois não tinha condições de reformar “de pulo”, porque tudo que você põe, ainda não é bom. É bom, mas é pouco! A soja dá nitrogênio, arruma a terra…”, analisa seu Bariri.

O resultado com a melhora das pastagens foi tão interessante, que a área arrendada cresceu, chegando a quase metade da área produtiva da fazenda. Atualmente são 530 hectares arrendados para lavoura e cerca de 700 hectares que permanecem com pastagem o ano todo.

A propriedade conta ainda com cerca de 440 ha de vegetação nativa preservada. O valor recebido também aumentou. Atualmente está em dez sacas por hectare.

Parte da área arrendada é exclusiva da lavoura, cultivando soja na safra e milho na safrinha.
Em outra parte, o pecuarista compra as sementes de braquiária ruziziensis, que são semeadas pelo arrendatário e o gado pasteja durante o período seco. Em outubro a área é devolvida para o cultivo da soja.

Mudança na pecuária
A integração da pecuária com a lavoura por meio do arrendamento possibilitou uma série de mudanças na propriedade. Com a renda obtida, foi possível investir mais em calcário e adubo para as demais áreas de pastagem. A disponibilidade de alimento possibilitou a melhoria genética do rebanho. Com o bom manejo, tratamento dos bezerros com ração desde a desmama e fornecimento de silagem de milho para as vacas no auge da seca, hoje a fazenda sustenta um rebanho maior, em menor área.

“Hoje, passados mais de dez anos, começamos a fazer os sistemas integrados, rotacionando as áreas. De dois a três anos fica o capim, depois vem a lavoura. Isso possibilitou para a gente manter o rebanho que já tínhamos e ceder metade da área agricultável na fazenda para lavoura. E a lavoura, na época da seca deixa para nós a palhada e a resteva e, onde não é possível fazer a segunda safra de milho, coloca-se a braquiária”, explica o gerente de produção da fazenda Fábio José Marsando.

Com oferta de alimento até mesmo na seca, a fazenda ampliou a estação de monta para todo o ano, sempre por meio de touros Nelore Ceip, que passam até 90 dias com as vacas. Novilhas de 14 a 15 meses, com 270 kg, já estão ficando prenhas. Atualmente a fazenda tem feito seis lotes de terminação por ano.

Caravana ILPF

A Fazenda Bariri, em Canarana, foi um dos destinos da Caravana ILPF na Etapa Vale do Araguaia, realizada entre maio e junho de 2023. Participaram da caravana representantes da Rede ILPF e das instituições associadas. O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Flávio Wruck foi um dos participantes e destacou a relevância do trabalho feito na propriedade.
“Ele fez o consórcio de milho com braquiária após a soja para fazer silagem.

Colheu a silagem e agora vai para a terceira safra, que seria o boi de terceira safra aqui nesta resteva. Estamos falando de solos arenosos que precisam de aporte de matéria orgânica anualmente muito forte. Se quiser produzir soja em altos patamares nesse tipo de solo você tem que aportar muita matéria orgânica, muito carbono. E a integração vem com esse objetivo aqui”, analisa o pesquisador Flávio Wruck.

Minerva Foods é a primeira empresa do setor pecuário a fazer parte da Rede ILPF.

A Companhia é a primeira do setor pecuário a integrar a associação que promove a adoção da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) por produtores rurais como parte de um esforço visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira.

A Minerva Foods, líder em exportação de carne bovina na América do Sul e uma das maiores empresas na produção e comercialização de carne in natura e seus derivados na região, anuncia a entrada na Rede ILPF – Associação Público-Privada que tem como objetivo de acelerar uma ampla adoção das tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) por produtores rurais visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira.

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma das mais importantes práticas do Plano ABC para a mitigação e adaptação das mudanças climáticas. A ILPF associa os sistemas produtivos agrícola, pecuário e florestal, podendo ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, beneficiando mutuamente seus componentes.

A parceria é mais uma das iniciativas do Programa Renove da Minerva Foods, que visa promover o engajamento de produtores rurais na adoção de práticas sustentáveis no campo, como por exemplo a implementação da ILPF, que possibilitam o aumento de produtividade e renda, trazendo benefícios ao meio ambiente por meio da conservação da biodiversidade e da baixa emissão de carbono.

A Minerva Foods chega para representar a letra ‘P’ da ILPF, sendo a primeira empresa do segmento pecuário a fazer parte da Rede. Além da Companhia, atualmente à associação é composta pelas empresas Bradesco, Cocamar, John Deere, Soesp, Suzano, Syngenta e Embrapa.

Com essa aliança, a empresa busca fortalecer dois componentes essenciais para a atuação do Programa Renove. “Os pilares de capacitação e as parceiras técnicas são pontos fundamentais da nossa estratégia de fornecer os insumos necessários aos produtores rurais, para que possam avançar em sua agenda ESG. Estamos entusiasmados em contribuir com a nossa experiência e ajudar a fomentar ações em prol desse bem comum, que é o agronegócio cada vez mais sustentável”, explica Gracie Verde Selva, gerente executiva do Programa Renove.

Para Isabel Ferreira, Diretora Executiva da Rede ILPF, a parceria amplia as possibilidades de aumento de produtividade. “A pecuária é um importante pilar do agronegócio brasileiro. Acreditamos que com o apoio da Minerva Foods vamos conseguir capacitar e avançar em nossa meta de áreas com os sistemas ILPF, contribuindo para elevar a eficiência e fortalecendo toda a cadeia. Estamos confiantes nos bons frutos gerados a partir dessa colaboração”, salienta ela.

A Rede ILPF atua realizando capacitação e diagnósticos regionais de viabilidade para a implantação dos sistemas integrados pelo Brasil. Segundo suas estimativas para a safra 2020/2021, a área ocupada com os sistemas ILPF no país corresponde a 17,4 milhões de hectares, com o objetivo de ampliar essa área para 35 milhões de hectares até 2030. Também está em seu foco a diversificação dos sistemas de produção e aumento da representatividade do componente florestal nesses sistemas.

Sobre a Minerva Foods

A Minerva Foods é líder em exportação de carne bovina na América do Sul e atua também no segmento de industrializados, comercializando seus produtos para mais de 100 países. Além do Brasil, a Minerva Foods está presente no Paraguai, na Argentina, no Uruguai, na Colômbia, e possui plantas especializadas em ovinos na Austrália, somando mais de 23 mil colaboradores. A empresa atende a cinco continentes com carne bovina, ovina e seus derivados e opera, hoje, 32 unidades industriais, 12 escritórios internacionais e 14 centros de distribuição.

 

Rede ILPF  e GeoABC+ estão juntos no esforço de produzir dados sobre a expansão da ILPF no Brasil.

 A Associação Rede ILPF é uma parceria público-privada que agrega a Embrapa, cooperativas e grandes empresas do agro nacional com a missão de divulgar e fomentar a adoção dos sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Brasil. O GeoABC+, por sua vez, constitui uma iniciativa de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&DI), coordenada pela pesquisadora Margareth Simões da Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ), que visa desenvolver soluções tecnológicas para o monitoramento do sistemas de ILPF, a a partir da utilização de imagens de satélite, inteligência artificial e computação de alto desempenho nas nuvens, em apoio às políticas públicas setoriais, como o Plano ABC+ .

“No GeoABC, desenvolveu uma metodologia que foi aplicada com êxito para mapear os sistemas ILP no estado do Mato Grosso. Inclusive, atualizamos agora esse mapeamento, gerando uma década (2010/11 a 2020/21) de monitoramento da ILP no estado. No GeoABC+ estamos aprimorando esta metodologia, adaptando-a para detectar outros modais produtivos, sobretudo para aqueles que integram o elemento florestal (F), e expandindo a área mapeada para outros estados do Cerrado brasileiro. As soluções GeoABC+ permitirão monitorar com segurança a expansão dos sistemas integrados de produção agropecuária em todo o território nacional, gerando e disponibilizando indicadores das taxas de expansão e adoção do ILPF”, em benefício de todo o setor do agro”, afirma Margareth Simões.

Com objetivos convergentes, o GeoABC+ e a Rede ILPF estão se unindo por meio de uma cooperação na qual a Rede ILPF tem colaborado na obtenção de dados de campo e, por outro lado, o GeoABC+ vai fornecer para a Rede ILPF os mapas, estatísticas e indicadores sobre a expansão e adoção do ILPF no país. “Esses dados de campo são imprescindíveis para o treinamento dos algoritmos de aprendizado de máquina da metodologia GeoABC+, enfaticamente o pesquisador Patrick Kuchler da UERJ, membro da equipe.

Por este motivo, dando início à cooperação entre as duas iniciativas a equipe do GeoABC+ tem sido convidado pela Rede ILPF para participar das Caravanas ILPF, através das quais a equipe do projeto está percorrendo o campo, em diversas regiões do Brasil, para estabelecer, junto aos produtores, cooperativas, empresas e demais players que operam com o ILPF, uma rede colaborativa para a obtenção de dados de campo. O GeoABC+ contém esses dados de campo para adaptados a metodologia para todo o território nacional, considerando as diferenças regionais relacionadas ao clima, calendário agrícola e sistemas de produção. Desta forma, o objetivo é estabelecer um programa de monitoramento anual dos sistemas ILPF em escala nacional, divulgando os mapas e os indicadores na plataforma digital GeoABC+.

A cooperação entre as duas iniciativas se dá pela participação do GeoABC+ nas Câmaras Temáticas da Rede ILPF, uma vez que, os dados gerados pelo monitoramento da ILPF serão integrados à Câmara AgroDigital, assim como, subsidiarão, no âmbito da Câmara de Carbono, como esperados de balanço de carbono dos sistemas integrados. Essas câmaras, explica Fernanda Granja, coordenadora operacional desse projeto na Rede ILPF, foram instituídas com o propósito de se estabelecer grupos multidisciplinares de especialistas para discussão sobre novas tecnologias e inovações que podem potencializar a adoção, a obtenção de dados de expansão, e realizar o acompanhamento da produção de propriedades rurais que fazem uso da ILPF.

Com efeito, o GeoABC+ e a Rede ILPF estão trabalhando para estabelecer um termo de cooperação para a efetivação dessa parceria que, como enfatiza o pesquisador Rodrigo Ferraz, da Embrapa Solos, tem tudo para ser muito frutífera e duradoura. “Nós do GeoABC+ enxergamos um enorme sinergismo entre as nossas ações e os propósitos da Rede ILPF, que vem, aliás, realizando um trabalho exemplar de divulgação dos sistemas ILPF, rumo à edificação de uma agropecuária sustentável para o nosso país”.

De acordo com Felipe Martini, gerente técnico da Rede ILPF, o Brasil, até o momento, não contava com uma solução para gerar requisitos periódicos, precisas e atualizados sobre a ILPF no país. “O setor precisa desses dados. Nos perguntam todos os dias qual é a área atual ou qual é a taxa de expansão da ILPF no Brasil. O que eram apenas estimativas realizadas por pesquisas de campo com base em entrevistas. Portanto, o monitoramento da iLPF a partir das soluções tecnológicas geradas pelo GeoABC+ será de importância fundamental, não somente para atender as diversas aplicações da Rede, mas, beneficiará todo o setor. Não tenho dúvidas de que, com o GeoABC+ e a Rede ILPF, juntos neste objetivo comum, uma nova perspectiva se abre para a geração de dados sobre a adoção da ILPF em no Brasil”.

Por fim, lembra Margareth. “Somente com o uso de imagens de satélite e tecnologias avançadas de inteligência artificial e processamento de alto desempenho, podemos pensar em instituir um programa de monitoramento anual, com abrangência nacional, de sistemas complexos de produção agropecuária, como a ILPF”. A plataforma GeoABC+ permitirá ao usuário fazer análises em quaisquer intervalos de tempo ou territoriais de análise de interesse, como municípios, estados, microrregiões, bacias hidrográficas, etc. uso da terra no país”, finaliza a pesquisadora.

Carlos Dias (20.395 MTb RJ)
Embrapa Solos

perguntas da imprensa

Número de telefone: (21) 2179-4578

Caravana ILPF: Solo e clima desafiam produtor em Goiás

Quando o Grupo Volp adquiriu a fazenda Estrela do Araguaia, seus gestores já sabiam que as condições da região no município de Montes Claros de Goiás (GO) eram bem diferentes daquelas de Itaberaí (GO), onde possuem outra propriedade.

A baixa altitude, o solo arenoso, a irregularidade das chuvas e o calor do Vale do Araguaia demandariam aprendizado para viabilizar uma boa produção agrícola. No primeiro ano, a lavoura de soja ficou com estande baixo e muitas plantas morreram.

A alta temperatura do solo foi um dos principais fatores, sendo responsável por cozinhar as sementes em alguns casos. Foi então que o agrônomo responsável do grupo, Ayrton Silva Volp Júnior, começou a pesquisar sobre como melhorar a cobertura do solo. “Ouvia falar que era a palhada que podia nos ajudar. Pesquisando, vimos que as vantagens da integração lavoura-pecuária vão muito além da palhada. Tem a ciclagem de nutrientes, a possibilidade de fazer uma safrinha de gado. Torna a área mais rentável”, conta Ayrton Volp Júnior.

Na safra 2022/2023, pela primeira vez o grupo trabalhou com a integração lavoura-pecuária. Em cerca de 1.300 ha foi plantada soja na safra e capim na safrinha. Já em torno de 700 há foram cultivados com o consórcio de milho com braquiária visando a produção de silagem. Esta experiência desafiou o consenso na região de que milho não produzia ali devido à baixa altitude (300m) e às altas temperaturas.

Para garantir uma boa produção, a fazenda apostou em uma adubação nitrogenada mais forte no momento inicial da cultura. O crescimento do capim precisou ser controlado com herbicida para evitar a maior competição com o grão. A produção de silagem satisfez a expectativa, com volume mais do que suficiente para alimentar 10.000 bovinos em confinamento, em duas rodadas com 5 mil animais cada uma.

Além disso, reduzirá o custo de produção, uma vez que no ano anterior foi necessário buscar silagem a 200 km de distância. As forrageiras utilizadas no consórcio e na segunda safra nas áreas de soja foram as braquiárias ruziziensis e a BRS Zuri. O primeiro ano serviu de testes, uma vez que foram feitas três formas diferentes de semeadura do capim: semeadura na mesma linha do milho, na entrelinha e à lanço.

A semeadura na entrelinha se mostrou a melhor opção e a taxa de semeadura ainda precisa ser ajustada. “Estávamos acostumados com uma região com 800m de altitude, chuvas mais regulares e a gente veio para uma área baixa. A região aqui é excelente, estamos contentes aqui. Mas estamos aprendendo. Apanhamos um pouco e pretendemos apanhar menos agora nos próximos anos e, pelo que estamos vendo, vamos ter sucesso aqui”, prevê Ayrton. Para ele, o sucesso em uma região em que as chuvas são irregulares, com volume médio de 1.500m ao ano, as temperaturas são altas o ano todo e o solo varia entre 25% a 8% de argila, passa necessariamente pela integração lavoura-pecuária. “Depois dessa agregação da ILP, temos a intenção de ter uma média de soja acima de 70 sacos”, prevê.

Além da agricultura, a fazenda trabalha com a pecuária de corte com recria a pasto e terminação em confinamento. São utilizados animais com boa genética, das raças nelore, Aberdeen Angus e Brangus (Aberdeen Angus x Brahman). Cerca de 1.000 ha atualmente são de pastagens que ainda não entraram na integração lavoura-pecuária. A fazenda ainda possui Cerca de 1.600 ha preservados com vegetação nativa.

Quando adquirida pelo grupo Volp, a fazenda Estrela do Araguaia contava com pastagens em processo de degradação. Atualmente é uma das integrantes do projeto Reverte, desenvolvido pela Syngenta em parceria com a The Nature Conservancy (TNC), visando recuperar pastagens degradadas convertendo-as em áreas produtivas.

Caravana ILPF A Fazenda Estrela do Araguaia foi um dos destinos da Caravana ILPF – Etapa Vale do Araguaia, realizada pela Rede ILPF em maio de 2023. A propriedade recebeu uma visita técnica da qual participaram representantes das associadas da Rede ILPF e alguns convidados.

Gabriel Faria (MTB 15.624 MG) Jornalista Embrapa Agrossilvipastoril agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br

Caravana ILPF: Sistemas integrados na pequena propriedade Sítio Rosa de Saron em Barra do Garças.

Os frutos do Cerrado vêm garantindo o sustento da família de Selma Alves de Lima Souza há muitos anos. Desde que conseguiu seu lote de 17 hectares no Assentamento Serra Verde, em Barra do Garças (MT), ela decidiu que faria a coleta de baru, pequi, jatobá e outros em sua própria terra. Treze anos depois, colhe os frutos em um sistema agroflorestal (SAF) e em um sistema silvipastoril.

“Nós tínhamos as árvores nativas e entramos com frutíferas. Havia baru e nós fomos replantando. Fazíamos mudas e replantávamos. Eu colhia baru fora daqui. Então aprendi que era melhor eu colher dentro da minha propriedade”, relembra a produtora.

O baru é o carro chefe da propriedade. Além de gerar renda com a venda das castanhas ou da paçoca, durante a seca o fruto serve como nutriente e antibiótico natural para os animais. Os bovinos raspam a casca do fruto e depois jogam fora no pasto sem danificar a castanha, que segue protegida e isolada no interior da dura casca.

A árvore nativa do cerrado, conhecida também como cumaru ou champanhe, serve de sombra para o gado, melhorando o conforto térmico, e pode ser uma fonte de renda com a madeira, quando o corte é devidamente autorizado.

No Sítio Rosa de Saron, Selma busca aumentar a quantidade de árvores. Para isso, conta com importantes aliados no plantio de sementes. Parte dos frutos não é coletado, ficando para as cutias. Os pequenos roedores os escondem sob a terra para se alimentar posteriormente e muitas vezes não voltam para buscar e dali nasce uma nova árvore.

A integração entre lavoura e floresta também é feita na propriedade por meio do cultivo de café sombreado pela mata nativa. São 400 pés, de três espécies diferentes: catuaí, catucaí e conilon. A produção é toda beneficiada na propriedade e vendida para pessoas que vão até o local em busca do café e também de ovos caipira, peixes cultivados em dois tanques rede, frutos do cerrado, mel, hortaliças, mandioca, entre outros produtos oriundos da produção em sistema agroflorestal.

Líder comunitária e atuante na Rede de Mulheres do Cerrado, Selma e seu marido “Bodão” não medem esforços para buscar conhecimento para aplicar em sua pequena propriedade. Contam com assistência técnica da Empaer e abrem a porteira para as universidades de Barra do Garças e de Nova Xavantina desenvolverem atividades no sítio.

“Estou aqui por prazer e por amor. Sofri para chegar até aqui? Sofri. Mas foi em busca do que eu queria, que era ter meu espaço para produzir”, conta a produtora rural.

Em busca de sempre diversificar as fontes de receita no sítio, Selma investe agora no turismo rural. Está preparando sua propriedade para servir almoço para turistas que vão até o local para fazer trilha na Serra Verde. No cardápio está a produção local feita em sistemas agroflorestais e silvipastoris.

Caravana ILPF

O Sítio Rosa de Saron foi uma das propriedades visitadas pela Caravana ILPF, na etapa do Vale do Araguaia, realizada entre Goiás e Mato Grosso em maio de 2023.

 

Assista o vídeo aqui

Gabriel Faria (MTB 15.624 MG)

Embrapa Agrossilvipastoril

agrossilvipastoril.imprensa@embrapa.br

 

 

 

Caravana ILPF: Desafios climáticos aumentam potencial para a integração lavoura-pecuária no Vale do Araguaia.

O benefício e potencial de uso de sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP) na região do Vale do Araguaia, em Mato Grosso e Goiás, foi confirmado pelos integrantes da Caravana ILPF, que percorreram quase 2.000 km por dois estados nesta semana. Participaram da expedição profissionais da Associação Rede ILPF e especialistas das empresas associadas, entre eles, pesquisador da Embrapa.

Ao longo da semana o grupo visitou quatro propriedades rurais e uma área experimental, realizou um dia de campo, um painel de debates e um ciclo de palestras. Os compromissos permitirão a troca de informações e de experiências entre os membros da Caravana, produtores, técnicos e estudantes.

“Com Mato Grosso, a Caravana ILPF chegou a dez estados brasileiros. Esperamos continuar visitando regiões com potencial de uso da tecnologia, levando informações e trocando experiências. Em breve esperamos ter passado pelos 26 estados e pelo Distrito Federal. Quem sabe, até retornar por onde passamos para ver a evolução dos sistemas”, disse o coordenador da Caravana ILPF e pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcelo Dias Muller.

Antes desta etapa do Vale do Araguaia, a Caravana ILPF já havia passado pelo Espírito Santo, Bahia, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Maranhão, Piauí, Minas Gerais e Goiás. No segundo semestre deste ano serão realizadas mais duas etapas, sendo uma em São Paulo e outra no oeste do Maranhão e sul do Pará.

Vale do Araguaia

Durante o roteiro, o grupo pôde conhecer as características desafiadoras da região do Vale do Araguaia. Como as chuvas cessam mais cedo do que em outras regiões do Centro-Oeste, a janela de semeadura do milho na segunda safra é curta, inviabilizando o cultivo em toda a área. Além disso, a baixa altitude e as altas temperaturas limitam a produtividade do grão. Ao mesmo tempo, os solos arenosos demandam aumento de matéria orgânica para elevar a produtividade da soja na primeira safra.

A agricultura no Vale do Araguaia ainda é uma atividade recente e que ocorre na menor área do que a pecuária de corte. As lavouras estão entrando em substituição às pastagens de baixa produtividade ou em processo de degradação.

Nesse contexto, a integração de trabalho-pecuária se mostra como uma tecnologia interessante para diferentes tipos de situação. Além de viabilizar financeiramente a reforma das pastagens, o ILP possibilita a melhoria dos atributos do solo, com incremento da matéria orgânica e cobertura durante todo o ano.

Nas visitas técnicas realizadas os integrantes da Caravana viram diferentes estratégias. Na fazenda Estrela do Araguaia, em São Miguel de Goiás, o foco está na produção de soja, com a pastagem sendo semeada na sequência, visando aumentar matéria orgânica e formar palhada. A palhada deixada pelo capim contribui para baixar a temperatura do solo, que chega a cozinhar as sementes, quando exposta diretamente ao sol. Outra estratégia adotada é a produção de milho consorciado com braquiária na segunda safra, com a colheita de silagem para uso sem confinamento.

Já a fazenda Bariri, em Canarana, faz a ILP por meio do arrendamento para lavoura. Após a colheita da soja, é semeado o capim, onde o gado pasteja no período seco. Sistema semelhante, com soja na safra, seguido de semeadura de capim é feito na fazenda Água Viva, em Cocalinho. Em ambas as propriedades, os números de ganho de peso do rebanho são majorados pela pastagem de qualidade.

“A integração trouxe muito benefício porque só pasto não consegue romper. A lavoura vai criando palhada, deixando o resíduo do adubo e só me ajudou. Tenho um gado bom, que vem menos mineral. Então ficou bom e muito viável para mim. É uma solução sim para a região”, disse o produtor Carlos de Negri, mais conhecido como Bariri.

A Caravana ILPF também viu o uso de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em pequenas áreas. No Instituto Federal Goiano, em Iporá (GO), uma área experimental testa dois clones de eucalipto e duas espécies nativas: baru e angico. As pesquisas utilizam como componente agrícola soja, milho e consórcio de girassol com capim para produção de silagem. Já no Sítio Rosa de Saron, no Assentamento Serra Verde, em Barra do Garças, o grupo conheceu uma agricultora familiar que tem pastos sombreados com baru e faz uma integração de lavoura de café com árvores nativas.

estudantes

Além de atividades de campo com foco nos produtores e técnicos, a Caravana ILPF promoveu um ciclo de palestras na UFMT de Barra do Garças (MT) com foco em estudantes de graduação e de ensino técnico. O objetivo foi o de mostrar as oportunidades profissionais que os sistemas ILPF trazem para profissionais das Ciências Agrárias e de outras atividades à produção.

“Essas informações são extremamente importantes para os alunos. Trazer o dia-a-dia do produtor rural, os problemas e as novas ferramentas sempre enriquecendo a formação dos alunos. Eles estão com essa fome de aprender, ainda mais com essa tecnologia que apresenta baixo impacto ambiental. Isso enriquece a formação profissional deles”, disse o professor Sílvio Fávero, coordenador do curso de Agronomia da UFMT.

Parcerias

A Caravana ILPF Etapa Vale do Araguaia contorno, além das associadas da Rede ILPF (Bradesco, Cocamar, John Deere, Soesp, Suzano, Syngenta e Embrapa) com a participação da Liga do Araguaia, Empaer, The Nature Conservance (TNC), Aprosoja, UFMT, Unemat, IF Goiano e Primavera Máquinas.

Gabriel Faria (MTB 15.624 MG)
Embrapa Agrossilvipastoril

perguntas da imprensa
agrossilvipastoril,imprensa@embrapa.br

A Rede ILPF começa novo projeto nos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A Rede ILPF vai executar e desenvolver o “Programa de inovação e incentivo para adoção do sistemas Integrados de Lavoura-Pecuária-Floresta na cadeia sustentável da soja, com o recurso do Land Innovation Fund (LIF).

O projeto terá dois anos de execução e será desenvolvido em três estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O objetivo é promover a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), como estratégia de sustentabilidade rural, integrando diferentes sistemas de produção na mesma área, para maior produtividade na cadeia da soja, por meio de incentivos técnicos e financeiros, com capacitação especializada para diferentes stakeholders.

Entre as principais ações estão: Fomentar o desenvolvimento tecnológico inovador para a cadeia sustentável da soja; articular e incentivar a cooperações e parcerias públicas e privadas; realizar programas de treinamentos e capacitações; monitorar e compartilhar resultados da evolução do uso da terra e mitigação de GEE através de um sistema de integração de dados.
Além, da instalação de áreas de sistemas integrados em 18 unidades de disseminação de tecnologia (UDT) e 9 unidades de referência tecnológica (URT).

Em Dia de Campo, Mapa e Embrapa apresentam sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

A iniciativa, realizada durante a AgroBrasilia, mostra como a produção agropecuária pode ser intensificada de forma sustentável.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com a Embrapa Cerrados e a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa/DF), realizou nesta sexta-feira (26) o Dia de Campo de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O objetivo da ação foi apresentar aos produtores rurais, pesquisadores, extensionistas e estudantes como a produção agropecuária pode ser intensificada de forma sustentável.

Os participantes conheceram as vantagens e os desafios dos sistemas de ILPF, durante a programação que faz parte da AgroBrasília 2023. O Dia de Campo demonstra que os sistemas propostos permitem a utilização mais eficiente dos recursos naturais, reduzindo o impacto ambiental e aumentando a produtividade. É possível, ainda, com a utilização desses sistemas, integrar as atividades produtivas de forma sinérgica, com benefícios para a fertilidade do solo, balanço de carbono, controle de pragas e doenças, conservação de água e biodiversidade.

De acordo com o secretário substituto da SDI, Pedro Neto, dentre as tecnologias fomentadas pelo pelo Programa ABC+, o ILPF é uma das que possibilita melhores resultados em termos de ganhos de produtividade e eficiência na agropecuária. “A nossa meta é ampliar a adoção destes sistemas em 10 milhões de hectares até 2030. Nessa perspectiva, o Dia de Campo contribui para a divulgação do sistema de integração e da sensibilização para adoção por parte dos produtores rurais, uma vez que se constitui em um sistema ganha-ganha, que leva em conta os aspectos de sustentabilidade, produtividade e resiliência dos processos produtivos, dentro de uma abordagem integrada da paisagem”, explicou.

O produtor de leite Artur de Heitor Andrade, do município de Tabatinga,trabalha há 15 anos com a integração. Ele apontou as diferenças e benefícios observados após a utilização do programa. “Conseguimos aumentar muito a produção de alimentos para o rebanho. A lavoura corrige o solo, prepara a terra e, com isso, a produção melhora, além de baixar o custo do alimento para as vacas.” Em relação à preservação ambiental e à rentabilidade do negócio, completou: “a gente produz mais gastando menos, pois precisa de uma área menor. Isso traz lucro para a atividade e diminui o impacto no meio ambiente”.

O evento é patrocinado pela Rede ILPF, pela Associação Brasileira de Proteína Animal, e conta com o apoio do Programa Rural Sustentável Cerrado, da Associação Brasileira dos Produtores de Leite. Participaram as equipes do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação (Depros) e do Departamento de Reflorestamento e Recuperação de Áreas Degradadas (Deflo) do Mapa.

ILPF

A integração entre as atividades de lavoura, pecuária e floresta (ILPF) é uma alternativa promissora para diversificar as atividades na propriedade agrícola e aumentar a produção com foco na sustentabilidade. Trata-se da utilização de diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. 

A diversificação das atividades produtivas e a eficiência no uso de fertilizantes são alguns dos benefícios apresentados. A proposta contribui para a melhoria da qualidade de vida no campo e para a promoção do desenvolvimento rural, alcançando, dessa forma, novos mercados.

Fonte: Ministério da Agricultura e Pecuária

Informações à Imprensa
imprensa@agro.gov.br

Caravana ILPF e Câmara Temática de Carbono promovem debate sobre a adoção da ILPF como viabilidade da agropecuária de baixa emissão de carbono.

No dia 24 de março de 2023, durante a Caravana ILPF etapa MG e GO, ocorreu o painel de debates da Câmara Temática de Carbono com o tema: “Adoção da ILPF: viabilidade da agropecuária de baixa emissão de carbono”. O painel foi organizado pela equipe da Câmara Temática de Carbono e da Caravana ILPF, projetos da Associação Rede ILPF.

Painelistas de diversos segmentos participaram do debate que gerou discussões valiosas sobre o assunto: Beata Madari, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Arroz e Feijão); João Asmar Junior, Diretor de pesquisa agropecuária da Agência de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária de Goiás (Emater-GO); Pedro Vilela, Gerente de sustentabilidade agropecuária da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA-GO) e membro do Grupo Gestor Plano ABC+Goiás; Leonardo Furquim, diretor técnico do Sistema FAEG/SENAR; Renato Rodrigues, Diretor da América latina da Regrow Agriculture; e Virgílio Pereira, consultor da Way Carbon. O objetivo foi contextualizar as oportunidades da ILPF no mercado de carbono segundo a visão de diferentes setores da sociedade (estado, extensão, capacitação, pesquisa e setor privado).

No primeiro momento do debate ocorreu uma breve apresentação da Câmara Temática de Carbono da rede ILPF, coordenada pelo pesquisador Dr. Bruno José Rodrigues Alves, da EMBRAPA agrobiologia. Ele citou os três pilares de atuação da Câmara de Carbono: Pesquisa e desenvolvimento (P&D), Comunicação Inovação e Representação/Advocacy

O evento foi realizado no auditório do SENAR-GO, em Goiânia-GO e levou informações sobre os sistemas ILPF no estado de Goiás, além de debater sobre o mercado de carbono segundo a visão de diferentes setores da sociedade (estado, órgãos de extensão capacitação, pesquisa e setor privado). O painel de debates teve como público-alvo estudantes, técnicos, pesquisadores e produtores rurais.

A Câmara Temática de Carbono da Rede ILPF é uma das frentes de trabalho da Associação e tem entre os objetivos promover a descarbonização do setor agropecuário por meio da ILPF, avaliar o potencial de geração de créditos de carbono em diferentes modelos de Integração e foco na viabilidade econômica e ambiental.

Rede ILPF e Embrapa promovem dia de campo sobre pecuária de precisão aplicada a sistemas Integrados na região de São Carlos – SP.

Data: 26 de maio – Sexta-feira

Local: Embrapa Pecuária Sudeste| Estrada Municipal Guilherme Scatena | São Carlos – SP.

O dia de campo terá como temática a pecuária de precisão na aplicação, desenvolvimento e validação das ferramentas digitais. Entre os benefícios estão: Aumento de produtividade e qualidade dos produtos, rentabilidade, menor impacto ao meio ambiente, uso racional de insumos e otimização da mão de obra.

O evento faz parte das atividades do Projeto Integra SP Agro, uma parceria da Rede ILPF, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e Embrapa Pecuária Sudeste, que desde o ano passado trabalham em conjunto capacitando técnicos de extensão rural e diversos outros profissionais com informações sobre sistemas integrados, como alternativa para diminuir as áreas de pastagens degradadas no Estado.

O Estado de São Paulo conta com 6,5 milhões de hectares ocupados por pastagens, distribuídos em mais de 270 mil propriedades rurais, o que representa 39,3% do total de terras cultiváveis (LUPA, 2017). No entanto, aproximadamente 20% encontram-se degradadas (1,3 milhão de hectares) e 60% encontram-se em estágios iniciais de degradação (3,9 milhões de hectares), totalizando 5,2 milhões de hectares de pastagens de baixa qualidade.

Programação Dia de Campo: Pecuária de precisão aplicada a sistemas integrados

Localização aqui

8h às 8h30 Recepção

9h às 12h Grupos de visitas as estações:

Estação 1: Pecuária de precisão: geração de dados e ferramenta de gestão

Estação 2: Ordenha voluntária (bem-estar, sanidade, etc) no ILPF Leite

Estação 3: Confinamento (emissão de GEE e nutrição de precisão)

Estação 4: ILPF Eucalipto 1 – monitoramento individual, pesagem e bebedouro automático

Estação 5: ILPF Eucalipto 2 – sensoreamento remoto e proximal, microclima, mapeamento do solo, plantas e animais (gestão da informação e manejo)

12:00 às 13h30 Almoço no restaurante da AEESC