Pecuária e meio ambiente serão temas de seminário da 12ª SIT – 10/05/2019

12ª Semana de Integração Tecnológica terá seminário sobre pecuária e meio ambiente

O sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) com foco no componente pecuário e no meio ambiente é o tema do seminário que acontecerá dia 21 de maio, durante a 12ª Semana de Integração Tecnológica, na Embrapa Milho e Sorgo.

O sistema é uma estratégia de produção sustentável, que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área. Pode ser feito em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado. Assim, promove uma cooperação entre os componentes do agrossistema e favorece o meio ambiente e o bem-estar dos animais e contempla quatro modalidades de sistemas: Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Lavoura-Pecuária (ILP),  Pecuária-Floresta (IPF) e Lavoura-Floresta (ILF).

O coordenador do seminário, Sinval Resende Lopes ressalata que o ILP contribui para diversificar as alternativas de renda na propriedade, favorecendo tanto a produção de silagem de qualidade quanto a formação e renovação da pastagem. “Além disso, promove a segurança alimentar, pois agrega diferentes meios de produção (vegetal e animal), proporcionando aumento no indicador saúde ambiental e pessoal, pela redução da emissão de poluentes atmosféricos e hídricos”, comenta.

Serão apresentadas as seguintes palestras: “Cultivares e desempenho de pastagens em sistemas ILPF”; “O sistema ILPF pode melhorar o bem-estar dos animais?”;  “Sistema ILPF na produção de Carne Carbono Neutro”; “Depoimento de produtor de leite sobre a eficiência do sistema ILP na propriedade”.

À tarde, haverá um Dia de Campo, na Unidade de Referência Tecnológica e de Pesquisa e na Vitrine de Tecnologias da Embrapa Milho e Sorgo. Serão quatro estações, com os temas: 1) “O sistema Integração Lavoura-Pecuária”; 2) “Desempenho animal no sistema ILP”; 3) “Cultivares e desempenho de pastagens” e 4) “Alternativas de consórcios no Sistema ILP”.

As inscrições são gratuitas, pelo site  http://www.sit2019.com.br/index.php?page=seminarios

A 12ª SIT acontecerá em Sete Lagoas-MG, de 20 a 24 de maio de 2019, com o tema “Bioeconomia na Agropecuária: do conhecimento à inovação”.

Serviço

Evento: 12ª SIT (Semana de Integração Tecnológica)

Seminário: Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) com foco no componente florestal e no meio ambiente

Coordenadores: Marco Aurélio Noce e Sinval Resende Lopes

Palestrantes: Pesquisadores José Alexandre Agiova da Costa (Embrapa Caprinos e Ovinos); Rodrigo da Costa Gomes e Rosângela Maria Simeão (Embrapa Gado de Corte); Emerson Borghi, Miguel Marques Gontijo e Ramon Costa Alvarenga (Embrapa Milho e Sorgo); Alexandre Rossetto Garcia (Embrapa Pecuária Sudeste); José Augusto Lopes da Silva (Granja Santana); Débora Brito (Sicoob Credioeste) e Sinval Lopes (Embrapa Milho e Sorgo).

Data: 21/05/2019 (terça-feira)

Horário: das 08h30 às 17h00

Locais: Auditório Renato de Oliveira Coimbra e Vitrine de Tecnologias (ambos localizados na Embrapa Milho e Sorgo)

Vagas: 350

Site: www.sit2019.com.br/index.php

Mais informações: contato@sit2019.com.br

 

Foto: Sandra Brito

Inovações no zoneamento de risco climático buscam maior aplicabilidade – 09/05/2019

Entre os instrumentos de políticas públicas que o produtor tem às mãos para amenizar os riscos está o zoneamento agrícola de risco climático (Zarc), iniciado em 1996, disponibilizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e sob responsabilidade da Embrapa. O Zarc possibilita reduzir, sensivelmente, os riscos na atividade e permite seguridade agrícola, a partir de orientações em relação a melhor época de plantio e semeadura das culturas.

Em solos arenosos, frágeis em fertilidade, sua utilização minimiza perdas. A resolução é dos pesquisadores da Embrapa Carlos Ricardo Fietz e Balbino Evangelista, integrantes da Rede do Zarc. Entre os principais desafios da ferramenta, eles apontam a disponibilização de dados organizados e padronizados, de forma que o produtor não tenha somente data de semeadura, mas informações sobre manejo, boas práticas, recomendações, dentre outras.

“O maior desafio é transformar os dados que possuímos em informações que precisamos”, resume Evangelista (Palmas-TO), especialista em agroclimatologia. Para isso, a Empresa desenvolve o projeto “Avaliação de Riscos e Resiliência Agroclimática – ARRA”, que tem como objetivo desenvolver, adaptar e aprimorar metodologias de avaliação de riscos, produtividade e resiliência agroclimática de sistemas de produção, a fim de acompanhar as mudanças agrícolas e socioeconômicas, os avanços tecnológicos e o desenvolvimento das culturas.

Uma das mudanças e mencionada pelos pesquisadores são os sistemas integrados. Os envolvidos na proposta buscam desenvolver uma metodologia de ZARC para sistemas integrados (ILP e ILPF) e culturas perenes. Atualmente, segundo o especialista em agrometeorologia Ricardo Fietz (Dourados-MS), a construção do ZARC envolve uma equipe multidisciplinar com 80 profissionais de 31 Unidades de Pesquisa, atuando em 44 culturas.

Coordenador de Risco Agropecuário, do Departamento de Gestão de Riscos Secretaria de Política Agrícola do Mapa, Hugo Rodrigues, comenta que com o intuito de tornar o ZARC mais atrativo, o Ministério disponibilizou em 2017, o Painel de Indicação de Risco, no site da instituição. Para facilitar a interpretação e em formato amigável, o painel apresenta a indicação de risco em cada decêndio do ano, por cultura, grupo de cultivar e tipo de solo. Outra possibilidade é o aumento das faixas de risco climático, agora em 20%, 30% e 40%. 

Fietz, Evangelista e Rodrigues participaram do Painel “Inserção de solos arenosos no zoneamento de risco climático (Zarc) para cultivo de grãos”, que aconteceu hoje (9) no Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos, na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Campo Grande (MS). Os solos arenosos são de texturas mais leves, frágeis e representam ao redor de 10% dos solos brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, entre 15 e 20%, e o equivalente no Bioma Cerrado.

Simpósio – O III Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos é promovido pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e realizado pela Embrapa e UEMS, com o tema “Intensificação agropecuária sustentável em solos arenosos” e programação composta por palestras, mesas-redondas, apresentações de resumos e visita técnica. O evento acontece entre os dias 7 e 10 de maio, na UEMS (Campo Grande-MS).

 

Foto: ZARC da cultura de milho

Estratégias para recuperação de pastagens degradadas são apresentadas em Dia de Campo e Giro Técnico da Expozebu 2019 – 09/05/2019

Dia de Campo e Giro Técnico da Expozebu 2019 receberam cerca de 500 produtores e estudantes

Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), medidas para manter a produtividade do pasto e a fertilidade do solo, além de um estudo sobre a produção de leite em um sistema ILPF, tendo como pano de fundo a recuperação das áreas com pastagens degradadas, foram os temas apresentados no Dia de Campo e no Giro Técnico realizados pela Embrapa e a Associação dos Criadores de Zebu (ABCZ) de 1º a 3 de maio em Uberaba (MG), durante a 85ª Edição da Expozebu, maior feira de zebuínos do mundo.

Nos três dias, participaram cerca de 500 pessoas, entre produtores, técnicos e alunos de cursos de ciências agrárias. As apresentações foram realizadas na Estância Orestes Prata Tibery Junior por pesquisadores da Embrapa Cerrados (DF) e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), além de representantes comerciais do Grupo Vittia e da Agroceres, empresas apoiadoras dos eventos juntamente com a Major, o Governo de Minas Gerais e a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto).

Na primeira estação, o pesquisador João Kluthcouski (João K), da Embrapa Cerrados, falou sobre as modalidades dos sistemas ILP e ILPF. Ele estabeleceu a cronologia das “revoluções verdes” brasileiras, com a correção de acidez e adubação dos solos tropicais, a tropicalização e o melhoramento da soja, a introdução e o melhoramento de forrageiras tropicais, a introdução e o melhoramento do gado zebu, o Sistema Plantio Direto (SPD) e a safra e safrinha num mesmo período de chuvas. “Todas essas revoluções estão juntas nos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária”, afirmou.

Os sistemas de integração se constituem no consórcio, na sucessão ou na rotação de culturas agrícolas e espécies forrageiras, viabilizando a produção de grãos, carne ou leite e de madeira (quando a árvore é inserida) na mesma área e melhorando a qualidade do solo, além de aumentar a produtividade. De modo geral, a sequência do sistema se dá com o plantio e colheita da soja, plantio de milho consorciado com braquiária, formação do pasto após a colheita do milho, pastejo dos animais para engorda na entressafra e vedação de área para a formação de palhada para proteger gerar matéria orgânica para o solo. “São quatro colheitas em 12 meses numa mesma área. E se tiver árvore, a cada seis anos há uma quinta colheita”, resumiu João K.

“A integração se baseia no sinergismo, com benefícios para a agricultura e a pecuária. E por ser um sistema bom, ele já está em15 milhões de ha no Brasil, ou seja, 25% da área cultivada com culturas temporárias”, disse. Segundo o pesquisador, os sistemas de integração permitem a diversificação da produção, a intensificação do uso da terra, a redução de custos e a minimização de riscos. “Essas são as premissas da agropecuária do futuro”, destacou o pesquisador. 

Em seguida, ele apresentou as diversas modalidades existentes de sistemas de integração: Sistema Barreirão (recuperação ou renovação de pastagens degradadas com consórcio de cultura anual com capim); Sistema Santa Fé (consórcio de cultura anual e capim para a produção de forragem na entressafra e palhada para Plantio Direto); Sistema Santa Brígida (consórcio de cultura anual, capim e guandu, uma leguminosa forrageira); Sistema São Mateus (recuperação de pastagem com soja após correção de solo e plantio do pasto no primeiro ano); Sistema Santa Ana (recuperação de pastagens com silagem); Sistema São Francisco (sobressemeadura de sementes de pastagens em culturas no final do ciclo); Sistema Gravataí (consórcio de feijão-caupi e capim); e Sistema Vacaria (recuperação de pastagens com dessecação parcial e introdução de cultura agrícola).

Ao mostrar um desenho ilustrativo do consórcio de culturas anuais com forrageiras, o pesquisador destacou o papel das braquiárias, que têm sistemas radiculares profundos e adensados, formando malhas no solo. “Quando você desseca a braquiária, cada raiz vira um canal de entrada de água. E 80% da raiz é carbono que está imobilizado por muito tempo”, explicou, ao falar sobre o papel mitigador da emissão de gases de efeito estufa dos sistemas de integração.

Ao final, João K lembrou que existem máquinas que podem ser utilizadas por pequenos produtores para iniciarem os sistemas de integração, como a motossemeadora, um equipamento movido a bateria que pode ser acoplada a motocicletas, tratores, colhedoras e até mesmo pulverizadores. De baixo custo, o equipamento foi desenhado para a sobressemeadura do capim em soja. “A máquina foi desenvolvida para o pequeno produtor, mas até o grande está usando, acoplando-a a pulverizadores autopropelidos”, finalizou.

Fazenda sustentável

O pesquisador Luiz Adriano Cordeiro, também da Embrapa Cerrados, apresentou a estação “Fazenda Produtiva Sustentável: recuperação/estabelecimento de pastagens após colheita de milho silagem consorciado com capim”. Ele destacou os benefícios do sistema ILP para a pecuária (pastagens de melhor qualidade, amortização dos custos com a recuperação dos pastos, oferta de forragem na seca, maior produção de carne ou leite e mais liquidez e rentabilidade) e para a agricultura (mais resíduos vegetais sobre o solo, evitando a erosão; palhada das pastagens para Plantio Direto; melhor qualidade do solo; maior produtividade de grãos com redução de custos e maior rentabilidade adicional da pecuária na seca).

Segundo Cordeiro, a partir do momento em que se utiliza a agricultura para amortizar os custos da reforma de pastagens, há o benefício do pasto mais barato ou de graça. “Mas não é só isso. Ao estabelecer o pasto no fim das chuvas, o produtor terá uma pastagem de outono-inverno. Esse pasto não pendoa e, se há umidade no solo e 300 kg/ha de adubo (da lavoura anterior), as plantas vão aprofundar as raízes, absorver nutrientes e emitir folhas, mesmo na seca”, explicou. Por outro lado, o lavoureiro que utiliza a pecuária no sistema pode obter uma expressiva massa de palhada para o Plantio Direto da safra seguinte.

Cordeiro demonstrou ser possível aumentar a produtividade de um pasto com 0,8 unidade animal (UA)/ha e produção de 4@/ha/ano, situação que representa cerca de 80% da realidade das pastagens do Cerrado, para mais de 5 UA/ha produzindo de 20 a 30 @/ha/ano com a adoção do sistema ILP de capim com milho para silagem. 

Com uma pequena plantadeira ou uma distribuidora de sementes, uma grade aradora, calcário, gesso e adubo, o pecuarista pode fazer ILP com milho silagem e capim. “Use a silagem com a sua estrutura de fazenda, rodando nas áreas todos os anos, para recuperar o pasto. Já é um grande avanço, você dilui o custo da atividade fazendo que a silagem pague o custo da reforma de pasto”, disse o pesquisador. “São coisas simples que o produtor já fazia, só que separadamente”, completou.

O pesquisador falou sobre os sistemas implantados na estação para a recuperação de pastos degradados e a formação de silagem e de nova pastagem. São quatro áreas de 1 ha cada, sendo três com consórcio milho e Brachiaria brizantha BRS Paiaguás e uma com pastagem solteira BRS Paiaguás, todas plantadas no mesmo dia. A primeira área foi ocupada por pasto no primeiro ano, por soja no segundo e pelo consórcio milho e capim no terceiro. Na segunda, o capim do primeiro ano deu lugar ao consórcio no segundo e no terceiro anos. Na terceira, o consórcio foi plantado após dois anos com pastagem. Na quarta área, são três anos com pasto. As diferenças de cor e de porte do milho são visíveis, sendo a primeira área mais vistosa em virtude da safra anterior de soja.

As estimativas de capacidade produtiva das áreas são, respectivamente, 40 t/ha de milho, 4.000 kg de matéria seca (MS)/ha de pasto, taxa de lotação de 5 UA/ha, ganho de peso médio de 800 g/cab/dia e produção de 18@/ha de animal no primeiro sistema; 35 t/ha de milho, 4.000 kg de MS/ha de pasto, 5 UA/ha, ganho de peso médio de 800 g/cab/dia e 18@/ha no segundo; 30 t/ha de milho, 3.500 kg MS/ha de pasto, 3 UA/ha, ganho de peso médio de 500 g/cab/dia e 12@/ha no terceiro; e 2.500 kg MS/ha de pasto, 2 UA/ha, ganho de peso médio de 300 g/cab/dia e 8@/ha no quarto.

“Nos três primeiros sistemas, quem paga o investimento é a cultura do milho. No quarto, a produtividade do pasto de primeiro ano é boa, mas quem paga o investimento é somente a arroba do boi”, observou Cordeiro, que também destacou a maior capacidade de suporte dos sistemas de integração em relação à pastagem solteira recuperada.

Pecuária leiteira na ILPF

Na estação sobre produção de leite e comportamento das vacas em sistema ILPF, a pesquisadora Isabel Ferreira, da Embrapa Cerrados, apresentou resultados parciais de dois anos de experimento realizado no Centro de Tecnologias para Raças Zebuínas Leiteiras (CTZL) da Unidade, em Brasília (DF) com vacas Gir e Girolando. 

O estudo está no terceiro ano e tem medido as variáveis produção de leite, produção e valor nutritivo de forragem, comportamento animal, reprodução (quantidade e qualidade de ovócitos e embriões), produção de metano ruminal, temperatura animal, taxas de hormônios, microclima (temperatura, radiação, pluviosidade, velocidade do vento), crescimento e produção de madeira, além de índices ambientais. Os animais permanecem em áreas com ILPF e de pastagem a pleno sol – ambas de 8 ha divididos em 12 piquetes.

A produção de leite por área a pleno sol foi de 9.181 kg/ha/ano em 2017 e 12.299 kg/ha/ano em 2018, enquanto na sobra das árvores do sistema foram produzidos 8.239 kg/ha/ano em 2017 e 12.672 kg/ha/ano em 2018, ano em que foi feito o desbaste das árvores e os animais eram mais uniformes. Ao se descontar a área das árvores, a produção de leite por área na sombra foi de 9.004 kg/ha/ano em 2017 e 13.699 kg/ha/ano em 2018. 

Já a produção média individual das vacas a pleno sol nos dois anos foi de 12,4 kg/dia e de 13,1 kg/dia na sombra. “Observamos que a produção de leite das vacas que estão à sombra tende a aumentar. E isso está muito associado aos picos de temperatura máxima, quando a produção chegou a aumentar 17% no primeiro ano e 4,8% no segundo, quando o calor foi menor com a antecipação das chuvas”, explicou a pesquisadora.

A produção de matéria seca (MS) de forragem de P. maximum cv. Mombaça a pleno sol foi de 5,7 kg/ha nos dois anos (amostras coletadas entre fevereiro e maio), e de 3,5 kg/ha (2017) e 4,4 kg/ha (2018) na área de sombra. Por outro lado, o teor de proteína bruta foi de 8,3% da MS a pleno sol e de 11,5% da MS na sombra da ILPF (diferença de 38%). A digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) foi de 64,4% a pleno sol de 72,6% na sobra.

Quanto ao comportamento animal, foi observado que os animais sob a sombra passaram 52% mais tempo ruminando que a pleno sol. A pleno sol, por outro lado, o tempo de ócio dos animais foi 22% maior. Sob a sombra, as vacas também ficaram 14% a mais de tempo em pé e 15% mais tempo no piquete, enquanto a pleno sol os animais permaneceram 21% mais tempo deitadas e 41% a mais de tempo no corredor.

A pesquisadora apontou uma mudança no comportamento dos animais: “As vacas da área a pleno sol vêm beber água e ficam deitadas na área de lazer. Já as da sombra bebem água, voltam ao piquete e começam a ruminação em pé. Se a vaca está ruminando muito, vai produzir ácidos graxos no rúmen, requisito básico para a produção de leite. O tempo a mais de ruminação é um fator que favorece a produção de leite”.

Pastagem produtiva

Fernando Franco, pesquisador da Epamig, abordou o manejo da fertilidade do solo para formar e manter pastagens produtivas e longevas. Ele lembrou que o Brasil tem de 80 a 100 milhões de hectares de pastagens em situação de degradação, o que impacta o meio ambiente e a economia do País e a saúde financeira do produtor. “O pecuarista trabalha com uma espécie perene. Isso é uma vantagem que se torna desvantagem para quem não se preocupa em fazer a manutenção correta da pastagem”, apontou.

Por isso, é necessário cuidar da fertilidade do solo, que segundo pesquisador, vai além da disponibilidade de nutrientes: “É um solo que tenha cobertura, possibilidade de infiltração e retenção de água, nutrientes disponíveis, acumule carbono e tenha atividade biológica, com ciclagem de nutrientes. Temos que fazer que os atributos químicos, físicos e biológicos do solo estejam bem equilibrados e interajam de forma sinérgica”, comentou, salientando que para se ter uma pastagem de qualidade é preciso resgatar a fertilidade do solo observando-se esses fatores.

O pesquisador também citou a necessidade do ajuste da carga animal e da análise constante do teor de nitrogênio e de fósforo nas folhas, o que embasaria a reposição periódica desses nutrientes para manutenção da qualidade e da produtividade da pastagem, evitando assim o processo de degradação. “O mínimo que tem que ser feito é a análise anual do solo”, disse. 

Ele também salientou a importância da escolha da espécie forrageira na renovação da pastagem. “É preciso adequar o nível de tecnologia disponível e a condição do solo à exigência cultivar. A distribuição de sementes, é outro ponto crítico. Deve ser homogênea para evitar o surgimento de plantas daninhas”, recomendou.

Em casos de compactação e erosão do solo sob a pastagem, Franco indica o revolvimento e a construção de terraços e bolsões, medidas necessárias, mas que encarecem a recuperação das pastagens. “Mas se depois de formar o pasto o produtor colocar uma alta taxa de lotação e sem manejo algum, no segundo ano ele terá que mexer novamente na área”, alertou, acrescentando que um pasto bem formado e bem manejado pode ter vida útil mais longa. “A possibilidade de ganhar dinheiro é dando longevidade à pastagem”.

Outros fatores importantes para a tomada de decisão quanto à estratégia de recuperação ou de reforma das pastagens apontados Por Franco são a disponibilidade de caixa, a possibilidade de financiamento, a necessidade de aumento da capacidade de suporte, entre outras. “Pastagem recuperada se paga tranquilamente, desde que bem manejada, e é agregação de valor à terra”, frisou.

Como exemplo de sistema sustentável, o pesquisador da Epamig apresentou o caso de uma fazenda em Gurinhatã (MG), onde uma área de 1 ha em que o milho semeado com capim Marandu (Brachiaria brizantha) obteve produtividade de 80 sc/ha. “Isso garantiu ao produtor a formação do pasto quase de graça. E o solo, que é arenoso, está protegido pela cobertura (da braquiária). É uma medida de sustentabilidade”, afirmou.

A última estação foi dividida entre os representantes do Grupo Vittia e da Agroceres. Eles apresentaram produtos de biotecnologia e manejo nutricional em pastagens. Os participantes também puderam tirar dúvidas sobre os sistemas de integração e cultivares forrageiras com a pesquisadora Giovana Maciel, da Embrapa Cerrados.

Realidade no campo

Produtores que percorreram as estações consideraram os conteúdos do Dia de Campo adequados à realidade dos pecuaristas do Triângulo Mineiro. “Está dentro das necessidades do produtor, que convive com baixas produtividades e degradação dos pastos. É o caso da nossa região, onde o pessoal faz pastejo contínuo, sem manejo. Acho que a integração é uma saída”, comentou Adaoneli Rodrigues, de Santa Vitória (MG).

Calixto Jorge Sobrinho, de Frutal (MG), concordou com Adaoneli. A maior parte da propriedade está atualmente arrendada para uma usina de cana de açúcar. “Futuramente, penso em formar pasto nessa área, talvez consorciando milho com capim, ainda que aos poucos”, projetou. 
Para Vinicius Oliveira Jorge, que acompanhava Calixto, a estação sobre produção de leite em ILPF foi a que mais lhe chamou a atenção. “Não imaginava a importância do sombreamento, que influencia na produção de leite”, comentou.

 

Foto: Breno Lobato

Cultivo de cana-de-açúcar entra como opção em solos arenosos – 08/05/2019

Especialistas discutem cultivo da cana-de-açúcar em solos arenosos

Os estudos em solos arenosos avançaram ao longo dos anos e as pesquisas com cana-de-açúcar também. Uma aposta dos pesquisadores é inserir a cultura na integração lavoura-pecuária e tê-la como terceira opção. O foco da ciência é claro, a diversificação melhora o sistema produtivo e, consequentemente, agrega-se valor e renda à atividade agrícola. 

“A produtividade dos canaviais caiu com a mecanização e o baixo investimento, os preços também não estão favoráveis, seja do açúcar ou do etanol. Desta forma, agregar outras fontes de renda, como lavoura e pecuária, é estratégico para a estabilidade econômica da atividade. Além disso, o sistema traz evidentes melhorias para o solo, inclusive com quebras de ciclos de pragas e doenças, o que aumenta a sustentabilidade como um todo”, afirma o pesquisador da Embrapa (Dourados, MS), César José da Silva, que desenvolve estudos na área em Mato Grosso do Sul.
 
Com projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de queda na safra 2019/2020 de cana-de-açúcar, em 0,7%, a diversificação toma força, ao menos para produtores como Ana Nery Terra Souza, do grupo Água Tirada (Maracaju-MS), que investe na “integração agricultura-pecuária-cana e com bons índices de lucratividade, desde que se tenha o manejo correto e o processo de implantação do sistema tenha assistência técnica”, observa. A pecuarista ressalta ainda que em regiões de veranico, a opção de uma 3ª cultura, mais resistente, é fundamental para evitar grandes perdas. 

O especialista em manejo e conservação da Embrapa comenta que a postura da produtora Ana Nery se enquadra nos perfis encontrados nas pesquisas, em que há pecuaristas tradicionais, que nas décadas de 80 e 90 tornaram-se lavoureiros e, recentemente, diversificaram com o plantio de cana; e há pecuaristas tradicionais, que arrendaram áreas para as usinas de cana-de-açúcar e, recentemente, voltaram a ter posse das terras e inseriram a lavoura no sistema produtivo.

Independente do perfil, Silva destaca que não há um modelo fechado de produção. Para cada situação, há uma modelagem adequada. “Você pode ter duas safras de soja, intercaladas com culturas de inverno e cana-de-açúcar ou rotação de culturas. Tudo depende do foco do produtor: lavoura? Pecuária? Ou cana?”. 

Outro fator que independe do perfil é o conceito conservacionista. O ciclo de sustentabilidade envolve o manejo e a rotação de culturas. O manejo passa pela adoção do sistema plantio direto ou, no máximo, com preparo de solo reduzido. Para o pesquisador Denizart Bolonhezi, do Instituto Agronômico (IAC/SP), a canavicultura conservacionista consiste em revolver em menos de 25% o solo, manter em mais de 30% os resíduos na superfície, rotacionar em dois anos e as consequências são “redução de insumos externos, menor impacto ambiental e estabilidade de produção. Quanto mais complexo, mais estável”, frisa. 

Por fim, os engenheiros agrônomos deixam um recado para os produtores rurais: “em solos arenosos, os resultados são mais rapidamente constatados”. Silva, Bolonhezi e Terra Souza participaram do Painel “Cultivo da cana-de-açúcar em solos arenosos”, que aconteceu hoje (8) no Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos, na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Campo Grande, e segue até sexta-feira. O especialista Tedson Luis de Freitas Azevedo (Usina Zilor/SP) também se apresentou no painel. Os solos arenosos são de texturas mais leves, frágeis e representam ao redor de 10% dos solos brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, entre 15 e 20%, e o equivalente no Bioma Cerrado.   

Simpósio – III Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos é promovido pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e realizado pela Embrapa e UEMS, com o tema “Intensificação agropecuária sustentável em solos arenosos” e programação composta por palestras, mesas-redondas, apresentações de resumos e visita técnica. O evento acontece entre os dias 7 e 10 de maio, na UEMS (Campo Grande-MS).

 

Foto: Dalízia Aguiar

Em abertura de Simpósio, solos arenosos destacam-se como fronteira agrícola – 07/05/2019

Coordenador desta edição, o pesquisador Guilherme Donagemma (Embrapa Solos-RJ) conta a trajetória do evento.

Com o tema “Intensificação agropecuária sustentável em solos arenosos”, teve início hoje (7) no auditório da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Campo Grande (MS), a terceira edição do Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos. O público, ao redor de 250 pessoas, participou de mesas-redondas e palestras e é formado por pesquisadores, técnicos, acadêmicos, produtores e autoridades.

Coordenador desta edição, o pesquisador Guilherme Donagemma (Embrapa Solos, RJ) comentou a trajetória do evento, iniciado em 2014 em Presidente Prudente (SP), e ressaltou o esforço para discutir o tema devido à sua importância, como fronteira agrícola. “Não somente para o Estado de Mato Grosso do Sul, que tem extensas áreas, mas em regiões como de Matopiba. O que pretendemos é direcionar as pesquisas em solos arenosos, subsidiar a formação de políticas públicas, auxiliar os produtores na tomada de decisão e prover de informação e tecnologias os técnicos da extensão rural e assistência técnica”, afirma o especialista em física do solo. 

Ele acrescenta que os solos arenosos representam, aproximadamente, 10% dos solos brasileiros. Em Mato Grosso do Sul está entre 15 e 20% e os índices são semelhantes para o Bioma Cerrado. Considerados com baixa aptidão agrícola, os arenosos quebraram paradigmas ao elevar a produtividade de grãos e carne, a partir da intensificação sustentável, por meio de sistemas integrados de produção, e gestão hídrica. 

O pesquisador José Carlos Polidoro, chefe-geral da Embrapa Solos (RJ), complementa que a relação com os recursos naturais, como solo e água, precisa mudar, imediatamente. A transformação passa pelo uso de tecnologias, considerando que no mínimo há 40 anos há informações disponíveis sobre esse ‘novo’ sistema de produção. A principal delas, segundo Polidoro, é o zoneamento agroecológico, previsto legalmente, mas realidade em quatro Estados da Federação. MS é um deles e está na 3ª fase de desenvolvimento, com recursos do Governo do Estado e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para conclusão nos próximos anos. 

A relação homem-solo-água, a manutenção do meio ambiente, a sustentabilidade produtiva são preocupações na agenda de políticas públicas de Mato Grosso do Sul, principalmente, com a expansão agrícola no Estado, é o que afirma o superintendente de Ciência e Tecnologia, Produção e Agricultura Familiar de MS, Rogério Beretta. Contudo, “é possível perceber, no campo e aos poucos, que os trabalhos da pesquisa são aproveitados pelo produtor rural.”

Entre as autoridades presentes na abertura estavam os chefes-gerais da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande), Ronney Mamede, e Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Guilherme Asmus; o presidente do Sistema Famasul, Maurício Saito; o presidente da Aprosoja/MS, Juliano Schmaedecke; o diretor da Fundação MS, André Dobashi; o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho; o gerente-executivo da Biosul, Érico Paredes; o vereador de Campo Grande, Vinícius Siqueira; e o diretor do Núcleo Regional Centro-Oeste da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Robélio Marchão. 

Simpósio – O III Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos é promovido pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e realizado pela Embrapa e UEMS, com o tema “Intensificação agropecuária sustentável em solos arenosos” e programação composta por palestras, mesas-redondas, apresentações de resumos e visita técnica. O evento acontece entre os dias 7 e 10 de maio, na UEMS (Campo Grande-MS).

 

Foto: Dalízia Aguiar

A intensificação agropecuária passa pelos sistemas integrados – 07/05/2019

Sistemas integrados não escolhem clima, nem solo

A produção agropecuária intensificada permitiu que as regiões de solos arenosos no País se transformassem social, econômico e ambientalmente, quebrou paradigmas. Os desafios de se produzir em areia foram superados a partir da adoção de tecnologias, por parte dos produtores rurais, e o avanço das pesquisas na área. 

Um exemplo que reúne adoção e pesquisa são os sistemas integrados de produção, capazes de recuperar áreas degradadas, trazendo produtividade a locais improváveis. A tecnologia não escolhe solo, clima e nem tamanho de propriedade, podendo ser aplicada em qualquer região do Brasil, dada as devidas peculiaridades. Com potencial para atingir 15 milhões de hectares no País, com algum modelo de integração, os sistemas, atualmente, ocupam 11,47 milhões de hectares.

Alguns desses hectares estão em Ipameri (Goiás), na Fazenda Santa Brígida. Em 2006, a propriedade tinha prejuízos de R$ 200 reais/hectare. Hoje o lucro líquido é de R$ 2.700 reais/hectares, gerando R$ 16 milhões/ano. “São sistemas que permitem aumentar a produção, alimentar a população, mitigar os gases de efeito estufa, reduzir desperdícios e atenuar prejuízos”, enumera William Marchió, diretor-executivo da Associação Rede Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (Rede ILPF). A Santa Brígida tornou-se uma vitrine de sustentabilidade ao produzir durante os 12 meses do ano.

A meta da Rede ILPF é chegar a 35 milhões de hectares, até 2030, revela Marchió. Para isso, a Rede conta com os parceiros, entre eles, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial (PR), que ao levar a cultura da soja às regiões arenosas promoveu uma transformação no campo ao avançar sob pastos degradados, é o que afirma o presidente da instituição, Luiz Lourenço.  

Presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/MS), Juliano Schmaedecke, também é outro aliado. Ele conta que o Estado de Mato Grosso do Sul nos últimos três anos apresenta índices de produtividade da soja em alta. Nesta safra 2018/2019, o aumento foi de 10% e ele credita, dentre outros fatores, a produção em áreas, antes degradadas, recuperadas com o uso de sistemas integrados. “Ao redor de 30% do negócio de muitos produtores em MS são em solos arenosos. A expansão passa pela busca e adoção de tecnologias como essas”, destaca. 

A Rede ILPF é uma parceria público-privada, formada pela Embrapa, Cocamar, Bradesco, Ceptis, John Deere, Premix, Soesp e Syngenta. O seu objetivo, segundo Marchió, é ampliar a adoção desses sistemas integrados por produtores rurais e, assim, intensificar agricultura brasileira, de forma sustentável. 

Entretanto, a intensificação passa pela formulação de políticas públicas, o que esbarra em dois desafios – infraestrutura e logística, afirma Rogério Beretta, superintendente de Produção e Agricultura Familiar do Governo do Estado de MS. “São dois pontos que muitas vezes não acompanham a velocidade da iniciativa privada”, frisa. O Estado, em 2010, criou o Fundems (Fundo para o Desenvolvimento das Culturas de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul), com o intuito de oferecer suporte tecnológico e infraestrutura ao setor, além de desenvolver pesquisas apoiando fundações estaduais, como Fundações Chapadão e MS. 

Beretta, Schmaedecke, Lourenço e Marchió participaram do painel de abertura do III Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos, que começou hoje (7), na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Campo Grande, e segue até sexta-feira. Os especialistas Érico Paredes (Biosul) e  Dito  Mário (Reflore MS) também se  apresentaram  no  painel. Os solos arenosos são de texturas mais leves, frágeis e representam menos de 10% dos solos brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, entre 15 e 20%, e o equivalente no Bioma Cerrado.  

Simpósio – O III Simpósio Brasileiro de Solos Arenosos é realizado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS) e Embrapa, com o tema “Intensificação agropecuária sustentável em solos arenosos” e programação composta por palestras, mesas-redondas, apresentações de resumos e visita técnica. 

 

Foto: Kadijah Suleiman

Dalizia Montenario de Aguiar (MTb 28/03/14/MS) 
Embrapa Gado de Corte 

Embrapa e parceiros promovem dias de campo no sul, médio norte e norte de Mato Grosso – 24/04/2019

Nos próximos dias a Embrapa e o Senar-MT, e outros parceiros promoverão três dias de campo em Mato Grosso sobre sistemas integrados de produção agropecuária. Os eventos serão realizados em Itiquira, no sul do estado, em 27 de abril, em Nova Guarita, na região norte, em 4 de maio e em Sinop, no médio norte, nos dias 9 e 10 de maio.

As inscrições para os três eventos estão abertas e podem ser feitas gratuitamente pelo site da Embrapa Agrossilvipastoril, que é o www.embrapa.br/agrossilvipastoril.

A programação de cada evento é diferente, porém em comum, todos eles abordarão tecnologias para sistemas produtivos, como integração lavoura-pecuária (ILP) e integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).

Dia de campo em Itiquira
O primeiro evento da sequência é o 5º Dia de Campo de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta e da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono no Sul Mato-grossense. Ele será realizado neste sábado, dia 27, na fazenda Gravataí Agro, no município de Itiquira.

A Gravataí Agro mantém Unidades de Referência Tecnológica (URT) de ILP e IPF, e foi o local onde foi desenvolvido e validado o Sistema Gravataí, um consórcio de capim com feijão-caupi para pastejo de boi safrinha em sistemas ILP.

Os resultados com o uso do Sistema Gravataí serão apresentados no evento, bem como informações sobre o manejo utilizado pela fazenda e sobre a utilização de eucalipto de alta densidade em sistemas silvipastoris.

A programação completa pode ser conferida no site www.embrapa.br/agrossilvipastoril/dc-itiquira, onde também é possível fazer a inscrição.

Dia de campo em Nova Guarita
O 3º Dia de Campo sobre Integração Lavoura-Pecuária JP Agropecuária e Embrapa Agrossilvipastoril será realizado na Fazenda Pontal, em Nova Guarita, no sábado, dia 4 de maio.

A Fazenda Pontal trabalha com cria de nelores e tem trabalhado em parceria com a Embrapa na validação do uso de consórcios forrageiros na integração lavoura-pecuária.

Parte desse trabalho será apresentado no dia de campo, que também terá apresentações sobre o Sistema Pontal, que envolve a gestão de pastagens, a estação de monta invertida e a ILP.

A programação completa e o formulário para inscrições estão disponíveis em www.embrapa.br/agrossilvipastoril/dc-pontal.

Dia de campo na Embrapa, em Sinop
O último evento da sequência será realizado na própria Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop. Será o 9º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária. Assim como em 2018, neste ano serão dois dias em que a programação se repete: 9 e 10 de maio. No momento da inscrição o público deverá escolher em qual dos dois dias pretende participar.

Este dia de campo é o maior evento de transferência de tecnologia promovido pela Embrapa em Mato Grosso e anualmente vem reunindo centenas de participantes, entre produtores, técnicos e estudantes de diferentes regiões do estado.

Realizado na vitrine de tecnologias da Embrapa, neste ano ele abordará inoculação de braquiárias com Azospirillum, tecnologias de pesagem de bovinos sem interferência humana, consórcios para segunda safra, ILPF para pequenas propriedades, monitoramento de resistência de lagartas à inseticidas nas lavouras, cultivares de forrageiras e produção de energia a partir do eucalipto.

A programação completa e o formulário de inscrições podem ser acessados em www.embrapa.br/agrossilvipastoril/dia-de-campo.

 

Foto: Gabriel Faria

Gabriel Faria (mtb 15.624 MG JP) 
Embrapa Agrossilvipastoril 

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Tecnologias para melhoria de pastagens serão mostradas em Sinop – 01/05/2019

Uma inovação que possibilita o aumento da biomassa da braquiária e do teor de proteína da pastagem será uma das novidades apresentadas no 9º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária. O evento será realizado pela Embrapa e Senar-MT, nos dias 9 e 10 de maio, na Embrapa Agrossilvipastoril.

A tecnologia consiste na inoculação das sementes do capim com estirpes selecionadas da bactéria Azospirillum brasilense. Este microrganismo promove o crescimento da planta, por meio da produção de fitormônios. O resultado é o maior desenvolvimento de raízes, possibilitando melhor absorção dos nutrientes.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja Marco Antonio Nogueira, a utilização deste inoculante resulta na produção de 15% a mais de biomassa e aumento em 10% no teor de proteína da gramínea, somando um incremento de até 25% na oferta proteica da pastagem.

Esta forrageira pode ser usada tanto para alimentação animal, com melhor qualidade de alimento, quanto para a cobertura em sistema de plantio direto. Nesse caso, há maior aporte de carbono no solo.

Marco Antônio Nogueira explica também que as plantas inoculadas apresentam maior eficiência na absorção dos fertilizantes nitrogenados, gerando economia para o produtor.

“Em nossos ensaios aplicamos 40 kg/ha de ureia, 30 dias após a semeadura. Verificamos que a maior eficiência de absorção de nitrogênio pelas plantas inoculadas correspondeu ao equivalente a uma segunda aplicação da mesma dose. É uma grande economia, considerando o alto custo do adubo nitrogenado e que o custo com a inoculação é de R$ 10 à R$ 12 por hectare”, explica o pesquisador.

 Além dos benefícios agronômicos e financeiros, a inoculação com Azospirillum também gera impacto ambiental. A maior produção de biomassa favorece o sequestro de carbono da atmosfera. Ao mesmo tempo, a redução da adubação nitrogenada resulta em menor emissão de óxido nitroso, um dos gases causadores do efeito estufa.

Melhoria da pastagem por meio de consórcios

Outra alternativa para melhoria da qualidade das pastagens que será apresentada no dia de campo será o uso de consórcios forrageiros. Um deles é o Sistema Gravataí, formado por braquiária e feijão-caupi. A leguminosa fixa nitrogênio no solo, disponibilizando-o para a forrageira. Além disso, sendo palatáveis, as plantas de feijão são pastejadas pelo gado, aumentando o teor de proteína a dieta.

Desenvolvido para ser usado em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP), o Sistema Gravataí melhora o desempenho também da cultura agrícola utilizada na sequência.

As técnicas de implantação, o manejo correto e os desafios no controle de pragas, principalmente a vaquinha, serão apresentados pelo pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Flávio  Wruck.

Os participantes do dia de campo que quiserem conhecer mais opções de consórcios forrageiros poderão acompanhar uma das estações satélites, de visitação optativa. Nela os professores da UFMT Onã Freddi e Arthur Behling mostrarão alternativas com uso de nabo forrageiro, trigo mourisco, niger, crotalárias, guandu, entre outras plantas de diferentes famílias.

Além de ver o comportamento dos consórcios no campo, o público poderá acompanhar resultados das avaliações feitas em relação a qualidade do solo e ganho de produtividade na lavoura subsequente.

Em outra estação satélite, os participantes do dia de campo também poderão conhecer e tirar dúvidas sobre as plantas forrageiras lançadas pela Embrapa. A equipe do Grupo de Estudos em Pecuária Integrada da UFMT (Gepi) estará no campo agrostológico da Embrapa pronta para prestar as informações sobre cada cultivar.

Inscrições

O 9º Dia de Campo sobre Sistemas Integrados de Produção Agropecuária será realizado nos dias 9 e 10 de maio, na Embrapa Agrossilvipastoril. A programação dos dois dias é a mesma, possibilitando ao participante escolher o melhor dia.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas antecipadamente pelo site www.embrapa.br/agrossilvipastoril.

Promovido pela Embrapa e Senar-MT, o dia de campo conta com apoio da Acrimat, Coimma, Gepi, Rede ILPF, UFMT e Estância Vanda. Conta ainda com patrocínios da Acrinorte e da Unipasto.

 

Foto: Gabriel Faria

 

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Recuperação de pastagens incentiva produção sustentável em Minas Gerais – 02/05/2019

Reunião de lançamento do Programa de Melhoria das Pastagens de Minas Gerais, em Uberaba (MG)

Para fortalecer a bovinocultura em Minas Gerais, atividade que movimentou pelo menos R$ 40,6 bilhões em 2017 no estado, onde reúne cerca de 400 mil criadores, a Embrapa vai participar do Programa de Melhoria das Pastagens de Minas Gerais, da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Lançado no dia 28 de abril, durante a 85ª Expozebu, em Uberaba, o programa tem como objetivo estimular a produção sustentável por meio da integração das atividades pecuárias, agrícolas e florestais na mesma área, em cultivo consorciado, sucessão ou rotação para recuperar áreas de pastagens em degradação.

Segundo levantamento realizado pelo Instituto Antonio Ernesto de Salvo (INAES), em parceria com o Ministério da Agricultura, a Emater-MG, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Embrapa, a rentabilidade da bovinocultura mineira poderia ser ainda maior se 75% das áreas cobertas com pastagem no estado não estivessem em grau de moderada à elevada degradação.

Os sistemas de integração estão entre as alternativas que podem ser adotadas para reverter o quadro de degradação de pastagens, um dos principais sinais da baixa sustentabilidade da pecuária nas diferentes regiões brasileiras. O programa será desenvolvido pela ABCZ em parceria com a Embrapa Cerrados, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e as vinculadas Emater-MG, Epamig e Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), entre outras empresas públicas e privadas.

O chefe-geral da Embrapa Cerrados (DF), Claudio Karia, representou o presidente da Embrapa, Sebastião Barbosa, na reunião, que contou com a presença da secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Ana Maria Valentini, além de representantes da Emater-MG, da Epamig e do IMA, da Prefeitura Municipal de Uberaba, da Associação dos Municípios do Vale do Rio Grande (Amvale), do MAPA, do Banco do Brasil, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba, da Cooperativa dos Empresários Rurais do Triângulo Mineiro (Certrim) e do Grupo Vittia.

A Embrapa mantém uma parceria com a ABCZ para a difusão de tecnologias de recuperação de pastagens, de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, de novas cultivares forrageiras – desenvolvidas por meio de convênio com a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto) – e de recuperação ambiental.

“A ideia é integrar essas ações ao programa, tendo a região do Triângulo Mineiro como piloto, e expandi-las para outras regiões. Também queremos capacitar técnicos das empresas públicas e privadas de assistência técnica e extensão rural, assim como os técnicos dos agentes financiadores e da ABCZ, além de executar ações de sensibilização junto aos produtores”, afirmou Karia.

O chefe geral ressaltou o caráter estratégico da participação da Embrapa Cerrados no programa de recuperação de pastagens, ação que se junta a outras voltadas ao desenvolvimento territorial, como a parceria com a VLI Logística na Ferrovia Norte-Sul, o Projeto de Gestão Integrada da Paisagem do Bioma Cerrado (Projeto FIP-Paisagem) e o Projeto Noroeste Empreendedor.

Ana Maria Valentini elogiou a iniciativa da associação. “Esta iniciativa mostra, mais uma vez, o protagonismo da ABCZ. A degradação das pastagens em nosso estado, e também no País, é um problema muito sério, que tem que ser enfrentado com urgência e maior objetividade. Neste momento, estão em curso ações da ABCZ com as nossas vinculadas, e isso é extremamente importante para mostrarmos ao governo federal que não se trata apenas de um projeto, mas de um trabalho de parceria continuado que já está em implantação, e, o principal, apresentando resultados positivos”, contextualizou.

“O programa vem para somar. Nossa grande preocupação é fortalecer e desenvolver a pecuária. Produzimos genética, mas temos que produzir também pasto para que este produtor rural consiga melhorar a sua renda e permaneça no campo”, destacou Rivaldo Machado Borges Júnior, diretor da ABCZ.

Para atingir os objetivos de expansão dos sistemas de integração, estão previstas várias ações de transferência de tecnologias na Fazenda Experimental da associação, além de palestras, dias de campo e publicação de material técnico, entre outras ações. O prazo para a realização é de dois anos, estendendo-se até 2021.

Ao final da reunião, as empresas públicas e privadas reafirmaram a parceria para atualizar o plano de trabalho conjunto, por meio do Comitê Técnico que irá conduzir o programa. 

Projeto-piloto

Os sistemas de integração são classificados em quatro modalidades principais: Integração Lavoura-Pecuária (ILP); Integração Pecuária-Floresta (IPF); Integração Lavoura-Floresta (ILF) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O aumento do interesse de produtores e técnicos por esses sistemas se deve à eficiência que possuem como ferramentas de otimização sustentável do uso dos solos nas regiões tropicais, já que a integração amplia o aproveitamento dos fatores de produção e a oferta ambiental das áreas agrícolas.

Ao estimular a adoção desses sistemas de produção, manejo e recuperação de pastagens, o projeto-piloto, que está sendo executado na região do Triângulo Mineiro, pretende garantir a sustentabilidade da pecuária bovina de carne e leite, contemplando a adequação ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica da atividade agropecuária.

Por meio da chamada pública Anater Leite, a Emater-MG conseguiu recursos para, durante 26 meses, oferecer assistência técnica e extensão rural a mil produtores de leite. Já a unidade regional da Epamig em Uberaba foi a responsável pela análise de solo das fazendas beneficiadas. Do total, 50 propriedades estão participando do projeto-piloto de recuperação de pastagens. “Essas propriedades serão transformadas em unidades demonstrativas para que, assim, possamos multiplicar a metodologia em outras regiões do estado e também do País”, explica o presidente da Emater-MG, Gustavo Laterza de Deus.

Benefícios

Com a adoção do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a propriedade pode alcançar taxas de lotação animal de três a quatro animais por hectare, muito acima da taxa de 0,8 animal por hectare normalmente verificada. Entre outros resultados, destacam-se ganhos de peso acima de 1 kg/animal/dia; produtividade animal acima de 800 kg de peso vivo/ha/ano; produção de carne acima de 20 arrobas/ha/ano; maior peso até a desmama de bezerros; maior precocidade sexual de fêmeas; melhorias nos aspectos reprodutivos; e redução dos custos de produção da pecuária pela integração com agricultura.

Outro benefício adicion

al dos sistemas de integração é o aumento da matéria orgânica do solo, com consequente melhoria dos seus atributos físicos, químicos e biológicos, bem como o aumento do estoque de carbono no solo; redução da pressão de desmatamento de novas áreas pelo efeito “poupa-terra”; estabilidade econômica e elevação da renda com a diversificação das atividades; redução de custos a médio e longo prazos; redução da vulnerabilidade aos riscos climáticos, além da melhoria na qualidade de vida e renda do produtor e da família.

(Com informações da Agência Minas)

 
Foto: Maria Gabryella Ribeiro

Breno Lobato (MTb 9417-MG) 
Embrapa Cerrados 

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Atividades integram o projeto “Agricultura Tecnificada como suporte à pecuária leiteira na Região de Abaeté

Atividades integram o projeto “Agricultura Tecnificada como suporte à pecuária leiteira na Região de Abaeté

Um contrato de cooperação técnica da Embrapa com o Sicoob Credioste Abaeté, de Minas Gerais, busca identificar e transferir conhecimentos e inovações gerados nas Unidades de Pesquisa para os produtores rurais. O projeto é denominado “Agricultura Tecnificada como suporte à pecuária leiteira na Região de Abaeté”.

A criação da primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) em sistemas integrados e/ou arborizados para a produção de Leite Carbono Neutro é um dos objetivos desta parceria e será o tema da primeira palestra que acontecerá em Abaeté, no dia 9 de maio, às 19h.

“A iniciativa será acompanhada por técnicos da Embrapa que irão subsidiar um protocolo de produção de Leite Carbono Neutro ou Leite de Baixo Carbono. Este protocolo será transferido, também, para outras localidades”, explica o coordenador do projeto, Sinval Resende Lopes, do setor de Transferência de Tecnologias e Inovação da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).

Segundo dados do Ministério da Agricultura, a produção de leite deverá crescer nos próximos 10 anos a uma taxa anual entre 2,3 e 3,1% (Mapa, 2016). Isso significa passar de uma produção de 34,2 bilhões de litros em 2016 para valores entre 42,9 e 47,3 bilhões de litros em 2026.

A pesquisadora Patrícia Perroni Anchão Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), ressalta que uma das principais preocupações com relação ao crescimento da pecuária está relacionada aos possíveis impactos ambientais. “Essas questões somente podem ser resolvidas por meio da adoção de sistemas de produção que levem em conta a sustentabilidade da agropecuária, que pode ser definida como um modelo de produção diretamente relacionado ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente”, comenta.

Ela acrescenta que os sistemas integrados com florestas atendem essa premissa. “Portanto, vislumbra-se a oportunidade de aplicar o conceito “Carbono Neutro” aos sistemas de produção de leite bovino que adotam a integração com uso de componentes florestais. Nesse caso, é imperativo desenvolver estratégias de transferência de tecnologia que possam capacitar técnicos e demonstrar a tecnologia para acelerar sua adoção pelos pecuaristas”, disse a pesquisadora.

SERVIÇO

Palestra: Unidade de Referência Tecnológica (URT) em sistemas integrados para produção de leite baixo carbono
Patrícia Perroni Anchão Oliveira – Embrapa Pecuária Sudeste

Quando: 9 de maio de 2019

Onde: Câmara Municipal de Abaeté-MG

Horário: 19 horas

Realização: Embrapa, Sicoob Credioeste / Abaeté-MG

Apoio: Emater-MG

Contatos:

Débora Britto (Sicoob Credioeste / Abaeté-MG) – telefone: (37) 3541-1910
Sinval Lopes (Embrapa Milho e Sorgo)  – telefone: (31) 3027- 1161

 

Foto: Sandra Brito