Projetos de ILPF em MT viabilizam bem-estar animal, diversificação de renda e fertilidade do solo

Iniciativas são desenvolvidas pelo Projeto SustenAgro sob o guarda-chuva da RedeILPF, e contam com financiamento do Land Innovation Fund

Dois projetos de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta em Mato Grosso, desenvolvidos pelo SustenAgro sob o guarda-chuva da RedeILPF, deram arranque aos trabalhos em janeiro, com a proposta de entregas relacionadas a bem-estar animal, ganhos de produtividade, diversificação de renda para o produtor e estímulo a boas práticas agrícolas e ambientais.

Realizadas em Unidades Demonstrativas de Transferência de Tecnologia (UDTs), ambas as iniciativas evidenciam como a implantação de componentes florestais resulta em benefícios reais para o conforto térmico dos animais, o que se traduz em um produto final [carne e leite] de melhor qualidade.


crédito: SustenAgro/RedeILPF

No sítio Coqueiral, no município de Sinop, iniciou-se a implementação de sistema silvipastoril combinando plantio de eucalipto e bovinocultura de corte.

Já no sítio Três Irmãos, em Terra Nova do Norte, trabalhou-se com espécies frutíferas, com o intuito de simultaneamente oferecer sombreamento ao plantel de gado leiteiro e criar uma nova fonte de renda ao produtor rural com a venda dos frutos cupuaçu e baru.

crédito: SustenAgro/RedeILPF

Ademais, decidiu-se também pela introdução da leguminosa gliricídia, que apresenta atributo para fixação biológica de nitrogênio, o que contribui para a fertilidade e estruturação do solo.

Experimento de 30 anos evidencia amplo pacote de benefícios do Sistema ILPF

Com apoio da Rede ILPF, evento ocorre na Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados (MS)

Em 2025, produtores rurais, técnicos da assistência técnica e extensão rural, pesquisadores, acadêmicos e demais interessados no tema terão a oportunidade participar da Visita Técnica “30ª Safra de Soja – Integração Lavoura-Pecuária e Sistema Plantio Direto”, um experimento de longa duração da Embrapa Agropecuária Oeste que completa 30 anos de condução pela pesquisa da Embrapa, em Dourados, MS.

Gratuito, o evento, que tem como parceiro a Rede ILPF, será em 4 de fevereiro, das 7h30 às 11h30 (horário de Mato Grosso do Sul), sendo a abertura e apresentação das atividades no Auditório e, logo após, o deslocamento para o campo experimental do Centro de Pesquisa da Embrapa.

Os pesquisadores Júlio Cesar Salton e Michely Tomazi serão os responsáveis por apresentar um breve histórico do experimento e explicar alguns dos resultados do experimento com matéria orgânica e carbono no solo, taxa de infiltração, monitoramento da água no solo x sistemas de manejo, qualidade física do solo e produtividade da soja x manejos do solo.

Os participantes conhecerão os diferentes sistemas de produção que vêm sendo monitorados desde a implantação do experimento na safra de 1995/1996. Os sistemas originais são os seguintes: Sistema Convencional (SC) em que há monocultivo de soja, sem rotação de culturas e com preparo do solo por gradagens; Sistema Plantio Direto (SPD), que tem rotação de culturas tanto no verão (soja e milho) quanto no inverno ( aveia, trigo e nabo ); Sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP), em que a lavoura de soja se alterna com a pastagem de braquiária, em ciclos de dois anos; e sistema de pastagem permanente sem agricultura, ou seja, a pastagem contínua.

Sistemas como o plantio direto e a integração-lavoura-pecuária-floresta preservam a cobertura do solo além de proporcionarem inúmeros outros benefícios, diz o pesquisador Júlio Cesar Salton da Embrapa Agropecuária Oeste

“Esses sistemas foram implantados e continuados durante 26 anos, quando em 2021, nós conseguimos, através de projetos novos, fazer uma adequação do experimento, inserindo novos tratamentos para simular a realidade existente nas áreas dos produtores rurais, atendendo às demandas da agricultura atual. A partir de 2021, foram introduzidas uma série de alternativas, diz Salton. Ele explica, por exemplo, que em área onde havia somente pastagem passou-se a fazer o cultivo das lavouras, assim como área de agricultura agora recebe pastagem; o local onde há Sistema Plantio Direto recebe preparo do solo com grades ou com o uso de escarificador, assim como o Sistema Convencional tornou-se Plantio Direto.

Com a aquisição de sensores, os pesquisadores também conseguem realizar estudos detalhados com relação à água no solo. “Temos informações extremamente relevantes e oportunas, uma vez que, novamente, estamos enfrentando veranicos em Mato Grosso do Sul, e percebemos como o tipo de manejo do solo adotado altera tanto a infiltração da água da chuva no solo nos diferentes sistemas de manejo, quanto a conservação dessa água no solo e, consequentemente, o aproveitamento pelas plantas”, garante o pesquisador, que complementa:

“Isso impacta muito na questão de tolerância das culturas aos veranicos. Não resolve 100% do problema, mas pode amenizar. E o produtor precisa fazer de tudo para diminuir os custos de produção e as perdas das culturas, uma vez que o veranico faz parte do nosso ambiente”.

Os pesquisadores Michely e Salton também apresentarão resultados quanto à umidade volumétrica no perfil do solo conforme o tipo de sistema adotado no experimento, quanto às diferentes formas de matéria orgânica, além da questão do carbono, da física do solo, além de demonstrar os equipamentos que estão sendo usados para fazer tais medidas. Em relação às produtividades, Salton diz que a intenção do experimento não é bater recordes de produtividade, mas encontrar sistemas de produção que permitam oferecer maior estabilidade de produtividade das culturas. “Quanto mais estável for a produtividade, melhor, porque oferece mais segurança ao produtor”, diz o pesquisador.

Ao longo dos 30 anos, Salton garante que existem produtores que adotam algumas das práticas estudadas e recomendadas pela pesquisa da Embrapa, como o Sistema Plantio Direto e a Integração Lavoura-Pecuária, se não de forma plena, mas de uso pelo menos parcial, estes sistemas preservam a cobertura do solo além de proporcionarem inúmeros outros benefícios. Convidamos, então, a todos os interessados a vir conhecer o experimento na Embrapa Agropecuária Oeste para difundirmos, ainda mais, as tecnologias que são desenvolvidas em prol da agropecuária”, conclama o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste.

:: Serviço

A Visita Técnica “30ª Safra de Soja – Integração Lavoura-Pecuária e Sistema Plantio Direto” é a demonstração de experimento de longa duração realizado por pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste.
Local: Embrapa Agropecuária Oeste – Rodovia BR 163, Km 253,6
Data: 4/02/2025
Horário: das 7h30 às 11h30 (horário de Mato Grosso do Sul)
Entrada: gratuita

*Com informações da Embrapa Agropecuária Oeste

Estudo publicado em periódico científico internacional destaca potencial do Sistema ILPF para sequestro de carbono

Pesquisadores e colaboradores conduziram extensa revisão da literatura disponível sobre o tema, abrangendo mais de 13 mil artigos

Estudo publicado na revista “Frontiers in Sustainable Food Systems”, diz nota da “Agência FAPESP”, aponta o potencial que as Américas têm de compensar parte das emissões de gases de efeito estufa a partir da adoção de práticas de manejo sustentável na agropecuária que restauram a saúde do solo e sequestram carbono.

O solo é compreendido como um recurso base para a promoção de serviços que são essenciais para a manutenção da vida. Além da produção de alimentos, contribui para a purificação de água, promoção da biodiversidade, neutralização de poluentes, bem como a regulação do clima. Este último se dá principalmente pelo sequestro de carbono orgânico, processo pelo qual as plantas removem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e o fixam no solo via deposição de resíduos orgânicos.

Em sistemas naturais, a ausência de interferências antrópicas reduz o dinamismo do carbono orgânico no solo. Em sistemas agrícolas, por outro lado, a frequente adoção de práticas de manejo e alteração da dinâmica de adição de resíduos impactam diretamente no armazenamento de carbono. Nesse sentido, avaliar o impacto de diferentes práticas de manejo sobre o potencial de sequestro de carbono no solo é essencial, principalmente diante da necessidade da expansão de sistemas capazes de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.

A adoção de boas práticas de manejo, como o plantio direto, a recuperação de pastagens degradadas e os sistemas integrados de produção agropecuária, tem amplo reconhecimento na literatura como práticas que apresentam potencial para promover o sequestro de carbono no solo. Logo, a ampla adoção dessas estratégias pode representar uma grande oportunidade para que sistemas agrícolas contribuam para a mitigação das mudanças climáticas.

Nas Américas (do Norte, Central, Sul, região andina e Caribe), a área ocupada por sistemas agrícolas é estimada em aproximadamente 1,11 bilhão de hectares. Todavia, embora tal área represente um grande potencial para a expansão em larga escala de boas práticas de manejo, pouco se sabe a respeito do impacto da adoção dessas diferentes práticas de manejo sobre os níveis de carbono do solo nessas diferentes regiões.

Este foi o contexto que motivou os pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCARBON), do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e da Ohio State University (Estados Unidos) a desenvolver o estudo Carbon farming in the living soils of Americas.

crédito: Gisele Rosso/Embrapa

De acordo com Carlos Eduardo Cerri, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq e coordenador do CCARBON – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP –, o objetivo do trabalho foi “entender a disponibilidade de informações relacionadas ao impacto da adoção de boas práticas de manejo na agricultura sobre a dinâmica de carbono do solo nas Américas, bem como estimar o potencial de sequestro de carbono perante a adoção de práticas potenciais em larga escala”. O trabalho foi baseado em uma extensa revisão da literatura disponível sobre o tema, em que mais de 13 mil trabalhos foram incluídos.

De acordo com Maurício Cherubin, também professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq e vice-coordenador do CCARBON, a adoção do sistema de plantio direto, a recuperação de pastagens e a expansão de sistemas integrados em 30% da área agrícola (aproximadamente 334 milhões de hectares) possibilitariam mitigar aproximadamente 40% das emissões de gases do efeito estufa originados do setor agropecuário no período.

Segundo os autores, esses resultados são muito promissores, e ainda podem ser maiores em função da adoção de práticas mais eficientes para a promoção de sequestro de carbono ou mediante o aumento da área com adoção de boas práticas.

Para Muhammad Ibrahim, diretor de Cooperação Técnica do IICA, este estudo pioneiro é muito relevante para dar subsídios aos diferentes países e regiões do continente na definição de programas e compromissos de enfrentamento das mudanças climáticas. Por outro lado, destaca a necessidade de novos esforços de geração de dados para reduzir as incertezas das estimativas do potencial de sequestro de carbono do solo para todas as regiões, mas principalmente na América Central, Caribe e região andina.

O trabalho ainda indicou a necessidade da padronização dos protocolos de amostragem, incluindo minimamente a camada de 0-30 centímetros (cm) do solo e preferencialmente camadas mais profundas (até 100 cm).

Segundo os pesquisadores, a padronização das informações coletadas é um passo importante para o refinamento das informações disponíveis, essencial para a redução das incertezas e cálculos como os apresentados no estudo publicado. Apesar das limitações encontradas, os autores destacam que os resultados obtidos representam um passo importante para direcionar a aplicação de recursos necessários para ampliar as iniciativas de monitoramento, bem como para priorizar as áreas onde a disponibilidade de informações ainda é baixa.

O artigo Carbon farming in the living soils of the Americas pode ser lido em: www.frontiersin.org/journals/sustainable-food-systems/articles/10.3389/fsufs.2024.1481005/full.

* Com informações do CCARBON.

 

Rede ILPF é destaque em entrevista ao CBN Rural no Safratec

O Sistema Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) foi destaque em entrevista ao programa “CBN Rural”, da emissora “CBN Maringá”, durante o Safratec. Organizado pela Cocamar, o evento, que começou na última quinta-feira (16) se encerra neste sábado (18), em espaço entre os municípios de Floresta e Maringá (PR).

Na conversa com o âncora da emissora Rogério Recco, o presidente da Rede ILPF, Francisco Matturro, explica como funciona o Sistema ILPF e suas respectivas entregas econômicas e socioambientais tanto para o produtor, quanto para a região em que está localizada a propriedade rural.

*Confira a íntegra:

Rede ILPF e parceiros realizam na Universidade Federal de Goiás primeiro Dia de Campo de 2025

Sob o guarda-chuva do Projeto Sustenagro, evento terá como tema “Integração Pecuária Floresta Sustentável – Plantando o Futuro”

A Rede ILPF e parceiros realizam no dia 22 de janeiro na Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, seu primeiro Dia de Campo de 2025.

Sob o guarda-chuva do Projeto Sustenagro e com o tema “Integração Pecuária Floresta Sustentável – Plantando o Futuro”, a iniciativa tem como objetivo apresentar e desenvolver ações de demonstração do Sistema de Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta.

Na ação, professores, pesquisadores e técnicos da Rede ILPF e da UFG trabalharão o ensino, pesquisa e extensão rural com foco no Sistema ILPF, destacando seus respectivos benefícios socioeconômicos e ambientais.

A instalação do Sistema ILPF na UFG contempla espaços físicos nos cursos de Engenharia Florestal e no setor de Setor de Pecuária Sustentável. O perfil da audiência do evento será composto pelo público acadêmico, entre diretores, professores e estudantes; produtores rurais da região, representantes da Embater-Goiás e a comunidade local em geral.

*Confira a programação e a relação completa dos parceiros realizadores, clicando aqui

MT quer ampliar para 1,3 milhão de hectares área com ILPF até 2030

Expansão do sistema tem como um dos objetivos reduzir emissões de carbono no setor produtivo do estado

Membros do Grupo Gestor Estadual do Plano ABC+MT, que tem a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec) do Mato Grosso como integrante, discutiram estratégias para ampliar e fortalecer a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e os Sistemas Agroflorestais (SAFs) para às metas do planejamento sustentável na agropecuária para 2030, diz nota do “MT Econômico”.

O ABC+ em MT é um plano estadual que busca adaptação da agropecuária à mudança climática e uma produção para baixa emissão de carbono até o ano de 2030. O Grupo Gestor é composto por representantes de diversos órgãos públicos e entidades estaduais e federais. Cada Estado do país, junto ao governo federal, desenvolve seus próprios planos.

Mato Grosso é responsável por 17,21% da meta nacional de redução de gases de efeito estufa, segundo o Grupo Gestor com base em dados do governo federal.

Entre as prioridades apresentadas na reunião, está a ampliação de 1,3 milhão de hectares com Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) até 2030. A prática recupera áreas de pastagens degradadas e combina, na mesma propriedade, diferentes atividades produtivas como cultivo de grãos, criação de gado e produção de agroenergia. Para alcançar a meta, serão realizadas ações como capacitação de produtores, incentivo ao uso de espécies nativas e oferta de linhas de financiamento.

Além disso, os Sistemas Agroflorestais (SAFs), que busca associar a produção agropecuária de propriedades com áreas de matas nativas preservadas, terão um incremento de 311 hectares, com apoio de projetos voltados à agricultura familiar, financiamento junto ao Banco Mundial, formação técnica e políticas de pagamento por serviços ambientais.

A reunião também abordou pautas como a discussão e votação das atas do Grupo Gestor Estadual, a proposta do calendário anual de reuniões para 2025, a avaliação das metas bienais do Plano ABC+ MT e a apresentação das ações desenvolvidas pela Rede Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Estado.

A superintendente de Agronegócio e Crédito da Sedec, Linacis Silva, destacou a importância do trabalho integrado para o desenvolvimento sustentável em Mato Grosso.

“As ações realizadas, como a ampliação de áreas, os acompanhamentos técnicos, a recuperação de pastagens e as parcerias com diversas instituições, são fundamentais para o desenvolvimento sustentável do nosso Estado. Estamos mantendo o Plano ABC+ 2020-2030 alinhado às metas estabelecidas, garantindo avanços significativos em práticas sustentáveis e de baixo carbono,” explicou Linacis.

METAS ATÉ 2030 – Entre as metas do plano ABC+ MT que devem ser adotadas pela agropecuária para adaptar às mudanças climáticas, está o aumento dos atuais 220 mil hectares de áreas irrigadas para 500 mil hectares, aumentar em 600 hectares o plantio direto de hortaliças, 3,3 milhões de plantio direto de grãos, 285 mil hectares de florestas plantadas, 1,3 milhão de hectares de integração lavoura-pecuária-floresta, recuperação de 3,82 milhões de pastagens degradadas e dentre outras práticas.

O retorno dos investimentos em uma agropecuária sustentável é até 11 vezes maior do que o aporte inicial. De 2010 a 2023, foram investidos R$ 13 bilhões nessas tecnologias para uma agropecuária de baixo governo em todo o país. O retorno foi em R$ 165 bilhões em recuperação de pastagens degradadas e R$ 202 bilhões, se somar a isso à integração lavoura-pecuária-floresta.

 

ILPF é exemplo real de sustentabilidade da agropecuária brasileira

Diversificação das atividades na mesma área, além dos benefícios ao meio ambiente, ainda gera vantagens econômicas ao produtor

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) tem se difundido a cada ano como uma estratégia de produção para o agronegócio brasileiro. Promovendo a sustentabilidade e a diversificação produtiva em uma única área, esse sistema, em plena expansão, oferece benefícios econômicos, ambientais e sociais, transformando a maneira como o produtor lida com o uso da terra.

Segundo Marina Lima, zootecnista e técnica de sementes e sustentabilidade da Soesp (Sementes Oeste Paulista), o sucesso na implantação da ILPF começa com um planejamento rigoroso: “O primeiro passo é fazer um levantamento completo da área, analisando as características do solo, o clima da região onde se pretende implantar o sistema e a vocação da fazenda. Feito isso, inicia-se a escolha dos componentes que melhor se adaptam à propriedade, suas respectivas finalidades, como e quando serão feitos os plantios e as colheitas. Não existe uma receita única, cada propriedade tem suas particularidades e o modelo precisa ser ajustado para essas condições”, explica.

:: Múltiplos ganhos

A sinergia entre as culturas na ILPF resulta em um sistema que potencializa os recursos e aumenta a produtividade. A lavoura enriquece o solo com matéria orgânica e nutrientes, beneficiando as pastagens e, consequentemente, a pecuária. “A floresta, por exemplo, além de gerar uma renda futura com a venda de madeira para o mercado, proporciona sombra e conforto térmico para os animais, aumentando o tempo de pastejo e reduzindo o consumo de água”, pontua a especialista. De acordo com um estudo realizado na Embrapa Pecuária Sudeste, os animais mantidos na ILPF apresentaram redução de 23% na procura por bebedouros em relação aos animais que estavam em pleno sol.

Além dos benefícios imediatos, a correta implantação do sistema ILPF contribui para a mitigação dos impactos ambientais, como a conservação do solo e a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), por meio do sequestro de carbono no solo e nas árvores. Em estudo realizado na Embrapa Agrossilvipastoril, foi observado em 4 anos, que os sistemas integrados com árvores podem sequestrar de 15,9 a 20,4 Mg CO2eq/ha/ano. Além disso, o sequestro de carbono no solo ressalta sua importância como sumidouro de carbono, sendo observado neste mesmo estudo um estoque de 40,5 a 56,4 Mg CO2eq/ha durante quatro anos. A presença contínua da pastagem dos animais nos sistemas integrados contribuiu para o maior sequestro de carbono no solo.

A cobertura das áreas com forragem e o microclima criado pelas árvores ajudam especialmente em períodos de seca. “A ILPF, além de conservar o solo, reduz a temperatura com a palhada das forrageiras, descompacta e aumenta a infiltração e retenção de água pelas raízes das plantas”, diz a profissional.

Em relação ao mercado, a prática desse sistema se destaca como um diferencial competitivo, já que os consumidores estão cada vez mais atentos à sustentabilidade dos produtos que consomem. Aqueles oriundos de sistemas integrados, certificados e com práticas de baixo impacto ambiental têm potencial para alcançar preços mais elevados e conquistar clientes que priorizam a sustentabilidade. A demanda por carne carbono neutro, soja sustentável e madeira certificada é uma tendência que posiciona a ILPF como uma estratégia economicamente vantajosa.

:: Desafios

Com os benefícios, também vem uma maior complexidade. O sistema exige capacitação contínua do produtor, um bom investimento inicial e necessidade de monitoramento constante das espécies e dos solos. A adoção de tecnologias pode facilitar, como drones, sensores e softwares de gestão agrícola. Estes itens auxiliam na tomada de decisões e reduzem riscos.

:: Incentivos

É importante destacar que a expansão da ILPF no Brasil conta com o apoio de políticas públicas e programas de incentivo, como o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), que subsidiam iniciativas sustentáveis. Certificações como a Carne Carbono Neutro (CCN), desenvolvida pela Embrapa, validam as práticas do sistema e agregam valor ao produto final, fomentando o mercado de produtos de origem sustentável.

O planejamento da ILPF deve envolver também a seleção dos insumos. A Soesp, por exemplo, não só produz e comercializa sementes de pastagem de alta qualidade como também integra a Rede ILPF, uma associação formada por empresas privadas e a Embrapa, com objetivo de ampliar as áreas de ILPF no Brasil. Acompanhe pesquisas, eventos, capacitações e difusão tecnológica para modelos produtivos sustentáveis: instagram.com/redeilpf.

Rede ILPF leva realidade virtual ao Safratec 2025 para divulgar a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)

Evento, que acontece de 16 a 18 de janeiro, ocorre na Unidade de Difusão de Tecnologias (UDT) da Cocamar, localizada na PR-317, entre Maringá e Floresta

A Rede ILPF marcará presença no Safratec 2025 – Encontro de Soluções em Agronegócios, evento organizado pela Cocamar Cooperativa Agroindustrial, nos dias 16, 17 e 18 de janeiro. Reconhecido como um dos mais relevantes encontros técnicos e de negócios do setor no Paraná, o Safratec 2025 promete atrair mais de 7 mil formadores de opinião de dezenas de municípios do Paraná e estados vizinhos. O evento acontece na Unidade de Difusão de Tecnologias (UDT) da Cocamar, localizada na PR-317, entre Maringá e Floresta.

Com um formato renovado, o Safratec estará aberto das 8h às 17h, apresentando inúmeras novidades e atrações para produtores interessados em tecnologia e sustentabilidade. Logo na entrada, os visitantes encontrarão um amplo espaço dedicado aos negócios da cooperativa, incluindo maquinários, soluções energéticas, produtos veterinários, sementes, seguros e muito mais. Além disso, mais de 30 empresas fornecedoras e marcas de prestígio no mercado estarão presentes com estandes e demonstrações tecnológicas.

:: Espaço ILPF: Inovação e realidade virtual

A Rede ILPF estará no espaço ILPF, projetado para receber produtores, empresários e demais interessados em conhecer os benefícios da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Neste local, os visitantes terão acesso a uma experiência imersiva de realidade virtual, que os transportará para uma fazenda modelo de ILPF. A proposta é oferecer uma vivência prática sobre como a ILPF contribui para a sustentabilidade da produção agropecuária, com ganhos em produtividade, preservação ambiental e rentabilidade.

“O Safratec é uma oportunidade única para mostrar ao grande público as vantagens da ILPF e destacar seu papel fundamental na sustentabilidade do agronegócio brasileiro,” afirma Francisco Matturro, presidente da Rede ILPF.

:: Serviço

Evento: Safratec 2025 – Encontro de Soluções em Agronegócios
Local: Unidade de Difusão de Tecnologias (UDT) da Cocamar, às margens da PR-317, entre Maringá e Floresta
Data: 16, 17 e 18 de janeiro de 2025
Horário: Das 8h às 17h
Entrada: Gratuita

*A Rede ILPF convida todos os interessados a participarem do Safratec 2025 e visitarem o espaço ILPF para explorar as tecnologias que estão transformando o futuro da agropecuária.

 

Caravana ILPF encerra 2024 com atividades no Maranhão e Pará compartilhando práticas e tecnologias sobre os sistemas integrados.

Entre os dias 3 e 5 de dezembro a Caravana ILPF avança para uma nova etapa, levando conhecimento técnico e científico para as cidades de Imperatriz (MA), Brejo Grande do Araguaia (PA) e Marabá (PA). A iniciativa, promovida pela Rede ILPF e Embrapa, com o apoio das empresas associadas Bradesco, Cocamar, John Deere, Minerva Foods, Soesp, Suzano, Syngenta e TimacAgro, visa fortalecer a adoção do sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), como uma solução sustentável e economicamente eficiente para a agropecuária brasileira.

Durante a expedição, pesquisadores da Embrapa e especialistas das empresas associadas conduzirão dias de campo, visitas técnicas e palestras para produtores rurais, representantes do governo, empresários, profissionais do setor e estudantes. O objetivo é compartilhar práticas e tecnologias que incentivem o uso da ILPF, integrando sustentabilidade e rentabilidade.

Atualmente o país tem uma área estimada de 17,4 milhões de hectares com alguma modalidade de ILPF.

ESG e ILPF
A integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é uma estratégia de produção que integra sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área. Pode ser feita em cultivo consorciado, em sucessão ou em rotação, de forma que haja benefício mútuo para todas as atividades.  Entre os principais benefícios estão:
Ambientais
Ciclagem de nutrientes; Bem-estar animal; Conversão de pastagens degradadas; Mitigação de GEE; Manutenção e aumento da biodiversidade; Conservação do solo, preservação das nascentes e cursos d’água; Flexibilidade para adequação nos diferentes biomas.
Sociais
Aplicável para pequenas, médias e grandes propriedades; Melhora do IDH; Geração de emprego e renda; Efetivação de mão de obra; Estudo e qualificação profissional; Melhorias de condições de trabalho.
Governança
Gestão da propriedade; Qualificação da mão de obra; Eficiência de utilização dos recursos naturais; Agregação valor aos produtos; Reduçãde custo com insumos; Aumento da produtividade e diversifica da produção.

Caravana ILPF em números:
As atividades iniciaram em 2022, com 8 edições realizadas em 48 cidades, abrangendo mais de sete mil quilômetros e impactando diretamente 3.600 pessoas. Ao todo, foram promovidas 68 atividades nos estados do ES, BA, PR, SP, MS, MA, PI, MG, GO, MT e RS.

Programação:
-Dia – 3/12 às 18h
Painel de Debates – Imperatriz – MA
Tema: “Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) no Maranhão: Potencialidades e Desafios
do Componente Florestal para Sustentabilidade e Produtividade”
Local: Auditório do Imperial Hotel
Endereço: Rod, BR-010, 100 – Jardim São Luís, Imperatriz – MA

-Dia – 4/12 às 8h
Visita Técnica – Brejo Grande do Araguaia -PA
Tema: “Da Mata à Floresta: Como a Fazenda Ouro Verde Transforma a Pecuária Sustentável
no Sul do Pará”
Local: Fazenda Ouro Verde
Endereço: Rod. Transamazônica KM 85 – Vicinal do Tabocão 13 KM até a Sede, Brejo Grande do
Araguaia – PA

Sobre a Fazenda:
A Fazenda Ouro Verde, localizada no sul do Pará, em Brejo Grande do Araguaia, um testemunho da interação entre a natureza e a atividade humana ao longo dos anos. Desde seu primeiro documento em 1960 a propriedade se destaca por sua contribuição ao desenvolvimento da
região, mostrando importância da preservação ambiental e o respeito pela biodiversidade local. O processo da atividade silvipastoril, ou a integração entre a pecuária e a floresta, iniciou em 2014 em parceria com a Suzano passando rapidamente para uma abordagem sustentável que visa otimizar a produção de carne ao mesmo tempo em que promove a recuperação do solo e a conservação ambiental, saindo de uma monocultura e diversificando a produção.

-Dia – 5/12 às 18h
Painel de Debates – Marabá PA
Tema: “ILPF em Marabá: Caminhos para uma Pecuária Sustentável e Rentável no Sul do
Pará”
Local: Auditório do Inácio’s Plaza Hotel
Endereço: Rod. BR 230, S/N – Folha Industrial – Cidade Nova, Marabá – PA

Link de inscrições:

https://forms.office.com/r/UcE87V416S

Assessoria de Imprensa:
Isabel De Agostini (61) 99276-9957
RP 008088 JP